– Um perfume? – Questionou Frederick, intrigado.

– Deve ser para a festa da cidade hoje à noite. – Annabeth comentou com suas atenções todas voltada para seu novo perfume.

– Festa da cidade? – Perguntou Percy, ainda irritado pelo tal Mason.

– Eu gostaria de agradecer pessoalmente pelo presente. – Annabeth ignorou a pergunta de Percy, o que só piorou sua situação.

– Ele está lá fora filha. – Disse o pai de Annie.

– Ah, vem Percy, quero que você conheça uma pessoa. – Sem chance de protestos, Annabeth pegou a mão de Percy e foi arrastando-o para a porta.

Ao abrir a porta, Annabeth deu de cara com seus dois amigos Mason e Amy, cujos Percy desconhecia. Mason era um rapaz um pouco mais alto que Percy, provavelmente tendo a mesma idade que ele. Era ruivo, com o cabelo baixo e liso com um topete, e tinha olhos castanhos bem claros. A menina que estava junto tinha cabelos tão escuros quanto os de Percy, e seus olhos pareciam afundar, eram grandes e bem, bem escuros. Ela era da altura de Annabeth, e tinha os cabelos meio encaracolados na altura dos ombros. Uma possível expressão de felicidade apagou-se do rosto de Mason ao ver Percy.

– Annie! – A menina abraçou Annabeth. Pareciam bem amigas.

– Loirinha. – Mason esboçou um sorriso e também abraçou Annabeth, olhando de rabo de olho para Percy, que procurou se segurar para não arrancar Annabeth dos braços dele.

– Muito obrigada pelo presente! É ótimo Mason, eu adorei. – Annabeth deu um beijo na bochecha de Mason, que por ser um ruivo bem branquelo foi do rosa ao vermelho fogo. Percy também, porém foi por dentro e foi de raiva.

– Imaginei que o cheiro ficaria ótimo em você. – Ele comentou ao separar-se de Annie.

– Mas é claro que imaginou... – Percy sussurrou, mas ninguém parecia ter ouvido.

– Percy esses são Mason e Amy Bouker. – Annabeth apresentou, e Percy cumprimentou os dois.

– Percy é parente seu? – Amy perguntou.

– O Percy é... – Tudo quanto é nome passou pela cabeça de Percy, amigo, conhecido, colega, cara da casa aonde me hospedo. Mas então Annabeth entrelaçou seus dedos nos dele, e ele percebeu como estava sendo idiota. -... Meu namorado, na verdade. – Mason ficou com uma expressão quase adoecida, se recompondo rápido. Amy parecia nem mesmo estar prestando atenção, apenas fazia que sim com a cabeça.

– Vocês... É... Vão à festa hoje? – Mason perguntou meio abatido.

– Eu vou, mas não sei se Percy vai querer ir junto. – Ela olhou para Percy com os olhos cheio de súplica.

– Tenho escolha? – Percy brincou.

– Nenhuma. – Annabeth confirmou e os dois riram. – Por que vocês não entram? Dai depois vamos todos juntos. –

– Eu não sei... – Mason ia protestar, porém foi interrompido.

– Claro! – Disse Amy entrando na casa.

– Acho que você também não tem escolha. – Annabeth pegou o braço de Mason que estava rindo e o puxou para dentro da casa.

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Depois de um tempo na sala conversando e rindo, Annabeth subiu para trocar-se, e Percy foi à cozinha pegar um copo d’agua. Estava de costas para a entrada quando o furacão negro chegou.

– Você não é daqui é? – Amy perguntou, quase fazendo Percy derrubar seu copo.

– Oi! Eu, é, não. – Percy recostou-se na bancada da pia e virou para Amy que estava de frente para ele encostada na mesa. – Venho de Nova Iorque. –

– Uau. – Disse ela. Seus olhos brilhavam. – Deve ser bom. Eu sou daqui. –

– Parece bom. – Percy respondeu e Amy riu.

– Você é muito bronzeado para quem vem de uma cidade fria. – Amy agora o analisava.

– Nova Iorque não possui o mesmo clima o ano todo. – Ele riu. – E meus pais tem uma casa na Califórnia. Pode-se dizer que vou muito lá. –

– É. Você é bonito. – Percy ficara sem graça.

– Ah, obrigado. Você também. Acho que vou voltar lá para sala para esperar... – Antes que pudesse terminar sua frase, Amy puxou-o e o beijou. Percy levou um baita susto, porém não ficou sem reação. A afastou sem precisar de muita força, manou-lhe um olhar confuso, largou o copo e saiu da cozinha na hora.

Um tempo depois Annabeth desceu, e Percy logo se adiantou a ir até ela.

– Annie eu preciso falar com você. – Percy foi até o pé da escada.

– Tudo bem, já estamos de saída. – Ela tinha uma expressão bem severa. – Mason, Amy, vão indo para a festa, vou a um lugar com Percy. –

– Tudo bem... – Mason comentou acenando com a cabeça e puxando Amy para fora. Annabeth entregou um papel na mão de Percy.

– Pode dirigir até esse endereço? – Annabeth virou-se para ele.

– Posso, claro. – Percy respondeu sem muita convicção.

– Pai! – Gritou Annabeth. – Estamos saindo! –

Frederick gritou um tchau de seu escritório e assim saíram.

O caminho estava num silêncio torturador.

– Annabeth eu preciso falar com você. – Percy insistiu.

– Já estamos chegando. – Annabeth estava focada no caminho, e Percy deu uma olhada rápida para ela. Ela usava uma coroa de flores, e seu cabelo estava solto. Ela usava um vestido branco cheio de flores em cores claras, e ela mais comprido atrás. Ainda havia luz, pois eram aproximadamente 16:00. As cores se misturavam com seu vestido, cabelo e olhos. Era a menina mais linda do mundo para Percy.

Chegando ao endereço, eles estavam em um hospital. Entraram e Annabeth disse que precisava ir ao quarto 307. Foram andando em silêncio, mas chegando à porta Percy não podia aguentar.

– Annabeth, eu preciso te contar uma coisa. – A porta atrás deles estava aberta, mas Percy a impediu de entrar.

– Depois vemos isso Perce... – Annabeth tentou passar pelo bloqueio de Percy.

– A Amy me beijou. – Ele procurou não falar muito alto, mas Annabeth o ouviu. Por um momento ela pareceu esquecer o porquê de estarem ali. Uma raiva sem tamanho subiu até sua cabeça, mas ela ignorara.

– Ei – Ela aproximou-se de Percy e lhe deu um leve beijo. – Obriga por me contar. Eu sei que não foi nada demais e confio em você. Obrigada por me contar, mas precisamos entrar. – Ela pegou a mão de Percy, e ao entrarem o coração de Percy quase caiu.

Numa cama, ligada a milhares de fios, havia uma moça loira de cabelos curtos deitada. Ela parecia quase morta, estava fraca e pálida, não tinha reação nenhuma, encarava o nada, não emitia som nenhum. Mas ela sorria. Era um belo sorriso que complementava seus olhos azuis quase cinza. Era a mãe de Annabeth.

– Meu deus... – Percy engoliu seco e virou-se para Annabeth. – Por que não me contou Annie? –

– Não é o tipo de coisa que se conta por telefone sabe... E... Bem... Ela queria ver você. –Annabeth fez sinal para Percy aproximar-se.

– Ela pode falar? – Perguntou ele.

– Pode, mas pouco. Só que a audição dela ainda está ótima. – Percy entendeu o recado, e abaixou-se ao lado da cama.

– Oi, senhora Chase. – Ela virou-se para ele e seu sorriso alargou-se ainda mais. Percy pegou a mão dela. – Lembra-se de mim? Sou eu, Percy, o amiguinho da Annabeth. Eu costumava ir para sua casa brincar com ela. Tem muitas fotos na minha casa com você. Eu, o garotinho de cabelos escuros com uma linda e forte moça loira de olhos cinza. E olha que não falo da Annabeth, por que a foto é antiga, por mais que pareça. – Annabeth riu com certa emoção na voz, e avisou com a cabeça que ia ali fora. Ele concordou com a cabeça.

– Percy... – A mãe de Annie começou a falar, ou tentar. Percy aproximou-se dela. -... Aquele garotinho não está aqui. Você não é mais o amiguinho da Annabeth. Você agora é um homenzinho, olha como está lindo! – Ela passou a mão no rosto de Percy, como Annie faz quando ele está triste. – Sei que vai cuidar bem dela. – Katharine respirou fundo para dizer mais algumas palavras e então se afundou no sofá, ainda sorrindo.

– Percy. – Annabeth chamou, estava perto de uma janela que levava a outro quarto. Percy parou ao lado dela e olhou para a janela. Na outra sala havia um berço, com dois bebês muito parecidos, porém um era menino e o outro menina.

– Eles... Eles nasceram! – Percy olhou para ela com extrema felicidade, e ela percebeu que uma lagrima caíra a pouco tempo de seu olho. Ah... Ela pensou. Como eu amo esse menino.

– Minha mãe ficou doente um pouco depois. Eu venho vê-la todo dia. Ela está com uma anomalia cerebral. Tem algum tempo até ele parar de funcionar. – Havia um tom pesaroso na voz de Annabeth. Percy queria muito ajuda-la.

– Vocês já podem ir. – Os dois se viraram e havia uma enfermeira ajeirando os tubos que se ligavam a Katharine. – A cidade toda está festejando, deixe Katharine comigo. – Katharine fez um sinal positivo com a mão que fez todos rirem, e Annabeth parecia estar tentando se animar de novo. Essa era a deixa, Percy ia faze-a se distrair.

Sentaram-se na sala de espera, enquanto um dos médicos atualizava a ficha médica de Katharine.

– Então quer dizer que você foi beijado... – Disse Annabeth, ao mesmo tempo em que o provocava mostrando que realmente estava brava.

– Olha, foi ela que me beijou, e eu a afastei, eu juro, eu – Annabeth riu. – O que? –

– Eu não podia esperar que fosse diferente. – Ela comentou.

– Ué, por quê? – Percy era realmente bem lento às vezes.

– Fala sério Percy... Aqui é uma cidade cheia de meninas com poucas opções que sejam boas de verdade. A melhor é Mason, só que ele e Amy são irmãos. – O ciúme invadiu Percy, e Annabeth riu ao perceber. – Sem contar que você é lindo, engraçado, esperto, bom amigo... – Ela se aproximou e deu um beijo em Percy.

–... Sou mesmo. – Disse ele, dando um beijo nela.

– Convencido... – Annabeth acrescentou rindo, enquanto seus dedos dançavam pelos cabelos escuros de Percy.

–... E seu. – Ele finalizou olhando-a, levando o coração dela a uma bruta aceleração.

–Soa muito bem sabe. – Ele passou o braço por seu ombro e os dois ficaram mais um tempo ali abraçados. O médico então acabou e os dois foram para a festa.

No caminho, Annabeth recebeu uma mensagem.

“Colorado Annabeth, sério? E não conta nada para a amiga? A gente quase morre de preocupação! Enfim, estou com uma proposta de viagem para você e Percy. Vamos o grupo todo, esquecer a escola (recesso!) e cair nas festas e na praia. Vocês podem ir direto do Colorado se quiserem, me ligue e te conto para onde estamos indo. Saudades de vocês, babacas.

Beijos, Pips.”

– Tudo bem Annie? – Percy perguntou, de olho na rua.

– Sim! – Disse ela encarando o telefone. – O que acha de viajarmos? –