Lost It All escrita por Alice Antivist


Capítulo 9
The First Punch


Notas iniciais do capítulo

MÚSICA DO CAPÍTULO: The First Punch - Pierce The Veil
P.O.V. Nico



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Eu poderia ter impedido aquilo, claro que poderia. Fui estúpido ao ter concordado com algo assim, que sabia que viria a me machucar no futuro. Só que outra coisa que eu tinha certeza, era que essa paixão platônica por um cara dois anos mais velho que eu tinha que acabar. Não sei o que deu em mim, mas acabei achando que essa era a melhor solução.

"Você deveria tentar algo com ela."

Como eu sou trouxa.

Passaram-se seis meses desde que eu e Jason nos conhecemos. Nesse tempo, nos aproximamos muito (talvez até demais) e creio que acabamos virando melhores amigos. Mas como sou muito otário, é claro que eu não ia me contentar apenas com isso. Eu sou muito idiota.

Idiota por ter falado com ele, idiota por ter me aproximado, idiota por achar que dessa vez iria ser diferente, idiota por ter concordado com Reyna quando ela disse que ele seria perfeito para mim, idiota por dito que ele deveria sair com Piper.

Mas sou mais idiota ainda por ter me apaixonado por Jason Grace.

— Caralho, como isso doí!

Estou trancado no meu quarto, atirando canetas contra a parede. Estou cuspindo e gritando os mais variados xingamentos, já que estou sozinho em casa e ninguém pode me escutar. Meu tornozelo ainda não parou de sangrar, mas não é como se eu realmente me importasse com algo assim. Estou ocupando demais odiando a mim mesmo e aquela garota maldita.

Piper Mclean.

É o nome mais ridículo que já ouvi, admito. Ela é tão bonita, sabe? Rosto com traços delicados, pele bronzeada, uma cintura certinha... Ela é o tipo de menina que eu iria querer como namorada caso fosse hetero. Acho que Jason concorda com isso.

O fato é que: duas semanas atrás, Jason me ligou para me falar dessa garota. Pelo que ele me disse, estava escrito na testa dela "ESTOU A FIM DE VOCÊ". Minha resposta poderia ter sido de várias formas, eu poderia ter dito várias coisas diferentes. Mas, sendo o bom amigo que sou e consciente de que nunca teria chances com ele, mandei que "tentasse algo com ela". Em grande parte, a culpa é minha.

Jogo-me na cama, regularizo minha respiração, com o intuito de me acalmar. Finalmente, observo o estrago no meu tornozelo. É um corte curto, porém fundo o suficiente para ter manchado minha calça de sangue. Isso é ruim, como vou explicar para minha avó? Se bem que a essa altura... ela já deve saber.

Saio do meu quarto, para buscar o telefone que toca de novo (na minha crise de raiva, não pude atendê-lo de primeira). O número do visor me parece familiar, mas não me lembro de onde exatamente. Minha voz sai rouca devido aos gritos que soltei:

— Alô? - fungo - Quem é?

— Nico? Aqui é o Isaac... Tá tudo bem?

Pigarreio, tentando relaxar.

— Sim, tudo certo. - minto - Alguma novidade?

— Nada, eu só... Hum... Queria saber se você queria ir ao cinema.

Não teria me impressionado nada com o convite, se não houvesse um nervosismo tão óbvio na fala. Estou acostumado com Isaac me chamando para ir para os lugares, mas geralmente é com um "E aí filho da puta, levanta essa bunda da cadeira e vem aqui no shopping agora". A tensão se espalha pelo corpo.

— Claro! - digo - Algum problema? Você parece nervoso... Quem mais vai com a gente?

— Nenhum, mas acho que meio que vamos só nós dois. - ele riu sem graça - Tudo bem para você?

— Sim, tudo certo.

A única observação que eu tinha a respeito dessa conversa era "estranho".

— Isaac... - pressiono - O que tá acontecendo? Você tá muito estranho.

Escuto um suspiro vindo do outro lado da linha, seguido de algo como uma fungada. Sua voz se tornou embargada:

— Eu não estou estranho, Nico. Eu estou fodido. Fodidamente fodido. Só quero esquecer tudo o que aconteceu ontem e, sei lá, sua companhia me acalma. - ele está quase chorando. Uma vontade avassaladora de abraçá-lo toma conta de mim - Você é meu melhor amigo.

— Isaac, eu...

— Te passo uma mensagem mais tarde, tchau.

Dito isso, ele desligou, sem nem esperar que eu me despedisse. Sei muito bem que nós não vamos sair, e isso me preocupa. Tenho medo das coisas que Isaac pode fazer consigo, até porque são muito piores do que as que eu mesmo pratico. Meu amigo pode se destruir de uma forma tão lenta e ao mesmo tempo tão devastadora. Seu passado um tanto quanto duvidoso faz com que eu tenha calafrios, as coisas que revelou... Acho que não aguentaria passar por aquilo e sobreviver.

Coloco o telefone de volta no gancho, sentindo o cansaço tomando conta do meu corpo e uma dor de cabeça latejante, que faz com que eu queira arrancar meu cérebro do lugar. Caminho lentamente até meu quarto, arrastando os pés no piso de porcelanato branco; que por sinal nos últimos dias tem me parecido frio demais nos últimos dias. Ao entrar em meu quarto, encaro o cobertor da minha cama que, parece que de uma maneira absurdamente irônica, é azul. Azul cor de céu, como diz Bandit.

Agora vai ser assim? Qualquer porra de coisa vai me lembrar Jason?!? Sinto meu rosto esquentar, ao que se contorce em uma careta de desgosto que eu jamais conseguiria esconder. Desgosto de mim. Sinto nojo de mim mesmo por passar horas que nem uma garotinha ridícula a espera do príncipe no cavalo branco, com um buque de flores colorido. No meu caso, a espera do headbanger na moto vermelha, com todos os CDs do Slayer.

Por que não podemos apenas ser amigos?

Em um instinto de autoproteção, saio do cômodo e com passos largos me dirijo a cozinha, onde estão as chaves do carro do meu avô. Estou sozinho e não tem ninguém para me impedir... Talvez então eu devesse simplesmente sumir. Todos têm coisas melhores para pensar, tem seus próprios problemas; odeio ser mais um empecilho em suas vidas. Um garoto tímido, que está apaixonado por um cara inalcançável e que tem um passado traumático.

Merda. Lembranças. Agora não, por favor.

Pego o chaveiro, saio do apartamento e, mesmo morando no décimo quarto andar, corro escada abaixo desesperado para chegar à garagem. Encontro o local onde o carro está estacionado e abro a porta, sentando no banco do motorista sem hesitar. Sei que sou novo, mas em breve terei uma carteira de motorista, e por conta disso sei dirigir razoavelmente bem. Dou a partida, ouvindo o ronco suave do motor. De uma forma estranha, esse som é agradável e faz com que eu não me sinta tão só.

Estar.

É, depois de um tempo você se acostuma com essas coisas.

Isaac Benet não sentia mais nada desde que aquela agulha tinha perfurado sua pele. A amada sensação de conforto e frieza tomando conta de seu corpo daquele jeito tão deliciosamente rebelde. Jogou a garrafa que segurava no chão, vendo-a se quebrar ao entrar em choque com o cimento; alguns cacos arranhando suas canelas, mas nada que ele devesse dar atenção. No momento, o mais importante era observar o mundo girar ao seu redor.

Colocou as mãos nos bolsos do moletom, e respirou fundo, soltando o ar de forma lenta e entrecortada. Olhou para cima, vendo as estrelas iluminando o céu naquela madrugada de terça-feira. O menino teria uma prova amanhã, mas não existia a menor possibilidade de estar presente durante essa, uma vez que seu estado apenas se agravaria com o decorrer da noite. Seus pequenos punhos fecharam-se e, mesmo que a calma continuasse pulsando em sua mente, seu organismo discordava com aquilo, tentando forçá-lo a eliminar todas as substâncias.

Seus olhos se voltaram a moto que havia em sua frente. Havia “pegado emprestado” de seu pai pouco antes do entardecer, sabendo que o velho não notaria sua falta até a hora do jantar, uma vez que não havia mais pessoas para cozinhar senão Isaac. A chaves tilintavam, como se a moto o estivesse convidando para um passeio. Se era errado? Claro que era.

Mas quem se importava mesmo? Ah é, ninguém.

A maioria das coisas erradas que fazemos, são quando estamos conscientes das consequências com que iremos arcar após. Não existe essa de “eu nunca imaginei que poderia acontecer isso”. Mentira, é claro que sabia. Uma pequena parte de você que dizia que era inaceitável sabia disso. Porém o que nos move é o fato de pensarmos que ninguém vai dar a mínima. E no fim não dão mesmo.

Subiu na moto, ligando a mesma e sentindo o veículo vibrar, chamando para acelerar e sentir-se livre. Foi o que fez. Muitas pessoas paravam para ver um garoto à beira de seus quinze anos pilotando uma moto azul-escuro em uma velocidade surpreendentemente alta, pasmas e ligando para qualquer serviço de ajuda que pudessem encontrar. Benet achava graça daqueles que gritavam por ajuda, mesmo que ele não precisasse. Pelo menos não agora.

De repente, aquela euforia foi substituída por um frio na espinha, que quase o fez vacilar na direção. O motor rugia e os pneus cantavam, alegando que deveria ir ainda mais rápido e para se livrar daquele medo. Ah, pobre Isaac Benet...

A sensação de liberdade momentânea nem se compararia com a de confinamento dos anos seguintes.


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Notas finais do capítulo

Ela vê o moleques passando de motão a mil (8)
Olha o que ela faz:
ISAAC ASSIM TU VAI... PERDEU O BRAÇO XD (to má haushuahsuahsu)

Finalmente... Pierce The Veil .<
Agora vamos ao que interessa...
Se estou desanimada? Estou e muito. Algum de vocês tem noção de como é ter 39 (sim, trinta e nove *-*) acompanhamentos e apenas 3 comentários? Tá, sei que demorei. Juro que tentei escrever, mas foram tão poucos comentários que achei que ninguém estava lendo mais... Odiaria ter que ser chata e começar a usar coisas como metas, gosto que sejam espontâneos e tal, só que parece que não tá dando certo...

Enfim.

Agora postarei com mais frequência por dois motivos: estou me sentindo mais emocionalmente estável (pelo menos o suficiente haha) e fiz um horária que me força a escrever todos os dias ^^. Agora ainda tem uma vantagem: posso escrever pelo pc o/ Isso facilita tanto e finalmente vou poder colocar os flashes em itálico, como eu tanto queria *-*

Acho que é isso... Kissuuuuuus da Tia Antivist/TheSharpestLive :3

COMENTA SE NÃO EU MATO SEU PERSONAGEM PREFERIDO MWAHAHAHAHA :3