No outro dia...

— Deus, o que você tá fazendo aqui. – Anita perguntou tão bruscamente, quanto foi recepcionada pela figura que se encontrava parada a porta, no momento que distraída ela foi abrir, e jamais esperando tal fato. – Você não tinha que estar na aula. – a garota indagou com um sorriso feliz mesmo sem planejar, por poder ver Ben naquela manhã. Apesar da surpresa inicial, e pela maneira desajeitada com que foi recepcionada, não pode negar que foi maravilhosa a visita inesperada, assim como o beijo saudoso que recebeu assim que abriu a porta, despretensiosa.

— E tinha, tinha mesmo. – ele admitiu sorrindo empolgado, entrando para dentro sem soltar a mão da amada. – Mais eu não consegui ir hoje, não imaginando que você iria estar aqui tão sozinha, sem companhia alguma. – afirmou Ben roubando um segundo beijo todo apaixonado dela.

— Eles não vão gostar disso. – Anita alegou com um meio sorriso, apesar da lembrança ruim que pairou em sua mente. Sabia que ela e Ben deveriam falar abertamente com a família sobre sua possível reconciliação, mas nenhum dos familiares se atreveu a perguntar, eles também pareciam sem muita coragem para repetirem toda história novamente, era como procurar uma fuga, para adiar uma possível falta de paz que pudesse estar por vir.

— Hei, também foi só um dia de aula, nada de mais. – Ben passou a mão nos cabelos dela, querendo espantar sua chateação evidente devido à lembrança. Anita respirou fundo, também tentando esquecer tal fato.

— E é assim que você me prometeu que pretende passar no vestibular, não é meu filho. – a mulher surgiu da cozinha com um copo em mãos, confrontando o rapaz extremamente decepcionada. O silêncio ficou pelo cômodo, Ben olhou para a mãe sem a mínima vontade de responder, não queria mesmo que ela se metesse em sua vida, por sua vez Anita preferiu ignorar o olhar mortífero de Cícera, continuando a encarar o chão.

— Foi só um dia ok, e também não vai ser isso que vai me prejudicar tanto. – Ben alega mesmo não estando afim, mas ou era isso, ou era ver a mãe iniciar um amontoado de outras perguntas, que jamais teriam um fim breve. A última coisa que o rapaz desejava era mais um confronto com a mulher, que sempre acabava com ela achando que era a única com razão diante de tudo.

Cícera rolou o olhar até o filho, não escondendo o quão desgostosa estava, há tempos vinha perdendo a paciência com Benjamim, mas o que não podia prever é que isso teria uma piora considerável, devido a insistência do rapaz em não aceitar sua ajuda e retornar aos Estados Unidos com ela, o mais rápido possível. – Mais, você quis dizer, te prejudicar ainda mais. – a mulher fez extrema questão de ressaltar, encarando o filho com rigidez, que com o braço estendido pelos ombros de Anita, preferiu respirar pesado, do que de imediato dar uma resposta atravessada a mãe, que lhe tirava a paciência com tal conversa. – Você pretende ser mais uma boca pro teu pai sustentar, além das cinco que ele já tem, porque pelo que eu sei, emprego você também não tem mais, não é meu filho. – Cícera o lembrou irredutível.

— Não, isso eu também posso discutir, pessoalmente com ele, não acho que seja problema teu. – o garoto esbravejou não muito cordial, a tal altura a irritação havia lhe dominado severamente, a mãe também não precisava achar que sabia tudo sobre sua vida, como se ele não tivesse nenhum meio, de decidir sozinho quais decisões tomar, Ben já estava ficando exausto. – Vamos conversar lá em cima, a gente. – afirma Ben, lançando um olhar calmo para Anita, como se quisesse tira-la de qualquer pensamento pessimista.

— Ahan. – ela concordou, sem muitas forças para argumentar, ou de alguma forma defender o amado, talvez saber que ela era o principal ponto de chateação de Cícera, estava à paralisando, impedindo que ela tomasse qualquer atitude.

— Da licença mãe. – respondeu Ben em tom seco, antes de virar as costas para a mulher que nada fez.

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— Tua mãe ta chateada comigo, eu diria mais muito irritada. – Anita expos o que rondava sua mente, mesmo que não tivesse a intenção de chatear Ben, com tais suposições nebulosas.

— Ela sabe que não adiante de meter na minha vida. – preocupado, o rapaz tenta a tranquilizar de todo jeito.

— Ela tem razão, no fundo... – Eu to atrasando tua vida te prendendo aqui. – Anita não contém o pessimismo, sentando em sua cama, não escondendo que estava ainda impactada depois dos últimos acontecimentos.

 - Hei, a minha vida, minha felicidade é do teu lado, portanto ela e qualquer outra pessoa, vão ter que entender se querem continuar convivendo comigo. – alegou Ben em um tom categórico, detestando vê-la tão aflita.

— Eu também não quero viver sem você, eu sei que não devia estar pensando assim, mais é que é inevitável... – Acho que é um pouco é receio de dar tudo errado de novo, medo de estar feliz e de repente, cair de novo naquela imensidão de amargura e tristeza. – ela confessa sua tensão desmedida. – Eu sei que não devia estar pensando dessa forma, mais às vezes é complicado, não sei, ai me desculpa. – ela disse esfregando o rosto com desatino.

— Te desculpar porque, você não precisa, foi só uma fase ruim, mais que já passou, eu sei que não posso te garantir que não existirão outras, mais... – afirmou ele sentando-se ao lado dela, compreensivo. – Mas de uma coisa eu tenho certeza, eu vou estar aqui, pra tudo que você precisar sempre, confia que vai dar tudo certo. – ele prometeu.

— Eu te amo, e eu juro que eu não queria ser essa pessoa tão problemática nesse momento.  – Anita lamentou seus maus pensamentos.

— Que saber talvez, se tivesse sido tudo tão fácil desde o primeiro segundo, nós não nos amaríamos tanto, pra sempre. – Ben fala sorridente, usando de  todo seu otimismo.

— Talvez. – Anita retribuiu o sorriso iluminado, o abraçando em seguida.