De repente Vanessa gritou, ela viu Alex na janela.. ele havia enganado os seguranças, ou até mesmo conseguiu a ajuda de alguns deles.

Eu mesma me arrepiei.. sabia das seguranças do quarto, mas Alex, pela sua expressão, seria capaz de qualquer coisa para atravessar aquela porta e me matar.

Vanessa estava com a arma em punhos já.. e Alex estava tentando quebrar a maçaneta com uma cadeira.. ele ia me pegar..

Fiquei com mais medo ainda.. medo da vida.. medo dele.. medo de tudo..

O terror tomou conta.. Karina já estava pronta para atirar... e eu não podia nem me mover.. com a costela ainda se colando..

De repente se aquietou tudo.. e Jorge estava chamando Alex..

– Amor? – falou Jorge, fingindo estar incrédulo – o que estás fazendo ?

– Vou matar aquela vadia da Jully – ele falou em estado de raiva.

– Não meu amor.. venha.. venha comigo..

– Não se meta Jorge..

– Sim, me meto meu amor..

Alex ficou com mais raiva, e o pior, com raiva do Jorge..

– Cale a boca seu baitola.

– Cale a boca você Alex.. olhe o respeito, você me ama.. ou esqueceu?

– Eu não amo você, nunca amei, eu nem se quer sou gay.

– O que? – falou Jorge já aos prantos..

– É isso mesmo sua gazela, eu não sou gay

– Eu odeio você..

Alex virou-se e atirou na cabeça de Jorge.. e foi até ele.. agachou-se

– Viu gazelinha, viu o que dá falar - falou Alex

– Cretino...

Nisso, Michael chegou de fininho e usou uma arma de choque em Alex.. fazendo tremer no ritmo ragatanga..

E a policia prendeu DE NOVO Alex..

Vanessa abriu a porta para Michael..

– Oh meu amor – falou vindo até a cama. E me beijou, enquanto a policia recolhia o corpo de Jorge..

Lembrei de uma vez que Jorge pediu dicas de roupas para comprar para Alex.. e isso me deixou triste.. Jorge sempre foi um amigão meu.. e Alex fez isso sem remorso algum..

É de se cortar a alma.

– Michael...

– Sim meu bebê?

– Pague o enterro e tudo mais.. para Jorge?

– Sim, mas por ?

– Ele era meu amigo.. é justo.. afinal ele morreu para tentar me salvar – eu falei já com lágrimas nos olhos..

– Está bem meu anjo... agora durma.. está tudo bem.. ficará tudo bem..

– Promete?

– Sim..

Michael dispensou Vanessa..

E ficou me fazendo caricias toda a noite, pois, eu não pegava no sono.. pensando na cena que vi.. eu era forte, mas .. acho que aquilo foi demais.

– Jully, o médico disse que você já está bem para sair do hospital.. você quer ir ao enterro? – falou ele, quando despertei no outro dia..

– Claro.. me leve para casa?

– Sim sua bobinha..

Michael chamou uma enfermeira, para que ela tirasse alguns aparelhos de mim, para me manter sob controle.. eles deixaram varias coisas ligadas.. mesmo não precisando..

– Espero não lhe ver aqui tão cedo Srta Scruse – falou a enfermeira, cujo nome eu não lembrara..

Fomos para casa e eu achei um vestido preto, dos que Mike me deu... achei um chapéu preto e me maquiei, nada muito vulgar.. nem muito festivo.. apenas.. lápis e batom vermelho..

Michael dirigiu quieto todo o tempo.. ele era assim.. luto dele era em silêncio.. e eu estava orgulhosa, pois ele estava de luto pelo cara que tentou me salvar.. tipo você não deve entender.. mas é muito satisfatório ver que, ele ajudou uma pessoa que tinha uma probabilidade de ser.. inimigo..

Entramos no cemitério e aquilo me deu medo.. medo da morte.. a tão temida morte que me procurou na noite passada..

– Pai nosso que estás no céu – rezou o padre..

– Amém – falamos assim que a oração terminou..

E então os sinos que havia no cemitério, começaram a badalar.. e aquele ar de luto me deixava cada vez mais triste.

– Vamos? – falou Michael, quando terminou e as pessoas já estavam partindo.. restavam apenas poucas pessoas no campo.. e ali estava o caixão de Jorge.. esperando pelos encarregados de enterrar.. e era assim que a vida ia ser.. você é enterrado dentro de uma caixa.. e depois.. vem te ver quem lembrar...

Eu estava cansada... cansada de correr riscos.. eu queria sumir.. sumir para a terra do nunca.. assim eu nunca perderia Michael.. eu nunca teria perdido Jorge..

Fui até o caixão dele e joguei um buquê lindo de rosas vermelhas e brancas.. as vermelhas pelo amor que ele teve.. e as brancas.. para simbolizar a paz, e simbolizar o meu agradecimento..

– Obrigada - eu sussurrei, em meio que uma oração para ele.

Em casa.. Michael resolveu cantar alguma música para mim. Enquanto eu tomava banho e vestia alguma roupa confortável..

Estátuas e cofres
E paredes pintadas
Ninguém sabe o que aconteceu
Ela se jogou da janela do quinto andar
Nada é fácil de entender.
Dorme agora:
É só o vento lá fora.
Quero colo
Vou fugir de casa
Posso dormir aqui
Com você?
Estou com medo tive um pesadelo
Só vou voltar depois das três.

Meu filho vai ter
Nome de santo
Quero o nome mais bonito.

Refrão:
É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse amanhã
Porque se você parar pra pensar,
Na verdade não há.

Me diz por que o céu é azul
Me explica a grande fúria do mundo
São meus filhos que tomam conta de mim

Eu moro com a minha mãe
Mas meu pai vem me visitar

Eu moro na rua, não tenho ninguém
Eu moro em qualquer lugar
Já morei em tanta casa que nem me lembro mais
Eu moro com meus pais.

Refrão:
É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse amanhã
Porque se você parar pra pensar,
Na verdade não há.

Sou a gota d'água
Sou um grão de areia
Você diz que seus pais não entendem
Mas você não entende seus pais.
Você culpa seus pais por tudo
Isso é absurdo
São crianças como você.
O que você vai ser
Quando você crescer.

– Essa música..

– O que tem essa música? Você não gosta? é isso?

– Minha mãe, cantava para mim quando eu era pequena..

– Você ainda é pequena.. a minha pequena garota, tão forte..tão meiga.. tão doce.. tão natural.. tão Jully..

– Eu sou fraca..

– Você é a garota mais forte que eu já conheci.. mesmo sendo birrentinha – ele falou e me fez cócegas..

– Eu te amo tanto meu anjo..

– Eu te amo mais.. mais do que você acha que eu te amo.

– Ownt..

E dormimos agarradinhos.. sempre com Michael cuidando a minha costela.