Improvável escrita por lovegood


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Sério, eu não tenho a mínima ideia do porquê ter escrito isso. Gostaria de poder dizer que estou escrevendo essa história como resposta a um prompt qualquer R/Hr situado no universo Who, mas não seria verdade. A ideia simplesmente me veio do nada e foi nisso que resultou.
Ultimamente tenho lido muitos crossovers e DW/HP acabou por se tornar um preferido meu. Essa oneshot por inteira na verdade foi só uma desculpa para escrever um AU R/Hr, honestamente.
Espero que gostem, porque para ser sincera nem eu sei direito o que estou sentindo.



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– Por Merlin! – exclamou um afobado Ronald Weasley, com a voz estranhamente aguda e entre arfadas. Sentado e com as costas apoiadas contra a porta de entrada da TARDIS, fitou o painel da sala de controle. O Doutor já estava lá ao centro, apertando botões e empurrando alavancas, aparentemente ignorando o fato de que seu rosto pálido estava agora preto de fuligem. – Doutor, as coisas sempre serão assim?

Ronald tentava fazer com que sua pulsação frenética diminuísse de ritmo. Agradecia a cada músculo de seu corpo por terem feito a proeza de conseguirem com que ele entrasse na TARDIS a tempo. Não estava muito a fim de pensar o que aqueles híbridos de humanos com tarântulas estariam pensando dos dois viajantes que haviam invadido seu planeta. Provavelmente pendurando pôsteres de “procurados”, com fotos de Ron e do Doutor, a cada esquina.

– Você quer dizer, perigosas e com um alto risco de sermos capturados ou mortos? – a voz do Doutor soou animada, apesar de apenas cinco minutos atrás ele estivesse correndo e gritando por sua vida. – Com certeza! Não em todas as viagens que fizermos, claro, mas em mais ou menos 90% delas.

Ron deu-lhe um olhar de reprovação – mais para medo, mas ainda assim com um tom reprovador – e o rosto do Senhor do Tempo se iluminou, com um sorriso branco contrastando a sujeira na pele.

– Achei que isso já estava implícito quando o convidei a vir a bordo, Ron.

– Não, não estava – o ruivo se levantou e se aproximou mais do alienígena. Suspirou. – Mas pelo visto acho que terei que conviver com isso. O perigo, quero dizer.

O Doutor sorriu ainda mais e espalmou um dos ombros de Ron. Este, ao observar o outro, reparou em como ele o lembrava de uma girafa, por razão qualquer. Uma girafa bem alegre e tagarela. E que vestia uma gravata borboleta.

– Agora que já tivemos nossa primeira aventura – disse o Doutor, acertando um botão do painel com um pequeno martelo –, qual é nosso próximo destino?

Ron deu de ombros.

– Sei lá. Não sou muito bom para escolher datas importantes para visitar.

– Hmm. Que tal conhecer Merlin, então? Não é com muita frequência que bruxos aparecem em minha TARDIS, no fim das contas. Faz muito tempo que não o vejo, aquele sacana. Da última vez ele praticamente me abandonou por causa de uma aposta! – O Doutor não esperou Ron responder, já voltando a apertar mais botões. – O Rei Arthur também é muito gente boa, embora eu já tenha critic...

A voz do Doutor foi interrompida por um barulho que aparentava ser de circuitos sendo desligados. Segundos depois, a TARDIS caiu em escuridão. Apenas uma fraca luz esverdeada, vinda de dentro do painel, iluminava os rostos dos dois.

– Ah, sexy! – exclamou o Senhor do Tempo, levemente impaciente. Sexy?, Ron pensou. Melhor nem perguntar.

– O que aconteceu, Doutor?

– Nada de grave! Mas Merlin vai ter de esperar, pelo menos por hoje. Temos que ir até Cardiff para abastecer a TARDIS na fenda temporal. Aguente mais um pouco, minha garota! – Agora ele se dirigia à máquina.

– “Não é com muita frequência que bruxos aparecem na TARDIS” – disse Ron, mudando de assunto. – Quer dizer que você já teve outros bruxos viajando com você?

– Já conheci poucos – respondeu o alien. – Do seu tipo de bruxo, quero dizer. Que levantam varinhas e gritam coisas em latim. Só uma do seu tipo já chegou a viajar comigo. Por pouco tempo, mas ainda assim eu gostava dela. É difícil não gostar de vocês humanos.

Mesmo no ambiente escurecido, Ron pôde reparar que o Doutor lançou-lhe um sorriso, que pelo menos desta vez chegava aos olhos.

– E o que aconteceu com ela? Por acaso... – a pergunta ficou no ar, implícita. Ron não tinha certeza se teria coragem para terminá-la. O Doutor entendeu o olhar.

– Não, claro que não! Ela está bem. Eu espero, pelo menos. Quando eu a deixei em casa, ela estava bem. A escolha de deixar a TARDIS foi dela mesma.

Ron assentiu.

– São poucos os que conseguem fazer essa escolha. Algumas de minhas companhias foram embora à força, outros se esqueceram, outros de fato morreram ou ficaram presos – o ruivo sentiu os pelos dos braços arrepiarem com a intensidade que a voz do outro assumira. – Então, no fim do dia, é bom ter alguém de vez em quando que consegue ir embora antes que seja tarde demais.

Ronald Weasley reparou no peso que o Doutor guardava em seus olhos verdes – um pesar que sempre esteve lá mas agora aparentava ser mais perceptível; o bruxo sabia como era, sentir tal peso aflorar ao se lembrar de certas coisas. Às vezes ele mesmo acordava em certas manhãs, e, ao se olhar no espelho, deparava-se com aquele rastro dolorido nos próprios olhos – e por alguma razão voltou a pensar na analogia da girafa.

Isso está errado, pensou brevemente mas sem dar muita atenção. Uma girafa não tem olhos tristes. O Doutor não deveria tê-los.

O Doutor pigarreou, como se quisesse deixar o assunto para lá. Ron não contestou.

– De qualquer forma, Cardiff! – foi logo à porta e a abriu, Ronald seguindo-o. A luz do dia não se tardou a iluminar o interior da TARDIS. – Dia presente, pelo menos para você. 2004, lindo ano! Claro que não há muita coisa para fazer em Cardiff, mas arranjaremos algo. Sempre arranjamos.

– Acha que eu deveria falar à minha família que saí em uma aventura com você?

– Nah – o Doutor mal olhava para ele enquanto ambos saíam para a cidade adiante –, estamos em uma máquina do tempo. Podemos voltar ao instante em que você saiu comigo e sua família mal notaria.

Começaram a caminhar, olhando ao redor. Tudo parecia tão normal – em termos trouxas, pelo menos, cujo universo Ron ainda tentava se acostumar por insistência de Hermione – que o bruxo ficou maravilhado. Ele embarcara em sua jornada com o Doutor havia apenas três dias, mas ainda assim era estranho pisar em solo familiar novamente. Respirou fundo.

– Não sei direito – disse ao Doutor –, mas é que eu tenho a impressão de que Hermione ficaria preocupada.

O Senhor do Tempo girou e fitou-o com um olhar estranho.

– Hermione?

– Minha noiva – o Doutor franziu as sobrancelhas (mais tarde Ron repararia em como o alienígena quase não tinha sobrancelhas). – Algo errado?

– Não, claro que não! – as palavras saltaram da boca dele com imensa rapidez. Foi a vez de Ron franzir o cenho. – É só que... Hermione. Não é exatamente um nome comum. Hermione, Hermione, Hermione.

(Memórias passaram rapidamente pela vasta mente do Doutor, quase inundando-o.

– Quem é você? – dissera ele. Aquilo fora há muito tempo, em uma época diferente, em um período onde ele possuía outro rosto e ainda calçava um par de Converse All-Star.

– Hermione – a garota de cabelos castanhos respondera. – Hermione Granger.

Os olhos dela, também castanhos – castanhos como os próprios olhos dele costumavam ser – transbordavam incrível inteligência. Mais do que o de uma pessoa normal.

– Hermione? – ele perguntara, um tanto maravilhado. – Como em Shakespeare?

Ela sorrira. Era como se nunca alguém houvesse indagado-a sobre a origem de seu nome.

Logo lembrou-se do que ocorreu alguns meses depois, quando ela já viajava com ele a bordo da TARDIS. O Doutor lembrou e teve um breve pressentimento que sabia o que aconteceria nos próximos minutos, com ele e Ron, em Cardiff, 2004, com sua cara suja de fuligem.

Ele já havia vivenciado aquela cena, claro. Mas por outro ponto de vista.)

– Não é como se “Doutor” fosse um nome comum – a voz de Ron fez com que a mente do Senhor do Tempo voltasse à realidade. – A propósito? Seu rosto ainda está sujo.

– Eu sei – passou os dedos pelo rosto. Logo as pontas ficaram pretas, também.

Ronald ainda fitava o Doutor, como se ele fosse louco. É claro que ele é louco, pensou. Doido de pedra. Perguntou a si mesmo se algum dia se acostumaria.

– Temos o dia inteiro pela frente – falou o Doutor e deu uma palmadinha gentil na TARDIS. – A velha garota aqui leva tempo para recarregar as energias.

– Os trouxas não vão se perguntar por que tem uma cabine azul de polícia no meio da calçada?

– Filtro de percepção – o da gravata borboleta e o rosto sujo disse, como se esclarecesse tudo. Não esclarecia absolutamente nada.

O mais jovem rapaz Weasley crispou os lábios. Podia saber pouco em relação ao que não era mágico, mas tinha certeza que uma cabine azul – na primeira vez que a vira, achara parecida com a entrada do Ministério – não era algo muito comum. Especialmente quando ela se materializava do nada, com aquele som mecânico que, francamente, era um pouco idiota, mas ainda assim terrivelmente sedutor.

Foi esse som mecânico, da TARDIS indo embora ou aterrissando em um novo local, que chamou a atenção de Ronald Weasley, após alguns quarteirões de caminhada, um quarto de hora mais tarde. Se ambos estavam fora da máquina do tempo e ela estava consideravelmente longe, como era possível que estivesse ouvindo aquele barulho?

– Doutor? – parou-o com uma mão. Ron viu que ele também ouvira, mas não parecia tão chocado. Seus olhos verdes demonstravam um ligeiro traço de surpresa, sim, mas também de uma certa expectativa.

– É agora – murmurou o Doutor. – Por Rassilon, por muitos meses pensei quando esse momento seria, e é agora.

– O quê?

– Ron, não se assuste, especialmente considerando que esta é sua segunda viagem comigo, mas... acho que daqui a pouco o paradoxo vai ser forte demais.

– O quê?

– Só espero que não dure muito... do que estou falando, eu sei que não vai durar muito, já passei por este exato momento há muito tempo... Ron, a única coisa que acredito que eu seja capaz de dizer é, vai ser confuso. Mas tente não ficar tão confuso. Seja mente aberta. Mentes abertas são sempre as melhores.

– Doutor, o quê?

O Senhor do Tempo fitou o bruxo longamente, segurando as mãos em frente ao peito, os lábios franzidos em uma fina linha, a testa levemente enrugada, o queixo saliente ainda mais proeminente. Logo depois abanou o ar, como se dissesse “esqueça”. Ajeitou a gravata borboleta.

– Acho que estou com fome – disse, por fim, como se já houvesse esquecido o monólogo sem sentido que acabara de dizer. – Ron, vamos ver se alguma loja aqui tem jammy dodgers. Fica por sua conta, nunca soube muito bem lidar com dinheiro humano.

– Mas eu mal sei usar a porcaria do dinheiro trouxa!

O Doutor o ignorou, continuando a andar, e tudo que Ron pôde fazer foi segui-lo.

Porém não por muito tempo, de qualquer forma.

Por alguma ironia do destino, alguns momentos depois, tudo o que Ron pôde sentir foi alguém esbarrando com força em suas costas, com um abafado oof!. A pessoa claramente estava correndo e não olhava para a frente.

Parece coisa de filme trouxa, pensou. Aqueles que Hermione às vezes me faz assistir. Ao se virar para ver quem fora o descuidado que se esbarrara nele, já estava quase preparado para dizer poucas e boas...

... e viu que a pessoa era Hermione.

– Hermione? – soou incrédulo. Como aquilo era possível? Sua noiva nunca ia a Cardiff (qual seria o motivo para ir para lá, de qualquer forma?), e Ron tinha certeza que, quando saíra para algumas viagens com o Doutor, ela estava perfeitamente bem em casa.

Ainda assim, a moça afobada e de cabelos castanhos a sua frente era definitivamente Hermione Jean Granger.

– Ron? – ela soou ainda mais incrédula.

– O que você está fazendo aqui? – ambos disseram ao mesmo tempo. Ergueram as sobrancelhas simultaneamente. Nenhum dos dois respondeu a pergunta do outro.

– Hermione – Ron se pronunciou –, o que você está fazendo aqui em Cardiff? Achei que você estaria em casa!

Casa? Ronald, quem é você para dizer que eu deveria estar em casa? – o ruivo se surpreendeu ao ver a raiva contida na voz da jovem. O que ele fizera?

– Mas… eu não disse isso. É só que da última vez em que estive com você eu a deixei em casa! Na nossa casa.

– Ron – a voz de Hermione ainda transparecia raiva, mas agora também havia um certo tom de confusão –, nós não moramos juntos. Por que você insiste em me seguir? Quantas vezes eu tenho que dizer para você, implorar para você me deixar em paz!? Nós não temos mais nada juntos.

A voz dela ficara de repente estridente, quase histérica, como sempre acontecia quando ela ficava furiosa, além de suas maçãs do rosto terem corado. Ele franziu o cenho, sua boca abrindo em plena surpresa. Como assim, do que Hermione estava ao menos falando? Ambos moravam juntos já havia dois anos, estavam noivos há seis meses – o casamento seria daqui a dois – e estavam completamente felizes um ao lado do outro. Ou ao menos era o que ela sempre dizia, em casa, quando ambos ficavam a sós ou roubavam um beijo apaixonado um do outro. Ela já até falava sobre filhos.

O que eu perdi?, pensou, ainda confuso e em choque com as situações que não se encaixavam.Meu Deus, o que aconteceu que eu perdi?Tentou se lembrar de qual fora a última vez que vira Hermione assim tão braba com ele. Nada lhe veio à cabeça, exceto aquela única vez, quatro anos antes, em que tiveram aquela briga realmente feia que resultara em uma breve separação.

Ron ainda odiava a si mesmo ao se lembrar daquela época.

Olhou para Hermione e viu que aqueles lindos olhos castanhos dela haviam se arregalado por um breve instante.

– Ah – disse ela, como se uma súbita realização houvesse percorrido seu corpo. – Ah! É claro. Estamos em 2004. Para você, aquilo já aconteceu há anos, não? Merlin, ainda é difícil de me acostumar com toda essa falta de sincronia no tempo, ainda mais quando encontro alguém que conheço.

– Do que está falando? O que já aconteceu há anos para mim? – Hermione encarou-o fixamente. A cabeça de Ron girava com toda aquela confusão. – Você quer dizer... a briga? O “dar um tempo”?

Ela não respondeu, porém, pelo seu olhar, Ron percebeu que era de fato a o que Hermione se referia. Olhou para trás e viu que o Doutor se localizava em relativa distância (não muito perto, mas o suficiente para que pudesse ver o que acontecia, e Ron tinha certeza que o Doutor estava vendo a cena sendo desenrolada).

– Claro que já faz tempo, Mione – voltou a falar. – Já se foram quatro anos. Pelo jeito que você fala, é como se isso houvesse acabado de acontecer com você.

– Mas isso acabou de acontecer comigo – ela murmurou. O rosto de Ron já expressava plena confusão novamente. – Na verdade, faz umas duas ou três semanas que aconteceu, mas ainda assim.

– Hermione, isso é impossível. Sei que dizem que o tempo é relativo, mas é impossível! Não tem como anos se passarem para mim e apenas semanas se passarem para você em relação a um acontecimento! – Ron sabia que aquilo não era verdade. Estar viajando continuamente pelo tempo e espaço com o Doutor eram provas.

Mas ora, para Hermione seria impossível. Se a TARDIS houvesse deixado Ron no ano de 2000, o presente para a Hermione a sua frente, seria possível, porque determinaria apenas que ele estava viajando no tempo. Mas eles estavam no ano de 2004, o presente de Ron, o que implicava que Hermione era quem deveria ter viajado no tempo. E, aquilo sim era impossível. Não havia como ela estar viajando no tempo, a não ser que ela tivesse encontrado uma TARDIS no meio do caminho – o que Ron sabia que era algo muito improvável.

– Você me acharia louca se eu dissesse como isso de fato é verdade, Ron. Você iria querer me internar no St. Mungos o mais rápido possível.

– Tente, então. Duvido que a acharei louca.

– Se eu disser, você vai me achar louca.

– Prove!

Hermione fechou os olhos e suspirou. Ron reparou, pela primeira vez – como ele não percebera aquilo? –, que ela carregava em suas costas um jogo de arco e flecha. Por Merlin, não duvidarei de nada.

– Ron, o que você acharia se eu por acaso dissesse que estou viajando pelo espaço-tempo a bordo de uma cabine policial azul com um alienígena?

Silêncio.

A boca do ruivo se escancarou em choque.

Mais silêncio.

Pelo amor de Deus, qual era a probabilidade daquilo acontecer?

Pôs uma mão na cintura e com a outra esfregou o rosto. Os lábios de Hermione se crisparam.

– Sei o que está pensando, Ron. “É isso, ela é maluca. Por Merlin, Hermione Granger enlouqueceu”

– Pior que não, Mione – ela ergueu uma sobrancelha. Ron olhou para trás, e viu que o Doutor assistia-os ainda naquela mesma distância, o rosto ainda preto e com um jammy dodger na boca. – Queria que você conhecesse um amigo meu, um... companheiro de viagem.

Fez sinal para que o Doutor se aproximasse. Foi o que o último fez, com um sorriso infantil no rosto, os olhos de girafa brilhando, como se não visse Hermione havia muito, muito tempo. Chegou perto dela e deu-lhe dois beijinhos no ar, um próximo de cada bochecha. Ignorou a expressão confusa que se instalou no rosto da jovem, as feições de alguém que ainda não havia juntado os pontos.

– Ah, quem é você? – perguntou ela. O Doutor pareceu um tanto ofendido. Deu um rodopio, virando-se a tempo de Hermione fazer um sinal em direção ao rosto, perguntando a Ron silenciosamente sobre a fuligem na pele. O ruivo deu de ombros, dizendo um quieto “longa história”.

– Hermione Granger, como não se lembra de mim? Do que estou falando, é claro que você se lembra de mim, afinal, em seu tempo ainda viajamos juntos, mas você não me reconhece apenas por causa da mudança de rosto? – Não esperou que ela se manifestasse. – Hm, vejamos, arco e flecha, Cardiff em 2004? Aposto que nós dois acabamos de nos tornar divindades em... Atalaraxi? Quer dizer, você pelo menos. Para mim isso já foi há muito tempo.

Doutor? – falou Hermione em tom chocado.

O sorriso esboçado pelo Senhor do Tempo foi ainda maior do que antes. Pegou o rosto da bruxa com as duas mãos e beijou-lhe o topo da cabeça, deixando uma pequena mancha preta em sua testa.

– E onde estou eu? – o alienígena retomou a palavra. – O velho eu, quer dizer, o eu que você conhece. “Allons-y!”

– Achei que você disse que se lembrava do que aconteceu – disse Ron, finalmente entendendo (um pouco) as baboseiras sem sentido que o Doutor dissera logo antes dele encontrar Hermione.

– Eu lembro a partir do momento em que encontrei minha versão futura de gravata borboleta e cara de fuligem, não muito antes disso. É o que paradoxos como esse fazem. Estou começando a cruzar minha própria linha temporal.

– Carrionites – manifestou-se Hermione, voltando à pergunta que fora feita a ela. Ron não entendeu, mas assumiu que fossem outras criaturas aliens. – O Doutor me disse, quer dizer, você me disse para correr ao chegar aqui, porque elas querem minha fonte de poder mágico e têm nos perseguido de alguma forma, desde a era vitoriana.

O Doutor estalou os dedos e apontou para Hermione, como uma espécie de agradecimento.

– Tentar despistá-las – disse. Hermione assentiu. – Lembro isso. Se tem coisas que me recordo muito facilmente são das vezes em que sou incrivelmente esperto, o que é quase sempre, mas ainda assim. Você precisa vir para a TARDIS conosco.

– Por quê?

– Preciso voltar para pelo menos olhar algumas coordenadas e ver o quão grave a discrepância entre as ondas hipertemporais podem se tornar. E, se vier com a gente, pode ser até mais fácil para tirar as Carrionites de seu pé.

O quê? – perguntou Ron. Sua cabeça doía com o excesso de informação de tudo que estava acontecendo.

– Um paradoxo, Ron – explicou Hermione, aparentando ficar um pouco impaciente. – O Doutor acabou de encontrar uma antiga companheira, em uma época na qual eu ainda viajava com ele, com uma outra versão dele. Se ele encontrar sua versão antiga, as coisas podem ficar complicadas.

Hermione claramente entendia grande parte das baboseiras complicadas que o Doutor dizia, e, pela milésima vez, Ron suspirou. Suas têmporas latejavam ao tentar localizar algum tipo de sentido em tudo que ocorria.

– Complicadas em que nível? – indagou o bruxo.

– O universo implodir, talvez, algo do tipo – quem respondeu foi o Doutor.

O quê!?

– Talvez! Não necessariamente que isso vá acontecer. Qual é, eu sei que o universo não vai implodir porque já vivi tudo isso pelos olhos da encarnação do Doutor que viajava com Hermione. Mas de qualquer forma, seria bom eu dar uma checada na TARDIS.

O Doutor logo voltou a andar em direção a onde a cabine azul se localizava, seguido por uma Hermione que ainda aparentava estar um pouco confusa – mas ao mesmo tempo se divertindo – e um Ron que agora não mais tentava ligar para a dor de cabeça.

Teria de se acostumar, mesmo que soubesse que não daria certo.

(...)

– Deixe-me então tentar recapitular o que aconteceu hoje – disse Ron. – Basicamente acontece que há três dias eu peguei carona com um alien de gravata borboleta para viajar pelo tempo e o espaço, mas, ao voltar de uma perseguição com outros alienígenas hostis que queriam nos matar, acabei por encontrar uma versão do passado de minha namorada que por acaso também viaja pelo tempo e o espaço, porém com uma versão mais nova do mesmo alien de gravata borboleta com o qual eu viajo agora.

– Basicamente – concordou Hermione, enquanto ambos sentavam um ao lado do outro mais para o canto da sala de controle da TARDIS, em um pequeno lance de escadas que levava aos outros cômodos.

Ronald bufou.

– Não é algo que acontece todos os dias.

– Nem me fale.

Coçou os cabelos cor de fogo ao olhar para as duas figuras que agora ocupavam o painel de controle e discutiam sobre algo que Ron não tinha a mínima vontade de entender.

Pois é, duas figuras.

Aconteceu que na caminhada de volta à TARDIS, Hermione voltou a encontrar o Doutor. O outro Doutor, o humanoide com o qual ela viajava. Que tinha olhos e cabelos castanhos, estes desgrenhados; de terno azul, sobretudo, e um par daqueles tênis trouxas que às vezes ele via o próprio Harry vestir. Que usava óculos de armação preta e carregava uma máquina vermelha – a qual fazia um som irritante, ding!, a cada cinco minutos –, e ao ser questionado por Ron, respondeu apenas que aquela era uma máquina que fazia ding! e detectava coisas.

Pois é, coisas.

Pelo menos o Doutor dele já tinha limpado a fuligem do rosto.

Preferiu voltar o olhar a Hermione. Sabia que pelo menos fitá-la não lhe traria irritação ou o pleno desentendimento o qual sentia ao fitar aquelas duas versões do mesmo homem. Sabia que fitá-la poderia ajudá-lo a recuperar um pouco da sanidade restante em sua mente.

– Então – Hermione tirou Ron de seus devaneios –, quer dizer que você é o Ronald Weasley do futuro.

Ele deu de ombros e observou-a. Aquela podia ser uma Hermione fora de seu tempo, mas ainda assim era Hermione. Mesmo que ela fosse mais jovem, porém, percebeu que o brilho daqueles olhos castanhos era menor do que o brilho que ele sempre gostou de observar na Hermione de 2004.

É claro, pensou. Ela ainda não superou a guerra.

Como podia esperar que ela houvesse superado, entretanto, quando às vezes percebia que nem ele mesmo havia feito tal coisa? Não importasse o quão feliz estava atualmente ao lado da noiva e dos outros amigos, no fundo, não fora aquela uma das razões que inconscientemente forçou-o a seguir o Doutor pelo universo?

Nem nossa separação; teve de se lembrar que na perspectiva dela, ambos ainda estavam separados. Era estranho pensar nisso, e soava um tanto injusto. Que ele estivesse tão feliz ao lado dela, em seu tempo, mas que ela estivesse tão infeliz por ter ficado ao lado dele, em outro.

– Ron – ele reparou em como ela o encarava. Por um instante, viu de relance aqueles olhos parecerem marejar. Teria sido apenas impressão? – Você, que é do futuro. Em sua época... por acaso, nós...

O restante da frase morreu, assim como o contato entre os olhares. Ela pigarreou e levou alguns segundos para completar a pergunta.

– ... ainda estamos juntos?

Ron assentiu silenciosamente e percebeu que não, não tinha sido apenas impressão. Hermione fungou baixinho e discretamente enxugou uma lágrima.

A TARDIS ainda permanecia mais escurecida que o normal – não igual a antes, porém; o Doutor de Hermione arranjara um método de recuperar mais rapidamente outras luzes do painel de controle, para desdém do Doutor de Ron – mas o ruivo de qualquer maneira conseguiu ver aquela lágrima. Teve a sensação que sempre conseguia ver o que ocorria nas feições da noiva.

– É... é bom saber disso – voltou a dizer ela. O olhar dela agora se dirigia às mãos, cujos nós dos dedos se flexionavam em uma espécie de tique. – Em minha perspectiva, terminamos há mais ou menos três semanas. Saberia... hm, me dizer como é que nós voltamos a ficar juntos?

Ron sabia dizer como, mas preferiu não fazê-lo. De algum modo sentia que seria necessário que Hermione passasse por aquele momento – reservado a ela no futuro próximo e guardado nele em um passado distante – naturalmente, sem que houvesse a força de um Ronald Weasley do futuro atuando sobre tal acontecimento.

Ao ver que Ron não respondeu, Hermione percebeu o que seus olhos azuis diziam.

– Você não vai me contar – disse ela. Ainda em silêncio, ele concordou. – Certo, eu não esperava mesmo. O Doutor já me disse algo parecido uma vez.

– Já faz quanto tempo que vocês estão viajando juntos? – Ron indicou o Doutor do Converse com a cabeça, ainda pegando no pé de sua versão futura.

– Três semanas – respondeu ela prontamente. – Não, as datas não são realmente coincidências. Acabei encontrando o Doutor por acidente logo após eu ter saído d’A Toca depois daquela discussão.

(Ron se lembrava da discussão – pratos quebrados, lágrimas, gritos histéricos; Hermione saindo correndo da porta d’A Toca aos prantos e soluços, no meio da noite, desaparecendo logo depois em uma aparatação entre o mato que crescia no terreno; os olhares de choque e desentendimento do restante da família.

Ele se lembrava muito bem e às vezes se odiava por se lembrar.)

– E... é, desculpe se eu estiver sendo meio intrometido, mas por que aceitou a proposta de viajar com o Doutor?

Hermione deu de ombros, fitando as duas encarnações do Senhor do Tempo, mas ao mesmo tempo olhando para além deles.

– Não sei. Fuga, talvez. É óbvio que após desaparatar d’A Toca tudo o que eu mais queria era fugir de tudo, no meio daquela onda de pensamentos irracionais. Desejei que houvesse algo que me tirasse de lá. E de alguma forma o desejo foi realizado.

– Por meio de uma caixa azul contendo um louco dentro – Ron não pôde conter um riso baixo. – Merlin, Hermione, eu até que a entendo.

Ambos se encararam por um breve momento – segundos, talvez – em silêncio. Ronald sentia que poderia estender aquela troca de olhares para sempre.

– Ele me prometeu as estrelas, Ron.

O universo na palma de sua mão, qualquer lugar em qualquer época. Ele a entendia.

– Como eu poderia ter recusado? – disse Hermione. – Você não recusou.

– Eu sei. Hermione, eu sei.

Ron não se importou que aquela Hermione com quem falava não fosse presente em sua época e que estivesse deslocada do próprio tempo. Aproximou-se dela, pegou seu rosto nas mãos e depositou um beijo em seus lábios.

Sentiu um breve gosto salgado das poucas lágrimas que escorreram pelo rosto da jovem, mas não se importou. Sentiu seu nariz tocar a pele da face dela e a proximidade e familiaridade de tudo aquilo – não importava o quão estranha toda a situação daquele dia continuava a a ser – o arrebatou e o deixou ainda mais tonto. De uma forma boa.

Também sentiu as mãos de Hermione tocarem os lados de seu pescoço, subindo para a nuca e então entrelançando os dedos nos cabelos ruivos, no misto de sensações que o toque entre as bocas proporcionava.

Soltaram-se do beijo alguns segundos mais tarde, tentando recuperar o fôlego. Não desaproximaram os rostos. Hermione apoiou o nariz do nariz dele, fazendo com que os lábios de ambos se encostassem superficialmente. Ron sentiu um sorriso se formar na boca dela, e os músculos de sua face espelharam o movimento.

Foi apenas meio minuto mais tarde que reparou em como grande parte dos sons de fundo que vinham da sala de controle da TARDIS haviam se cessado. A falação entre os dois Doutores parara e apenas o ruído melodioso que mostrava que a cabine era algo vivo – para Ron, aparentava ser uma respiração quase mecânica – cobria o ar.

Ron e Hermione finalmente se soltaram um do outro. Olharam para o painel de controle, onde ambas encarnações do mesmo alienígena os encaravam.

Eles nem ao menos tentam ser discretos, pensou Ronald.

– Por que todos eles sempre insistem em fazer isso? – perguntou o Doutor, o da gravata borboleta, mais para si mesmo do que para qualquer outro também ali presente, em um suspiro pesado e impaciente.

(...)

Um quarto de hora depois, em média, duas pessoas saíram de uma cabine policial azul dos anos 60, passando a caminhar pelas ruas de Cardiff, no ano de 2004.

Tecnicamente, uma pessoa e um alien saíram de uma cabine azul para caminhar pelas ruas de Cardiff em 2004.

– Você está bem? – perguntou a figura mais alta, o homem (alienígena, afinal, os Senhores do Tempo vieram antes dos humanos), que calçava um par de Converse All-Star e vestia um sobretudo por cima de um terno azul escuro.

A figura mais baixa, garota, humana (mesmo que bruxa) e de cabelos castanhos, viajante do tempo do ano de 2000, assentiu.

– Certeza?

Ela assentiu novamente. Ele ergueu uma sobrancelha, gesto um tanto típico. O Doutor sabia as circunstâncias que fizeram Hermione Granger começar a acompanhá-lo pelo espaço-tempo, que fizeram-na ter tanta vontade de fugir do claustrofóbico mundo bruxo. Agora que Hermione Granger acabara de encarar um destes fatores – claro que, uma versão futura, mas ainda assim; ela até o beijara –, não era culpa do alienígena que ele estivesse preocupado em relação ao bem estar daquela pequena gênia.

Ela suspirou, parando de andar brevemente. Olhou para trás e viu a TARDIS – tipo 40, um tipo o qual ela não estava acostumada – a qual ambos haviam acabado de sair. Estendeu os braços e enlaçou-os ao redor do tórax do Doutor.

Ele retribuiu o abraço, obviamente – teve de apoiar o queixo na cabeça dela, devido à diferença de altura –, mas ainda um tanto confuso.

– Obrigada – disse ela, com o rosto encostado na altura da clavícula dele.

– Por?

– Por tudo, acho. Por ter me trazido aqui nesta data. Se não tivesse, eu obviamente não teria conseguido resolver todo esse assunto com o Ron.

Soltaram o abraço e voltaram a andar, com os braços entrelaçados.

– Fico feliz por ter feito isso. Já é um passo dado, não? Consegui resolver com o Ron do futuro. Espero que quando eu volte, eu consiga resolver com o Ron do meu presente.

– Você vai conseguir – disse o Doutor. – O Ron do futuro é a prova. E você sempre consegue, no fim do dia. Quer voltar para casa já agora para resolver isso?

Hermione franziu a testa.

– Não, não agora. Nós temos uma máquina do tempo, não é? Além do mais, você prometeu me levar à Cascata de Medusa.

Ele passou as mãos pelos cabelos, desgrenhando-os ainda mais.

– Se as Carrionites não voltarem a nos seguir quando voltarmos de novo à Terra... – Hermione revirou os olhos.

– Honestamente, Doutor – pegou a varinha guardada no bolso da calça e girou-a entre os dedos – acha mesmo que aquelas pseudo bruxas teriam chance de nos derrotar?

O Doutor sorriu e pegou sua mão. Resolveu mudar de assunto, enquanto voltavam à caminhar:

– Quer dizer então que, um dia, você vai me trocar por um ruivo?

Hermione riu, mas não respondeu.

(...)

Um ano depois

O barulho acordou-a logo quando o sol começava a se pôr.

Aquele havia sido um longo dia, e, na saída do Ministério da Magia, tudo que Hermione Granger queria era voltar para casa, tomar uma boa xícara de chá e tirar de sua cabeça pelo menos por algumas horas o novo artigo que escrevia sobre os direitos dos elfos domésticos e outras criaturas mágicas.

(Claro que, Hermione não era mais tão radical quanto um dia fora em seus anos em Hogwarts, mas isso não evitava que ela lutasse ainda por alguns direitos básicos para os elfos. Ter visto, em outros planetas e em outras épocas, uma espécie pacífica cujos membros nasciam carregando o cérebro nas mãos sofrerem lavagens para acreditarem ser escravos naturais, ajudaram-na a ter uma visão mais ampla sobre o que lutar contra)

Pegara um livro para ler, após um banho quente e a xícara de chá, mas no meio da leitura acabou por adormecer.

E foi aquele som, o ruído mecânico e repetitivo, como o de um aspirador de pó defeituoso enfeitiçado por um Sonorus, que a despertou e a fez sair descendo as escadas apressadamente para chegar à porta de entrada a tempo.

– Ron! Ron! – gritou enquanto descia. – Venha logo, ele chegou!

O barulho do chuveiro ligado no banheiro do quarto logo se cessou. A porta do banheiro então escancarou-se e um Ronald Weasley de roupão saiu atrás de sua esposa.

Fazia meses que o Doutor não os visitava – desde o dia em que Ron deixara por definitivo a TARDIS, o mesmo dia em que Hermione vira o Senhor do Tempo pela primeira vez em cinco anos, este sempre fez questão de fazer pequenas visitas ao lar do casal – e Hermione nem havia arranjado jammy dodgers para servi-lo. Mas aquilo não importava, tinha mesmo era de contar as novidades para ele.

Ao recebê-lo, a TARDIS estacionada cuidadosamente próxima ao jardim, Hermione viu que ainda era o mesmo Doutor que ela vira pela última vez – queixo saliente, franjudo e de olhos verdes –, mas vestia outros trajes. Não mais a jaqueta de tweed, porém um sobretudo roxo – não mais longo que o marrom que sua encarnação anterior vestia; Hermione duvidava muito que ele conseguiria arranjar vestes mais longas que aquela – por cima de um colete cinza. Aparentava ser mais tradicional.

A gravata borboleta permanecia lá.

Mas desta vez havia uma acompanhante. Hermione e Ron ficaram felizes ao ver que o Doutor arranjara outra pessoa com quem viajar. A garota, pequena e de cabelos castanhos escuros e lisos, era incrivelmente gentil. Clara, era seu nome. A bruxa esperava que ela aparecesse mais vezes com o Doutor.

– Então, quais são as novidades? – perguntou o Doutor, uma vez que estavam sentados.

O casal se entreolhou. Ron pôs uma mão em um dos ombros da esposa.

– Bem – disse Hermione, as mãos nos joelhos –, eu estou grávida.

As feições tanto de Clara como do Senhor do Tempo se iluminaram.

– Já pensaram em nomes? – questionou Clara.

– Não muito – respondeu Ron. – Ainda não sabemos o sexo do bebê, então fica mais difícil. Mas já falei à Hermione que, se for menino, quero que seja Hugo.

– Hugo? – interrompeu o Doutor, parecendo contrariado. – Ah, não me leve a mal, é um nome bonito, mas não acha que “Doutor” soa melhor?

Os três outros presentes balançaram a cabeça negativamente. O alien bufou, tomando um gole de chá.

– Hm... e se for menina? – voltou a perguntar Clara.

– Ah... não sabemos. Nós não pensamos muito bem sobre nomes de menina – disse Hermione. – Parece que ainda não encontramos o certo.

Aquilo era mentira. Ela pensara em um nome e já tinha em mente uma sugestão que sabia ser exatamente a correta, mas não disse nem mesmo a Ron. Não soube o porquê, dava-lhe às vezes a impressão que ainda não era o momento para dizer a eles. Era um nome que fora mencionado algumas vezes em um passado distante, na época em que a própria Hermione ainda viajava com o Doutor dela, o Doutor do par de Converse All-Star.

Ela se lembrava de como os olhos dele, então castanhos como o dela, pareciam ao dizer tal nome. Soava importante, assim como os de todos os outros com quem o Doutor já havia viajado.

Hermione pensara em outros, todos ligados remotamente ao homem que lhe prometera as estrelas. Lembrou-se da lista que fizera, escrevendo nomes e riscando-os. Tanto Sarah como Jane não pareciam combinar muito com Weasley, assim como Romana ou Susan ou Martha.

O nome que viera à sua mente, por fim, após uma longa lista, certamente soava comum, mas Hermione gostou.

Esperava que o Doutor também gostasse.


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Notas finais do capítulo

A princípio achei que esse finalzinho seria um pouco clichê, mas nah. Ainda assim resolvi postar porque eu amo muito a ideia de uma companion!Hermione escolhendo o nome da filha por influência do Doutor. I regret nothing.
(Mas, convenhamos: por mais que eu goste do nome Rose Weasley e esta Hermione tenha achado que Sarah ou Jane Weasley ficaria estranho, sinceramente, Sarah Jane Weasley teria sido um nome lindo.)



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