Mirela apareceu silenciosamente atrás de nós.

— Os reis estão esperando os dois. – ela anunciou. – Disseram que precisam da presença de ambos para um anúncio importante.

Sua expressão facial estava impassível! Daquela idade, a mesma idade de Stephanie, ela era completamente o oposto da princesa! Uma era alegre, a outra impassível. Uma travessa, a outra séria. Ambas eram tão distantes na personalidade que se elas estivessem em um barco estariam quase saltando ao mar pela distancia colocada entre as mesmas.

— Já estamos indo maninha! – falou Bryan apertando suas bochechas.

Ele não percebeu, mas no exato momento em que ele a soltou ela deu um leve sorriso. Um sorriso doce e sapeca. Esse sorriso, apenas esse sorriso, derrubou sua máscara e mostrou quem ela realmente era: um reflexo de Stephanie...

— Vamos? – perguntou a mim oferecendo seu braço.

— Claro! – respondi ainda observando Mirela, que assim que prendi meu braço ao de Bryan, ficou cabisbaixa e seu rosto refletia tristeza e pesar.

Em pouco tempo já estávamos no palco. O rei John pediu que nos sentássemos, assentimos e fomos para nossos lugares, eu ao lado de Stephanie e ele ao lado de Mirela.

O rei se levantou e pigarreou.

O acústico daquele salão era ótimo! O barulho se estendeu e se elevou de uma forma que só quem fosse surdo não ouviria!

Gostaria de saber como as vozes das conversas distintas que havia há poucos segundos não tomavam essa altura...

— Bem vindos! Sejam todos bem vindos ao baile do sol da meia-noite! – exclamou o rei recebendo aplausos de todos os presentes. Ele fez um gesto com a mão e todos se silenciaram. – Essa é uma ocasião realmente muito especial... O sol está finalmente visível no horizonte e nosso povo pode realizar as atividades do verão! – ele faz uma pausa. Tem alguma coisa errada... Tenho a sensação de que não será apenas o anúncio da minha missão... – Nós e os reis de Villany, o antigo Estados Unidos da América, temos um anúncio a fazer...

Ha não! Ha não, ha não, ha não! Não pode ser! Não pode ser hoje! Não pode ser isso!

— Como bem sabem, temos o Tratado de Paz, que nos mantem em aliança com vários países e deixa que nosso povo prospere. Assim quero chamar aqui à frente Katherine e Bryan.

Automaticamente me levantei e dei alguns passos parando ao lado de Bryan.

— Ao menos, melhore essa expressão, ou eles vão perceber que tem alguma coisa errada! – ele me alertou em tom baixo.

— Você sabia desse anúncio? – perguntei incrédula.

— Não. – respondeu firme. – Mas não posso mais me surpreender com o que Wesley e Evelyn planejam e colocam em prática...

— Os dois serão o símbolo vivo de nossa aliança! – continuou o rei. – Um amor que salvou todos os habitantes de Laypry. E que pôs fim a guerra!

— Amor? – perguntei surpresa. – Agora já é apelação!

— Não faça nada estúpido! – ele avisou segurando firmemente meu braço. – Aqueles dois não toleram ações que coloquem em risco todo um planejamento deles.

— Por isso, hoje temos um anúncio extremamente importante! – anunciou o rei. – A guerreira de Laypry e a segunda na linha de sucessão ao trono pelo ato de adoção realizado pelos reis, Katherine, e o príncipe de Villany, primeiro na linha de sucessão, Bryan; vão se casar!

A multidão vibrou!

Palmas e brados em alto e bom som se espalharam pelo ambiente.

Olhei para trás e ao lado dos tronos da família real à esquerda estavam Natan e Valery, me fitando confusos e em choque. Olhei melhor para Natan e ele estava muito mais confuso do que Valery. Ele já sabia que eu ia me casar, e que se isso não acontecesse o país iria mergulhar em guerras de novo.

Mas eu não tive a oportunidade de contar para ele quem era meu prometido futuro noivo. O que tenho certeza que essa informação recém-descoberta, está o fazendo pirar em choque.

— Mas como todos já sabem... – interrompeu o rei. – Para cada sorriso, existe uma lágrima. – ele veio até mim e estendeu sua mão. Automaticamente a segurei e ele me acompanhou até a ponta do palco. – Katherine é nossa guerreira... E isso exige alguns sacrifícios da parte dela... Não é mesmo querida?

— É... – respondi simplesmente. Ainda não estava em condições de pensar em mais nada para falar.

— Nossa querida guerreira terá que se sacrificar em uma missão, onde não é certo que ela volte viva! – o rei suspirou com pesar. – Ela terá que partir em uma missão... Uma caçada! Uma busca por algo que apenas ela poderá dizer... Ela terá vinte e dois dias para terminar a caçada e voltar para Laypry! E ser ou não nomeada guerreira.

Houve uma pausa. Todo o salão estava em silêncio.

— Digo isso por todo o povo de Laypry e Villany, querida. “Confiamos em você!”. Por isso, fique viva!

— Gostaria de ter essa escolha majestade... – sussurrei para que apenas o rei pudesse ouvir.

— Eu sei querida... – ele sussurrou de volta, com o peso da culpa refletido em seus olhos.

— Não fique assim... – consolei. – Eu voltarei. E estarei bem, e com o que preciso para virar guerreira!

— Se você estiver bem para mim já está bom...

Sorrimos e nos viramos novamente para os convidados.

— O que vocês dizem para a nossa guerreira? – perguntou o rei. – Ela deve voltar?

Palmas foram a resposta. No fundo do meu coração eu sentia cada pessoa presente ali dizer que ‘sim’.

Agradeci a todos com uma reverência e soltei a mão do rei.

Do nada uma inquietação surgiu dentro de mim e se espalhou por todo o meu ser. Sabia que tinha alguma coisa errada naquele salão...

Mas, o que?!

— Katherine. – chamou Bryan em voz baixa.

— O que foi? – questionei me virando.

— Sai daqui! – ele falou entre dentes.

— O que? Por quê?

— Faça isso! – ele me puxou pelo braço e tentou me levar para a escada, mas Natan e Valery se puseram na nossa frente.

— Só porque estão noivos, você não pode ficar arrastando ela para onde bem entender! – exclamou Natan.

— Saiam da frente. – ele pediu inquieto.

— O que houve Bryan? – perguntei já preocupada.

— O ataque. – ele falou sério, me fitando com seus olhos verdes e 2 segundos depois um barulho de bomba irrompeu no salão e uma fumaça o anunciou:

O início do ataque.