Apenas um olhar escrita por Eubha


Capítulo 125
Capítulo 125:


Notas iniciais do capítulo

Pessoal peço mil desculpas pela falta de atualização, mais não tava dando tempo pra escrever, mas como eu disse antes não irei jamais deixar a fic sem um final, continuarei por aqui sempre que conseguir!! Obrigado a todos que estão sempre aqui, mesmo eu sendo muito relapsa... Até mais!!



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— Ao menos uma coisa boa, eu consegui, finalmente voltar pra casa.  -  ao menos essa nova decisão e novidade em sua vida Anita estava comemorando, podia ainda ter um longo caminho pela frente para se ver livre de todo aquele mau estar passado, e poder finalmente dizer que estava esquecido e superado, mas já ter saído daquele hospital lhe dava  um pingo mesmo que minúsculo de esperança.

— Sim e que bom, mas você ouviu o médico, tem que descansar, e ele só te deu alta porque você estava bem, apesar do péssimo resultado dos teus exames. -  Vera alertou cuidadosa passando  com a primogênita, e Ronaldo  pelo portão de casa. - Filha vai descansar que eu vou preparar um almoço caprichado pra você. – Vera disse empolgadíssima em ter a garota de volta ao lar.

— Eu já entendi mãe. – respondeu Anita, pensando ser melhor não contrariar, apesar da relação das duas não ter sido a mais cordial nos últimos tempos, estava tentando ao máximo não agir com indiferença e rancor diante de todos os cuidados hoje excessivos da mãe. A moça cruzou pela porta de entrada a mergulhar pelas últimas  lembranças que aquelas paredes lhe traziam, já nem sabia ao certo quantos dias ficará sem pisar pela casa da família, se sentia tão exausta que se quer havia reunido forças para pensar com exatidão em tudo que havia acontecido, só lembrou que a última conversa angustiante, de tantas que teve com Antônio se deu ali, antes de mais uma vez o rapaz quase a levar para um caminho definitivo e sem volta, Anita tonteou em extrema perturbação ao tentar organizar seus pensamentos sobre todos os acontecimentos, apenas sentindo um vazio dentro de si e um calafrio percorrer seu corpo sem aviso.

— Ah não acredito vocês já chegaram. – todos os devaneios de Anita ficaram quase esquecidos novamente quando avistou uma ruiva descendo os degraus da escada frenética a lhe chamar. – Achei que vocês iam ligar quando chegassem. – Giovana mal esperou a resposta de alguém e correu para os braços da irmã postiça.

 - E vocês não deveriam de estar na escola Giovana. – Ronaldo alertou olhando primeiro para a ruivinha e logo depois para Vitor e Pedro parados um pouco perto de Vera.

— Ah pai e dava, é lógico que a gente ia esperar vocês.  – Giovana tão logo revirou os olhos como se fosse óbvio que nenhum deles teria cabeça para assistir a aula naquela manhã sabendo que Anita voltaria finalmente para casa.

— É não deu pra ir não. – Vitor reforçou. – Bem vinda de volta Anita. – Vitor desejou com um sorriso cordial e um abraço na irmã.

— Obrigada gente. – Anita só soube sorrir docemente sentindo o carinho dos irmãos com ela, algo que parecia tão raro nas últimas semanas.

— Que bom que você tá aqui. – Pedro alegou finalmente parando de observar toda falação que rolava na sala do casarão e se pendurando abraçado a cintura da irmã mais velha.

— É bom tá aqui também Pedrinho.  – a moça afirma de volta, talvez não sabendo se tinha algo a mais a explicar aos irmãos, talvez tivesse, mas, também sabia que ainda se  via machucada não só por fora bem como por dentro e sem coragem de tocar no assunto.

— Eu vou fazer o almoço, e os três hoje passa, mas amanhã todo mundo pra escola. – Vera alegou com ternura ao mesmo tempo que usou uma expressão carrancuda por os três filhos terem matado aula.

— Vi  vantagem. – Vitor fala já sonhando com o delicioso cardápio que seria preparado pela madrasta.

— E você Anita vem cá, que eu tenho que te mostrar o novo reportório pra um mega show que a banda foi chamada enquanto você tava hospitalizada. – Giovana saiu a puxar Anita pela mão até o sofá.

— E eu tenho que te mostrar meu trabalho de ciências tirei nota máxima. – Pedro interviu segurando a mão da irmã que ainda estava livre.

— Primeiro eu Pedro, dá licença falei primeiro. – Giovana olhou para o caçula com um olhar revoltado.

— Nem uma coisa e nem outra, a Anita vai é pro quarto dela descansar, ordens médicas, e nós também pegamos um trânsito horrível até aqui, colaborem vocês.  – Vera fala fazendo os dois lhe olharem com decepção.

— Fica pra mais tarde gente, melhor não contrariar minha mãe por enquanto, eu estou com um pouco de sono mesmo. – Anita proferiu com um sorriso alegre aos irmãos, apesar de ainda estar sentindo muita  falta da presença de alguém naquela sala, mas talvez essa pessoa não viesse, ou nem tinha lembrado que ela voltaria pra casa, mas preferiu guardar para si aquela dúvida cruel, do que perguntar por Ben.

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Anita se viu entediada olhando minuciosamente a decoração das paredes de seu quarto, deitada em sua cama sem saber muito o que fazer já que havia terminado de ler o livro que havia começado pela manhã. O silêncio vindo  do andar de baixo do casarão era até estranho, estava tão acostumada a passar suas tardes na rua para não ter a companhia de ninguém e hoje até que queria alguém pra conversar um pouco que fosse. Mas possivelmente os irmãos estavam mais ocupados com seus afazeres, desistindo de pegar  um segundo livro para ler resolveu ir ver se a mãe precisava de ajuda com algo, por mais que podendo usar apenas  um braço, devido ao outro estar imobilizado,  ela não era de muita valia, mas levantou para ir falar com Vera assim mesmo.

— Mãe.  – Anita terminou de descer a escada chamando pela mulher entre as paredes da sala silenciosa. – Oh mãe. – a garota olhou em dúvida para a cozinha que assim como a sala também estava vazia.

Em meio ao silêncio ela caminhou até o sofá a sentar-se calmamente, quando todo sossêgo que rondava seus pensamentos foi interrompido pelo ruído de alguém batendo a porta.

— Esquisito, quem será. – a moça cogitou consigo mesma quando ergueu-se sem muita pressa para abrir  porta.

E de repente aquele mísero segundo que você sente todas as emoções possíveis se instalarem dentro de si ao mesmo tempo,  o coração a mil, a boca seca, a voz que falta, o corpo gélido e coberto por calafrios, as pernas completamente leves e sem reação, e  foi exatamente assim que Anita se sentiu ao escancarar a porta e ver a figura do vulto que se encontrava parado.

— Anita, oi... – Ben fala não entendendo o estado de inércia da garota que apenas lhe olhava sem esboçar qualquer reação.

— Tá tudo bem. – Ben quis compreender com os olhos confusos.

— Ah é... – Entra. – Anita proferiu se afastando da porta para que ele passasse. – Você tá procurando o Ronaldo, ou alguém, eu nem sei deles, até minha mãe sumiu. – ela alega em  um tom contido procurando agir com o máximo de naturalidade, mas internamente se sentia tola por desconfiar que não estava conseguindo, e isso só piorava seu estado de nervoso.

— É meu pai pediu pra mim pagar esses boletos dos fornecedores hoje cedo, mas ele não apareceu pra procurar, Omar disse que ele saiu depois do almoço e ainda não voltou. – Ben justifica tranquilamente observando Anita inquieta parada perto ao sofá.

— É eu não vi ele falar nada. – Anita respondeu o vendo depositar as pasta que trouxe consigo sob a mesa de jantar.

— E você como tá, eu queria ter vindo mais cedo, mas não consegui, passei horas esperando pra uma entrevista de emprego. – explicou ele com uma expressão de receio.

— Tudo bem, não precisa explicar. – Anita disse num tom de lamento que ela tentou esconder, era pedir muito qualquer coisa dele depois de tudo o que foi passado, era apenas mais uma consequência de toda sua escolha, e Ben até que tentou lhe alertar, no fundo Anita sabia que não teria coragem de exigir nada dele. Por segundos Ben quis decifrar o silêncio que ficou entre os dois.

— Mais e o trabalho, você conseguiu. – perguntou ela trocando propositalmente de assunto.

— Pois é, daí vem a parte frustrante perdi horas por nada. – revelou Ben um pouco cabisbaixo.

— Eu sinto muito, por tudo, por você ter perdido teu emprego e agora... – Anita afirmou com  a voz carregada por culpa.

— Claro que não, você.... – Ben a cortou de imediato se preocupando com os pensamentos angustiantes da garota.

— Ai filha me desculpa, mas é que eu tive que dar um pulo correndo no galpão quando a Bernadete me chamou, não queria ter te deixado sozinha. – Vera proferiu entrando apressada pela porta, nem conseguindo notar a concentração dos dois jovens um no outro. – Oii Ben, como tá meu filho. – Vera disse animada.

— Não foi nada mãe, eu tava entretida lá em cima nem tinha dado por tua falta. – Anita quebrou o silêncio disfarçando para a mãe  a forma apreensiva que olhava para Ben.

— Quer um pedaço de bolo filha, acho que ainda tá quentinho. – a doceira argumentou, largando a travessa que trazia consigo no balcão da cozinha.

— Pode ser. – Anita responde, pensando para si mesma que tanto fazia, ou talvez nem fosse a hora e muito menos o lugar para ter tal conversa com Ben... Ou talvez eles nunca conseguiriam esse feito, ou de fato não era mais para ser, tudo havia se acabado.

— Vai querer um pedaço também Ben. – Vera indagou ao enteado que parecia distante.

— Obrigado, mais eu tenho que ir, fica pra depois. – ele alega meio tenso, e não contendo suspirar com decepção.  – Tchau. – o rapaz se despediu deixando o local após um meio sorriso forçado.

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— Oi. – Já pela noite Serguei resolveu fazer a visita que devia a amiga, mas que durante o dia não pode realizar devido ao enorme movimento de clientes que teve no salão.

— Oi como você tá. – Anita sorriu brevemente ao avistar o amigo cabeleireiro parado a porta.

— Ótimo minha linda. – o garoto responde correndo para lhe dar um forte e terno abraço. – Mas, não seria eu a fazer essa pergunta não, posso saber porque dessa carinha angustiada... – ele tenta entender no instante que seus olhos captaram no rosto de Anita, uma expressão abatida e meio melancólica. – Tudo bem, que você esta um tanto reclusa, mais não é motivo pra isso é. – ele disse rumando a poltrona vazia perto da cama da amiga para se acomodar.

— Ah sei lá. – Anita intercalou, um pouco também não sabendo o que se passava consigo, mas ao mesmo tempo não sabia como acabar com àquela sensação de pura abatimento que teimava em lhe fazer companhia.

— Vai me conta o que está assombrando essa cabecinha. – Serguei implora sorrindo carinhosamente para ela.

— Talvez seja isso sabe, nem eu sei direito Serguei. – iniciou ela soltando um suspiro carregado por tensão. – Eu passei tanto tempo tentando me livrar disso tudo que agora... – Agora eu nem sei o que fazer com minha liberdade, é isso eu pensei que quando isso acabasse iria ter minha vida de volta, mas não, tá tudo embolado, e eu to jogada no meio desse mar de desavenças que eu mesma criei, não sei e nem consigo nadar até a maré. – a menina confidencia repleta de pesar, engolindo em seco a lágrima que estava prestes a escapar de seu olho. – É tudo novo, como se só agora eu me desse conta da destruição que eu trouxe comigo, nada que eu deixei antes tá igual, e talvez nunca mais fique... – E ver o olhar de susto, de pena, de repulsa das pessoas, ao passe de que elas até me condenam e crucificam sem  saber de nada, também não tá me ajudando em nada lidar com a minha nova e solitária vida. – disse ela entristecida.

— Hei você não pode se desanimar agora, justo na hora  que você tem que ser firme, pra colher a paz que você tanto lutou minha amiga. – Seguei sorriu otimista.

— Talvez eu tenha cansado disso também Serguei, ser tão forte pra nunca ninguém tentar um pouquinho que fosse se colocar no meu lugar. – fala Anita sem crer muito.

— Tem mais coisa aí né, a principal, o Ben, vocês não se entenderam. – o ruivo alegou notando o que  mais afligia a amiga.

— Que jeito, nem conversar a gente consegue, mais o pior ainda é que eu a sinto que a gente perdeu o contato sabe Serguei, depois de tudo, viramos dois estranhos um pro outro, como se àquela ligação toda não existisse mais, e eu não vou mentir isso tá me fazendo muito mal. – Anita confirmou as suposições dele.

— Procura ele Anita, é o mínimo que vocês merecem depois disso que vocês viveram, uma conversa franca e sincera. – opinou Serguei lhe dando um abraço para confortar.

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No dia seguinte Anita optou por seguir o concelho dado por Serguei na noite anterior, e ir procurar Ben, no fundo o ruivo tinha razão adiar aquele desfecho, seja ele bom ou ruim, só iria torturar ainda mais seu coração e atrasar sua vida, a moça então aproveitou a casa vazia, e a fugidinha rápida da mãe para ir até o galpão onde era produzido seus quitutes, que neste momento estavam totalmente sobre encargo das mãos de Bernadete e Micaela, já que Vera havia optado por ficar trabalhando numas encomendas menores em casa mesmo, para poder ficar de olho em Anita... A moça não hesitou em usar a saída de urgência da mãe para sair logo atrás rumo ao Embaixada do Gol em busca de Ben, mesmo que Vera lhe dissesse poucas e boas por sair de casa ainda não estando  apta para isso, mas ela estava  plenamente decidida a mudar o rumo de sua vida naquele momento, não dava mais para viver com aquele peso lhe rondando como uma assombração a todo momento.

 - Bom dia... –Anita proferiu buscando juntar toda sua calma quando entrou pelo local, ainda vazio para aquela manhã que a recém se iniciava.  - Omar você viu  o Ben, eu entrei lá pelos fundos e bati no quartinho mais ninguém respondeu, você sabe dele. – ela   perguntou apressadamente se apoiando no balcão, no instante que seus olhos lhe guiaram para o rapaz trabalhando atrás do mesmo parecendo entretido com seu serviço.

— Ah oi Anita, como você tá. – Omar virou para ela com um largo sorriso simpático soltando sobre o móvel a flanela que usava para tirar o pó das prateleiras atrás de si.

— To melhorando. – a garota deu como resposta também sorrindo, por algum motivo no dia de hoje ela podia dizer que estava um pouco melhor do que ontem, acordou com a sensação reconfortante que era ter seu coração se enchendo de esperanças novamente.

 – Ele tá ali óh.   – Omar exclamou ainda feliz pela resposta da moça sorrindo a sua frente.

— Obrigado. – Anita agradeceu se direcionando devagar para o local virando a parede que escondia um trio de mesas quase imperceptíveis de onde ela estava anteriormente. Aquela sensação de descontrole de suas ações da tarde anterior havia voltado com tudo novamente, mas quando Anita direcionou seu olhar para o lugar apontado por Omar, ainda estando não muito próxima dele, toda esperança de seu peito havia se apagado como uma luz, apenas deixando a escuridão emanar de novo, as batidas de seu coração que antes eram de um misto de surpresa e dúvida, agora se aquietaram como um sinal de pura angustia e decepção,  mais uma vez o chão estava se abrindo a seus pés, e por um segundo Anita desejou que isso não fosse só uma sensação, ela queria que fosse real para sumir rapidamente dali.

Continua...


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