A Turma M escrita por Jhlia


Capítulo 14
Capítulo XIV - A neve começa a derreter e calor se aproxima


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo!
— Obrigada, Luíza, pela linda e magnífica recomendação. Me alegra muito que gostem tanto desta fic quanto eu! :3
Se vocês são muito românticas (como eu!) vão adorar este cap!
Boa leitura!



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O sol brilhava no céu e aquecia a tarde. À beira da piscina estavam as amigas Marina, Aninha, Magali e Mônica. Marina, que morava na parte alta da cidade, havia convidado as meninas para curtirem o final de semana em sua casa e elas aceitaram com muito gosto. Era comum pelo menos uma vez por mês elas se reunirem na casa de uma das quatro para fazerem uma maratona de filmes e séries. Dessa foi na casa da Marina.

Marina estava sentada na borda da piscina bebendo refrigerante enquanto conversava com Magali e Aninha que nadavam na piscina.

— Esse tal de Quim parece ser legal mesmo... — Marina disse enquanto descansava o copo ao seu lado.

— Aham, também me pareceu. — Opinou Aninha — Ele tem cara daqueles moços que te apresentam aos pais sabe?

— Ele até chegou a falar que queria que semana que vem eu fosse lá na casa dele. — Magali disse meio sem graça.

— A coisa tá ficando séria, hein? — Marina debochou rindo.

Magali atirou água para a Marina. Ambas riram.

— Ei, meu refrigerante! — Marina disse enquanto se esticava e afastava o copo para longe da piscina.

— Agora eu te pego! — Gritou Magali.

Magali tentou puxar a amiga que estava sentada à beira da piscina. Aninha, que nadou até lá, também ajudou a Magali e a Marina caiu na piscina soltando um grito. As três riram.

— Já começaram a se matar e nem me esperaram? — Mônica disse trazendo uma bandeja com pequenas taças com salada de frutas. — Tá aqui. — Ela pousou a bandeja perto da piscina e entrou na água.

— E vem cá, que foi aquilo de você ir falar com a Denise? Eu pensei que ela estivesse na nossa lista negra... — Magali questionou.

— Eu fiquei com pena dela... Ela tá se dando conta da idiota que é a Carmem e tá sozinha.

— Mas tem um motivo para ela estar sozinha. — Lembrou Marina que se deliciava com a salada de frutas.

— Sim, tem, mas acho que ela tem jeito... — Mônica insistiu.

— Só acredito vendo... — Disse Magali.

— E vem cá, me conta mais sobre o beijo caliente. — Marina disse rindo e Mônica atirou água em sua direção.

— Ai, menina... Acho que estou apaixonada!

— É... parece que o cupido baixou na cidade e não larga mais. — Disse Aninha.

— É, e sabe quem vai ser a próxima vítima dele? Você, Dona Ana... — Marina disse e piscou para a amiga.

— Eu?!

— Sim, sim, Você.

— Eu mal termino com um mala e você já quer me empurrar para outro?

— Mala, não que o Nimbus é, como dizia a minha avó, um peixe e tanto! — Mônica defendeu o que agora era o seu cunhado.

— Ok, ok vamos mudar de assunto, né...

— É, tudo bem, vamos deixar você se safar dessa. — Disse Marina que colocava a taça de volta à bandeja.

— Mô, e quando é que termina o seu projeto? — Magali perguntou

— Nessa terça mesmo. Mas só volto a trabalhar com a minha mãe na outra segunda.

— E agora, como vai ser não passar mais as tardes ao lado do boy magia? — Brincou Aninha.

— Vai ser triste... — Mônica fingiu uma expressão de descepção. — Mas nada que uns beijinhos nos intervalos e encontros aos finais de semana não resolvam.

— Sorte a tua. Pior tá a Magali, tá de romance com o padeiro, então na hora em que ela for despedida: Pá! Acabou! Já era romance!

Nessa hora Magali pulou em cima da Marina.

— Sua remelenta!

As quatro riam.

— Ai gente, sério. Eu não sei o que eu faria sem vocês! — Disse Aninha em meio às gargalhadas.

⇠△⇢

— Ah, e você não vai acreditar, o Do Contra e Mônica estão juntos.

— Não brinca? Sério? Que legal, cara. Agora você é cunhado da Mô.

— Pois é, mas o que eu queria mesmo é ficar mais próximo de você sabe quem...

— Parece que ela terminou com o Titi.

— É, mas eu não vou logo dar em cima dela. Eu sei que agora é bom ela ter um tempo pra ela... Mas toda vez que a vejo meu coração fica sapateando aqui dentro.

— Vixe, o homem tá perdido! Sinto muito te informar, cara, mas tu tá apaixonado!

— Pior que tô mesmo...

Ângelo havia ido até a recepção do seu prédio para receber o Nimbus e agora voltava pelo imenso corredor acompanhado do amigo. Quando os dois subiam o segundo lance de escadas deram com Renato que vinha descendo. Ângelo gelou. Não o esperava encontrar.

— O-oi, Renato.

— Oi, Ângelo. — O vizinho respondeu e depois olhou para o Nimbus.

— Ah, eu sou o Nimbus, amigo do maluco aqui. — Ele disse estendendo a mão e cumprimentando Renato.

— Prazer, Renato. Eu tô morando aqui, sou vizinho do Ângelo... —Disse Renato. — Bem, eu vou indo... Até mais.

— Até. — Nimbus se despediu do homem que já descia as escadas.

— Renato! — Ângelo gritou de cima em direção aos degraus abaixo. — Ainda tá de pé aquele lance do Shopping?

— Claro. — Renato disse com um sorriso e seguiu os degraus.

— Boa pessoa esse Renato. — Falou Nimbus que continuava a percurso acompanhado do amigo.

— É...

— ...Voltando ao assunto...

Os dois continuaram o percurso até a casa do Ângelo enquanto conversavam sobre as novidades.

⇠△⇢

Cebola e Cascão chegaram até o Campo de Buraco, um campo de futebol que ficava não muito longe do Colégio Augusto Limoeiro. Ele recebeu este nome pois, como devem imaginar, anos atrás esse campo era repleto de buracos e falhas na grama. Quando chovia era um verdadeiro desastre para os garotos, pois tornava, o que antes era um gramado, um lamaçal. Até que um tempo atrás, o representante da associação de moradores, pressionado pela comunidade local, convenceu o prefeito a arrumar o campo no intuito de incentivar a prática de esportes. O prefeito aceitou fazer a reforma, pois viu naquela empreitada uma forma de se beneficiar financeiramente, forma esta ilegal, como devem imaginar. Agora o campo não podia estar mais bonito.

Os dois se dirigiram ao grupo de meninos que já os aguardavam para iniciarem o jogo.

— E então, bora começar o jogo? — Cascão perguntou para os jovens

— Bora. — Respondeu Toni. —Mas alguém da equipe de vocês vai ter que ficar de fora.

— Ué, por quê? — Perguntou Cascão.

— Porque o DC não vai vir hoje.

— ...Tá de namorada, aí né... já viu. — Comentou Jeremias. — Deixa os amigos aqui na mão.

— E desde quando o Dc tem namorada? — Perguntou Cascão.

— Desde que a Mônica aceitou, ué. — Disse Vítor.

Os garotos riram, à exceção de Cascão e Cebola. Mal os garotos poderiam imaginar que o coração de Cebola neste momento estaria em pedaços. Pedaços bem miudinhos, só a espera que fossem varridos para bem longe.

— Eu fico de fora. — Disse Cebola.

Cascão se voltou para o amigo, mas este fingiu não perceber o olhar de preocupação de Cascão.

— Ok, Bora começar a jogar, então! — Gritou Toni, que foi acompanhado pelos demais campo adentro.

Cascão se aproximou de Cebola.

— Tá bem mesmo, cara? — Cascão falou baixo.

— Tô, tô sim. — Cebola esboçou o melhor sorriso que pôde. — Agora vai jogar, vai.

— Beleza. Mas qualquer coisa grita!

— Pode deixar.

Cebola neste momento não sabia – e também não poderia saber – que pouco tempo mais tarde a leve brisa se encarregaria de soprar os cacos do que antes fora um coração e mais algum tempo depois um novo coração nasceria no lugar. Novo. Renovado. Quem será a garota responsável por esta proeza? Só o tempo dirá. Mas garanto que ela fará tão bem a ele quanto ele a ela.

⇠△⇢

Ângelo estava sentado na cama folheando o livro de filosofia enquanto Nimbus vasculhava todos os sites à procura de qualquer coisa relacionada ao Immanuel Kant.

A angústia se apoderava do espírito de Ângelo e, antes que pudesse engoli-las novamente para o esquecimento, as palavras saíram de sua garganta e se instalaram no ar do quarto.

— O que fazemos quando... gostamos de uma pessoa... Mas, que as outras pessoas nos veriam de forma diferente se ficássemos com... essa pessoa?

Nimbus, concentrado na pesquisa demorou uns segundos para se aperceber que uma pergunta lhe fora dirigida. Ele virou-se para o amigo.

— Hã? Desculpa, não prestei atenção...

Ângelo repetiu a pergunta.

— Hum... Não sei cara. — Nimbus disse. — Pode parecer clichê, mas a verdade é que se você gosta mesmo dessa pessoa acho que você deve ficar com ela... Esquece os outros.

Ângelo parou pensando no assunto.

— Na verdade, falamos assim, mas quando é com a gente não é tão fácil assim. — Reiterou Nimbus.

— Pois é...

— Mas, olha: Se você gostar dessa garota mesmo você vai criar coragem pra enfrentar tudo isso. — Disse Nimbus que se virava novamente para a tela do computador para retomar a pesquisa.

Essa palavra voou pelo quarto e pousou em cima do livro que estava no colo de Ângelo. Valia a pena todo aquele sofrimento por apenas um garoto? Valia a pena lutar, cair, gritar, por isso? Por que não seguir em frente? Esquecer tudo isso. Encontrar uma garota, ficar com ela, esquecer o Renato, ser homem.

Ser Homem.

Será que o seu sentimento era verdadeiro? Será que ele gostava mesmo de outro homem? Será que esse outro homem também gostava de homem? “É só uma fase!” Provavelmente diria o seu pai que morrera de infarto anos atrás, muito tempo depois de abandonar a sua mãe e ele indo para a capital, e tempos depois, casando-se com uma outra mulher que já tinha três filhos. Isso era ser homem? “Mais valia a pena não amar...” Pensou Ângelo enquanto virava a página do livro de filosofia e atirava as palavras pela janela a fora.

⇠△⇢

Mônica entrou no quarto e foi em direção ao quarto onde guardou a mochila com as coisas que levara para a casa de Marina.

Ela voltou para a sala onde a sua mãe estava sentada no sofá a assistir televisão.

— Boa tarde, Fofuxa! — Disse Mônica enquanto beijava o rosto de sua mãe e se sentava ao seu lado.

— Boa tarde, minha filhota favorita!

— Já te contei que sou filha única?

— É, mas dá trabalho dobrado...

— Engraçadinha!

As duas riram e voltaram as suas atenções para a Tv.

— Ah! — Disse Luísa. — Tenho uma coisa para você.

A mãe de Mônica se levantou do sofá e foi em direção ao seu quarto. Mônica a seguiu com o olhar curiosa. Luísa voltou segurando um pacote bege envolto com uma fita vermelha.

— Aqui. — Disse ela entregando o presente à filha.

— O que é isso?

— Não sei. Foi um garoto, muito simpático aliás, que passou aqui querendo lhe entregar. Como você não estava eu disse para ele que ele poderia deixar comigo e eu lhe entregava quando você chegasse.

Os olhos de Mônica se iluminaram e ela sentiu o seu coração disparar.

— Foi o Luís... — Disse Mônica enquanto fitava e acariciava o embrulho.

— Não vai abrir?

Mônica desatou o laço que prendia a fita e abriu o pacote com delicadeza. Envolto no papel cor de terra estava um livro e um pequeno cartão. No título do livro lia-se A Arte Culinária de Julia Child.

— Um livro de receitas? Que fofo! — Disse Luíza.

Mônica pegou o cartão e o abriu. Ele estava escrito à mão.

Mô,

Lembro-me perfeitamente de você me dizer, no primeiro dia em que estivemos na biblioteca, que um dos seus desejos era pegar num livro de receitas e passar um final de semana a cozinhar.

Bem, imagino que este livro então talvez lhe seja útil. A única coisa que lhe peço em troca é que um dia você me convide para experimentar alguma dessas receitas que você tenha feito.

Com todo carinho,

O sempre seu Luís.

Ela ficou extasiada. O seu coração estava aos pulos.

— Mô, mas que coisa mais linda! Quem é esse cavalheiro?

— É o Luís. Lembra que eu havia lhe contado sobre um garoto que fazia o projeto de catalogação junto comigo? Pois é, é ele. — Mônica olhou para o livro. — A gente se beijou na sexta...

— Não acredito... — Luíza olhou para Mônica surpresa. — Meu amor, que lindo! Bem que ele me pareceu um garoto distinto quando ele veio aqui.

— Aham, ele é um amor, mãe. Tinha a certeza de que gostaria dele.

— Pois eu já o amo! Mas, que fofo...

Mônica acariciava o livro e o folheava.

— Bem, nesse caso... É só me dizer os ingredientes que você precisa que eu compro amanhã para você.

— Obrigada mãe. — Mônica disse a abraçando. — Bem, é melhor eu dormir. Estou exausta!

— Ok, vai sim, querida.

Mônica pegou o livro com o bilhete e entrou no quarto fechando a porta. Pregou o bilhete em seu mural e deitou em sua cama em um salto. Estava tão feliz que não conseguia tirar o sorriso do rosto. Mas, com o livro debaixo do travesseiro, ela dormiu. E sonhou com Do Contra.

⇠△⇢

O Shopping estava movimentado como sempre. Ângelo, depois de se encontrar com Renato o acompanhou na caça ao presente perfeito. Passaram por várias lojas até achar em uma loja um belíssimo globo de neve. Compraram e mandaram embalar.

Cansados da andança, sentaram em uma mesa da praça de alimentação. Uma senhora se aproximou com o cardápio e ambos pediram um sanduíche. Anotados os pedidos, a mulher se afastou.e retornou minutos depois com os sanduíches.

— Espero que ela goste... — Disse Renato enquanto analisava o presente comprado.

— É lindo, acho que ela vai gostar. É de aniversário?

— Aham, eu lembro que ela vivia me dizendo que adorava globos de neve...

— Ela é sua namorada?

Renato olhou para Ângelo, mas depois baixou os olhos novamente para o sanduíche que comia.

— Não... Eu não tenho namorada, na verdade.

— Ah...

Renato olhou novamente para Ângelo.

— Que foi? — Perguntou Ângelo confuso.

— Nada. — Disse Renato que olhou para seu lanche e depois fitou Ângelo novamente. — Tá afim de ir no cinema comigo depois de amanhã?

O sangue de Ângelo agora corria provido de adrenalina.

— Claro.

Os dois continuaram a conversa por mais uma hora. Depois levantaram-se e seguiram juntos de volta para casa. No andar de Ângelo eles se despediram e Renato seguiu até o seu apartamento sozinho. O Renato nesta noite dormiu tranquilamente, embora estivesse ansioso para o dia em que iria ao cinema. “Seja o que Deus quiser”.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?
Muito fofo o Dc, não é?
Quero um desse pra mim...
E Ângelo, coitado... Mal imagina que afinal o Renato está tão angustiado quanto ele. Mas não se preocupem que logo isso passará, afinal, eu estou aqui para isso, não é?
Comentem e me digam do que gostaram (e o que não gostaram também)!
Beijocax e até o próximo cap!



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