Lost It All escrita por Alice Antivist


Capítulo 8
Life Cycles


Notas iniciais do capítulo

MÚSICA DO CAPÍTULO: Life Cycles - The Word Alive



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POV Nico
I'd rather die for what I believe
(Eu prefiro morrer por aquilo em que acredito)
Than live a life without meaning
(Do que viver uma vida sem sentido)

Os versos escapam dos meus lábios, junto do resto da minha alegria. Não devia ter bebido, pelo menos não enquanto lembrasse de que esse foi o motivo de meus pais estarem a sete palmos do chão. Maldito seja o álcool.

Perdi-me de Jason tem um tempo, ele com certeza já foi para casa; coisa que eu deveria estar fazendo no momento. Estou andando pela calçada, sem rumo, com uma garrafa de uísque que não me dei ao trabalho de ler o nome escrito. Posso estar correndo perigo de ser assaltado. Ou até mesmo, em uma situação exagerada, ser morto. Atropelado, por um tiro, sei lá... Isso seria ruim. Eu já planejei minha morte para que ela seja muito interessante, e definitivamente não quero que um carro passe por cima de mim. A morte às vezes é muito sem graça.

Se bem que minha vida é muito sem graça. Talvez a morte viesse apenas para animar.

Um vento frio sopra contra meu caminho, mas não é algo que realmente incomode o suficiente para que eu volte a colocar meu casaco. Ah, sim, estou sem ele. Cortes expostos nessa fria noite e outono, afinal, sei que ninguém vai me ver. E se me vissem, acho que não ligaria; não tem nada demais em ter cicatrizes. Todos têm, as minhas apenas saíram de dentro para fora. Estremeço, sem entender exatamente se o motivo é o clima ou meus pensamentos doentios.

Depois de tanto me enfiar em ruas, acabo chegando a uma praça que, pelo jeito, é no centro de um condomínio mais luxuoso. De dia, deve estar cheio de playboys/mauricinhos e garotas metidas exibindo-se das mais ridículas formas. Odeio gente assim, e é óbvio que não sou o único. Sento em um dos bancos de concreto que se encontra ali; por fim me deito, para ter onde recostar as costas, uma vez que assento não tem encosto algum. Olhos fixos no céu. Tanta beleza ao dispor de seres tão desprezíveis como os humanos, que simplesmente ocultam as belas estrelas com a luz elétrica. Nós ocultamos várias coisas bonitas, seja dos outros como de nós mesmos.Tudo porque acreditamos que a beleza está do lado de fora.

Mas não, a verdadeira beleza se encontra num lugar onde pode ser escondida. Seja por luzes ou por palavras. Os sorrisos por exemplo, se não quiser que alguém saiba o quão bonito és, é apenas cobri-lo com uma camada de frieza que ninguém irá reparar. Se bem que se pararmos para pensar, apenas escodemos nossa beleza quando somos obrigados a fazê-lo. Por outros que nos querem mal.

― Nico?

A voz familiar me arranca de meus pensamentos e viro apenas o rosto para a esquerda, para enxergar a garota que me chamou. Reyna Avila. Burrice minha pensar que ninguém me veria. Sento no banco tentando manter certa postura, a mais aceitável possível para um automutilador bêbado perdido.

― Olá.
A garota acomoda-se ao meu lado, passando os olhos pelos cortes com uma expressão preocupada.

― O que aconteceu?

― Eu cansei da festa e, assim como você, fui embora.

― Não foi isso que perguntei. – ela passou o braço por meus ombros me puxando para um abraço, que de certa forma me acalmou perante essa situação. Depois que nos separamos, ainda mantém uma das mãos em meus cabelos acariciando-os de leve – Vou entender se não quiser contar, mas você não pode me impedir de tentar saber o que aconteceu.

Sussurro a resposta de forma quase inaudível, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas e meu corpo inteiro pesar. Claro que ela não escuta, e logo depois pede para que eu repita,

― É que... – respiro fundo – Nada. Sério, fique tranquila, eu... estou bem.

Seus olhos encheram-se de lágrimas, não entendi absolutamente nada. Senti os braços finos me envolvem de novo, e de repente, um calor invade meu corpo; que vem de dentro para fora. Como uma chama que aos poucos se expande até queimar de uma maneira boa. Qual o nome mesmo? Alegria? Felicidade? Não... Melhor que isso.

Esperança.

Talvez aquele abraço significasse nada; ou talvez significasse tudo.

Então ela me soltou. Mas não foi com calma, ou de qualquer jeito como se terminam os abraços; ela simplesmente me empurrou. Como se estivesse fazendo alguma coisa errada. Uma atitude tão grossa, que de certa forma me atingiu como se ela tivesse dado um tiro em meu coração. O que tinha de errado em mim? O que tinha de errado nela?

― Você... – o olhar dela foi parar no chão – Digo, está muito tarde para sair andando por aí sozinho, não acha? Melhor ir para casa.

Reviro os olhos

― Certo, você sabe onde eu posso, sei lá, pegar um táxi?
Reyna ri e, mesmo sem entender o motivo, acompanho-a.

― Não acha que é meio tarde? São umas três da madrugada. – ela ri mais um pouco, e não consigo me impedir de fazê-lo também – Acho que o único táxi que você conseguir pegar, vai te sequestrar ou algo assim.

― Tem razão. – estou quase chorando de tanto rir, e ainda não entendi o porquê – Alguma ideia melhor, então? Pegar ônibus não dá e roubar um carro está fora de cogitação.

— Eu te odeio.

— Te entendo.

Agora nossos risos já se transformaram em gargalhadas. Nossa conversa pode com certeza ser chamada de bipolar: fomos de lágrimas à sorrisos. Quando nos acalmamos, Reyna continua sorrindo de forma doce e nossos olhos finalmente se reencontram.

― O que acha de ir dormir lá em casa? É aqui perto. – sugere – Acho que meus pais não vão se preocupar já que você é... bem...

Rio pelo fato da garota estar encabulada de dizer. Não entendo qual é o problema que as pessoas tem com isso. Para nós, gays, dizer ou que digam isso não é uma espécie de xingamento; é o que somos e ponto final.

― Entendi. – sorrio brincalhão – Sou como uma menina, certo?
― N-não fo-foi is-isso que quis dizer!
Depois dessa, tudo o que faço é cair na gargalhada. Ela revira os olhos e me puxa com força pelo braço ao longo da rua. Seu jeito varia entre bruto e fofo constantemente. Ela com certeza vai despertar interesse Isaac.

~flash back~

Seu cabelo estava grudado no rosto devido ao suor, a respiração era dificultada pelo leve incômodo da droga. Batucava na garrafa de vodka com as unhas mal cuidadas, e cantarolava uma música qualquer. Provavelmente do Misfits. Sentado em um balanço de uma praça (cujo nome não lhe interessava) Isaac Benet ansiava por sua infância perdida. Com seus catorze anos, entregue as drogas e ao mundo incerto. Com certeza era do Misfits.

O parque ficava em um condomínio, e estava deserto. O vento acariciava-lhe o rosto, mas ele pouco sentia; a droga fizera seu trabalho muito bem. Ou quase, afinal ainda restava consciência para que pudesse enxergar que o local não estava totalmente vazio.
Havia uma garota logo em frente, se divertindo de forma solitária. Usava uma raquete de ping-pong, jogando a bolinha para cima com a mesma. Fazia isso ininterruptamente, o garoto havia perdido a conta de quantas vezes ela conseguia sem que a bola caísse. A garota era muito boa naquilo.

Os cabelos castanhos escuros estavam presos em um trança desgrenhada, que deixava algumas mechas soltas caindo sobre sua testa. As bochechas coradas devido ao frio, e os olhos castanhos estavam levemente avermelhados. Estivera chorando, claro. Apenas mais uma menina bonita, com um sorriso falso no rosto.

"Bonita." pensou Isaac "Nova, porém muito bonita."

Deveria ter quantos anos? Treze? Doze? Nessa faixa, com certeza. Uma garotinha muito jovem para sair andando por aí sozinha. Talvez Isaac pudesse acompanhá-la até em casa... Não. Que tipo de pessoa iria querer andar com um drogado vagabundo como ele? Só se fosse louca.

Poderia pelo menos puxar assunto. Aquela menina tinha algum encanto que o prendeu e forçou a não sair do lugar, ficar apenas observando-a sentado no balanço. Queria conversar com ela e o álcool deveria ajudá-lo a o fazer. Mas algo o impedia e não era simplesmente o medo de atrapalha-la em sua brincadeira. Era como se não devesse chamá-la...

Começou a sentir-se tonto.

Observou a pequena segurar a bola, com firmeza. Suas feições se encheram de raiva e decepção, sentimentos que não deveriam ser do conhecimento de uma criança. Atirou a esfera de plástico no chão, com tanta força que chegou a amassá-la. Um suspiro longo e sofrido escapou por seus lábios e os joelhos cederam, fazendo-a cair no chão. As unhas afundaram na terra úmida e a garota gritou para o vazio da noite:

— Por que as pessoas insistem em dizer que sou madura, quando tudo que eu quero é ser apenas uma criança?

Nesse momento, Isaac abandonou sua vontade de puxar assunto. Não queria estragá-la como haviam feito com ele.


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Notas finais do capítulo

Me desculpem a demora... Sei que tenho que explicar tudo direito, então vamos ao resumo:
A vida é uma merda.

Acontece que tá acontecendo muitas coisas chatas no momento, estou tendo crises que não deveria ter, pensando coisas estúpidas etc. Isso me atrapalha. Escrever ajuda? Sim, muito. E escrever Lost It All? Ajuda para caralho. Mas ultimamente minha inspiração tão péssima, tive que refazer o capítulo umas três vezes por falta de ideias.
E assim, meus caros leitores, cheguei exatamente no ponto que queria.
PRECISO DE UM(A) CO-AUTOR(A)

Então, estou extremamente precisada de alguém que me ajude a planejar o capítulo. Não precisa escrever nem nada, apenas ter boas ideias para a fic. Quem estiver interessado(a), avise nos comentários. Vou mandar o meu perfil do facebook para que possamos conversar etc. Se tiver mais de um interessado (o que duvido muito), terei que fazer alguma espécie de seleção que ainda não sei.

Obrigada, desde já pela compreensão etc etc etc
Gostaria de deixar uma nota alegre, mas não estou nos meu melhores dias. Juro que vou deixar de ser depressiva nas respostas dos comentários :)

Beijos, a tia ama vocês bagarai



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