Annabeth acordou com muita dor de cabeça. Ela não tinha bebido nada, mas o resto da festa depois de ter beijado Percy parecia um borrão em sua cabeça. Ela tinha beijado Percy... Ela havia beijado Percy! Essas palavras ecoavam em sua cabeça fazendo com que ela se lembrasse de tudo que sentiu na noite passada. Decidiu que podia ficar sua vida toda ali, com aquela cena na cabeça, ou podia simplesmente acordar. Virou-se para o lado da cama para olhar o relógio. Era azul e tinha uma onda em cima, com um mini boneco de bermuda roxa surfando. Espera ai... Pensou ela, esse relógio não é meu... Percy!

Annabeth sentou-se quase em um pulo. Olhou para baixo, estava coberta até a cintura com a colcha de Percy, na cama do Percy. Ela tentou não imaginar o pior daquela situação, mas precisava saber o porquê de ter dormido no quarto dele.

– Bom dia! – Percy saiu do banheiro, com o cabelo molhado e apenas uma toalha enrolada na cintura.

– B-bom dia. – Annabeth gaguejou. Era difícil se concentrar com ele daquele jeito. Sem maldades, Annabeth admitia apenas para si mesma, Percy era realmente bonito. – Como que eu... Cheguei aqui? – Percy deu uma alta risada e apoiou-se na mesa onde estava o relógio.

– Relaxa. Como era de se esperar, você não fez nada que uma freira não faria. – Annabeth deu um tapa no braço de Percy, que riu. – Você dormiu no caminho pra casa, e como tinham cinco aranhas no seu quarto achei que seria melhor se você dormisse aqui. – Ele sentou-se no canto da cama.

– Ah – Annabeth estremeceu imaginando as aranhas em sua cama. – Obrigada!... E, onde você dormiu então? –

– Com você ué. – Annabeth se paralisou por alguns segundos e Percy caiu na gargalhada, levantando-se e chutando um alto colchão no chão, forrado e com um amontoado de travesseiros em cima. –

– Idiota! – Annabeth não pode evitar e começou a rir também.

– Minha mãe mandou dedetizar seu quarto. Chegaram ainda pouco, mas é um processo delicado para não estragar suas coisas e aplicar o remédio, então esse é seu quarto provisório. – Ele deu um sorriso irônico apontando o monte de coisas espalhadas pelo quarto de Percy, que era extremamente grande.

–Então quer dizer que se eu quiser tomar banho terei que vestir uma roupa sua? – Ela o provocou. Ele sorriu.

–Acho que as calças não irão servir, mas minha blusa lhe daria um belo vestido. – Ele piscou, deixando Annabeth um pouco sem graça.

– Então me dê logo qualquer uma por que eu preciso tirar esse vestido! – Ela levantou-se da cama e Percy a jogou uma camisa de botões e manga comprida azul bem clarinho.

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Annabeth tomou um banho bem calmo e quente. Era muito bom pra pesar na vida. Deve ter levado uns 20min no banho, enquanto Percy desceu para ver algo para eles comerem. Seus pais haviam reservado lugares num restaurante para almoçar, e já estava quase na hora. Percy decidiu ligar para sua mãe, para lembra-la da reserva. Teve de discar o número umas oito vezes, por que tinha a cabeça muito distraída (Por que né?) para acertar o celular de sua mãe.

– Alo? – Respondeu Sally do outro lado da linha.

– Mãe, é o Percy. Olha, eu vi o papel que você deixou na mesa. Você e meu pai se lembram não é? – Perguntou Percy apoiando-se na bancada e pegando uma maça.

– Então Percy, seu pai teve uma viagem de negócios e não vai poder ir. Eu também ficarei no trabalho até tarde então... – Ela esperou que ele dissesse algo, mas apenas estabeleceu-se um silêncio. – Nós íamos jantar hoje, eu sei filho, mas não vai dar. Mil desculpas. – Percy apenas desligou.

Bateu com o telefone no carregador e foi até a sala de estar, jogou-se no sofá e ligou a TV.

Passados alguns minutos, Annabeth desceu e estava entrando na sala. A blusa de Percy? Agora era um vestido tomara que caia com um laço feito atrás com as mangas de sua camisa. Ela estava com os cabelos soltos e jogados, o aroma de limão emanando pelo cômodo. Ela sorriu ao ver ele a encarando com a maior cada de bobão. Fez um coque com seu cabelo e sentou-se no sofá ao lado.

– Obrigada pela blusa. – Disse ela virando-se para Percy. Ela percebeu certo olhar de tristeza nele. – Você está bem? –

– Ah, estou sim. – Dava para perceber certa angustia em sua voz. Annabeth levantou-se e se sentou ao lado de Percy.

– Perce... – Ela passou a mão nos cabelos bagunçados de Percy.

– Meus pais não vêm para o jantar. – Disse ele, de forma seca. – Teremos que dar um jeito. – Ele tentou rir, Annabeth o abraçou.

– Ei – Começou ela. – O que você acha de irmos almoçar? Só eu e você. Depois podemos dar uma volta, ir ao cinema, fazer algo diferente! Tem muito da cidade que eu ainda não conheci. –

– Luke se esqueceu de te mostrar alguma coisa? – Tinha muita verdade no tom exagerado de ciúmes de Percy. Annabeth não pode conter uma risada.

– Você, cabeça de alga, fica uma graça com ciúmes. – Percy sorriu. Annabeth tinha uma risada bem sonora, muito gostosa de ouvir. Levantou-se e puxou-a junto. Ele não sabia muito bem em que situação Annabeth e ele se encontravam, muito menos ela sabia, mas ela estava ali, a centímetros de distancia de Percy. Seus dedos se entrelaçaram nos dele, e um tremor na espinha subiu nos dois ao mesmo tempo que Percy levava sua outra mão ao rosto de Annabeth e o acariciava com calma. A cabeça de Annabeth estava a mil, assim como seu coração toda vez que ela e Percy ficavam tão próximos. Ele? Ele não pensava em nada naquele momento. Não queria pensar. Apenas ouvia os batimentos de Annabeth entrarem em sincronia com os dele assim como fazia sua respiração. Nenhum dos dois conseguia descrever metade do que sentiam um pelo outro. Percy encostou sua testa na de Annabeth.

– Um dia todo com você sabidinha? Não me lembro de já ter ouvido ideia melhor. – Percy não conseguiu mais se conter e beijou-a. Uma explosão de sentimentos intensos e descontrolados invadia os dois enquanto as mãos de Annabeth caminhavam ao pescoço de Percy tomando o controle, e ele a abraçava com firmeza e determinação, trazendo o corpo de Annabeth mais pra perto. O beijo não poderia ser mais sincronizado e apaixonado. Eles não tinham certeza do que estavam fazendo, e não podiam estar mais certos de que era o que queriam.

Por um momento, Annabeth e Percy e se separaram, e ainda envoltos um com o outro, apenas se olhavam.

Percy fitava os olhos cinzentos pelos quais, sem saber bem quando, havia se apaixonado.

Annabeth perdia-se no verde mar dos olhos daquele que a fez sentir coisas que ela nem mesmo sabia que existiam.

Mas os dois eram muito teimosos, então nenhum dos dois admitiria essa paixão tão cedo. Separam-se e Percy subiu para se trocar, cambaleando ainda com o corpo aquecido pelo beijo. Annabeth foi até o closet de casacos pegar seu comprido casaco vermelho e suas botas de frio, já que não podia entrar no seu quarto, ainda com os olhos de Percy na cabeça e com a sensação de suas mãos segurando-a. Como ficariam a partir de agora? Essa será uma longa semana, pensou Annabeth.