Ben e Anita caminhavam pela rua, com a atenção redobrada de Antônio, que acabou vendo o casal de longe, mas o que ele não contava é que a cena  presenciada, fosse surpreendê-lo de tal forma.

— Você não vai entrar. – Anita perguntava a Ben.

— Não, eu tenho umas coisas pra resolver, mas de noite eu passo aqui pra gente conversa com eles. – Ben respondeu a ela já chegando ao portão.

— Tem certeza. – Anita insistia sorrindo.

— Tenho, tenho umas coisas do trabalho pra resolver e muitas, já que você ocupou as minhas tardes ontem e hoje. – Ele disse brincando.

— Tá né, se você tem tanta coisa pra fazer então, pode ir eu é que não vou te atrapalhar. – Ela falou,  tentando o mudar de ideia.

— Para vai, de noite eu passo aqui já falei. – Ben promete, sorrindo também imensamente carinhoso.

— É, só espero que dê tudo certo com essa revelação. – Anita afirmou vendo a tensão tomar conta de si.

— Ei calma, vai ficar tudo bem e também se não ficar a gente enfrenta. – Ben argumentou, tocando o rosto de Anita com uma das mãos.

— Era isso que a gente ia fazer mesmo, antes de tudo dar errado. – Anita confirmou querendo muito ser otimista.

— Isso, até porque a gente enfrentou tanta coisa que não vai ser a cara feia deles que vai fazer a gente desistir. – Ben disse.

— Não, eu não vou desistir. – Anita falou sorrindo, o que deu espaço para um beijo apaixonado, onde o medo era tão somente esquecido. 

Nesse momento Antônio, que reparava os dois de longe, foi se aproximando e viu uma cena que não esperava, Ben e Anita aos beijos na frente de casa, depois de tudo o que ele fez, todas as dúvidas que ele havia plantando na cabeça de Anita o fez ter certeza de que Ben não representava nenhum perigo para ele, mas pelo visto, ele havia se engado e ver os dois ali juntos,  o fez sentir uma raiva que ele não sabia como controlar. Era um ódio insano do casal...

— Então quer dizer que o casalzinho voltou. – Ele falou se aproximando dos dois, rapidamente e irado.

— O que você quer Antônio. – Ben perguntou se afastando do beijo de Anita, assim que ele percebeu a presença do garoto. E só sentiu dentro de si que tudo havia mudado, segundos atrás, era somente felicidade, agora buscava o ar dos pulmões a procura de conter a raiva que sentiu imediatamente quando ouviu a voz de Antônio. 

— Nada, parabenizar vocês. – Antônio afirmou irônico.

— Dá pra você deixar a gente em paz. – Anita falou ríspida e nervosa com a situação, que viu no olhar do namorado muita impaciência e irritação.

— Você sabe que eu não entendendo Anita, você gosta de ser enganada. – Antônio rebateu para a garota, mantendo toda sua pose.

— Eu, como você consegue ser cínico desse jeito. – Anita falou sem paciência.

— Eu, esse aí te engana e eu é que sou o cínico. – Antônio afirmou descarado.

— Você é muito cretino mesmo, pelo menos admite o que você fez, admite que você seguiu a gente e gravou o vídeo, seja alguém pelo menos uma vez na vida Antônio. – Ben gritou com raiva,  e nesse instante já era dominado por ela. 

— Eu não tenho que admitir nada. – Ele falou mordaz.

— Minha vontade é acabar com a tua raça. – Ben reafirmou.

— Então o que você está esperando. – Antônio provocou, queria mesmo era ver o "irmão" perder a razão.  

— Ben para. – Anita pediu segurando o namorado pelo braço, já sentindo um desespero descomunal lhe paralizando.

— Deixa Anita, depois ele diz que o louco aqui sou eu, mas violento tenho certeza que é ele. – Antônio disse encarando a garota, e algo por dentro o corroeu, com ainda mais ódio ao perceber em como Anita preocupava- com Ben.

— Cala a boca eu não te perguntei nada. – Anita esbravejou.

— Eu devo ser muito otário mesmo por ter deixado você inteiro até agora. – Ben soltou, não dando à menor importância para os apelos de seu amor.

— Vamos embora daqui, por favor. – Anita insistia.

— Sabe o que me consola Ben, é de saber que vocês não vão ficar muito tempo juntos. – Antônio afirmou encarando os dois, desejando tudo de pior a ambos. Se a vida não desse um jeito por si só, com certeza ele daria... Arrancaria Anita de Ben, não ligava para o preço que poderia pagar por isso ...

— E quem vai impedir, você. – Ben provocou, com fúria pela ameaça recebida.

— A Anita não vai ficar com você, eu te garanto. – Antônio rebateu ao meio- irmão.

— Escuta aqui se você tentar fazer alguma coisa com ela, eu juro que você vai se arrepender. – Ben ameaçou, sem que a tentativa de Anita em lhe conter desse certo, pois o rapaz acabava sendo mais forte do que ela.

— Acorda,   você não vai fazer nada deixa de ser ridículo. – Antônio repetiu com total desdém 

— Olha que você pode tá bem enganado Antônio. – Ben afirmou se aproximando do garoto, soltando o braço de Anita.

— Ben vamos sair daqui agora. – Anita pediu vendo o nervosismo de Ben... Precisava conter o rapaz antes que tudo piorasse.

— Vai obedece a Anita. – Antônio provocava.

— Antônio some daqui. – Anita esbravejou  com um mínino resquício de voz, e vendo a situação sair do controle.

— Eu já disse,  você não vai conseguir ficar com ele. – Antônio respondeu à Anita, e a tensão por todo seu corpo aumentou, trazendo junto uma desesperadora vertigem, que a enfraqueceu.

— Ei o que você tem. – Ben perguntou à garota vendo que ela estava passando mal.

— Nada, esse nervoso todo, minha pressão baixou. – Anita respondeu zonza, mas não queria piorar tudo.

— Vem vamos entrar, isso aqui já deu. – Ben disse ajudando Anita a entrar em casa, Antônio apenas observou os dois. E os praguejou com raiva ao ser ignorado.

— Você tá bem mesmo. – Ele perguntou sentando de frente para ela no sofá.

— To sim, sei lá acho que ainda é efeito dos meus descuidos com minha alimentação, quando eu fico nervosa isso acontece. – Anita afirmou, tentando não o agoniar.

— Se tem certeza, o médico não falou mais nada. – Ele questionou, com uma ponta de preocupação na voz.

— Falou que eu não posso me estressar, que pode ser estresse. – Ela respondeu, quando sorri fraca.

— Anita o que houve. - Vera disse vindo do quintal, e encontrar à filha,  com uma expressão pálida.

— Ela se sentiu tonta. – Ben justificou.

— Mas o que foi que aconteceu, pra ela passar mal assim. – Cícera indagou.

— Foi só uma queda de pressão. – Anita afirmou fugindo de uma explicação detalhada.

— O pior é que a culpa foi minha, discuti com o Antônio aí na frente. – Ben falou culpado, e de tal forma que se quer pensou que não fosse nada bom informar a Vera o que havia acontecido.

— Mas por que. – Vera questionou o garoto e nervosamente.

Os dois ficaram mudos sem saber o que responderem, parecia mesmo que a pior parte da noite estava por vir...

— Anda gente o que houve. – Cícera também perguntou, diante do silêncio dos dois.

— É, o Antônio descobriu que  a gente voltou. – Anita soltou repleta de medo.

— Vocês tão falando sério. – Vera os questionou, e o olhar da mãe era severo.

— Estamos Vera. – Ben respondeu receoso.

— Quer dizer, que vai começar a confusão toda de novo. – Vera falou sem paciência.

— Mãe, por favor. – Anita pediu.

— Vera calma, não adianta você recriminar os dois. – Cícera tentou ponderar.

— O que eu sei, foi o que passei por conta desse namoro de vocês dois. – Vera disse fitando a filha indignadissicima, ao cogitar o descaso de Anita com seu sofrimento.

— O que você passou hem, e o que a gente sofreu você já parou pra pensar. – Anita respondeu sem paciência e muito revoltada pelas palavras da mãe.

— Anita calma a gente sabia que não ia ser fácil. – Ben ponderou vendo a garota perder a calma, ficando extremamente preocupado.

— O que eu sei, é que a Sofia correr atrás de você a mamãe não acha ruim, mas quando sou eu a coisa muda, e a Sofia ainda pensa que a protegida sou eu. – Anita retrucou continuando alterada.

— Oi gente tudo bem aí. – Ronaldo disse entrando, e percebeu todo alvoroço.

— Não Ronaldo. – Vera apenas respondeu seca.

— Mas o que aconteceu agora. – Ronaldo perguntou não entendendo.

— A Vera descobriu que eu e a Anita voltamos. – Ben respondeu tentando ser paciente.

— É sério isso meu filho. – Ele pergunta olhando diretamente à Ben.

— Olha só gente, nós íamos contar mais tarde, não era pra ter sido assim. – Anita tentou argumentar.

— E você Anita não tem o direito de me acusar de proteger a tua irmã. – Vera falou retomando o assunto inicial, um pouco irritada.

— Eu não estou te acusando, to falando uma coisa que você faz. – Anita falou se levantando, pensando em se retirar... Se era para a conversa ser dessa maneira então melhor que ela acabasse ali.

— Vamos tentar conversar com calma. – Ronaldo sugeriu.

— Eu também acho gente. – Cícera falou em concordância.

— Eu não protejo a Sofia Anita. – Vera afirmou insistentemente, nada contente com o discurso da moça.

— Mãe você protege, você passou a mão na cabeça dela depois de tudo que ela fez, e você tá me recriminando porque eu voltei a namorar o Ben, depois do inferno que o Antônio fez das nossas vidas. – Anita soltou tensa e ofendida.

— Não é isso Anita, eu só acho essa situação delicada. – Vera ponderou.

— Delicada, só agora me falta você dizer que foi bom o que Antônio fez, pelo menos afastou nós dois. – Anita esbravejou.

— Anita eu não quis dizer isso, por favor. – Vera respondeu se desculpando.

— Anita você tá perdendo a linha. – Ben disse a ela, tenebroso.

— Tudo bem, faz o que vocês quiserem eu já desisti de colocar algum juízo na cabeça de mamãe por causa da Sofia, ela só vai acreditar vendo. – Anita afirmou enraivada.

— E vocês vão continuar com esse namoro. – Ronaldo perguntou aos dois parados abraçados.

— Vamos e dessa vez vocês não  podem acusar a gente de mentir porque a gente abriu o jogo de uma vez. – Ben falou com convicção.

— Ronaldo com ou sem a aprovação de vocês a gente vai continuar junto. – Anita confirmou.

— Eu não vou dizer que esse namoro, é o que eu esperava, nunca foi, mas o que posso fazer é apoiar e compreender vocês dois, até porque vocês já sofreram tanto. – Ronaldo afirmou sereno.

— Então você quer dizer que. – Ben falou apenas, se encontrando estarrecido.

— Se querem namorar, namorem, mas vocês não pensem que vão ter moleza certo, tudo dentro dos limites. – Ronaldo confirmou, mais sem deixar as ressalvas de lado.

— E eu bom, o Ronaldo concordou, o que eu vou fazer. – Vera respondeu rendida pela situação.

— Bom e eu vou falar o que, eu não vejo vocês como a Vera e o Ronaldo, então não posso alegar que vocês são irmãos, então só posso desejar que vocês sejam felizes, dessa vez. – Cícera falou.

— Então vocês vão deixar a gente namorar. – Anita perguntou incrédula.

— E vocês já não tão juntos, deixar talvez não seja a palavra. – Ronaldo disse óbvio.

— Pai você entendeu. – Ben falou.

— Mas olha só, isso não significa que vocês vão ter algum privilégio. – Ronaldo afirmou, os olhando severo.

— Ah gente eu amo vocês. – Anita falou  melancólica abraçando os três.

— Gente obrigada mesmo, eu acho que tudo que a gente precisa agora é de paz. – Ben afirmou contente.