Apenas um olhar escrita por Eubha


Capítulo 131
Capítulo 131:




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Era um beijo saudoso, esperado, ansiado... Onde nenhum dos dois se arrependeria, não existiria espaço para mais nada, a não ser o imenso amor que os guiava. Um amor que se apossava de seus corpos, e os usava para explorar o grandioso sentimento que estava totalmente preenchendo seus corações. Certamente havia uma outra dimensão, eles estavam incrivelmente mergulhados um no outro, onde mais nada importava, a não ser aquele beijo, que parecia arrancar qualquer sentimento ruim que poderia viver dentro de ambos. Era como fogo e gelo, os queimando na mesma intensidade...

— Eu queria muito que fosse mais simples. – Anita balbuciou em puro desatino, quando pressentiu Ben a soltando devagar. Na verdade não queria, se dependesse de seu querer somente desejaria que aquele beijo não acabasse nunca mais, sonharia em estar ali com ele para sempre. Tudo que não necessitava era a continuação daquela conversa, mais mágoas, angústias, dores sendo desenterradas, e detonando com todo resto. Arrasando com qualquer possibilidade de alguma coisa boa sobrar ao final.

— E se eu te disser que é sim. – contraria ele imediatamente tocando com leveza o rosto dela. E como ela queria confiar naquilo, mas quanto mais lidava com seus dilemas, quase sombrios, tinha a prova do contrário. Nada, seria tão simples... Algo a fazia desejar, que ao menos uma vez na vida, houvesse uma maneira de se apagar tudo de ruim que nos atingia. Uma borracha mágica, que pudesse resolver qualquer tormento.

— Não, não é, pior que não é. – Anita insistiu de volta, abrindo os olhos e o encarando em meio a um êxtase de emoções que ela já não continha , não sabia mais o que fazer com o que sentia. Apenas via um sentimento descompensado, tomando conta de si, algo que a fazia sucumbir, um turbilhão desenfreado que estava à matando. Arrasando qualquer hipótese dela ainda ter esperanças...

— Anita. – Ben suspirou nervoso diante dela, mas quis ignorar tais sentimentos, só ansiava por uma conversa de paz. Onde eles pudessem corrigir um pouco, da loucura que estava suas vidas. – Eu sei que tudo que passou foi pesado, foi coisa demais pra qualquer pessoa. – ele argumentou atencioso, pedindo com o olhar que ela o compreendesse. – Eu entendo, eu entendo de verdade, mais você tem que esquecer, tocar tua vida, pensar em você, não ficar presa nesse medo todo, acredita em mim, vai dar tudo certo. – promete Ben, segurando o rosto dela contra o seu, em um pedido desesperado de suplica. Ela não podia se condenar tanto, Anita nem tinha responsabilidade de nada sozinha, não podia se condenar abruptamente, se esquecendo de todo o resto... Se esquecendo de que os erros não eram só dela... Havia muita gente errada, naquela história, muitos, mais até do que ela.

— Eu sei, eu to perdida, apavorada, confusa e até desesperada demais pra... – Anita arrastou o corpo, as pernas meio enfraquecidas, sentando a beira da cama dele sem saber muito que rumo tomar, talvez um dia quem sabe, mas nesse mais momento, seus pensamentos eram escuridão. E junto uma lágrima de desespero ficou em seu rosto.

— Mais o que, não tem mais, é isso. – Ben sorriu querendo amenizar, o olhar de quase choro dela. – Ah não ser que você, bom que o problema não seja esse. – apesar da curiosidade, falando mais alto, ele temeu por dentro a resposta que viria de volta. Porém, seu impulso necessitava saber... Bem como, seu coração, que morria a cada segundo naquela espera...

— É que isso tudo que houve. – ele continua com a voz engasgada. Anita o olha atenta mesmo sem desconfiar muito do que ele dizia, estava aérea demais para isso. A mente pesada, o corpo bambo... – E tudo que nós sentíamos um pelo outro não foi forte o suficiente pra resistir a tudo de ruim. – completa ele, o tom anestesiado, um nó apertando sua garganta. Por segundos, Anita deixou o silêncio ser a principal resposta.

— Eu nunca iria poder afirmar isso, uma parte de mim, vai continuar te amando pra sempre, mesmo que um dia... – Anita confidência falhando em controlar toda emoção que rondava seu peito. Dividindo espaço com seu coração, que batia acelerado, mas parecendo uma locomotiva desenfreada.

— Então, porque pra mim nada nunca, nunca vai mudar, acredita em mim, eu sempre vou te amar muito, eu nunca vou conseguir te esquecer. – ele garante tomado por melancolia, abrindo um sorriso de extrema felicidade e também continha ali um imenso alívio.
Anita desmontou sem planejar, esqueceu de qualquer medo que podia ter a acompanhado naqueles dias. Sem palavras que pudessem ser esclarecedoras tão rapidamente, para dizer que sentia exatamente o mesmo, ela o beijou sem avisos, ou receios. O beijou com todo amor que sentia, e os unia naquele momento. Não havia nada que segurasse toda euforia que os dominou. E muito menos a grandiosa felicidade que dominou Ben, uma alegria que não era controlada, apenas a beijou com todo amor de volta, misturada com toda saudade, ambos esqueceram-se de tudo. Ficava apenas o impulso de estarem juntos...
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— Se isso for algum tipo de sonho, juro que eu prefiro dormir pra todo o sempre. – discursou Ben quebrando o beijo apaixonado que os dois trocavam. Apesar da saudade, a necessidade de respirar também se manifestou...

— Também, vou querer dormir pra sempre desse jeito. – Anita sorriu solar, olhando em volta a pensar que talvez estivesse há muito tempo ali, na verdade não sabia, nem teria como, não se daria conta de nada além dos dois... Ela estava perdida em sentimentos, mal sabia como havia passado de sentada onde estava à deitada junto com ele... - Lamento, mais eu vou ter que te acordar, eu preciso ir. – ela falou, mas se arrependeu no outro segundo.

— Não, não, você vai ter que ficar aqui comigo pro resto da vida, ou sei lá, eu vou pirar. – Ben apelou carinhosamente.

— Eu queria muito, pena que não tem como, mesmo. – alega Anita, olhando para Ben um tanto chateada pelo fato. Seria difícil contornar a frustração por não poder ficar, mas sua razão sabia que estava certa, não iria demorar muito para Vera cair aos prantos de nervoso por dar sua falta em casa. Apesar de tudo não desejava ver a mãe tão nervosa e angustiada.

— Então, está tudo mais que resolvido, não tem o que pensar. – ele sorriu, junto ao gesto de lhe dar um selinho, como se quisesse convencer a si mesmo de que aquilo era o certo a se fazer, Anita riu por segundos, como se até se rendesse diante da situação, como se pudesse separar razão de emoção, e simplesmente tão somente, seguir seu coração. E ninguém mais que seu coração ansiava pela companhia e carinho de Ben naquele momento, no fundo só queria mesmo poder estar com ele, poder brincar de achar que poderia esquecer de todo resto, de tudo que lhe fazia mal e a atormentava. Ela o olhou compenetrada, enquanto em meio a seus devaneios em relação a si mesma, tentava achar palavras que fosse fortes o suficiente, para o convencer de todos seus motivos para ir embora.

Em meio à pleno silêncio, Ben arrastou o corpo até a cabeceira se escorando ao lado dela, que também muda apenas o observou.

— Eu juro que vai ser ruim dormir sem você hoje, é meio capaz deu até acordar amanhã, achando que eu to ficando maluco, sonhando meio acordado com você. – o rapaz afirmou, mas acabou debochando de si mesmo ao notar o olhar descrente com que Anita recepcionou suas palavras.

— Entendi, você tá quase dizendo que eu não tenho o direito de te desiludir tanto assim. – Anita ria se afastando um pouco sentando a cruzar as pernas.

— Ah é que eu iria ficar muito deprimido mesmo. – Ben respondeu com manha se aproximando por trás dela.

— Sei sim. – rebateu ela o fitando de relance atrás de si.

— A gente merece um pouquinho de tranquilidade. – Ben alegou ficando mais próximo a ela, com um abraço por trás.

— Todo de universo pra ser mais exata. – concordou Anita, tinha certeza de que não era só um desejo de Ben, era o que ela própria mais pedia a si mesma nós últimos dias também, um momento onde ela não precisasse pensar em mais nada.

O silêncio perseverou entre os dois, mas existia um sentimento bom naquela inércia toda. - Então. – insistiu ele ajeitando com enorme ternura o cabelo dela para o lado, um olhar pedinte ficou em sua face de novo, descansando o rosto em seu ombro.

— Então que você tá querendo me coagir né. – Anita fez graça com toda sinceridade de Ben, que sem lhe ouvir não a soltou.

— Confesso, não tem como eu conseguir te deixar ir. – ele afirma. Anita sorri brincalhona sem levar muito a sério todo drama dele, que guiado por entusiasmo ia beijando o pescoço dela sem nenhuma pressa.

— Ahan, e tá apelando ainda por cima. – Anita saiu de seu total estado de esquecimento o criticando risonha.

— Tem chance de funcionar. – ele indagou em tom travesso.

— Não. – ela negou, mas riu ao vê-lo nada convencido voltando a beijar seu pescoço.

— Mesmo. – Ben insistiu ainda a beijando. Anita embarcou rendida ao beijo até deixando o assunto por esquecido, nem se importando que isso poderia significar uma vitória a ele.
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— Giovana. – chama Vera ao notar a presença da enteada no ambiente.

— Que foi. – questiona ruivinha ao topo da escada, após ouvir a voz com autoridade da madrasta.

— Faz favor e chama a Anita pra jantar, desde que eu cheguei não vi nem sinal dela. – a mulher pediu atarefada com os preparos do jantar. – Fiz aquela abobrinha, que ela adora. – falou ela empolgada terminando o que fazia.

— Ela não tá lá em cima não Vera. – Giovana revela quando já descia o resto da escada com pressa.

— Como não, eu só pedi pra ela levar ao Ronaldo... – ela disse que voltaria logo depois. – Vera não conseguia se pronunciar nervosa e intrigada. O que agora ainda podia acontecer, sua família parecia estar mesmo avesso à paz.

— Olha pra ser sincero eu nem vi a Anita hoje de tarde. – Vitor opinou no assunto deixando a mulher ainda mais tensa, não poderia ser possível, a boleira suplicava com medo. – Também ela anda tão quieta. – ele contemporiza intrigado. Anita mal dava bom dia a todos, uma outra conversa então estava fora de possibilidade, a moça parecia quieta, quase invisível.

— Ah meu deus, essa menina não pode ter sumido de novo. – Vera acabou entrando em desespero mesmo não querendo.

— Calma mãe não deve ter acontecido nada. – Pedro levantou do sofá para abraçar a mãe.

— É Vera. – Giovana temeu ver a madrasta tendo uma vertigem de tão nervosa que estava. – Ela não foi procurar meu pai, então. – a ruiva pensou ser a solução, implorando para ela se acalmar. Mas seu olhar só demostrava a piora gradativa da tensão.

— Olha ele aí. – Vitor fala vendo o pai adentrando à casa.

— Ronaldo cadê a Anita. – Vera veio até a sala lhe intercalando com rispidez.

— Boa noite gente, a Anita como assim Vera, eu passei a tarde na rua resolvendo uns problemas do restaurante. – o homem disse um pouco com susto devido a pergunta da mulher.

— Mais ela foi falar com você. – Vera rebateu com impaciência. 

— Sim, mais eu pensei que ela estivesse voltado, eu tive que sair e... – Então deu certo. – murmurou ele com um sorriso astuto e pensativo.

— Como o que, Ronaldo essa menina saí de casa sem documentos, celular, se essa menina caí na rua Ronaldo, meu deus Ronaldo como você deixa ela sozinha e nem se interessa em saber se a menina voltou ou não pra casa. – ela acabou impressionada com a tranquilidade do marido, apenas ficando em pânico, ao tentar entender o porque do sumiço da primogênita. Suas palavras fugiram de seus lábios, lhe sobrou o horror de seus pensamentos. Vera parava de raciocinar...

— Vera calma, vamos conversar a sós. – o homem sugeriu mantendo sua serenidade. Não achava ser para tanto.

— Nós podemos ir comendo sem vocês. – opinou Vitor, apenas iludido por sua fome que já era enorme.

— Vitor. – Giovana ficou impressionada com o descaso do irmão e o repreendeu.

— Ué que foi. – ele olhou o pai e Vera saindo calados até o andar de cima. Estava com fome, o que havia de anormal nisso.


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— E quem te garante que está tudo bem. – Vera não ficava convencida com as explicações dele. Ronaldo se encontrava enlouquecido, só podia ser isso.

— Vera se tivesse acontecido algo ruim nós saberíamos. – ele opinou tentando acalmá-la.

— Então liga pro Ben. – a doceira praticamente o suplicou. Ronaldo bufou sem vontade, mas tentou estar controlado.

— Vera deixa os dois, depois de tudo eu acredito que eles só querem um pouco mais de tranquilidade, vamos dar um voto de confiança. – pondera o homem. A mulher saí do próprio quarto contrariada, chateada, nem sabia com o que, era uma mistura de tudo, de tudo se ruim que a chateava. Da distância e mágoa de Anita, a falta de cumplicidade das duas, tudo, tudo estava a consumindo....

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— Vem cá, porque você tem que ser tão carinhoso, tá me atrasando e eu ainda tenho que ir embora. – Anita tentou se esquivar dele, e ignorar o que sentia quando os dois estavam extremamente pertos, ignorar que a troca de beijos intensos dos dois estava a atrasando. - Vai todo mundo ficar louco atrás de mim príncipe, saí até sem celular, e provavelmente minha mãe vai imaginar que eu aproveitei pra vir entregar os cheques do Ronaldo, e assim pra sumir no mundo depois. – ela justificou manhosa.

— É de fato isso não é legal. – Ben deu bastante razão a ela. Mas, não conseguia lhe soltar.

Anita gargalhou desajeitada até esquecendo do teor da conversa desenfreada.

— Aonde tá a graça. – ele não compreende, mas não resisti rindo dela.

— Não é que, você tava tão preocupado com minha blusa, mais a essa altura estamos nós dois cheirando a suco de laranja. – alega Anita apontando para a roupa dos dois.

— Era tangerina. – Ben riu contra o pescoço dela nada preocupado, ou mesmo interessado no fato.

— O que não nos serve pra muita coisa. – ela ainda riu. – Bom também amarelo nem é minha cor preferida, mais a Bernadete é que vai ficar triste não é, acabei com o presente dela, ou você. – discursou ela, aos sorrisos, recordando o dia em que a mulher apareceu em sua casa, com a blusa ciganinha de cor amarela como presente. Bernadete estava tão empolgada que ela não teve coragem de contrariar, nos últimos dias estava tão sem ânimo que até mudou de opinião a respeito da peça, além disso era mais cômodo vestir qualquer coisa que não exigisse tanto talento para vestir sozinha em meio a um braço impossibilitado.

— Ok, eu levo isso em consideração da próxima vez, eu te prometo. – ele brinca a beijando rápido.

— Besta. – Anita implicou. - Melhor você atender. – a moça sugeriu quando junto ao silêncio de sorrisos dos dois, o celular dele tocou interrompendo à conversa.

— Perai só um segundo, só vou ver quem é, e desligo. – Ben se movimentou atrás de seu celular bastante sem vontade. Definitivamente não queria pensar em mais nada naquele momento.

— Não, pode atender. – ela afirmou por mais que aquele não fosse exatamente seu real desejo, mais ela não poderia impedi-lo de nada.

— Não tem nada mais que me interesse nesse instante. – o garoto respondeu, voltando até ela e a beijando carinhosamente, tentando desfazer a ponta de decepção que notou se formando no rosto dela.

— Ih é tua mãe. - Ben se surpreendeu com a ligação da madrasta, quando focou sua atenção no telefonema.

— Eu te falei. – Anita afirmou com um tom arredio, mesmo nem um pouco surpresa, a moça não evitou ser corroída pelo incômodo perante à situação.

— Eu atendo. – meio sem saber o que fazer, Ben a questionou, tão somente encarando o celular tocando em sua mão.

— Não, deixa que eu vou pra casa. – refletiu Anita ser a solução, Vera não se convenceria tão facilmente e nem ela queria um confronto com a mãe, talvez por não saber quais consequências isto ainda poderia lhe trazer. Ben olhou de volta decepcionado e não concordando.

— Não, não espera, por favor. – o garoto a lançou um olhar quase implorando.

— Esperar o que Ben, ela bater aqui atrás de mim, sério eu não quero papo com minha mãe, não esse tipo de assunto, não agora, eu já to perdida demais pra, enfim... – Anita alegou se levantando, junto a uma confusão de sentimentos. A única certeza que tinha neste instante era que estava farta de tudo...

— Eu não vou conseguir ver você ir embora. – Ben sorriu com tristeza pelo fato, tudo que ele mais queria, era que ela ficasse ao seu lado para sempre, ou pra ser mais verdadeiro não haveria tempo suficiente que pudesse curar toda sua saudade da moça, mas só de saber que ela estaria ao seu lado, que os dois finalmente poderiam experimentar a sensação de estarem juntos, terem um pouco de paz, tranquilidade... Seu desejo era singelo, só desejava ela ali, perto, um sorriso, uma boa conversa, ou mesmo todo silêncio, algo que abrandasse seu coração e amenizasse toda angústia de muitos dias que foi sentida.

Anita sorria com certa culpa por toda sua renúncia, no fundo também só queria ficar, por mais que tudo lhe dissesse que ela não poderia. Só queria voltar a vivenciar mais um pouco da sensação indescritível de minutos atrás, que a fez sua alma e corpo compartilharem de uma enorme felicidade que há muito tempo, Anita sabia que não estava sentindo. Ao seu lado ela sempre estaria em paz, não havia como negar, o tamanho da influência boa que Ben sempre lhe traria, sempre haveria ali, um carinho, conforto, segurança, e muito, muito amor... Um turbilhão de emoções que sempre os uniria, os ligaria em um laço de extrema felicidade. – O que você vai fazer. – a garota indaga com a expressão confusa, quando o vê desbloquear a tela do telefone e caminhar se afastando um pouco. – Ben. – Anita age repressora, quando nota que ele apenas a ignora. Somente sentindo uma onda de preocupação se fazendo maior. A última coisa no mundo que precisava agora, era um embate com Vera.

Ben somente se concentra no telefonema da madrasta, deixando os apelos da garota esquecidos por segundos. – Não, ela tá aqui sim Vera. – Ben confessa ao falar com a mulher, ficou com certa apreensão pelo que ouviria de volta pela confissão. Sem conseguir impedir Anita suspira pesado, voltando a sentar na cama do garoto.

— Olha pode ficar tranquila que está tudo ótimo, eu falo sim... – Ok, pode deixar, vou cuidar dela, boa noite. – Ben garantiu diante dos apelos da mãe de Anita.

— O que ela queria. – Anita pergunta com apreensão, quando nota o rapaz se despedir de sua mãe, virando para ela novamente. A expressão de Ben estava carregada com certa tensão, ela podia notar nitidamente.

— Disse que estranhou você não ter aparecido ainda em casa, depois que ela pediu pra você falar com meu pai, e que tava preocupada porque vai cair um temporal lá fora, e você não tinha aparecido ainda. – ele explica entre um sorriso, preferindo eliminar de si qualquer outro sentimento que não fosse tão bom.

— Você tinha notado que iria chover. – Anita riu da situação, até esquecendo da tensão com a mãe. Em parte até entendia Vera, a amava. E sabia também de seus erros que foram cometidos, a mãe tinha razão em algumas coisas, ela nem poderia negar. Ela não queria uma briga, estava evitando a base de muito silêncio, por mais difícil que fosse. Sabia que por mais ruim que tudo fosse, um passe em falso, tudo poderia ficar muito pior para ela...

— Não, mais agora você tem mais um motivo muito importante, pra não me deixar. – o rapaz garantiu sorrindo com pura alegria. Soltando o celular em qualquer lugar, definitivamente, nada agora mais, além dela, lhe interessaria. Ela só o fita com descrença. Claro que a mãe não havia ficado assim tão satisfeita, repensa Anita maneando a cabeça negativamente, diante do fato de Ben apenas se aproximar com enorme sorriso.

— Entendi. – Anita recebeu o abraço dele sem saber quais argumentos ainda usar. Nem os teria mais mesmo... Apenas sorriu com o mesmo brilho, que via refletido nos olhos dele.

— Ótimo, melhor você não bancar a teimosa não. – ele respondeu com alegria, tocando a ponta do nariz dela em uma implicância divertida. Anita rebateu com um olhar firme e sem nenhum argumento para negar, ficou quieta, o encarando.

Ben também continuou a corrente de silêncio iniciada por ela, e sorrindo radiante, começando a distribuir beijos com carinho no pescoço dela.

— Não sabia que eu adorava tanto aroma de tangerina sabia. – Ben disse em tom travesso, não contendo sua alegria, dando início a um beijo sem pressa.
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— Eu achei estranha essa história do Ronaldo, será que ele esqueceu que o Omar viajou, ou se confundiu com horário. – Anita falava intrigada com Ben, depois de se recordar do fato. O estranho é que o padrasto nunca fora assim desmemoriado.

— Talvez, ou ele fez muito de propósito mesmo. – Ben cogitou, fechando a porta do guarda roupa. Quem sabe o pai não sabia exatamente o que estava planejando quando contou suposta mentira.

— Tá exatamente pra que. – Anita virou para o rapaz seriamente confusa, não poderia ser isto. Ronaldo pensando em ajudar ao dois. Será mesmo? O padrasto assim como toda a família sempre se posicionaram completamente contrários à união dos dois, quem sabe agora até não se sentiriam aliviados em não terem que lidar mais com tal desagrado.

— Não sei, quem sabe pra você falar comigo, já que a senhorita, estava usando toda sua maestria em invisibilidade, pra fugir de mim. – ele brinca a puxando pela cintura sem avisos, deixando a moça apenas desconcertada, ao não esperar o ocorrido.

— Para, que não tem nada a ver isso. – Anita negou imediatamente, mas talvez seu riso a ele não o convenceu em nada. Era verdade, bom talvez fosse... Ela não estava mesmo muito disposta a lidar com tantos dissabores juntos, havia se cansado de tentar enxergar soluções para problemas que nunca tinham fim. Sua esperança apenas lhe levava para mais decepções, e tudo que ela mais desejava era um pouco de tranquilidade, uma calmaria que amenizasse tanta tensão.

— Não seja mentirosa menina, que até é feio. – Ben retrucou com um beijo rápido, junto a um ar provocativo.

— Ahan sei, pelo que eu sei mesmo, aliás o senhor também não me procurou pra falar comigo, mesmo sabendo muito aonde me encontrar viu. – ela devolveu a altura, o beijando com carinho de volta, quem sabe numa tentativa de abrandar a confissão magoada, que acabava de fazer por um mero impulso do momento.

— É, eu tenho que confessar que eu também me acovardei, eu não devia, mais fui deixando o medo de não estar mais com você, de te perder, me paralisar. – o garoto admite segurando com ternura a mão dela.

— Mais isso acabou viu, porque se depender de mim eu vou grudar em você, e não te solto nunca mais. – ele dizia entre um beijo e outro, onde a saudade era maior que tudo. – Bom a não ser que você não queira né. – questionou ele, enquanto os dois se olharam por alguns segundos entre sorrisos empolgados.

— Eu sempre vou te querer por perto, não ia ter como ser diferente, eu confesso que tive medo da gente não se entender mais. – Ih bom... – Anita desabafou não contendo um suspiro de alívio, não tinha como negar que estava se sentindo muito mais leve depois de toda conversa dos dois.

— Mais também chega disso né, vamos parar de pensar em tristeza, e aproveitar esse pouquinho de paz que a gente tem por aqui. – Ben sugeriu com felicidade, fazendo um carinho em seu rosto e logo ajeitando uma mecha do cabelo da garota, Anita assentiu sorridente. – Aqui Òh, tira aí a blusa da tangerina, que eu ponho pra lavar, antes que você me acuse de assassinado. – o rapaz relembrou, do incidente causado por ele, quando os dois por acaso se esbarraram, mas Ben tinha certeza que jamais acharia aquele pequeno desastre ruim. – Apesar de que a partir de hoje, um suco de tangerina, nunca vai ser só suco. – diz ele não contendo o tom de brincadeira. - Eu sempre vou agradecer por esse ato tão bondoso. – Ben deu risada alegremente, entregando a peça em sua mão. Ela até pensou em repreendê-lo, mas somente conseguiu rir junto, seu estado de euforia plena nem lhe deixaria agir diferente, jamais conseguiria esconder naquele momento que estava transbordando felicidade.

— Você adorou né, e usou muito ele a teu favor. – disse ela se recordando da cena com bom humor. - Fui atrapalhada um pouco nos meus planos de não estar tão perto assim de você. – a moça discursou com leveza.

— Muito, e eu ainda vou agradecer isso por muito. - Muito tempo... – ele garantiu os unindo num beijo saudoso com eempolgação.

— Deixa de ser chato. – Anita se afastou dele a rir.

— Que foi, to sendo realista só isso.- ele respondeu sorridente.

— Ué que foi hein. – ela perguntou receosa diante de todo silêncio dele a observar, parado sem qualquer reação. Até então ela estava mais ocupada na empreitada de se livrar da própria blusa sozinha, ignorando em parte o fato de que não estava obtendo nenhum êxito.

— Me diz como você pode ser tão linda. – perguntou ele se dividindo entre olhares encantados a ela e um semblante sorridente. O universo sempre pararia quando ele estivesse olhando para Anita, era algo irreversível.

— Quer parar, faz favor, que eu costumo ser um desastre normalmente, imagina com um braço imobilizado desse jeito. – Anita percebeu que estava cada vez pior, piorando em sua necessidade de trocar de roupa ainda estando em tais condições, nunca ficaria completamente acostumada. E naquele segundo tudo estava piorando em dobro, o olhar minucioso de Ben sob si, estava à desconcertando ainda mais...

— Ok, mais você continua muito linda, minha linda. – reafirmou o rapaz não segurando seu sorriso contagiante ao aproximar. Não havia nada que estragasse a felicidade que o dominava... E nem o beijo terno que destinava a ela naquele segundo, todo o resto poderia esperar.

— Quer ficar quieto e me ajudar aqui e parar de ficar me olhando. – ordenou ela com rigidez, afastando as mãos dele de seu rosto. Anita se calou no pedido ao vê-lo dar passes para trás, a ignorando totalmente, ele nem fez questão de uma tentativa de disfarce, simplesmente ficou perdido a observando com o mesmo olhar fascinado de antes. – Que coisa, é sério. – ela chamou atenção dele uma outra vez.

— Tá bom, tá bom. – ele agiu com ar sério indo ajudar ela.

— Eu te amo. – declarou Anita inebriada pela felicidade que a guiava por completo.

— Resolvido, não precisar mais reclamar. – Ben deu risada terminando de ajudá-la com a troca da blusa.

— E quem disse que eu vou te agradecer. – a garota respondeu a beijá-lo com um selinho brincalhão, onde não demorou muito para que os sorrisos dos dois que se misturavam, deixasse lugar a um beijo onde a enorme vontade um do outro já não estava tão facilmente sendo administrada.

— Melhor mesmo nós pensarmos no jantar. – propôs Ben a sorrir, soltando- se da cintura dela.

— Bom, por motivos óbvios não sei se vou poder te ajudar muito. – Anita percebeu não estar com muita serventia. - Também não iria reclamar se fosse pizza sabia. – ela sugeriu alegremente.

— Mais tua mãe sim, melhor a gente pensar em um outro prato. – Ben riu dela ao constatar as reclamações da madrasta caso a ouvisse.

— Ok, mais vou te confessar que eu não aguento mais minha mãe reclamando por causa de comida no meu ouvido. – Anita confessa meio ranzinza com o fato, enquanto ele lhe carregava pela mão até à cozinha.

 


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