Apenas um olhar escrita por Eubha


Capítulo 124
Capítulo 124:


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada por acompanharem e me desculpem pela demora!!!!!



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— Mãe pode sair pra almoçar, também não precisa grudar a bunda nessa cadeira e não sair nunca mais.  – Anita insistia com Vera preocupa já com sua renúncia em não lhe deixar.

— Anita estou sem fome. – Vera sorriu docemente se negando, só queria ficar ali com ela.

— Mãe olha, tudo bem que eu tive que comer aquela água sem gosto que me deram, mais vai  tá porque você está me deixando, preocupada aí, não fica sem comer. – Anita suspirou tentando ser paciente.

— Oi, posso entrar. – Ben bateu na porta logo surgindo, Anita apenas esqueceu do que cobrava da mãe, estendendo até o garoto um olhar terno, que também escondia certa alegria contida por vê-lo novamente.

— Ótimo Ben, agora leva minha mãe pra almoçar, porque ela só pode estar querendo fazer dieta nessa idade. -  pede ela ao rapaz.

— Eu só não quero te deixar só minha filha, Sofia disse que vinha ficar com você e não deu notícias. – Vera argumentou ainda negativa.

— Ela tem  a vida dela pra cuidar né mãe e depois eu posso ficar sozinha. – garantiu a moça, realmente parecia que só ela não tinha nada a fazer naquele momento, ou mesmo uma vida para viver.

— Vera pode ir, eu fico com ela até você voltar. – afirmou Ben.

— Ok, eu vou então. – Vera levantou-se dessa vez sendo rendida. – Juízo você hein Anita, sem estripulias por hora. – alertou  a mulher.

— Ah pode deixar, eu já verifiquei mesmo a altura da janela pensando em fugir, mas acabei me acovardando.  – a garota brincou cheia de ironia, o que de mais ela poderia fazer no meio daquele tédio todo, só a mãe que sempre estava desconfiando dela para pensar mesmo.

— Eu já volto. – Vera falou com ar de riso saindo a fechar a porta.

— Então. – disseram os dois em uníssono, apenas conseguindo notar um sorriso sem graça formar-se em seus rostos.

—  Fala, pode falar. – pediu Ben entre um suspiro contido.

— Não é nada, tua mãe teve aqui hoje mais cedo ih... – Anita iniciou explicar-se receosa.

— Ah Anita o que minha mãe veio te dizer, não né ignora. – Ben alegou não muito interessado no assunto.

— Não nada, ela só me disse que já tá tudo certo pra vocês embarcarem. – Anita respondeu querendo esquecer a tristeza que lhe dominava.

— Pra ela você quis dizer,  lamento muito que ela vá insistir nisso até o último momento, mas minha decisão já foi tomada. – ele disse sendo taxativo.

— O que... - Eu acho que, quem sabe tua mãe tem razão, não acho que ela esteja fazendo isso só pra te prender ao lado dela, mas sim porque ela sabe que pode ser o melhor. -  afirma ela lhe lançando um olhar penalizado, talvez tivesse mesmo que matar sua angústia, e se acostumar com a perda, e que o rumo de sua vida daqui pra frente, seria outro e totalmente diferente do que foi sonhado.

— Anita, não importa e também nem é hora pra gente discutir isso, se preocupa com você só com você, o resto pode esperar. - Ben respondeu preferindo não pensar onde aquela conversa terminaria, não queria pensar que todo pessimismo de Anita, significasse outra coisa, apenas um fim e nada mais.

— Oii. - Julia chegou batendo à porta, interrompendo os olhares angustiados dos dois.

— Entra Ju. - Anita despertou-se dizendo entre um sorriso fraco.

— Vim te ver. - revela Julia se aproximando alegremente.

— Bom eu vou deixar vocês conversarem. - informou Ben, se erguendo para ir embora. - Se cuida viu. - suplicou ele.

— Vou tentar. - alegou Anita sorrindo.

— Tchau, tchau Julia. - Ben se despediu antes de ir embora.

— E aí como você tá. - Julia questionou sentando na cama junto com ela.

— Ai Ju, por fora meio arranhada, na alma perdida, emocionalmente, eu não consegui processar sabe, minha cabeça gira quando eu tento, parece que eu parei no tempo, ou sei lá. – Anita desabafou não sabendo mesmo como se expressar.

— Vai ficar tudo ajeitado, você vai ver. – Julia aconselhou segurando a mão dela. – E eu não devia de ter vindo né, você e o Ben... – Julia ficou com receio de ter os atrapalhado.

— Não que isso, deixa pra lá, eu nem sei o que conversar com ele mesmo, eu destruí minha relação com o Ben Julia, não sei se tem conserto. – Anita disse, o que já vinha percebendo sempre tomado por angústia.

— Não pensa nisso agora, você tem que ficar boa pra ir embora daqui, e mais eu tenho certeza que vocês vão se acertar, você vai ver. – ela quis animar a amiga.

 - Quem sabe, mais me conta de você, da escola, qualquer coisa que me anime e me faça esquecer de mim. – sugeriu Anita, querendo se livrar um pouco de seus receios.

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— Oi tá sozinha. – o médico de Anita entrou no quarto pacientemente.

— Ao que parece. – Anita respondeu não muito afim, suspirando um tanto entediada por não poder sair daquele hospital o mais rápido possível.

— Bom é, vim fazer uma visita rápida. – o rapaz foi entrando a andar lentamente já se aproximando da cama.

— De médico.  – Anita resmungou de volta ainda com o olhar na revista que folhava.

— Como... – ele indagou distraído não prestando atenção no que ela havia sussurrado.

— Não, nada. – Anita ergueu o olhar parecendo imaginar sua cara de pura timidez. – É que as pessoas não costumam dizer por aí, que as visitas de um médico são sempre rápidas, bom pelo menos é o que se costuma rebater, quando alguém vai a tua casa pra uma simples visita, sem grandes delongas. – justificou ela paciente.

— Bom, de fato talvez. – ele sorriu sem discordar. – Eu vejo que  você já está mais disposta. – disse o homem pensando que a estádia dela no hospital, poderia estar com os dias contados, logo poderia liberar sua paciente.

— Não sei se disposta, mas entediada de olhar sempre pras mesmas paredes, acho que sim. – afirmou Anita já tremendamente agoniada com sua situação.

— Bom teus exames ficaram prontos, a anemia foi confirmada, eu já prescrevi a medicação pra enfermeira inclusive, fora isso você tem tudo pra sair logo daqui. – comunicou ele. – É claro que isso incluí também uma boa alimentação, e um pouco de tranquilidade, tudo se ajeita. – recomendou.

— Então melhor mesmo seria se eu nascesse de novo. – Anita imaginou que não teria tranquilidade tão cedo, provavelmente depois que saísse dali teria ainda muitas explicações a dar.

— Eu não tenho nenhuma opinião formada quanto ao assunto, mas eu diria que a muitas formas de se nascer de novo, talvez para isso não precise que a vida se acabe. - declara o jovem médico, olhando atentamente para Anita que por um segundo teve enorme vontade de lhe perguntar o porque de tal afirmação, mais a moça se viu recuando ao se dar conta de que ele era só um estranho.

— Heiiiii tamo entrando, pra acabar de vez com tédio da doente aí, pode animar, porque nós viemos preparadas. – Flaviana escancarou a porta de maneira destrambelhada com Sofia logo atrás, quebrando completamente o  silêncio misterioso que unia Anita ao rapaz.

— Tudo bem. – ele indagou virando para as duas com um leve sorriso descontraído.

 - Agora com certeza. – Flaviana falou distraidamente enquanto encarava o rapaz dos pés a cabeça.

— Flaviana, tudo sim, a gente veio ficar com a doente. – Sofia deu um sorriso amarelo plenamente constrangida pelo jeito avoado da amiga, apesar de conhecê-lo desde sempre.

— Claro, Eduardo, prazer. – proferiu simpático estendendo a mão a uma Flaviana quase sem reação. – E eu vou indo, tenham uma boa tarde. – desejou ele a sair em seguida pela porta.

— Minha nossa, quem é esse deus, eu quero ficar doente também, se for assim. – a morena continuou a tagarelar, a por um segundo Anita se permitiu rir despreocupada de toda situação.

— Que é hein Flaviana, não tinha ficado séria depois que começou a namorar o Serguei, olha que a Anita é a melhor amiga dele, te cuida – Sofia alfinetou jogando sua bolsa em um canto qualquer vindo sentar na cama perto de Anita.

— Sim ok, e deus sabe que eu amo ele, mas acontece que eu não sou cega, dá licença. – a patricinha justificou soltando a pilha de revistas que carregava em uma mesinha que havia perto a porta.

— É realmente né, pra quem já pegou entregador de pizza, o que é cantar o médico bonitão aí. – a loira retrucou com desdém.

— Já falei que o entregador... – Ah Sofia... – Flaviana agiu com pirraça com a amiga.

— Não gente só vocês pra me fazerem rir, do jeito que eu to, nesse momento aqui, só vendo viu. – Anita alegou achando graça das garotas.

— Mais diz aí Anita, ele é casado. – Flaviana insistiu em saber.

— E eu é que sei, porque você não perguntou pra ele, cada uma que viu. – Anita ficou  rindo um tanto perplexa.

— Flaviana chega né, que pieguice.  – Sofia ordenou que a amiga esquece-se seus rompantes de paixão platônica pelo médico.

— Tá bom ok. – Flaviana se rendeu. – Mais e aí, pronta pra saber tudo de moda. – ela afirma segurando uma revista empolgada.

— Ah é, é esse o programa infalível que vocês têm pra mim. – Anita sorriu incerta, e imaginou que talvez chamar a enfermeira e lhe pedir um calmante para dormir por toda a tarde não fosse tão ruim, já que no dia anterior ela recusou tal oferta.


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Notas finais do capítulo

Eduardo, médico ( representado por Daniel Rocha).



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