O Entregador de Estrelas escrita por Beatriz Azevedo


Capítulo 35
Perdido Novamente




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Matilda me encarou seria pelo que pareceu a eternidade. Retribuí o olhar do mesmo jeito até ela abrir um sorriso imenso e começar a rir.

"Você quer que eu me apaixone por você?" Ela perguntou depois de alguns segundos rindo.

"Não." Respondi seco e ela sorriu leve.

"Você não me conhece... como pode realmente acreditar em qualquer besteira que alguém te fala na rua?"

"Trocamos os papeis?" Perguntei e ela olhou para o lado constrangida. Olhei dentro de seus olhos. "Matilda, tem algo estranho acontecendo."

"E isso seria?"

"Eu acredito no que estranhos me falam por que é isso que eles fazem o tempo todo." Ela mordeu o lábio. "É só bater o olho neles e eles falam e eu não entendo se eles me contam para que eu reflita sobre a minha vida ou se eles me contam por que eles estão mais perdidos que eu."

"Eu... eu não sei como te ajudar."

"Você não precisa saber como. Você faz isso naturalmente." Ela sorriu novamente.

"Quando começamos?" Matilda perguntou depois de um silêncio estranho.

"No momento que você estiver pronta." Me levantei.

"Carteiro?" Me voltei para ela e ela olhou para o chão. "A minha identidade... ninguém pode saber que eu sou a Matilda. O Detetive é distante, não conseguem me alcançar, mas se o criminoso me encontrar como... como eu mesma, eu vou morrer."

"Nada com que se preocupar." Sorri e ajeitei minha bolsa de carteiro no ombro. "Não iria querer você morta tão cedo." Ela franziu a testa e eu saí do bar.

Esfreguei minhas bocechas me sentindo exausto. Próximo passo... próximo passo. Olhei para cima. O céu estava escurecendo mais e mais. Próximo passo... próximo passo. Você sabe, caro leitor, que minha avó de repente entrar nos meus pensamentos como a muito tempo atrás acontecia e me dizer para poupar a vida da Matilda por enquanto foi uma das maiores surpresas da minha vida. O que você quer?! Eu estava tão inquieto que acabei me perdendo nas ruas.

Dei uma volta tentando me encontrar. Após alguns minutos de caminhada sem rumo eu levantei meus olhos para uma senhora. Ela me encarava séria e parecia não se mover, com exceção de seus olhos que brilhavam e escorriam lagrimas. Senti falta de ar e me virei para correr, mas minhas pernas não funcionavam. Ela andou devagar em minha direção como se com medo de eu fugir a qualquer instante e ela nunca mais me alcançar.

"Na-nate?" Sua voz falhava e quando ela me alcançou ela me cercou com seus braços e eu não consegui fugir do seu abraço. Ela chorava e sorria ao mesmo tempo beijando minha testa ou alisando meu cabelo. Me mantive estático. "Nate..." Ela alisou meu rosto e o levantou para que eu olhasse para ela. "Eu senti tanta falta de vo-"

Me soltei e dei alguns passos para trás.

"Me deixe em paz." Respondi e ela arregalou os olhos.

"Calma." Ela tirou um pergaminho de dentro da sua bolsa e esticou o braço sem se mover.

"O que é isso?" Perguntei e ela só esticou mais o braço. Dei um passo para frente.

"É seu." Ela respondeu quando eu dei mais um passo em sua direção. Peguei o pergaminho e o abri. Meu mapa. Parei de sentir minhas pernas e caí no chão.


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