Apenas um olhar escrita por Eubha


Capítulo 134
Capítulo 134:




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Um novo começo poderia estra próximo, e o primeiro passo poderia estar começando a ser dado, curar as cicatrizes do corpo por definitivo, em busca que as da alma também se selassem para sempre... Anita se perdia em raciocínios e pensamentos não tão exatos assim, enquanto terminava de se aprontar para o que seria talvez, sua última consulta com Eduardo, não que não  tivesse gostado de conhecer o rapaz, mesmo que o momento tivesse sido bastante turbulento, poderia julgá-lo como um amigo que ela acabará de ganhar, mas com certeza dali em diante  o preferia ver apenas como uma pessoa qualquer, do que como seu médico.

Queria encerrar de uma vez tudo de ruim que ela vivia, quem sabe ali não seria o começo, apesar de que seu emocional, ainda se encontrava bagunçado e aflito, por toda turbulência que ainda poderia estar lhe esperando nós próximos dias, e seu primeiro depoimento na delegacia depois que saiu do hospital seria o pior, talvez tivesse que ficar cara a cara com ele, contar tudo de novo exatamente com os mesmos detalhes da primeira vez, policias, investigadores, e defesa lhe pressionando ao máximo, em busca da verdade, em busca de uma possível defesa e compreensão do que Antônio havia feito, ela não sabia jamais se aguentaria aquilo, se conseguiria olhar para ele, sem ver o medo lhe paralisando, ver o quão nojento ele ainda continuando sendo, ou quanto ele diria coisas horríveis dela pra lhe agredir, lhe enfraquecer, isso estava fazendo seu peito se apertar e uma dor sufocante lhe invadir, ela tentava controlar, mas estava ficando extremamente difícil. Sentia que algo dentro dela já não a obedecia como antes...

— Então vamos. – duas batidas na porta, seguida de seu ranger se abrindo a acordaram, fazendo com ela parasse de olhar seu reflexo no espelho, como quem ainda procurava aquela garota alegre e otimista de antigamente, que hoje parecia ter estado tão distante dela, seu devaneio ruim, foi totalmente bloqueado pelo sorriso  de quem Anita encontrou quando olhou em direção a voz que a chamava. Ela pensou em dizer que não estava pronta, que não  iria a lugar nenhum, que ele só fechasse aquela porta novamente e que os dois fingissem que nada além do mundo lá fora existia mais, apenas os dois e aquele cômodo vazio.  Os braços de Ben poderiam ser tão somente o conforto de que ela realmente precisava, e que nada além disso lhe importava mais, só queria esquecer todo o resto, mas até ficar a sós com ele estava sendo uma ideia limitada, os dois sempre estavam tão cercados pela família, e Vera tão cuidadosa não facilitava nem um pouco que ela saísse de casa.

— Talvez. – Anita respondeu finalmente achando melhor esquecer o que pensava.

— Tua mãe está esperando a gente lá em baixo.   – afirmou Ben, e Anita riu por um segundo, pensando em compartilhar com ele, a ironia que ficava em sua mente. Claro que ela estava esperando lá em baixo. A mulher parecia ter decido que o melhor jeito de zelar pela segurança e bem estar dela, seria ficar com total atenção em si, até esquecendo do mínimo de espaço, talvez preferisse que Vera se esquecesse novamente de ser uma mãe tão cuidadosa, mas de alguma forma a entendia. Ben em nada respondeu, apenas enlaçou um braço sob os ombros de Anita e os dois saíram rumo escada a baixo.

— Nós estamos atrasados. – Vera alegou em um tom decidido, quando os viu descendo a escada tão calmamente.

— O consultório não vai fugir mãe, eu garanto. – disse Anita, porém bem até que ela gostaria, não tinha um apresso muito grande  por ir ao médico desde pequena, e agora estava experimentando isto demais para seu gosto.

— O táxi já deve ter chegado inclusive. – a doceira ignorou o comentário ácido da primogênita.

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— Ai, minha mãe foi fabricar o comprovante de pagamentos desses exames não é possível. – Anita disse se levantando novamente do banco onde havia sentado já nem sabendo há quanto tempo. Só queria ir logo embora, mas Vera parecia ter se perdido no hospital...

— Ela já deve estar vindo. – Ben sorriu achando graça do desespero contido da namorada.

— Ai esse cheiro de hospital já está me deixando tonta príncipe. – ela acabou rindo por mais que não estivesse brincando, somente queria ir logo para casa.

— Daqui a pouco ela volta, reclamona. – Ben sorriu contagiado pelo olhar que ele via nos olhos dela, ficaria para sempre se pudesse encarando aquele olhar, a eternidade seria pouco para definir o quanto a amava, o quanto a queria ao seu lado. Anita sorriu de volta apoiando a cabeça no ombro dele, procurando uma fuga para a ansiedade que estava a atormentando.

— Hei garotinha, não corre tanto assim, filha... – uma voz um tanto quanto familiar chamou atenção dos dois os despertando de toda aquela fuga de realidade, surgindo no corredor.

— Oi gente, me desculpem pelo atropelo. – Eduardo sorriu sem graça, por achar que havia os interrompido inconvenientemente enquanto chamava atenção da filha.

— Eu só queria chegar rápido. – a menininha segurou na mão do rapaz com gentileza, tropeçando nas palavras enquanto falava.

— Eu vi filha. – o médico alegou sorrindo para Anita e Ben, que apenas tentavam entender a cena.

— Então Anita, essa aqui é a minha vitória, o presente que ela me deixou depois de tudo, um pequeno pedaço dela, minha Maria Vitória. – Eduardo explicou parte da história que não havia contado a Anita, no dia que os dois conversaram sobre a vida e suas grandes peças que às vezes ela nos prega, e que nem sempre são as melhores possíveis.  Anita sorriu com lágrimas no canto de seu olhar, que se instalaram ali sem que ela concordasse ou algo do tipo, enquanto encarava a garotinha que com um olhar inocente se quer entendia o que acontecia, estava mais entretida com a boneca em sua mão.

— Você não disse que, aquele dia bom... – Anita compreendeu a situação com emoção, seus olhos embaciados por lágrimas insistentes, pensando consigo o quão triste e o quão feliz Eduardo poderia ter se sentido ao mesmo tempo.

— Bom você meio que saiu correndo lembra.  – Eduardo riu da lembrança, enquanto Anita continha um sorriso sereno no rosto. Ben se manteve avesso a cena, não compreendendo muita coisa da conversa da amada com o médico, apenas sentiu uma forte ligação rolando entre os dois, mais continuou achando melhor não interromper, talvez Anita lhe explicasse mais tarde. – Ela nasceu no mesmo dia, em que eu perdi a pessoa mais importante, mais ganhei uma outra que seria meu recomeço, toda minha força de vontade, uma bebezinha prematura que precisa de mim mais que tudo. – ele fala emotivo.

— Eu não sei nem o que te dizer. – Anita afirmou secando as lágrimas que caiam de seu rosto.

— Diz que levou a sério o que eu te falei, somente isso. – Eduardo reforçou soltando-se do abraço terno dos dois.

— Eu sei. – Anita acenou com um breve sorriso.

 - Bom filha, dá tchau pros amigos do papai pra gente ir almoçar, que depois eu vou te deixar com tua avó. – ele preferiu se segurar em seu presente novamente, enquanto a figura pequena de sua filha o obedecia abraçando Anita e Ben. – Tchau gente tudo de bom pra vocês. – desejou o rapaz com simpatia saindo logo em seguida.


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