Primeiramente, pensamos em dividir-nos em grupos de acordo com o que sabíamos melhor.

Resolvemos esperar e ver se mais algum Safira se juntava a nós, mas apenas uma aparece.

Samantha Black. Não sei explicar direito o porquê, mas a primeira coisa que penso ao vê-la foi que seu nome combina perfeitamente com ela.

Sua pele é bem pálida, e seus olhos são azuis. Tem 16 anos, mas logo completará 17, o que faz dela uma das mais velhas de nós. Seu cabelo liso é curto na altura dos ombros e negro, completamente negro, cujo reflexo possui uma leve tonalidade ciano.

Imediatamente a apelido de ‘Caso Perdido’. Ela é divertida, mas completamente maluca. Tento falar com ela durante cerca de 10 minutos, e tudo o que recebo são respostas irônicas e ‘BA DUM TSS’, uma tentativa falha de imitar o barulho de uma bateria. No começo fico irritada por não conseguir falar com ela direito, mas logo ela arranca boas risadas do grupo, o que, na verdade, é uma grande conquista levando em conta a tensão que dominava o ambiente há alguns minutos.

Pego um papel e uma caneta na estante, e começo a anotar nossos nomes quando todas ouvimos um som e nos viramos.

Uma passagem se abrira na mesma parede onde eu entrara no quarto pelo túnel há algumas horas.

Uma moça entra pela passagem. Deve ter cerca de 35 anos ou mais ou menos isso. Os cabelos são castanho-escuros, longos e completamente lisos, mas estão presos em um rabo-de-cavalo. Os olhos são cinzas, pálidos, e usa uma espécie de macacão branco justo com um cinturão, largo no sentido vertical, mas justo, cinza-claríssimo.

Nas bordas superior e inferior do cinturão, há bordados azuis escuros, vivos. Há uma pedra circular perfeitamente polida no meio do cinto e há uma imagem semelhante a uma raposa simplificada bordada em seu peito, um pouco à direita, na mesma cor da pedra e dos enfeites do cinturão.

Todos ficamos em silêncio por mais ou menos um minuto. Falando assim, até pode parecer pouco, mas quem já contou até 60 sabe que isso não é pouca coisa – ainda mais com tantas perguntas a ponto de explodir nossas cabeças.

Finalmente, a recém-chegada quebra o silêncio, sem parecer nem minimamente constrangida com a cena:

– Bom dia – ela cumprimenta. Ela fica em silêncio por alguns segundos, talvez esperando que a cumprimentemos de volta, mas acho improvável. – Eu sou Sarah, a Coordenadora dos Safira. Organizadora, se preferirem. Desculpem não ter tempo de explicar ou me apresentar melhor, mas a primeira Prova é em meia hora, e preciso que todos vocês me sigam.

Todas sabemos de que 'Prova' ela está falando.

‘Todos nós?’ penso. ‘’Todos nós, dessa sala, ou todos os...’

– Vocês poderiam reunir os outros Safira aqui, por favor? – Sarah responde à minha pergunta, como se lesse a minha mente.

Eu não digo nada, apenas olho para Tania, Nanda, Kally e Samantha e ando, hesitante, em direção à uma das portas.