Apenas um olhar escrita por Eubha


Capítulo 112
Capítulo 112:


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a todos.



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– Anita. – Ben repetiu o nome da garota, não escondendo que ficou impactado com o pergunta feita por ela, fazia dias que não a olhava nos olhos, desde o episódio com Drica, que mais uma vez Anita havia lhe deixado contrariado com sua insistência em seguir cedendo às chantagens de Antônio. Os caminhos dos dois pareciam tão distantes um do outro, ambos pareciam partilhar da certeza que caminhavam para um abismo que os afastava cada vez mais, mas nenhum tinha de onde tirar forças suficientes para reverter aquele pressagio de tempestade que cada vez mais se aproximava de suas vidas, os dois viviam uma confusão em seus pensamentos e alma que os atormentava roubando o pouco de animo que ainda os restavam.

– Você vai embora, é isso. - Anita repete a pergunta e o olhar emotivo a Ben não pode deixar de ser notado por ele, por um segundo ele a encarava atônito e sem saber como explicar. O padrasto e a mãe do garoto também não se pronunciam, apenas os olham com atenção, e o fio de tensão que os uni acaba sendo facilmente percebido.

– É talvez. - Ben responde sem confirmar. Sem saber como se portar diante do que ouvia Anita faz força para disfarçar seu corpo que se convalesce com a notícia enfraquecido, talvez seu maior medo até ali, até maior do que lidar com a loucura de Antônio e o ela poderia causar, estava se confirmando, ela não teria Ben em seu futuro, toda luta, todo sofrimento vivido e superado por ela, não teria valido de nada... Anita só não sabia como lidaria com aquilo, ela só esperava, caso o fato se concretizasse que não fosse como ela sempre cogitou, que ela não conseguiria. Tinha que conseguir, julgou dentro de si mesma, enquanto pensamentos atordoados passavam por sua mente.

– Desculpem gente, acho que... – a garota quebra o silêncio e espanta seus devaneios desfazendo o ar calmo que pairava pela sala, apenas se dando conta de que Ben a olhava aflito, assim como sua cara deveria estar, já por dentro Anita se via anestesiada. - Eu os interrompi não é, eu não sabia que vocês estavam tendo uma conversa séria. - garante Anita, ao perceber os olhares arredios dos outros dois que estavam presentes, que só agora a menina parecia notar, já que quando entrou ficou inércia em todo medo que sentiu em lidar com a hipótese de que Ben estivesse mesmo de malas prontas para retomar a Miami.

– Não imagina Anita, eu só estava tentando colocar um pouco de juízo na cabeça do Ben, bom com licença, preciso resolver algumas coisas. - mesmo falando de um jeito educado Anita não pode deixar de perceber o tom seco com que Cícera se referiu a si. O que ela queria, era a única culpada, seria estupida achar que ganharia um parabéns, por ter trocado o filho da mulher por Antônio em tempo recorde, estava agindo como uma louca aos olhos de todo mundo mesmo, até Vera a olhava com indiferença e mal se aproximava para uma conversa, o que mais esperar de Cícera.

– Ronaldo, eu queria falar com você. - informou Anita, ainda impactada, olhando de relance para Ben.

– Pode esperar um pouco Anita, eu preciso resolver algo urgente no restaurante, mas prometo que não vou demorar ok. - Ronaldo discursou solicito, não sabia mais como ajudar filho e enteada, desde que a garota revelou toda verdade a ele, já não sabia o que era uma noite tranquilo de sono, apenas dormia pesado quando o cansaço de sua rotina pesada lhe dominava.

– Tá, tá bom eu espero, pode ir. - a menina não discordou, talvez precisasse mesmo era de um canto escuro e vazio, para permitir que suas lágrimas que prendia sua respiração e atormentavam seu olhar, toda vez que ela tentava ignora-las, pudessem cair em paz, sem que ela precisa-se explicar qualquer coisa que fosse.

– Voltar pros Estados Unidos, você nunca gostou nem de falar da possibilidade. - ela voltou a pedir uma explicação a Ben, no momento que o padrasto saiu pela porta de casa.

– É, muita coisa mudou mesmo, não é. - Ben afirmou esboçando um leve sorriso, enquanto caminhava até o sofá. - Iria fazer diferença pra você. - ele não resisti e acaba perguntando.

– Você sabe que sim. - Anita responde sincera, parando de costas para o garoto. – Porque, você não acredita. - Anita pergunta, ao ver o silêncio se instaurar entre os dois.

– Eu não tenho motivo pra isso. - Ben da meia volta parando na frente dela a deixando encurralada.

– Não fala assim, eu não sou tão indestrutível quanto aparento. - ela confidencia, o olhar acuado lançado a ele, levava também consigo parte de sua tristeza que era remoída diariamente. Parecia presa a algo que sabia que tinha que se livras, mas Anita não conseguia, não conseguia... Só continua com aquela sensação de impotência carregada a angustia a guiando.

– E nem tão desconhecida aos meus olhos, ou menos não o quanto você quer ser. - Ben devolve com outra indireta. - É mais insistência da minha mãe, ela está indo embora por esses dias, e o que eu prometi pra ela quando embarquei nessa viagem quase que impulsiva, está sendo cobrado, ainda mais agora que eu faço parte do grupo de estatística dos desempregados desse país. - conta ele, suspirando para afastar a tensão, e logo sorrindo de forma serena para ela. Podia até ser tolo, e nem significar nada, mas para Ben, que o olhar receoso que via no fundo dos olhos de Anita, significava que ela temia vê-lo indo embora, lhe deu certa alegria.

– Como assim, você perdeu o emprego, mais por que. - Anita fica sem entender e ainda mais preocupada e insegura, se movendo até o sofá.

– Isso é uma longa história, que provavelmente você não vai gostar de saber. - ele diz. - O que você fez no joelho, se machucou. - Ben só agora percebia o joelho pra lá se ralado da garota quando a ver sentar no sofá.

– Pulei o muro da casa da Maura, o que dá aqui pro quintal, mais isso também é uma longa história. - ela retruca dessa vez com um sorriso.

– Você não tava tentando se assassinar não né, porque acho que mesmo toda atrapalhada, até pra você seria meio baixo pra isso. - ele brinca se aproximando dela, e ajoelhando ao chão a sua frente segurando suas mãos. Anita acabou rindo, ah como ela sentia falta daquele bom humor, que mesmo implicante a fazia ser otimista e ver o lado bom de qualquer coisa por mais desastrosa que tivesse sido.

– Baixo, só se você olhar de baixo mesmo, porque lá de cima é pra lá de alto. - ela ironiza, ignorando o comentário dele a alfinetando. - Será que a gente podia conversar. - Anita indaga temendo receber um “não” como resposta.

– Conversar, mas nós estamos fazendo o que Anita. - ele diz, fazendo graça, tentando disfarçar seu estado de nervoso com o pedido meio inusitado da garota. Era tão mais comum nos últimos tempos a vê-la correndo de si.

– Eu sei, tá bom, soou estranho. - a garota alegou meio sem jeito. - Eu queria conversar outra coisa só isso. - ela quis explicar-se.

Ben soltou a respiração devagar sem respostar que aceitava. - Você não vai ficar com medo do Antônio chegar e flagrar a gente. - Ben não conseguiu ficar sem provocar, era só essa a única preocupação dela ultimamente, julgou severo em pensamento.

– To preferindo correr o risco. - Anita respondeu, com impaciência, segurando firme na mão dele que se encontrava sobre a sua, e o puxando com destreza para o andar de cima.

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– E se foi o Antônio Ben. – indaga Anita depois de ouvir o que atenta o Ben lhe contava.

– Não seria viajar muito não. – o garoto resisti em acreditar, que Drica estava apenas envolvida em uma das falcatruas de Antônio, quando armou tão cena no colégio, que se fez em fotos na mesa de seu chefe no cursinho de inglês.

– Sei lá a Cícera vai embora, e justo agora acontece isso, o Antônio não é tão louco quanto parece Ben ele conhece tudo com muitos detalhes a volta dele. – ela diz ainda encafifada com tanta coincidência.

– Ah óbvio que eu me esqueci de que você conhece bem até demais o Antônio, não é. – Ben rebateu, a lançando um olhar que condenava.

– E você deva de parar de achar que Antônio está de blefe. – Anita acaba irritada.

– Pode até ser, mais enquanto isso não acontece, ele termina com qualquer resquício de sanidade que nós passamos ainda ter. – afirmou ele sem rodeios.

– Bom, você deve estar falando por experiência própria não é, já saiu beijando a Drica. – dispara Anita, o sorriso falso enquanto olha para ele fica evidente.

– Vindo da garota que ficou noiva do Antônio, também nem deve ser nada de mais. – Ben devolve o olhar de ciúmes em cima dela acaba sendo evidente. O silêncio acompanha os olhares impacientes que a garota lhe dá como resposta. – Dá próxima vez que você for cair de algum lugar, toma mais cuidado, pode não dar tanta sorte. – argumentou ele, terminando de arrumar o curativo.

– Minha alma deve estar mais esfolada que isso. – retruca ela, se se importar muito com o fato. O tom de ressentimento prevalece.

– Marcas que jamais nos abandonam, talvez. – ele balbuciou se erguendo. – Acho que eu tenho que ir. – comunica Ben, junto a um olhar arredio.

– Tá bom. – Anita aceitou, e mesmo querendo sabia que lhe faltava coragem suficiente para pedir que ele ficasse. A Garota apenas saiu de onde estava e caminhou até a porta para abri-la. – Obrigada pela ajuda. – agradeceu baixinho.

– Não de que... – ele respondeu entre um olhar disperso a ela.

– Tchau. – despediu-se desconcertada, fazendo gesto de virar para dentro do quarto novamente.

– Anita é... – Toma cuidado, se o Antônio descobrir que você mexeu nas coisas dele, e que está sabendo do que nem podia desconfiar. – Pode não ser nada seguro, então não fica muito tempo guardando essa história sozinha. – pediu Ben, impulsivo segurando o braço dela.

– Eu não vou, preciso resolver essa história antes que ela me sufoque de vez Ben. – admite a garota penalizada. A tensão contida entre os dois, acaba virando um forte abraço, talvez nunca mais quisessem se soltar, já que isso significaria continuar com o curso normal das coisas, e um longe do outro, parar o tempo nunca foi tão conveniente como naquele momento. Ao se afastarem o olhar confuso, reflete nos olhos um do outro, o medo das palavras se faz em silêncio, a proximidade exagerada de ambos, soava como uma corrente elétrica, que era descarregada em puro impulso que inquietava suas respirações.. Impulso de aproximarem-se ainda mais, até que nada os impedisse de renderem-se a vontade de um beijo urgente.

– Anita nós podemos conversar agora se você quiser. – Ronaldo surge ao corredor e os interrompe mesmo sem querer, ou os perceber tão juntos.

– Tá. – Anita assente, no momento em que Ben sai de perto de si, e recolhe a mão pausada em seus cabelos. Mal sabendo há quanto tempo o padrasto estava ali, afinal não sabia com detalhes e precisão quantos minutos haviam se passado enquanto os dois estavam imóveis sobre a saída da porta.

– Eu vou indo também, tchau pai. – Ben se move para fora, se despedindo ao passar por ele.


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