William Kenwitch

Sinceramente, dei graças aos céus por estar tão esgotado a ponto de conseguir dormir rápido com a Little Rainbow do meu lado. Afinal, todos os quartos só tinham camas de casal.

Minha mãe não ia para o Caribe desde que se separou do meu pai. Quem costumava ir muito era eu e Sean, já que Lydia nunca foi muito apegada à praia, ela gostava de ficar na nossa casa em Paris.

Acordei com o som de Edmund cozinhando alguma coisa e aparentemente Tristan e Lacey brigando com ele. Virei pro lado pra dar de cara com a Ever dormindo. Parecia um anjo – não, eu não irei admitir isso novamente – ela estava com as duas mãos juntas apoiadas entre o travesseiro e o edredom. Ela cismou que queria dormir em edredons separados uma vez que ela gostava de ter um cobertor só pra ela. Ela respirava calmamente, eu tive uma vontade imensa de abraçá-la, mas ao invés disso, eu levantei.

Andei – me arrastei – para a cozinha. Edmund estava cozinhando enquanto Tristan pegava café e Lacey mexia no celular sentada à mesa. Pelo cheiro, era alguma coisa com ovos.

— Bom dia — bocejei.

— Bom dia — respondeu Lacey e Tristan.

Ed se virou, e sorriu.

— E aí, cara.

— O que você está cozinhando, Ed?

— Ah, eu estou fazendo omelete para comermos com as torradas e Tristan fez café.

— Sinceramente, vocês precisam parar de comer tanto ovo e batata.

Tristan e Ed falaram em uníssono.

— Mas é gostoso — e fizeram beicinho.

Ah, era por isso que eles estavam fazendo tanto barulho, porque Lacey não concordava com as nossas refeições.

— E a Liz?

— Dormindo.

— E a Ever?

— Dormindo.

O silêncio se estendeu por mais um tempo, até Ed terminar de fazer a comida. Nos sentamos e Tristan e Lacey começaram a falar sobre os planos para a nova grife que Lacey queria montar e que Tristan iria ajudar. Um pouco tempo depois Liz entrou na cozinha parecendo um zumbi esfomeado.

Ever ainda não tinha acordado. Mesmo depois de comermos, de lavarmos a louça e de nos trocarmos, ela não tinha dado sinal de que iria acordar logo.

— Estou com dó de acordá-la — disse Ed.

— Também — concordou Liz.

— Vamos indo na frente, deixamos um bilhete pra ela, dizendo aonde estamos.

E assim nós seguimos para “Perdenalis” onde iríamos fazer mergulho e comer frutos do mar. Enquanto andava eu deixei meus pensamentos se dispersarem. Lembrei de Little Rainbow ontem, mergulhando com a máscara, e começando a fazer graça debaixo da água, já que ela era capaz de me ver. Ela inventou uma brincadeira chamada “Quem consegue pegar um peixe mais rápido”, e ela ficou emburrada porque ela não tinha conseguido pegar nenhum. Lembrei dela, de noite no bar, quase estrangulando Ed por ele ter contado à Lacey a história da bebida.

E então, eu sacudi minha cabeça. Cara, essa garota estava me deixando louco.

Everlyn Clockwork

Acordei com um baita de um sol na minha cara. Grunhi, esfregando meus olhos. Vi que a cama estava vazia, o que significava que Will estava acordado. Olhei no relógio: 12:00h. Caramba, eu realmente apaguei, não era comum eu acordar depois das 10:30h.

Levantei, me alonguei e entrei no banheiro. Depois eu coloquei meu biquíni, e coloquei a saída de praia branca. Adentrei na cozinha para achá-la vazia. Comecei a procurar os outros e... Nada.

Legal, meus amigos foram abduzidos por E.T.s praianos mutantes que devem usar chapéus de praia com conchinhas. Tudo bem, foco, Everlyn.

Quando fui comer alguma coisa na cozinha antes de comer a busca-dos-amigos-abduzidos, encontrei um bilhete.

Flor, fomos na frente para “Perdenalis” porque você estava dormindo como um urso hibernando e não queríamos te acordar. Esse lugar é perto do prédio, da pra ir a pé. Segue um mapa.

Xoxo, Lacey.

Legal, meus amigos me abandonaram, mas era minha culpa também por ter dormido como o gigante do “João e o pé-de-feijão”.

Peguei uma bolsa daquelas gigantes de praia, e coloquei algumas coisas. O “mapa”, protetor solar, toalha, equipamento de mergulho, água, celular e dinheiro. Tranquei o apartamento enquanto xingava tudo.

Tristan Frey

— Ever está demorando muito — comentou Will preocupado.

— Relaxa, Romeu, ela jajá vai estar aqui — respondeu Liz.

— Não sei Liz, eu também estou ficando preocupado, acho que vou ligar pra ela.

Enquanto Ed tentava ligar pra ela, eu e Liz começamos a pedir algumas coisas num quiosque que tínhamos achado perto da área de mergulho. Will estava tomando água-de-coco e Lacey estava passando protetor, alegando que ficava vermelha muito fácil.

Ed chegou um pouco depois, dizendo que Ever estava brava e estava a caminho. Eu logo tinha imaginado que ela ia ficar brava, ela odeia que as pessoas a deixem de lado, mesmo que fosse por uma boa causa.

Começamos a comer os mariscos que pedimos (sim, logo depois do café-da-manhã). Já tinha passado quase uma hora até aí. Estranhamos de novo a ausência da Ever, afinal a praia ficava perto do apartamento, era nem dez minutos de caminhada. Will levantou-se e disse que ia procurá-la enquanto discava já o número no celular.

Everlyn Clockwork

Legal, me fudi. Com “f” maiúsculo. Graças ao bom e velho vento de praia, o papel escapou da minha mão, e agora eu estou fucking perdida, sem noção nenhuma de direção. Não tem nenhuma alma viva onde eu estava e a merda do celular não funcionava.

Xingando até o bom e velho americano Tio Sam, comecei a andar sem rumo, apenas desejando estar com meus amigos e com... Comida.

Meu estômago roncou. Comecei a procurar na minha bolsa alguma coisa, a menos que eu decidisse comer protetor solar, não tinha nada. Nem Pringles. Oh, desgraça.

Outra coisa ruim, eu estava perdida, e eu odeio ficar perdida porque eu começo a entrar em pânico. Sozinha, com fome e com calor. PÂNICO.

Andei sem rumo quase chorando até ver um vulto vindo em minha direção. Cerrei os olhos. É você, ceifador da morte?

Foi então que eu vi quem estava na minha frente.

— Sinceramente, Little Rainbow, só você para se perder nessa praia.

William Kenwitch

No mínimo aquela criatura deve ter perdido a porra do mapa. Andava e andava, amaldiçoando o calor e a burrice da Ever. Eu deveria tê-la esperado. Foi então que eu a vi bem distante, numa parte deserta da praia. Corri até lá.

— Sinceramente, Little Rainbow, só você para se perder nessa praia.

Os olhos delas arregalaram e pude perceber que ela estava quase chorando. Um pouco depois lembrei que ela odiava se perder. Fui até ela e a abracei.

— Desculpa por ter te deixado.

Ela me abraçou de volta. E quando eu estava encostando meu rosto ao dela...

Ela me bateu.

— Ai! — exclamei mais de surpresa do que de dor.

— Seu idiota — ela gritava enquanto me dava tapas — você sabe o quanto eu odeio ficar sozinha, e eu estava sozinha... E com fome... E-E com calor... E sozinha... E muito sozinha...

— Já entendi que você estava sozinha.

Ela estava tremendo, provavelmente em pânico. Eu a abracei de novo, depois dei um selinho e sussurrei.

— Você não está mais sozinha. Com fome?

Ela balançou a cabeça em concordância e fomos comer.

Everlyn Clockwork

Se eu não fosse uma pessoa tão legal, eu ia fazer cena para fazer todos eles se sentirem maus, mas como sou legal, eu me contentei com a preocupação deles. Eu comi como um glutão, afinal só tinha tomado um copo de café. Depois fomos mergulhar e definitivamente foi uns dos melhores momentos de minha vida. O naufrágio, os corais, tudo era lindo.

Eu ficava nadando, de um lado pro outro. Apenas sentindo a água e a beleza do lugar. Á noite, como passamos quase a tarde inteira mergulhando, ficamos no apartamento e Liz disse que ia fazer o jantar.

— Vou fazer la famosa pasta del Eliza.

— Miojo — traduziu eu e Ed.

Ela fingiu estar ofendida enquanto caminhava pra cozinha.

— Tristan, você faz o jantar — falou Will.

Ficamos assistindo TV enquanto eles estavam na cozinha. Eu estava apoiando minha cabeça no peito de Will. Estava passando “Detona Ralph”, eu adorava esse filme. Por isso, enchi o saco de Will que queria mudar pro canal que estava passando “Transformers”.

No dia seguinte, fomos à Natural Pool, mas ficamos pouco tempo, em relação ao dia anterior. Passamos o resto do dia, fazendo compras e visitando o resto do centro da cidade. Comprei alguns suvenires, Will me comprou uma baleia de pelúcia. Já disse que eu amo ele?

Depois, passamos o dia inteiro indo para a República Dominicana onde ficaria nossas duas próximas atrações. Então os últimos dois dias, seriam só para os passeios. O primeiro foi o passeio do barco.

O passeio começava com uma parada na praia, onde está montado um cenário da forca do Jack Sparrow, bar pirata etc. Os atores faziam um show de lutas e um ensaio para embarcar no navio.
Quando embarcamos, os atores começavam a dançar, conversar e lutar como piratas nos incluindo nas atuações. No navio, eram servidas bebidas (das quais não apreciei quase nada, afinal a maioria era alcóolica). Navegamos até uma ilha flutuante, onde era servido o jantar.

Quando retornamos, só falávamos desse passeio, tinha sido muito legal. Nunca pensei que amaria o Caribe.

E no último dia, passamos a manhã e a tarde no parque aquático “Sirenis”. Nos separamos, pois Lacey e Ed queriam ir apenas nos tobogãs e Tristan e Liz alegaram estar com fome. Eu puxei o Will para ir em TODOS os brinquedos que tinham naquele lugar. Até nos de criança. Eu vi que quando eu pedi a Will para me levar no de criança, ele bateu com sua mão na própria testa e começou a me encher o saco, dizendo que eu devia muito a ele, por fazer ele passar vergonha.

Bem, algumas pessoas ignoraram o fato de ter duas pessoas de 20 anos num brinquedo de pirralhos, mas outras ficaram pasmas e outras até riram da situação. Eu ignorei todas elas. Era engraçado como pessoas podem amar cuidar da vida dos outros.

Teve apenas um brinquedo que provavelmente nós iríamos ficar entalados e até mesmo o guardinha disse que era melhor nós não irmos. Will ficou me enchendo o saco pra eu tirar foto, e eu aceitei, afinal eu o fiz aguentar os brinquedos, porque eu não iria ignorar o fato de que eu odeio tirar foto e deixá-lo fazer isso?

Depois encontramos todos, já era quase de noite. Jantamos numa lanchonete e fomos dormir cedo, afinal, no dia seguinte pela manhã estaríamos voltando a Londres.