Eram aproximadamente 14:00. Na sala de espera do aeroporto em NY, todos tentavam arrancar os últimos resquícios de risada que teriam de Annabeth. Todos estavam bem, mas quebrados por dentro. Katherine estava mais viva que nunca, por algum milagre da medicina, ou talvez de alguma força inexplicável. Conversava com a mãe de Percy desde que ele e Annie chegaram no aeroporto, onde seus amigos esperavam para dar boas vindas a Percy e adeus a Annabeth. Sim, Annabeth ainda com seus 15 anos, quase 16, estava indo viver com seus pais e irmãos na grande Sidney, Austrália. Não é que não estivesse feliz por estar se mudando com a família, em busca de uma vida boa e feliz... Mas ao pensar em ficar sem as amigas que fizera em tão pouco tempo como a Piper e a Thalia, os amigos como Jason e Leo, o conforto e a inspiração de Nova Iorque, a convivência com Sally e Paul, e nossa... Ficar sem o Percy... Seu conceito de felicidade diminuía drasticamente.

Frederick, seu pai, já não aparentava tão velho. O brilho da esperança que era visto em seus olhos era o suficiente para Annabeth desistir de tudo. Ele era, e sempre vai ser seu pai. Ele sempre procurou o melhor para ele, ele era o melhor para ela.

– Ah eu não acredito nisso! – Todos riam e Frederick tampava o rosto, sentado ao lado de Paul, que ria também. Todos estavam sentados numa mesa, lembrando-se de tudo que aconteceu no tempo em que estiveram juntos, e mesmo sendo o momento de um fim, eles riam como se aquilo fosse só o começo.

– Olha, parece que ele gostou de mim! – Annabeth ouviu Sally dizer, enquanto segurava seu irmão Matthew no colo.

– Mas isso não foi nem o começo, depois de alguns dias ela conseguiu ficar pior! – Percy contava com entusiasmo, e todos riam. Era algo sobre os primeiros dias de Annabeth em NY, história que parecia divertir a todos. Percy era o que mais falava. Annabeth parou para prestar atenção nele, e passou a admira-lo ainda mais. Ele manteve o porte, continuava bem. Já consolara Piper que começou a chorar assim que saíram do desembarque da Itália. Convenceu todos que comida os deixaria melhor e pediu uma enorme pizza, que realmente os animou. Contava piadas e fatos, e a cada risada que ouvia se sentia mais motivado a continuar.

Atenção aos passageiros do voo 1306, dirijam-se ao embarque agora.

O coração de Annabeth parou, quase como uma brusca freada de um carro que dirigia na velocidade da luz.

Seus pais ficaram bem melancólicos na hora. Despediram-se de todos, com muito carinho. Ao chegar a Percy e sua família, sua mãe até começou a chorar. Eles decidiram que se despediriam primeiro, e então deixariam Annabeth a sós com todas, marcando de encontrarem-se na sala de embarque.

Ela foi primeiro nos pais de Percy, os abraçando com sua maior força. Paul respirava fundo, e Sally fungava alto.

– Eu nem sei por onde começar a agradecer... – Annabeth falou, e seus olhos encheram d’agua. As lagrimas caíam finas e imperceptíveis assim como o chuvisco do lado de fora do aeroporto. Paul a apertou com mais força, e Sally não conseguia nem falar. – Por tudo mesmo. Pela oportunidade, pelo carinho, pela segunda família. – E o rosto de Annabeth ficou extremamente vermelho.

Ao ouvir que outros choravam, Paul e Sally a soltaram. Ambos foram para o lado de Percy. Sally o abraçou, mas ele parecia normal.

Recebeu diversos abraços e desejos de boa sorte e felicidade. Cada um era mais doloroso que o outro. Hazel, Luke, Frank, Calipso, todos estavam lá, e dividiam a saudade que já batia entre si.

– Menina linda! – Jason falou abraçando-a, junto com Leo. – Você merece a melhor vida do mundo! – Ele disse com a voz falhando, sem conseguir olhar nos olhos de Annabeth.

– Se você esquecer-se da gente, a gente vai atrás de você só pra lembrar como éramos importantes! – Leo comentou, fazendo Annabeth e Jason rirem.

– Vocês são importantes. Obrigada por tudo. – Annabeth falou com esforço.

– Nós te amamos Annabeth. – Jason falou a apertando.

– Muito. – Leo completou.

– Ah... – Annabeth começou a chorar mais ainda. – Eu amo vocês.

Eles se soltaram lentamente do abraço, e a maior parte da agua que compunha o corpo de Annabeth se desvairou em lágrimas ao abraçar Piper e Thalia.

– Vocês são uma parte tão importante da minha história. Pequena, porém importante! – Annabeth soluçou enquanto falava, já que nenhuma das duas parecia mais capaz de falar que ela.

– Só – Thalia começou, gaguejando. – só prometa que vai dar notícias! –

– Se vocês não derem também eu mato vocês! – Elas riram.

– Ai caramba Annie, eu não acredito que você esta indo embora. Você vai ficar pra sempre nos nossos corações! – Elas voltaram a se abraçar quase alagando o aeroporto. Mas ela preferia que continuassem, pois aí a parte mais difícil não chegaria.

Ela não queria que chegasse nunca. Percy se aproximou.

– Então... É isso. – Ele comentou, sem jeito.

– É isso... – Ela respondeu da mesma forma.

– Você está com o histórico escolar, tudo certo? – Ele perguntou.

– Sim, está tudo ok. –

– Não se esqueça de ajudar sua mãe com seus irmãos. – Ele acrescentou.

– Sim senhor. – Os dois riram, mas Annabeth viu que Percy estava começando a ficar meio abalado.

– Deseje a seu pai sorte no trabalho! – Ele disse, depois de pensar um pouco.

– Percy, isso é serio? – Annabeth se aproximou e Percy riu.

– Eu... Eu nunca fui muito bom nisso sabe? Eu não sei nem o que te dizer... Eu acho que eu não quero dizer nada, por que aí talvez não pareça que a gente está dizendo adeus, mas a gente está, então acho que seria legal eu falar algo. – Percy falava rápido, aparentemente nervoso. – Olha Annie, eu só posso te agradecer. Obrigado por ser minha amiga na infância. Obrigado por voltar do nada e fazer tudo virar de cabeça para baixo. Obrigado por me apresentar coisas e pontos de vista novo. Você me ensinou muito sabia? Eu me tornei uma pessoa muito melhor com você... – A voz de Percy começou a falhar e ele abaixou a cabeça. Annabeth pegou seu rosto e o ergueu.

– Nesse tempo que a gente namorou, as coisas que você me disse foram lindas, mas é minha vez. Percy você foi a melhor coisa que já me aconteceu. E não importa quanto tempo passe, eu acredito que numa tentativa de ser feliz você terá que continuar comigo, nem que seja por pensamento, nem que seja como o espaço que se formou no meu coração no dia em que soube que iria estar te deixando. – Annabeth respirava melhor agora, mas ainda chorava. – Você me mostrou que lar pode ser qualquer lugar desde que esteja com quem se ama. Eu agora estou indo em busca de um lar novo, mesmo sabendo que isso é impossível sem você. Isso está sendo muito difícil eu... Eu não sei se consigo... – Percy a abraçou ao ver que começava a ficar ansiosa. Ele não queria que ela viajasse assim.

– Ei, está tudo bem... –

– Não está não! – Ela o interrompeu. – Percy eu vou terminar meu discurso agora antes que eu desista totalmente de ir. Eu nem sei o que dizer, tudo está completamente preso na minha garganta. Eu conhecerei pessoas novas, mas sei que estarei sempre arranjando pequenas amostras do amor, porque não adianta o quanto eu te procure em outros, você é o único que eu amo, mas ainda assim estou dizendo adeus e quero que você siga em frente tanto quanto eu. – Eles agora se olhavam fixamente. Percy fez que sim com a cabeça. – Mas não importa Percy, não importa a distância ou o tempo. Eu faria, faço e sempre farei tudo por você. Quando estiver triste, me imagine secando suas lágrimas. Quando estiver fraco, me imagine te levantando. E é isso que estarei fazendo, por pensamento. Estarei sempre fazendo isso, para que você sinta meu amor. Eu te amo. Eu te amo milhões e milhões de vezes. – Ela concluiu e o beijou. Aquele beijo estava cheio de amor e de tristeza, numa briga para ver qual dos dois era maior e mais intenso.

– Eu te amo Annabeth Chase. Com todas as letras, e para sempre. – Ele disse, e ela se virou para ir embora.

Foi apenas quando ela estava fora de vista que Percy se permitiu chorar, e como chorou. Um choro silencioso, mas carregado.

E assim Annabeth embarcou para o resto de sua vida.