Memórias - Interativa escrita por Cassiela Collins


Capítulo 8
Caminhando para o Destino


Notas iniciais do capítulo

Mel, acredite, se fôssemos nós duas lá, é assim que eu sentiria. Bom, me diga o que achou de você!



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Quando consigo reunir-nos, faltam apenas 15 minutos para o anúncio da primeira Prova.

Sarah nos guia pela passagem aberta na minha parede. Me pergunto se foi acidentalmente que ela entrou justo pelo meu quarto, que agora é oficialmente nosso ponto de encontro, ou se estavam nos observando. A primeira opção é possível, já que o meu quarto também é um dos quartos ‘centrais’ na rede formada pelos quartos Safira, mas a segunda é extrema e surpreendentemente mais provável.

Dessa vez, as laterais do túnel pelo qual passamos não é transparente como o primeiro que atravessei, e sim de algum metal tão branco que é fácil confundir com uma simples parede de luz sólida. Talvez seja isso mesmo. Quem sabe?

Nós a seguimos em fila – o túnel é estreito demais para prosseguirmos de outro modo. Eu vou na frente. Logo atrás de mim está Samantha, Kally, Tania, Nanda e, no fim, os cinco garotos de nossa Casa.

Andamos por alguns minutos. Tenho que me esforçar para acompanhar os passos ágeis de Sarah, que mantém um ritmo constante e anda como se tivesse treinado para aquilo, sempre ereta e com os movimentos firmes, sem nunca desviar os olhos do espaço à sua frente.

Alguns dos outros estão falando entre si, atrás de mim, mas não consigo distinguir suas palavras.

Em determinado momento, pergunto à Sarah:

– Você não poderia, por acaso, nos dizer do que se trata essa primeira Prova?

Ela solta um riso discreto.

– Desculpe, mas tenho regras explícitas para não dizê-lo. Isso lhes daria uma vantagem injusta sobre as outras equipes. Todos têm que ter o mesmo tempo para planejar o modo de agir, escolher seus representantes e para todas as demais preparações.

Bom, valeu a tentativa.

Fico em silêncio por mais alguns segundos. Não consigo andar em linha reta como Sarah, pé ante pé, e acabo cambaleando um pouco na superfície levemente inclinada que é o chão do túnel. Ao invés de deixá-lo reto, como um chão normal, eles parecem ter simplesmente suavizado a curva.

– E tem algo que você possa nos dizer?

Ela parece considerar a pergunta, mas logo para, talvez percebendo que a minha resposta é ‘não’.

Me viro para trás, tentando não diminuir o ritmo de minhas passadas para que Samatha não acabe esbarrando em mim – ser jogada sobre Sarah seria um pouco embaraçoso – para ver como estão os outros. Cada um está agindo – ou reagindo, depende do ponto de vista – de um modo diferente, e não perco tempo tentando observar a todos separadamente.

– Sam – chamo-a, em voz baixa. Ela olha em meus olhos, desviando momentaneamente sua atenção do chão, mas logo torna a baixar o olhar. Um sorriso descontraído brinca em sua expressão.

Ela emite um 'ahn?' que soa como ‘o que foi? Pode falar’.

– Sam – não sei porque digo seu nome novamente, apenas me parece necessário no momento – se a prova for uma daquelas em equipe, que eles mencionaram – eles não haviam mencionado especificamente a palavra ‘equipe’, mas foi o que eu deduzi de ‘no máximo, dois representantes’, uma passagem do discurso do homem de cabelos pálidos quando cheguei aqui – acho que devemos jogar juntas.

Eu não sei se éramos nós que escolhíamos quem participava de qual Prova, mas meu instinto diz que sim.

Apesar de não ter ficado muito tempo com as outras garotas e com os outros garotos, já sinto aquele sentimento protetor que às vezes sinto em relação aos desconhecidos que muitas vezes se tornam meus amigos mais tarde, e que são, em sua grande maioria, jovens que possuem aquela inocência ou ingenuidade admiráveis, que fazem você pensar se aquela pessoa realmente vive no mundo real ou se vem de algum lugar onde tudo é perfeito, onde não há maldade nas pessoas e no mundo, como um todo. Assim que Sarah mencionara a primeira Prova, eu havia decidido que participaria, e daria uma chance aos outros de entender ou se organizar melhor para as próximas Provas, aumentando suas chances de chegar ao fim dos Jogos.

Eu sinto que precisaria de alguém confiável, leal e determinado ao meu lado. Apesar das brincadeiras e ironias de Sam, eu consigo perceber nela uma determinação e lealdade que nunca havia visto em outra pessoa. Eu poderia pedir a Kally, mas sinto em Samantha uma confiança que não tenho na garota de pele morena, e sei que, se algo será necessário em uma Prova em equipe, é confiança.

Me sinto mal por pedir aquilo a Samantha, mas se há alguém aqui que gostarei de ter ao meu lado, essa pessoa é Sam.

Samantha para de andar por alguns instantes e seus olhos se focam nos meus, e sua expressão se torna momentaneamente séria. Ela assente discretamente com a cabeça, mas sinto a presença daquele movimento. Tudo se passa em pouco mais de dois segundos, mas, para mim, parece durar muito mais.

Acho que é só naquele instante que eu realmente posso ver Sam, através de seu véu de brincadeiras.

E então, Sarah anuncia:

– Chegamos.


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Notas finais do capítulo

Gente, no próximo capítulo estarei apresentando os cinco garotos Safira. Aproveitem para mandar as fichas, ou simplesmente podem me mandar sugestões de nomes por MP, o que seria muito bem-vindo! (posso até escrever bem, mas a criatividade de vocês para criar nomes é incrível!)