Lost It All escrita por Alice Antivist


Capítulo 7
Deathbeds


Notas iniciais do capítulo

MÚSICA DO CAPÍTULO: Deathbeds - Bring Me The Horizon



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Ok, admito que gostei do grupo de apoio. Quero dizer, acabei de conhecer uma garota muito bacana, embora bem desconfiada. De acordo com o que Reyna me falou, é porque seus pais morreram em um acidente de carro e, por não ter nenhum parente que pudesse ter a guarda, acabou em um orfanato. Por sorte, foi adotada por um casal de ricos que a acharam parecida com a filha que se mudara para França. História estranha, mas até que teve um bom final. Agora que já contei, voltemos ao presente.

Não sei por que estou aqui. Não sei quando cheguei. Não sei como diabos vim parar aqui.

Aparentemente Amy tem uma namorada um tanto quanto popular que resolveu dar uma festa. A partir daí, Amy arrastou Isaac, que arrastou Nico, que arrastou Reyna, que me arrastou até aqui. Complicado, né? Esse é o motivo de eu não saber como e quando cheguei aqui.

É uma festa de adolescentes normais, por assim dizer. Pessoas dançando, conversando, bebendo e outras coisas do gênero. Confesso que nunca fui em uma na minha vida; é a primeira vez que fico confinado em uma casa repleta de pessoas barulhentas. Esse é o motivo de não saber por que estou aqui.

Empurram-me um copo vermelho com um líquido transparente suspeito. Queria devolver, pois não bebo, mas como não encontro quem me entregou, deixo sobre um móvel da casa. Continuo caminhando, sem saber exatamente o que fazer afinal, não sei dançar e não conheço ninguém ali. Ok, tem Reyna, Nico, Amy e Isaac, mas não faço a menor ideia de onde estejam.

Me espremo para passar por entre um grupo que conversa alegremente no corredor estreito. Deparo-me com um sala onde os móveis foram arredados, para formar uma espécie de pista de dança. Amy está ali, se balançando no ritmo da música de frente para uma garota de cabelos castanhos e pele clara. Provavelmente sua namorada. Eu até poderia falar com ela, mas fico um pouco acanhado, posso acabar atrapalhando algo.

A sala tem uma porta, que dá para o jardim dos fundos. Atravesso-a reparando que o lugar está consideravelmente vazio. Tem apenas três garotas sentadas no chão, conversando como se não houvesse um som irritante e alto vindo da casa. Três bancos de madeira estão alinhados em volta de algo que me parece ser um fogueira. Sento em um deles, meus joelhos dobram um pouco devido ao seu pequeno tamanho. Coloco meus cotovelos sobre eles, sentindo meu celular vibrar. Droga, esqueci no silencioso. Droga, esqueci de avisar a tia Sally que viria para cá.

Atendo, já esperando a bronca:

— Jason! Onde diabos você se meteu?!? Estou te ligando há um tempão! Que barulho é esse?!?

— Desculpe, tia. - respiro fundo - Estou em uma festa, conheci umas pessoas no grupo que meio que convidaram.

Omiti apresentá-los, ela não precisa saber que vim para cá com uma lésbica, um gay, um motoqueiro que perdeu o braço num acidente e uma pseudo-tímida. É, gostei para caralho deles. Falando sério.

— Uma... festa? - percebo sua confusão, nunca fui convidado para uma - Oh, hm... Está se divertindo?

Qualquer mãe ou pai normal, daria uma bronca em seu filho, por ter se metido em uma festa sem avisar. Mas tia Sally não é assim, e eu muito menos. Acho que para ela, é até bom que tenham me convidado para uma coisa dessas. Significa que estou ficando mais próximo de "normal".

— É, mais ou menos. - dou um riso nervoso - Não conheço ninguém aqui, então fica meio complicado.

— Tente. Converse com outras pessoas, gosto que você se divirta. Mas me avise da próxima vez, certo?

Um pequeno riso me escapa.

— Claro, me desculpe.

Nos despedimos, e desligo. Seguro meu celular, sem coragem de bloquear a tela, meus olhos fixos em meu plano de fundo.

É uma foto simples da minha infância, que passei para meu celular. Tenho um sorriso alegra em meu lábios. Ele também está sorrindo, passando um dos braços pelos meus ombros. Ambos estamos sujos de lama, embora o moreno ao meu lado muito mais que eu.

Percy. Perseu Jackson. Sinto como se alguém apertasse meu coração com força, tentando arrancá-lo. Ele estava tão alegre e feliz. Meu Percy era tão feliz.

Braços tremem e as lágrimas começam a se acumular em meus olhos. Eu tenho que tirar essa merda daí. Que dor. Quero ele de volta. Quero ouvir as risadas, ser alvo das brincadeiras, que ele me diga que vai ficar tudo bem. Eu nunca mais vou poder ver aqueles lábios se dobrando em um sorriso?

A minha parte que ainda tem auto-controle bloqueia o visor, me privando daquela visão dolorosa. Sinto-me exatamente como a tela está: vazio e frio. Uma ótima metáfora. Com Percy, me sentia vivo, uma criança alegre e protegida. Mas com uma coisa tão ridícula quanto apertar um botão, ele se foi. Agora me tornei isso.

Vazio e frio.

Tão perdido em pensamentos, não percebi que Nico estava ao meu lado, me observando com cautela. O cenho franzido e seus olhos voltados apenas para mim.

— Aconteceu alguma coisa? Você parece triste...

— Nada de mais. - tento tranquiliza-lo - Só saudade de uma pessoa importante.

— Entendo.

Ele sorri, e me dou conta de que essa é a primeira vez que vejo um sorriso verdadeiro no rosto dele. É tão bonito. Como se suavizasse o inferno em seus olhos e os deixasse mais parecidos com o paraíso. Percebo que ele parece distante, mas mantendo seu olhar fixo no meu.

— Nico? - não obtenho resposta, então estalo meus dedos na frente de seu rosto - Terra chamando Nico. Tem alguém aí?

Ele pisca algumas vezes, e logo depois ri, passando a mão no próprio cabelo.

— Desculpe, eu meio que me perco em olhos azuis e... os seus são excepcionalmente bonitos.

— Hm... Obrigado. - respondo.

Isso foi uma espécie de cantada? Ou ele disse isso simplesmente porque acha natural? O sorriso de seu rosto some, ele cora um pouco.

— N-não foi isso que eu... - afirm, nervoso - Quero dizer, foi, mas... mas eu não quis que... Tipo, você é hetero e eu nunca...

Ele começou a tagarelar com uma rapidez impressionante, porém nunca terminando uma frase sequer. Dou uma risada.

— Tudo bem, Nico, entendi o que você quis com aquilo. - dou um sorriso - Se te tranquiliza um pouco, também acho que seus olhos são bonitos.

O tom de vermelho em seu rosto aumenta e ele desvia o olhar para o chão.

— Eu não gosto dos meus olhos, eles são pretos e sem graça. Acho que azuis bem bonitos, também gosto de cinzas e verdes.

— Meu primo tinha olhos verdes.

Não sei exatamente o motivo que me levou a dizer algo assim. Talvez eu ainda esteja em uma espécie de transe por causa da foto, ou simplesmente me escapou. É estranho e ao mesmo tempo normal, mas eu vivo relacionando coisas, por mais pequenas que sejam, a Percy.

Nico pareceu se interessar.

— Sério? Como era?

— Como era o que?

— Quem. - Nico sorriu - Seu primo, Jason. Ele parece ser uma pessoa muito especial para você, estou certo?

— Hã... - travei. Como assim? Ele queria que eu falasse do meu primo? Que diabos?

— Ele era, certo? - insitiu.

Eu sorri.

Não, Percy é muito especial.

~Flasback~


Os dois dividiam a mesma cama. Não porque eram obrigados, mas por Jason tinha medo do escuro. O moreno de olhos verdes já não se incomodava, na verdade gostava. Era bom ter o primo por perto; podia protegê-lo mais. Porque essa era sua função como o mais velho: proteger. Tinha que cuidar para que o loiro não descobrisse a verdade sobre a humanidade. Cuidar para Jason não enxergasse o que era vida.

"Vivemos morrendo" dissera seu pai. Uma frase pouco elaborada, com certeza, porém com um belo significado.

O loiro sorriu, e Percy sentiu seu coração esquentar-se, a medida que o outro aproximava os rostos. Seus lábios se tocaram por milésimos segundos e a mente do moreno deu um estalo. O que?

— Jason... Mas o que?

Sua voz não rinha raiva, apenas surpresa. Sabia que dois anos de idade faziam diferença de uma forma absurda, portanto não via motivos para se irritar com o mais novo.

— Thalia disse que beijamos pessoas que gostamos muito. - o loiro sorriu - Eu gosto muito de você, Percy.

O moreno corou.

— Eu sei, Jay, mas não é assim que nós devemos demonstrar um com o outro. - o mais velho riu - Isso é quando um menino e uma menina se gostam para casar.

— Ah...

As bochechas do loiro adquiriram um tom extremamente avermelhado, logo após, escondeu-se sob a coberta. Perseu gargalhou, sendo reprimido por um "cale a boca" e "me desculpe".

— Tudo bem. - o maior sorriu - Vem, vamos dormir que já está tarde.

O loiro assentiu e ajeitou-se na cama, sendo observado pelo mais velho. Os do outro olhos se fecharam, porém os de Percy teimavam em ficar abertos. Fixos no semblante adormecido do outro. O moreno ainda era criança. Novo demais para aprender o significado da frase dita por seu pai.

Nós vivemos morrendo. Você pode negar, dizer que ainda é jovem demais para pensar em situações tão macabras. Só que entenda, não falo apenas de morte pois seu coração não bate mais.

É claro que ela também deve ser levada em consideração. Afinal, temos que estar prontos para o que pode acontecer amanhã, mas... o assunto é outro.

Você já reparou que não desenha mais aquelas coisas que desenhava quando mais novo? Que não canta mais as mesmas coisas? Não tem mais os mesmos interesses? O mundo vai nos destruindo, e isso é natural. Na nossa vida, nós morremos aos poucos.

A cada dia, algo nos deixa. Aprendemos que não devemos falar sobre algo, que não devemos vestir algo, que não devemos agir de tal forma. A cada passo desses, acreditamos estar evoluindo. Mas para que? Para a morte. Porque cada coisa que descobrimos que "não devemos", algo nosso (e apenas nosso) que morre. Seja o modo de encarar certas situações ou até mesmo de segurar o garfo e a faca.

O que fazer? Se não seguirmos esse tal desse normal, somos colocados de lado. Os casos perdidos, como chamam. Passamos a ser considerados pessoas que deveriam morrer. Mas por que? Porque nossa vida já acabou. Ou seja: alterações são sinônimos de vida. Nós passamos a viver com essas mudanças, que matam aquilo que está dentro de nós. Aquilo que nos faz ser quem somos.

Aí está o único motivo para duas palavras poderosas serem juntadas em uma frase tão curta, com um significado tão maior que esse resumo que lhes contei: "vivemos morrendo."

Perseu se inclinou, encostando seus lábios sobre os do menor.

— Também gosto muito de você, Jason.


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Notas finais do capítulo

Meus queridos cupcakes >.<
PRIMEIRAMENTE: me desculpem por não responder os comentário, é que o Nyah pelo celular é muito bugado ;-; eu não consigo escrever as respostas ;-; mas quero que vocês saibam que leio todos com um carinho muito especial! Me perdoem, por favor ;-;

EU IA COLOCAR GREEN DAY EU JURO TSHSHAVDH SEI QUE VOCÊS JÁ TÃO CANSADOS DE BMTH, MAS ESSA MÚSICA É TÃO... Sei lá, mas eu acho qie descreve perfeitamente os feels do Percitcho pelo Jayzitcho *u*

PRIMEIRO ACONTECIMENTO REALMENTE JASICO DA FIC HSJSBDJGQDHU Eu amo essa conversa dos dois. Adoro a forma como o Jason não tá ligando pro fato do Nico ser gay coisa e tal... Acho isso tão fofo *-* O que quero mostrar no romance dos dois é que um sentimento simples de amizade pode se transformar em algo maior.

Eu adorei esse capítulo. Na minha opinião, foi um dos melhores que escrevi, ou seja, não tá uma merda XD (eu e minha maravilhosa auto-estima kkk) A inocência do Jason é tão fofa... Amo mostrar a inocência das crianças nos meus textos. Elas dizem coisas que nós, que já passamos dessa fase, não conseguiríamos nem mpensar em dizer. Acho lindo, e adoro destacar isso.

Sei que demoro pra postar, capítulos curtos e essas coisas. Mas entendam: eu estava passando por uma fase meio difícil. Estava tudo meio complicado e agora tá melhorando, graças a deus ^-^ Me sinto feliz por estar conseguindo fazer coisas que eu julgava impossíveis e muito devo a vocês e meu amigos, que tem me apoiado :3 Se precisarem de alguma coisa, até mesmo só para desabafar, vocês podem falar comigo.

Kissus, a tia ama vocês THIIIIIIIIIIIS MUCH!



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