Apenas um olhar escrita por Eubha


Capítulo 84
Capítulo 84:




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– É Ronaldo, eu sei que a frase, soa estupida, mas a gente pode explicar. – Disse Anita, encabulada pelos olhares do padrasto para os dois.

– É pai. – Ben também afirmou, vendo a tensão lhe dominar.

– Ah podem. – Ronaldo falou, os encarando de forma irônica. – Sinceramente, eu não quero nem saber a explicação de vocês, não quero nem imaginar. – Ronaldo disse seco, cruzando os braços.

– Pai, também não precisa disso tudo, não é, pra que. – Ben quis argumentar.

– Não precisa! – Repetiu ele desacreditado pelo jeito sereno do filho, diante do que ele tinha acabado de ver.

– É né. – Ben confirmou, vendo que a situação iria entornar contra ele e Anita.

– Ronaldo, eu e o Ben, não somos mais duas crianças também, por favor. – Anita tentou se defender.

– Mais parecem, agem como tais. – Disse ele nervoso. – Às vezes eu tenho que concordar com a Vera, eu e ela sempre demos responsabilidades demais a vocês dois, julgando pelo juízo de ambos, cavamos isso, quando não percebemos que vocês eram apenas dois adolescentes como os irmãos de vocês, responsáveis, mas jovens também. – Ronaldo afirmou, preocupado, e se perguntando se não havia errado.

O casal se olhou como se estivessem, se perguntando um ao outro, se as afirmações de Ronaldo não tinha um fundo de razão.

– Ok, até aí tudo certo. – Ben se pronunciou. - Mas numa coisa eu tenho que concordar, vocês não tem culpa alguma do nosso envolvimento. – Ben deixou claro, no fundo ele sabia que culpar os pais pelos problemas que ele e Anita passaram não tinha cabimento.

– Pode até ser, vocês são donos do livre arbítrio de suas vidas. – Disse ele. - Não querendo colocar mais uma responsabilidade em suas costas. – Mais também eu queria o que, colocar dois adolescentes debaixo do mesmo teto, na idade de vocês, a char que não daria em nada. – Proferiu Ronaldo desapontado consigo mesmo.

– Pai para o drama, achei que vocês já tinham superado isso. – Perguntou Ben afoito.

– Drama Ben, a Vera ficaria horrorizada se fosse ela que tivesse entrado por esta porta. – Alegou ele impaciente.

– Ah claro, isso porque minha mãe já é horrorizada com tudo, só não é horrorizada com aquilo que ele deve se importar. – Anita falou em tom de sarcasmo. – E na boa Ronaldo, não é segredo pra mamãe que a gente namora. - Ela pronunciou clara. - Tudo bem, que o resto vocês descobriram de um jeito meio, enfim, horrível, até pra mim e pro Ben. – Disse Anita, se referindo a toda situação que Antônio havia criado.

– Gente eu realmente acredito, que eu tenha que agradecer por vocês terem recomeçado a vida de vocês, mesmo depois de tudo, mas a Vera, a Vera ainda tá pisando em ovos com essa situação, eu me preocupo com isso. – Ronaldo se explicou. – Mais também precisa disso, o Omar já me disse que vocês vivem aqui, enfiados a qualquer hora do dia. –Falou ele, fazendo os dois aumentarem a cara de susto.

– Toda hora, também é uma palavra muito forte. – Quis se justificar Ben.

– Ronaldo espera, também vocês esta imaginado coisas que não tá havendo, o fato da gente vir pra cá não significa que. – Anita se recolheu, ao perceber a insatisfação de Ronaldo estampada em seu rosto.

– Mais dar a entender, e gente vocês poderiam ter mais juízo, por favor, e você hein Ben, se envolver com a filha da madrasta já foi erro grave, e como se não bastasse você fica enfiando coisa na cabeça da Anita, assim a Vera me cobra depois. – Ronaldo o repreendeu. – E você sempre soube que eu também ajudei a criar Anita e a Sofia quando eu e a Vera nos encontramos, e isso já tem mais de dez anos, eu vi essas meninas crescerem. – Afirmou ele, já impaciente com tantos problemas.

– Oi? – Ah meu deus. – Anita se viu espantada, Ben apenas preferiu olhar para um canto qualquer atrás da parede, ao invés de encarar Ronaldo. – Espera Ronaldo, também não é assim, eu não sou nenhuma maluca influenciável, tá tudo bem que eu fiquei meio mal depois de tudo que o Antônio aprontou, e dei trabalho pra vocês, mesmo eu não estando no âmbito das minhas faculdades mentais por tudo que ocorreu, eu nunca joguei a culpa de nada pra cima do Ben e nem de ninguém, se eu errei nessa situação, eu errei porque eu quis, porque eu não estava bem, sei lá a situação pesou. – Anita defendeu o namorado. – Mais o Ben não tem culpa, das coisas que a gente fez pra estar juntos, seja agora ou lá atrás, eu fiz porque eu quis também, em momento nenhum ele me pressionou, e eu sou bem grande pra ter consciência do que eu faço, eu acho. –Ela esclareceu, não deixando suas responsabilidades de lado.

– Gente eu já tive a idade de vocês, e cometi alguns erros, eu sei que tudo parece fácil, mais não é. – Ronaldo falou, puxando uma cadeira e sentando de frente para eles.

– Ronaldo a gente sabe, tá bom, tanto eu como o Ben, não fomos algo muito planejado, afinal você a e Cícera namoravam, e a mamãe se não tivesse descoberto que tava gravida de mim, não teria casado tão rápido com o papai, e teria evitado o que veio depois, e o discurso é longo e você conhece muito bem qual foi, ela descobriu as falcatruas dele, se decepcionou e se separou. – Anita disse. – Mais gente também ninguém aqui esta pensando em casar e nem ter filhos, e a minha mãe é muito exagerada Ronaldo, ela quer controlar tudo, você sabe disso você conhece ela. – Anita afirmou. – Traços parecidos, não significavam que a gente vai seguir os paços de vocês. – Explicou Anita.

– Pode até ser mais vocês tomem cuidados com as imprudências de vocês, pelos dois, tem essas ameaças do Antônio, que eu não estou gostando nem um pouco, tudo isso me preocupa. – Ele confessou. - E gente não transformem isso aqui em motel, por favor. – Completou ele fazendo Ben e Anita não saberem onde enfiarem a cara.

– É pai mais, eu e a Anita a gente não tem culpa das loucuras do Antônio, e eu realmente também estou aflito com isso eu não vou mentir. – Ben ponderou.

– Certo, eu sei disso, mas cuidem-se, até nós sabermos como agir, pra parar com tudo isso. – Pediu ele, preocupado com a segurança dos dois. – E agora vamos para casa Anita, eu vim aqui falar com o Ben, mais se quer me lembro o que foi. – Ronaldo disse confuso.

– Mais eu não posso ir depois eu tinha uma coisa pra falar com o Ben. – Anita argumentou.

– Eu não quero você andando sozinha por aí, e já esta ficando tarde. – Ronaldo contrapôs irredutível.

– Pai deixa ela ficar, eu levo ela lá depois. – Ben ainda pediu.

– Não, nem pensar, melhor você também não andar por aí a sós, o Antônio já deu provas que não é confiável, e o senhor se acha muito valente, até nós não termos certeza de quem manda estas cartas os dois terão que ter o máximo de cuidado possível. – Falou ele não concordando.

– Mais é, sacanagem isso. – Anita resmungou insatisfeita.

– Vamos Anita, melhor, boa noite meu filho. – Disse Ronaldo se despedindo de Ben.

– Boa noite pai. – Respondeu Ben.

– Já que não tem jeito, a gente se fala amanha. – Anita falou, apanhando a bolsa de cima da mesa, e se despedindo de Ben com um beijo.

– Boa noite, se cuida. – Disse ele com um abraço.

– Tchau. – Anita respondeu saindo logo trás de Ronaldo.

– Boa noite pra todo mundo. – Ronaldo disse, entrando pela porta animado.

– O Ronaldo você demorou. – Falou Vera depositando uma travessa com salada em cima da mesa e indo cumprimentar o marido.

– É eu me enrolei pra deixar o restaurante, mesmo. – Respondeu ele, sem entrar em detalhes.

– Bom gente é, eu vou dormir, amanhã acordo cedo. – Proferiu Anita já se dirigindo as escadas.

– Não vai jantar filha. – Perguntou Vera intrigada.

– Não, eu to mesmo cansada, eu comi um lanche lá no salão com a Julia e a Serguei, não estou com fome. – Justificou Anita, escondendo o desanimo. – Boa noite. – Disse ela, se despedindo com um beijo em Vera.

– Boa noite filha. – Desejou Vera, já fitando a garota que subia as escadas.

Por Anita.

Eu caminhei até o quarto com a minha cabeça andando em círculos, eu tentava de forma frustrada tentar encontrar uma lógica para tudo que se passava comigo nos últimos dias, as ameaças do Antônio, minhas brigas com a Sofia, que estavam chegando ao limite. Minha vida nos últimos meses de resumia a um mar revolto, eu remava e muito contra a mare só que parecia que ele sempre queria me empurrar para o fundo, e me afogar por completo e mais uma vez este circulo vicioso parecia estar se repetindo.

– Anita, Anita. – Ouvi uma voz calma me chamar, enquanto eu sentava a cama estática. - Oi, oiiiiii. – Eu encarei Giovana, que não manteve a calmaria na voz nas últimas frases.

– Fala Gio. – Consenti eu sorrindo.

– Se tá legal. – A ruiva indagou antes de dizer o que queria, ao ver o jeito estranha da irmã postiça.

– To, to sim, mais o que você quer. – Respondi para tranquiliza-la.

– Então eu fui pegar uma revista minha hoje na caixa de correio e tinha essa carta aqui pra você. – Explicou Giovana caminhando até seu bidê, pegando a carta e voltando com ela, e pondo nas mãos de Anita.

– Outra carta, não acredito. – Eu balbuciei me perguntando até quando aquilo se estenderia.

– Como assim? – O que é. – Giovana indagou sem saber, já que Vera e Ronaldo não haviam compartilhado com os filhos o que Ben e Anita haviam contado.

– Besteira, esses anúncios de promoções que a gente recebe. – Eu tomei como desculpa não querendo preocupar mais ninguém com aquela situação.

– Tá bom, eu vou jantar, você não vem. – Ela comunicou.

– Não, eu estou sem fome, vou cair na cama. – Argumentei.

– Então tá, eu vou lá, que to faminta. – Giovana disse, saindo e me jogando um beijo da porta.

– Seu maldito, o que você quer de mim. – Falei para mim mesma, enquanto abria a carta com tanta raiva que a minha vontade era espedaçar cada pedacinho daquele papel, querendo muito que aquele mau todo pudesse atingir o Antônio.

– “Esta cada dia mais próximo o nosso fim, juntos!”, “Só tem uma coisa que precisa mudar, o que esta na foto, isso esta com os dias contados, meu amor”. – Li as palavras do bilhete em pensamento, vendo meu coração se apertar. – Do que esse louco tá falando, meu deus. – Eu procurei dentro do envelope e vi uma foto cair. – Foto, foto do que. – Minha angustia foi só aumentando, quando eu virei a foto e vi, a minha imagem e a do Ben estampada, sorridentes, e nossos rostos encostados para um beijo, aparentemente sentados no banco em frente a entrada do colégio.

– Inferno, eu não aguento mais isso. – Disse, abrindo a gaveta e jogando a foto e juntamente com o bilhete e o envelope, para dentro, já haviam várias ali, eu não aguentaria mais visualizar aquela imagem, que eu interpretei como uma ameaça velada para o Ben, o Antônio queria acabar com a gente e isso agora estava mais claro ainda para mim. Joguei-me na cama, me encolhi e tive a sensação que meu coração batia no meu estomago, de tão acelerado que estava, abracei uma almofada, e quis muito poder sumir dali, poder ir pra um lugar longe do alcance do Antônio, eu me virei para o lado e encarei uma foto minha presa a moldura do espelho, meu sorriso era tão grande que eu me perguntava onde aquela garota da foto tinha ido parar, pois raramente eu podia estampar um sorriso sereno no rosto, como eu sempre fazia, minha vida tinha mudado tanto, se inebriado com coisas tão ruins, que as vezes eu me sentia como se estivesse perdido uma parte de mim naquela situação horrorosa que eu enfrentei, a única certeza que eu tinha era que eu não podia perder minhas esperanças, talvez não fosse a hora ainda.


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