A Turma M escrita por Jhlia


Capítulo 15
Capítulo XV - Minha namorada


Notas iniciais do capítulo

Olá, meu povo!
Mais um capítulo de A Turma M!
Espero que gostem!



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Cebola acordou, mas a casa ainda estava silenciosa. Ele levantou, e se arrumou. Atravessou o corredor ainda escuro e desceu as escadas em direção ao hall. Sentados na poltrona de couro preta estavam Mônica e Cascão.

— Olha só quem chegou! Cebola, nós estávamos lembrando de quando brincávamos de pique-esconde. Eu lembro que a Magá morria de medo de se esconder sozinha então ela sempre seguia alguém.

Cebola sorriu. As lembranças da sua infância passadas ao lado de Cascão, Magali e Mônica estavam sempre guardadas no lugar mais aconchegante que tinha em sua memória.

— Eu lembro... — Disse Cebola. — Lembro também que eu adorava me esconder atrás do balcão da recepção.

— Ah, era mesmo... — Mônica sorriu se lembrando. — Eu lembro que quando você inventou de se esconder na escada de incêndio, nós passamos a tarde inteira a te procurar.

— Foi mesmo. Até a sua mãe ficou preocupada. —Falou Cascão.

— É, eu lembro. Ela me deu um puxão de orelha quando me achou...

Os três riram.

— Lembra quando fizemos uma noite do sono na casa do Cascão?

— Ah, foi mesmo! Eu acordei com a cara pintada com tinta guache preta... — Cebola lançou um olhar fulminante para Cascão, mas este riu.

— Cara, só foi tinta porque a minha mãe não deixou gastar pasta de dente.

— E quando o seu primo veio aqui, hein Cebola? Nossa foi uma das melhores férias que eu tive.

— Ah, o Francisco!

— Quem o Chico Bento? Eu lembro dele... — Cascão disse. — Tinha um sotaque engraçado. Como era que ele falava mesmo? “Pórrrrta”!

Todos se puseram a rir.

— De quê que vocês estão rindo? — Disse Magali que descia as escadas e andava em direção aos amigos.

— Do Chico, lembra? O primo do Cebola que passou as férias uma vez com a gente. — Explicou Cascão.

— Ah, lembro! Ele era tão legal. Sinto falta dele...

— É, ele era muito engraçado.

— Vamos pra escola? Que hoje não tem moleza não! — Disse Cebola que já se virava em direção à saída.

— Bora! — Disseram os outros três em uníssono.

⇠△⇢

A aula de artes estava uma baderna. Os alunos transitavam pela sala, o trabalho que o professor os encarregou foi praticamente atirado ao esquecimento e a conversava rolava solta. Todas as aulas práticas eram assim. Um trabalho era definido, mas como o professor passava de carteira em carteira para prestar ajuda e explicação a alguns alunos, os outros aproveitavam da situação e tornava a sala uma verdadeira feira. Volta e meia o professor se dava conta da algazarra e levantava voz em direção à turma, mas assim que tornava a baixar o olhar em direção ao aluno com dúvida que o barulho retornava.

Xaveco passava nas mesas a tentar acertar o rosto de alguém com um pincel embebido em tinta vermelha, enquanto Marina e Aninha rabiscavam o quadro. Mônica e Magali, sentadas sobre as mesas, conversavam. Cebola e Titi disputavam uma queda de braço enquanto Jeremias e Cascão torciam aos gritos e o Nimbus assistia, mas sem gritar. Denise, sentada em sua carteira, mandava mensagens pelo celular.

Cebola perdeu a queda de braços e Cascão entrou em seu lugar. Aninha, diante do quadro, via pelo canto dos olhos, Titi a fitá-la logo após ganhar todas as quedas de braços. Ela simplesmente o ignorava. Na verdade, se pudesse, nem sequer estaria na mesma sala que ele. Mas por força do destino, ou azar, ela era da mesma turma que ele e teria de aguentar os olhares atravessados do, agora, seu ex-namorado.

Cascão também perdeu. Jeremias já ia se sentar em seu lugar quando foi impedido por Nimbus.

— Agora é minha vez...

Ele se sentou e posicionou o seu braço sobre a mesa. segurou a mão do Titi esperando pelo sinal de Jeremias. O sinal foi dado. Os dois puseram a fazer força para deitar o braço do adversário à mesa. O esforço que cada um empreendia era clara. Os braços ficaram a tremer e a dançar tentando caírem. Até que Nimbus, notando que estava a ser observado, olhou por cima do ombro de Titi: Era Aninha e Marina que assistiam curiosas pela disputa. Ele se distraiu e Titi se aproveitando do momento, o derrotou e urrou em comemoração. Nimbus sentiu uma dor no braço. Olhou para frente e viu Aninha que deu um leve sorriso. Ele fez o mesmo.

Titi não sabia para onde Nimbus olhava durante a queda de braços. Mas, também não havia como saber: Estava de costas para Aninha. Também, nenhum dos garotos soube. A única, para além de Aninha, foi Marina.

Nimbus se retirou e Jeremias já se sentava para duelar com Titi quando o sinal para o intervalo tocou. Todos saíram.

⇠△⇢

Denise estava sentada num banco ao lado do pequeno jardim e próximo da quadra quando Carmem chegou. Durante a aula de artes Denise havia recebido uma mensagem de Carmem marcando de se encontrarem neste mesmo banco. Ela alegava que queria conversar. Denise aceitou.

— Eu andei pensando e... — Carmem olhou para o chão e depois para Denise. — ...e acho que não vale a pena brigarmos. Somos amigas e já nos conhecemos há tanto tempo... Por isso eu achei melhor esquecer tudo isso e... te perdoar.

Denise parou. Ela semicerrou os olhos tentando entender o que havia acabado de ouvir.

Me perdoar...

— É, afinal, eu sei que você não falou por mal. Você estava com raiva é normal. A sua família está tendo probl...

— Deixa eu ver se eu entendi... Você está dizendo que me perdoa por eu ter te magoado, é isso?

Carmem confirmou com a cabeça e com uma expressão como se dissesse: “E o que você não entendeu?”.

Denise respirou fundo.

— Você deve estar maluca, né? Não, só pode ser!

— Eu venho aqui, te perdoo e você ainda vem com grosserias?!

— Grosserias?! Pois saiba uma coisa, Carmem, você é a maior hipócrita que eu já vi!

— Eu, hipócrita?!

— Sim, você! Você sempre tá certa, e os outros que se danem! — Denise olhou nos olhos de Carmem que agora mais pareciam estar em chamas e falou em um tom de voz um pouco mais baixo. — Você é manipuladora e egoísta. Vive se cercando de gente pra ficar te enchendo o ego, enquanto você os pisa.

— Mas você é uma estúpida mesmo... E eu achando que você era minha amiga.

Eu éque achei que nós éramos amigas, mas vejo que realmente nunca fomos!

— Você é uma idiota, isso que você que é!

Carmem se levantou do banco e Denise fez o mesmo a encarando.

— Você acha que eu sou um daqueles seus cachorrinhos que você pisa e ainda tira proveito? — Disse Denise.

Carmem soltou uma risada azeda.

— Deixa eu te dizer uma coisa: Vo-cê não va-le na-da. — Carmem pronunciou cada sílaba pausadamente. — E sabe por quê? Porque a sua mãe é uma songamonga que fica se rastejando pelo imbecil que é o seu pai! E o seu irmão... esse vai ser tão palerma quanto eles...

Ouviu um barulho seco.

Os alunos que estavam passando pelo pátio ficaram a ver a cena escandalizados.

Carmem levantava o rosto e se recompunha. Passou a mão pelo rosto que estava vermelho e quente pelo tapa que havia recebido. As duas bufavam de ódio. Carmem olhou no fundo dos olhos de Denise e a ameaçou em um tom de voz baixo, mas raivoso e lento.

— Vou fazer você sofrer mais que esse tapa...

E saiu, deixando Denise em pé, estática, olhando para o nada. Quando ela organizou os pensamentos em sua cabeça percebeu que estava chorando. Os olhares alheios lhe pesavam sobre os ombros. Ela correu para o banheiro onde molhou o rosto e tentou se acalmar.

⇠△⇢

Aninha estava recostada à sua cama a ler um belíssimo romance. Para ela, essa era a maior vantagem de um livro, o incrível poder que ele tem de te carregar nos braços para um mundo novo prendendo os seus problemas e angústias do lado de fora. Então, enquanto lia aquele belíssimo livro, as palavras eram os seus pensamentos e os seus pensamentos eram as palavras. Nada mais. Apenas havia de virar a página no final. E isso fez dezenas de vezes. Até que o telefone gritou.

Era uma mensagem. Remetente: Thiago; Assunto: Ana, fala comigo!; Texto: Ana, para de fazer drama! Eu sei que ainda gosta de mim! Aquelas garotas sem o que fazer ficam inventando história para nos separar! Porque você ainda dá conversa para elas?! Para de agir como se eu não existisse mais! Me liga!

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Ângelo entrou em seu prédio e fechou a porta atrás de si. Atravessou a recepção e seguiu para a sua casa. Ele, a passos lentos, subiu as escadas e atravessou os corredores do prédio, pois assim, talvez, por alguma feliz coincidência, ele encontraria com Renato no caminho. Mas isso não aconteceu.

Ao chegar à frente de sua porta, ele sentiu uma tristeza por não o ter visto, “Talvez amanhã eu tenha mais sorte no cinema”.

⇠△⇢

O céu estava pintado de um azul claro puro com pequenas manchas macias em branco. Pássaros negros voavam ao longe e carros passavam pela rua perto. Deitados, em roda e com as cabeças uma ao lado da outra, sobe a velha mangueira os quatro observavam as nuvens a correr. A brisa passeava pela sombra e trazia um cheiro de nada.

— Sabe, — Começou Cascão. — Às vezes eu fico a pensar... o que será que estaremos fazendo daqui a exatamente cinco anos?

Se fez silêncio por alguns segundos até que Magali o quebrou.

— Acho que estarei descendo as escadas para ir para o meu trabalho no restaurante.

— Acho que eu vou estar a correr pelo escritório à procura de mais clips para papel. — Disse Mônica.

— Bem, acho que eu vou estar jogando o lixo fora. — Falou Cebola.

— E você, Cascão? — Perguntou Magali.

— Acho que... Sei lá... Eu não sei nem o que eu vou estar fazendo daqui a meia hora.

Os quatro riram ainda a olharem para o céu azul.

O celular de Mônica deu um toque. Ela olhou e viu uma mensagem.

— É o Luís... Ele tá aí fora me esperando. — Ela disse se sentando e levantando. — Tenho que ir. Tchau, meus maluquinhos!

— Tchau, Mô! — Disseram os três ainda a olharem para cima.

Mônica apanhou a sua bolsa a saiu do condomínio. Do Contra estava parado em frente ao portão com as mãos no bolso, as quais tirou quando Mônica se aproximou para o abraçar. Ele a beijou na boca e a seguir no rosto.

— Muito obrigada pelo lindo presente! Eu adorei! — Disse Mônica com um largo sorriso no rosto.

— Sério? — O seu rosto se iluminou. — Bem, eu tenho que te dizer que como eu não sou nenhum expert em culinária eu fiquei meio confuso na hora de escolher o livro. Minha sorte é que tinha uma senhorinha muito simpática que me ajudou na hora de comprar.

— Pois agradeça a ela, por que eu amei! Ah, e eu estou aprendendo a fazer algumas coisinhas com a ajuda da Magá, então logo, logo vou preparar um jantar pra você.

Do Contra sorriu.

— Pois eu vou adorar... Minha namorada.

Mônica sentiu o seu coração bater de alegria. Ela passou as mãos pelo pescoço de Do Contra e o beijou.

— Eu te amo... — Ela sussurrou-lhe.

— E eu te amo muito...

Os dois seguiram o caminho para a biblioteca da escola andando, lado a lado, abraçados.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? XD
Menina, o que foi aquele tapa que a Denise deu na Carmem?!
Bom, é claro que ela não vai deixar barato. Vamos ver no que isso vai dar...
E do que vocês mais gostaram? Estarei aguardando :D
Beijocax



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