Por Anita:

Eu tinha realmente falado sério pra Sofia, quando disse que estaria disposta a contar sobre o que ela fez no casamento da nossa mãe com o Ronaldo, era o que eu devia de ter feito desde o inicio, eu tentei resolver do meu jeito, tentei fazer a Sofia cair na real, quis que ela entendesse que ficar usando de argumentos sem escrúpulos pra conseguir o que queria, era um ato de falta de caráter, por mais que ele dissesse que isso só demostrava que ela era decidida, e lutava pelo que queria, pra mim as coisas não eram assim, a Sofia não aprendia, nada fazia ela perceber as atitudes tortas que ela tomava, eu sempre fui solidaria com ela, afinal éramos irmãs, e eu a amava e muito, mas depois de tudo que já havia se sucedido até ali, eu havia cansado de bancar a compreensiva e não receber um pingo de compreensão dela, minha paciência se esgotou ao máximo, uma vez na vida a Sofia tinha que aprender que o mundo não girava em torno das atitudes dela, e que as pessoas também eram boas em usar de suas armas pra darem uma rasteira nela, não que eu gostasse de pisar em alguém, apesar de que com essa história do vídeo foi o que mais fizeram comigo, ou mesmo bancar a fofoqueira, eu não sou disso, nunca fui, mais eu iria contar a verdade pra mamãe, quem sabe assim ela não abria os olhos, e via que algumas das atitudes da Sofia eram “sim”, levianas, impensadas, imaturas, mas também já estavam se tornando repetitivas demais, e estava talvez, chegando o momento dela pensar um pouco no que ela fazia, e acima de tudo nas outras pessoas. Eu já tinha tantos problemas em minha vida, já tinha recebido três cartas anônimas, que só poderiam ser do Antônio, e sempre com palavras discretas, que em cada uma delas tinha uma ameaça inrrustida, eu estava ficando com medo, medo do aquele louco podia estar armando, eu evitava ao máximo sair sozinha, até dar alguns passos para encontrar a Julia no Embaixada, já me fazia temer, realmente se era isso que o Antônio queria com aqueles bilhetes, ele estava conseguindo e eu não queria nem pensar o que me esperava no futuro próximo.

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– Oi, demorou. – Julia veio cumprimentar Anita com um abraço.

– Foi mal eu me atrasei pra sair de casa. – Anita explicou, e as duas caminharam para se sentar.

– Não tudo bem, também não faz muito que eu cheguei. – Julia entendeu, tomando um gole de suco.

– Eu ainda tive uma conversa conturbada com a Sofia. – Anita confessou, se sentindo tensa.

– Por causa daquela história. – Julia previu.

– Sim, por causa daquilo, só que eu tomei uma decisão, decisão talvez radical Julia, eu vou falar pra mamãe o que a Sofia andou aprontando no casamento dela, aliás, eu não a Sofia, esta mais do que na hora dela responder pelas próprias burradas. – Disse Anita comunicando para a taxativa.

– Mesmo, você vai mesmo fazer isso. – Julia se viu surpresa, Anita sempre protegeu tanto a irmã.

– Vou. – Anita confirmou, assentindo com a cabeça.

– Oi, oi, to atrasado já sei. – Serguei se desculpou, chegando apressado. – Chegou uma cliente de última hora, não deu pra deixar ela na mão. – Ele se explicou, cumprimentando Julia e Anita com um beijo.

– Eu a recém também cheguei. – Anita disse, vendo ele puxar uma cadeira e se sentar ao lado de Julia.

– Do que vocês estavam falando. – Perguntou ele, percebendo o jeito sério das duas.

– Eu tava aqui dizendo pra Julia, que eu decidi abrir o jogo com a mamãe, eu vou contar sobre à armação do casamento dela e do Ronaldo. – Anita contou.

– O que. –Disse Serguei, arregalando os olhos pelo espanto.

– É isso, eu não vou mais tapar as mentiras da Sofia, ela quer me ferrar, ela vai arcar com os erros dela também. – Anita falou, decidida.

– É mais com isso, você também vai sair mal, porque a Sofia vai te entregar lá na história de não ter dormido na casa da Bernadete, pra ficar com o Ben. – Argumentou Serguei.

– Eu sei, eu não vou mais acobertar as mentiras da Sofia, e depois ela vai me entregar mesmo, diferente de mim a Sofia não perde a chance. – Anita afirmou.

– É mais tua mãe vai tomar um mega susto. – Julia pressentiu.

– Vai e eu sei disso, mais gente a mamãe não se liga de que as atitudes da Sofia não são normais, quem sabe assim ela caia em si. – Anita proferiu, no fundo sabendo que faria um estrago no emocional de Vera.

– Pode ser, mais é uma decisão difícil, e no mínimo corajosa. – Serguei respondeu.

– Gente mais, vamos parar de falar disso, vamos pro nosso cinema, se não daqui a pouco não vai dar tempo. – Julia quis espantar o clima nervoso que prevalecia na conversa.

– A Julia tem razão, vamos. – Anita concordou com um sorriso nos lábios.

– Vamos lá, que eu estou louco pra ver este filme. – Serguei aceitou animado, e os três já foram levantando para dirigirem-se ao cinema.

Os três foram ao cinema e se divertiram como nunca, o que permitiu que os três até esquecessem seus dilemas por algumas horas, principalmente Anita que ultimamente via sua cabeça ser invadida quase sempre pelos problemas que a emaçavam, estar ali com seus melhores amigos até faziam com que ela tivesse mais esperança de que tudo ficaria bem.

– Ai gente o filme era um máximo. – Julia disse contente, enquanto os três caminhavam pela rua.

– Muito eu também amei. – Serguei concordou com a amiga.

– Muito incrível mesmo. – Anita afirmou, sentindo-se leve.

– Acho que eu vou ver de novo, com a Flaviana. – Disse Serguei.

– Ai eu também. – Julia adorou a ideia.

– Ah então eu vou ver pela terceira vez. – Anita falou rindo. – É só tem um problema. - Afirmou ela, olhando para Serguei e logo depois para Julia.

– Ai o que Anita. – Julia preocupou-se.

– A gente, vai ter que ir sem o Serguei e a Flaviana, ou vai ficar difícil de ver o filme. – Brincou Anita se explicando.

– Ah mesmo, verdade, porque vai ser “meu amor”, pra cá, “minha linda”, pra lá, “eu te amo”, eles vivem assim agora né gente. – Julia implicou zoando Serguei.

– Então você vai ter que ir sozinha Jujuba, porque se a Anita resolver levar o Ben, vai ficar difícil também pra você. – Serguei tirou sarro dela.

– Ah não, nem vem. – Anita caiu na risada. – O meu grude com o Ben, não supera você e a Flaviana, impossível vocês são demais, e é em qualquer lugar. – Se defendeu ela.

– Anita foi mal, mais eu passo se você for com o Ben, eu vou ver o filme sozinha. – Julia riu.

– Ai gente isso é não vale. – Disse Anita se fazendo de chateada.

– Não Anita e sério, vocês quatros disputam ombro a ombro, no quesito casal mais grudento. – Julia afirmou ainda rindo.

– Também acho, não vale só colocar a culpa em mim e na maluquinha. – Respondeu Serguei rindo.

– Ah também. – Anita se dispersou do que falava, quando os três viram seus caminhos cruzarem o de Antônio.

– Nossa Anita tudo bem, você sempre com os teus cumplices. – Disse o garoto em tom de sarcasmo, ao olhar para frente e avistar os três.

– Eu não tenho cumplices Antônio, eu tenho amigos, você não deve saber o que é isso mesmo. – Anita afirmou ríspida, algo tinha mesmo que estragar seu dia.

– Não é o que parece, já que eles sempre te ajudam em tudo. – Antônio disse, fitando Anita, com um olhar ambicioso, Julia e Serguei viram a irritação tomar conta dos dois, ambos sempre se perguntavam o porque de Anita ter que passar por aquilo, já que a garota nunca foi de desejar o mal a ninguém.

– Quem tem cumplices aqui é você, gente como você. – Anita soltou de volta, olhando para o chão, sem paciência para encarar a cara de Antônio que lhe olhava com um sorriso descarado. – Da licença. – Disse ela, dando um passe para ir embora e dar as costas ao garoto.

– Hey calma! – Pra que a pressa. – Falou ele, se colocando na frente dela. – O Ben não tá aqui, aliás, cadê meu querido irmão. – Perguntou Antônio, com raiva no olhar.

– Não te interessa. – Disse Anita, dando um passe atrás e parando ao lado de Julia.

– Mais eu to aqui, e eu não vou admitir que você destrate ela, você não me desse Antônio, deixa a Anita em paz, e vai cuidar da tua vida. – Serguei esbravejou, cansado de ver o garoto perseguir Anita, e disposto a defende-la.

– Olha o cabelereiro fala, bacana. – Provocou Antônio.

– Olha aqui seu otário, você não me provoca porque você pode se surpreender, eu faço cabelo, mais rachar tua cara também não é nada difícil. – Se irritou Serguei.

– Serguei, deixa pra lá, vem vamos pra casa. – Anita tentou impedir que o amigo ficasse na mira de Antônio, ela sabia que ele não perdoava, quando alguém lhe desagradava, ela segurou o garoto pelo braço com força.

– Vamos sim. – Respondeu Serguei encarando Antônio, dando a mão a Anita, e pedindo para Julia segui-los, e os três saíram dali, se dirigindo ao salão.

Mais tarde.

– Demorou! - Minha amada princesa. – Disse Ben, ao abrir a porta e ver Anita parada com um sorriso.

– Eu não, não faz nem dez minutos que eu te liguei. – Esclareceu ela, entrando no quartinho de Omar.

– Ah demorou sim, dez minutos é muita coisa. – Disse Ben correndo para abraça-la e lhe envolvendo em um beijo.

– Eu tava lá no salão, conversando com o Serguei e com a Julia. – Ela explicou interrompendo o beijo.

– É, e eu já te disse que eu te amo muito. – Falou ele extremamente alegre, levantando Anita, fazendo com que elas tirasse os pés do chão.

– Assim, eu não sei, mais de uns tempos pra cá, eu ando tão esquecida, não lembro. – Disse ela se fazendo de desentendida.

– É, mais eu te amo, amo muito, eu te amo demais. – Afirmou ele a beijando. – Tanto que às vezes eu tenho vontade de sair gritando por aí, “Anita eu te amo, eu te amo Anita.”. – Disse Ben sorridente.

– Hahaha, olha que se você fizer isso, todo mundo vai ter certeza que você é maluco. – Anita caçou, olhando para ele com um olhar apaixonado.

– Ah é, então tá. – Rebateu Ben, a encarando com olhar sério. – Já que é assim. – Ele disse, a pegando no colo.

– Ben para, me põe não chão, tá maluco. – Argumentou ela, quase não conseguindo dar risada mais, já sentindo sua barriga doer de tanto rir.

– Não, não, pode esquecer. – Disse o garoto sorrindo, caminhando até a cama. – Ai se tá pesada sabia. – Brincou ele.

– Ah entendi, obrigada pela forma educada em me chamar de gorda. – Anita alfinetou. – Vai ver o fraco é você. – Também implicou ela.

– Não é isso é só que, eu disse. – Falou ele parando perto da cama para solta-la.

– Ben, ai não. – Disse Anita rindo, quando os dois caíram um sobre o outro. – Maluco. – Proferiu ela, o olhando, com um sorriso alegre.

– Ai foi mal. – Disse ele rindo.

– Eu também te amo demais sabia, acho que só essa certeza pra manter viva minha esperança, de que tudo valeu a pena. – Confidenciou Anita, envolvendo seus braços em volta do pescoço dele.

– Ah folgo em saber, achei que eu iria ficar na desvantagem sabia. – Afirmou Ben brincalhão, encarando Anita, encantado.

– Nunca, o que nos une é grande demais. – Garantiu ela.

– Sempre. – Concordou ele, e eles deram um beijo com vontade.

– Ben meu filho você viu se o. – Dizia Ronaldo ao entrar pela porta. – Mais o que, o que você faz aqui Anita. – Ronaldo indagou ríspido, ao ver os dois aos beijos.

– Pai. – Falou Ben com a voz um pouco engasgada, com ele e Anita se afastando no mesmo instante que ouviram a voz dele.

– Ronaldo. – Falou Anita com certo susto, se sentando a cama rapidamente, ela e Ben olharam-se como se, se perguntassem o que fariam, Ronaldo apenas os encarou com os braços cruzados, com um semblante irritado.

Continua...