Eu tomei um banho e subi novamente para o quarto, as coisas que a Julia me disse fizeram realmente eu pensar muito em tudo, no Ben, no Antônio, no vídeo e na minha família e principalmente nas minhas atitudes nos últimos dias, foi então que percebi que já tinham se passado quase três meses, nossa pareciam até bem mais, incrível que quando estamos passando por algo muito difícil o tempo parece que até anda mais devagar, mas quando é algo bom parece durar horas apenas, isso me fez lembrar dos meses que eu namorei o Ben e isso bagunçou ainda mais as coisas, pensar nele e no que vivemos era difícil, mas foi inevitável o Ben tomou conta de meus pensamentos rapidamente.

Então foi quando me veio à memória...

Minha mãe e o Ronaldo estavam irredutíveis com o nosso namoro, tanto que me mandaram pra Barra para morar com o meu pai, eu e o Ben não nos vimos quase nunca, sempre era na escola, já que meu pai me viajava o tempo todo ou colocava alguém pra fazer isso, naquele dia estávamos voltando as aulas depois de um final de semana, eu consegui ligar para o Ben, o meu pai havia esquecido o celular dele na sala em cima de uma mesa, percebi quando ia voltando da cozinha depois de tomar um copo de água, já que eu havia perdido o sono e me revirado na cama por horas, eu não ia conseguir dormir mais mesmo, já que eram cinco da manhã.

Nem pensei que ele podia estar dormindo e que eu iria acordá-lo, eu precisava nem que fosse ouvir um “oi” dele, a saudade era infinita que nem cabia em mim, peguei o celular e liguei logo para o Ben, rapidamente já estava chamando.

— Alô! - logo ele falou meio sonolento.

— Oi me desculpa, eu não queria te acordar mais eu precisava falar com você. - eu tentei me justificar.

— Eu também precisava muito falar com você, mas na verdade eu não reconheci o número. - Ben ponderou, esquecendo do sono.

— É que eu dei sorte, vi o telefone do meu pai aqui na sala, de certo ele esqueceu,  já que o meu ele confiscou. - confirmei rindo baixinho.

— Tá todo mundo dormindo aí. - ele indagou.

— Sim. - Eu confirmei.

— Então perfeito, dá um perdido em todo mundo, e a gente se encontra na praia daqui a pouco. -Ele sugeriu, e eu pude notar euforia em sua voz.

— Como Ben, o porteiro lá em baixo ia avisar o papai assim que eu colocasse os meus pés para fora, impossível.-  Eu falei em um tom de negação.

— Sei lá, não sei quem sabe pede pra Soraia te ajudar. - ele sugeriu.

— Tá bom, eu vou ver ai príncipe, tenho que desligar acho que está vindo alguém, beijo. - eu falei receosa.

— Tudo bem, mais eu vou te esperar, mesmo que você não consiga ir é sempre bom ver o mar e está hora é simplesmente indescritível. - Ben alegou a mim paciente.

Eu desliguei correndo, mais logo a Soraia veio e parou e me encarar na porta que dava para a cozinha com os braços cruzados.

— Ai Soraia que susto, porque você não gritou pra eu ver que era você. - Eu disse com uma cara de susto tremenda.

— E você em dona Anita, que lindo falando com o Ben no celular do teu pai, a essa hora. - Ela falou olhando para mim fixamente, e parecia irritada.

— E foi uma sorte o papai ter esquecido o celular aqui e eu ter visto. É OK você esta certa eu estava falando com o Ben, mais o que você queria a mamãe o Ronaldo me despacharam pra cá e meu pai me proíbe até de ir a janela olhar para a rua. - Eu tentei me justificar.

— Realmente deve ser muito chato namorar alguém assim. - Ela disse tentando me compreender.

— Ai que bom Soraia, que você me entende. - eu corri em sua direção para abraça-la e já fui falando...- Ih é por isso, que você vai me ajudar numa coisa, por favor. - Eu disse praticamente a implorando.

— Como assim Anita “ai ai ai ai”, já vi que você vai me meter em uma encrenca, veja bem eu não quero confusão com o seu Caetano. - Sorai exclamou, me olhando assustada.

— Por favor é simples, só me ajuda a sair mais cedo daqui para eu poder me encontrar com o Ben, pra gente poder conversar e namorar um pouco. - Eu já fui me explicando.

— Como minha querida, se é o motorista do teu pai ou o Abelardo que te leva ao colégio sempre, justamente para evitar que vocês dois se encontrem. - Retrucou ela já impaciente.

— Ai você podia me ajudar e enrolar o porteiro e o papai, não sei, talvez dizer que eu fui ao dentista, por favor, até porque ele esta tão atordoado com esses negócios novos que ele esta fechando que nem vai ligar muito, por favor, por favor... - Eu já fui dando a ideia, juntando as mãos a suplicar...

— Tá bom Anita esta bem- Ela disse convencida.

— Ai obrigado, obrigado mesmo. -  Eu corri e abracei-a novamente, muito feliz...

A Soraia enrolou o porteiro e eu corri em direção à praia, chegando lá eu podia sentir a brisa batendo em meu rosto e meus cabelos voando, logo avistei o Ben sentado a areia e o gritei alto, só depois que parei a olhar em volta e acabei percebendo que a praia estava fazia só tinha umas três pessoas longe dali. Ele se levantou e nós dois corremos na direção um ao outro e nos abraçamos e nos beijamos apaixonadamente.

Nós caminhamos de mãos dadas e nos sentamos na areia bem perto do mar, esse gesto foi seguido de outros beijos.

De repente ele me encarou em silêncio, em seguida olhou em direção ao mar que dava para ver já os primeiros raios de sol no horizonte.

Então eu perguntei a ele curiosa. – O que foi...

— Sabe o nosso amor é quase igual ao sol todos os dias nasce mais forte e maior. - Ben exclamou sorrindo.

— Humm tá virou poeta é, olha que daqui a pouco você escreve tão bem quanto o Sidney e só tira nota 10 em literatura. - eu brinquei, ele riu das minha palavras.

— Não sei princesa, porque pra escrever tão bem quanto o Sidney eu precisaria melhorar e muito.- Ele se justificou rindo. - Mais, mais uma coisa eu sei nosso amor é muito forte grande e quanto mais o tempo passar e quanto mais obstáculos a gente enfrentar, ele vai ficando cada vez maior... Porque eu te amo muito...

— Eu também te amo de mais.. - eu sorri e o beijei.

Até que eu fui puxada de volta para a realidade, ao perceber as lágrimas que caiam pelo meu rosto, eu pensei nas palavras do Ben, elas vieram como a brisa do vento na praia aquele dia, mais será que agora o nosso amor resistiria e ficaria mais forte ou era o fim e o Ben não era nada daquilo que eu pensava realmente, essas dúvidas me faziam querer desaparecer, até que eu adormeci.

No dia seguinte eu acordei com a sensação que tudo ainda estava fora do lugar, eu me levantei me vesti e desci em direção a cozinha, só estava à mamãe na cozinha preparando o café.

— Oi filha bom dia, como você esta hoje meu amor. - Ela falou sorridente.

— Estou tentando mãe, acho que estou um pouco melhor. - Falei para não desanima-la.

— Ai que bom meu amor. - Ela exclamou com otimismo.

Terminei de ajuda-la com a mesa, tomei um pouco do meu café e saí, eu não andava comendo muito, na verdade eram poucas as vezes que eu me sentava a mesa com todos, sei lá ver todos felizes a mesa e eu triste me fazia me sentir pior, era como seu estivesse sozinha e que ninguém se importasse, mais na verdade cada um do seu jeito tentava me ajudar, por mais que eu não aceitasse.

Eu fui caminhando em direção à escola, ainda era cedo, as palavras que a Julia disse em defesa do Ben na noite passada não saiam da minha cabeça, então eu pensei um pouco e dei volta e decidi procura-lo, então caminhei em direção ao quarto do Omar, não sabia se era o que queria de verdade ou se eu estava fazendo a coisa certa, nem se quer sabia o que eu diria a ele, mais mesmo assim, eu continuei...