Apenas um olhar escrita por Eubha


Capítulo 113
Capítulo 113:




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– Ai Ronaldo, eu não sei se eu consigo esperar... – Anita chegava de volta da delegacia, ainda mais aflita do que quando resolveu ir até lá, saiu de casa com o padrasto com tanta esperança que a partir dali estaria livre pra sempre de Antônio, mas parte de sua esperança e otimismo havia se transformado em um grande e cheio balde de água fria.

– Anita nós vamos ter que esperar, mais do que nunca é preciso ter paciência. – Ronaldo quis argumentar com a enteada.

– Ih se não der certo, o delegado afirmou que vai investigar o Antônio, mesmo depois que o psicólogo da instituição confirmou que ele está fora de si... – Ai se ele descobrir o que eu fiz ele me mata, e se não der em nada Ronaldo. – a garota não conseguiu conter o pânico enquanto falava.

– A gente vai ter que confiar, parado no mesmo lugar é que não dava pra nós ficarmos. – o homem ponderou.

– Eu sei, tomara que eu não me arrependa mesmo, essa história tá ficando insustentável. – admitiu Anita, que vivia com uma espada em sua cabeça e temia muito a ver cair, conseguindo assim lhe destruir por completo. – Quinze dias Ronaldo é muito tempo, tomara que passe rápido. – Anita desejou querendo muito confiar.

– Eu vou voltar pro restaurante, e infelizmente, por enquanto é melhor nós não falarmos nada para o Ben, o advogado nos pediu que não envolvêssemos mais ninguém não é Anita, vamos acatar. – afirmou Ronaldo querendo cumprir as ordens que foram recebidas.

– Não acredito que eu vou ter mentir pro Ben. - ela ficou com raiva de si mesma.

– Omitir, não é algo correto Anita, mas se for pra esse pesadelo ter fim, vamos respeitar. – ele tentou tranquilizá-la de algum jeito.

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Dois dias depois...

– Vim jantar em família. – Antônio surgiu na porta do quarto das meninas, encontrando Anita rabiscando algo num caderno.

– Ih vou descer que o ar aqui pesou de repente. – Giovana saiu pela porta não escondendo a impaciência com a cena.

– Pois jante se quiser, eu não vou descer. – Anita respondeu ,sem a menor cerimonia ou preocupação porque estava sendo grossa.

– Antônio a encarou com um sorriso descrente, Anita baixou a cabeça e continuou a imergir em seus pensamentos, rezou em pensamentos de que quando levantasse o olhar novamente ele não estivesse mais ali. – Você está esquecendo do nosso trato não é, qual foi Anita, você não está fingindo muito bem sabia. – Antônio proferiu a confrontando. – Nós vamos jantar sim, agora é questão de honra. – ele ordenou que ela descesse com ele imediatamente.

– Eu não to com fome já disse. – Anita sustentou bufando irritada.

– Desce agora comigo. – Antônio afirmou tentando controlar seu jeito alterado, quando arranca o caderno das mãos da garota.

– Ok, tá bom. – Anita se levantou em extremo deboche e raivosa pela situação. – Só não sei porque tanta insistência, minha família te detesta, pro meus irmãos colocarem veneno no eu prato seria muito fácil, e isso não seria um fato que jamais aconteceria. – ela é sarcástica. – Ah ops, eles me fariam um favor. – ela zomba, saindo pela porta.

– Você vai gostar do jantar, Hernandez me disse hoje, que uma pessoa tinha uma coisa importante pra dizer. – alegou Antônio sorrindo satisfeito, quando teria certeza que se vingaria de Anita, quando ela desce de cara com a pessoa que estava na sala. A menina fez uma careta enojada quando já chegava à descida da escada para ir até a sala, sem dar importância para as palavras dele.

E de fato ele estava certo, quando Anita já terminava de descer a escada se surpreendeu com o que via, porque Ben estava em sua sala? A garota se perguntou milhões de vezes aquilo em sua mente, nem ligou se Antônio daria um show tremendo quando percebesse seus olhos cravados em cima do garoto, ela simplesmente ficou hipnotizada sem conseguir parar de olhar para ele, enquanto tentava entender porque ele estava ali, parecia arrumado, e nervoso, Ben estava agitado além do normal, parado ao lado da mãe, já Cícera não sorriu feliz, havia algo estranho e pelo jeito Antônio já sabia o que era, por isso quase a arrastou para ali. Os irmãos como sempre falavam sem parar, Vera era ajudada por Luciana na cozinha, Ronaldo estava sentado ao lado do filho caçula, e o semblante era de quem também não estava a vontade, ela ficou em pânico enquanto captava os detalhes de forma minuciosa a cerca de sua família, sua vontade foi dar grito que abalasse toda casa, mas que alguém lhe explicasse o que acontecia ali e rápido.

Não adiantou ela ficou descompensada e sem sentir o chão aos seus pés até que a mesa fosse posta, logo depois Hernandez e Tita se juntaram a todos.

– Então eu preferia ser o algoz de uma noticia menos, não diria triste, mas impactante. – Ronaldo não sabia como contar aquilo ao restante da família, e nem Ben sabia, caiu nas insistências da mãe, mais para ela lhe deixar em paz do que por qualquer coisa, queria ter dito a Anita antes, mas só se desencontrou com a garota durante todo dia, o rapaz começou a ser dominado por uma vertigem implacável, toda vez que pensasse em qual seria a reação de sua amada.

– Fala irmão, tá todo mundo curioso. – Antônio dissimulou, já sabia o que o irmão iria dizer, ouviu toda conversa de Cícera com Hernandez mais cedo, se sentiu satisfeito e plenamente contente por seus planos estarem se encaminhando como ele queria, finalmente teria Ben para sempre longe de Anita.

– Pai, eu falou, pode deixar. – Ben esfregou as mãos pelos cabelos impaciente ainda mais por ter que ver e lidar com a presença de Antônio ali. – Eu decidi voltar com minha mãe. – o garoto murmurou, as expressão boquiabertas eram tantas, com todos mais preocupados em processar e terem certeza do que haviam ouvido, ninguém além de Antônio percebeu a cara de Anita diante da noticia, o garota parecia ter desmoronado, em seu estomago seu coração parecia bater, a sensação de angustia era terrível, e algo pesado puxava seu corpo para baixo.

– Ir embora pra onde. – Giovana se certifica de que era real, não queria ter o irmão mais velho longe de novo.

– Pra Miami, Giovana ao menos por enquanto. – o garoto explica, tirando o olhar que apenas encarava Anita.

– Não, Ben você não pode. – a ruiva fica desapontada. – A culpa é tua Anita, tá vendo. – ela se vira para olhar para a irmã postiça e não esconde a magoa.

– Gio, por favor. – Ronaldo quis intervir.

– Tudo bem Ronaldo. – Anita mal sabe de onde tirou voz para se pronunciar.

– Não, você não tem culpa de nada, que isso. – Antônio não gosta do que ouve.

– Bom era só isso, gente não vamos começar com as despedidas agora não, não é. – pediu Ben, ninguém mais falou nada, todos foram se encaminhando para seus lugares na mesa, Anita continuou parada, sem mover um centímetro de onde estava, Ben hesitava em ir até ela, enquanto a garota remoía a mesma incerteza.

– Senta Anita, vamos jantar. – Vera cortou os pensamentos da garota em meio ao burburinho que formava já a mesa. – Você deve estar mesmo contente com isso, foi isso que você escolheu não é. – a mulher soltou, não conseguia entender a filha.

– Você tá jogando uma culpa que não é minha, pra que eu pague. – falou ela tentando se defender de alguma forma, sua voz mal era ouvida. – Porque você não fez nada então, você deve estar contente mãe, sempre quis isso me afastar dele, agora conseguiu, parabéns. – o rancor tomou conta dela, e as palavras cheias de tristeza saíram de sua boca, Anita não conseguiu segurar, não mais. Sentou a mesa com os demais, após servir alguma coisa em seu prato, baixou o olhar e engoliu a comida em seco, a vendo descer rasgando por sua garganta, do mesmo jeito que o choro que ela segurava e por conta disso respirar ficava quase impossível.

Mesmo com os insultos de Vera, juntou cada prato após o jantar e os levou até a pia, o burburinho alegre na sala, acabou se dando mesmo com a noticia impactante que todos haviam recebido, o único que parecia calado era Pedro como de costume, escutar os risos e todos, só fazia a vontade de sair dali se aplacar, ela não conseguia mais rir, nem que fosse por obrigação, ficava calada na maioria das vezes, não tinha nada pra falar, e nem cabeça pra inventar encontrava, estava perdida na sua própria loucura que era só e amarga.

– Anita. – Ben chamou discreto pela garota, quando chegou à cozinha.

– O que, pretende me culpar também. – ela foi hostil, mesmo sem querer, enquanto segurava detergente e esponja, para lavar e organizar a louça, sabia que ficar parada naquele momento era o argumento perfeito para piorar tudo em sua cabeça.

– Não, eu não faria isso, e acredito que você saiba. – alegou ele, sentido pela expressão abatida que via no rosto dela. – Não vou a lugar nenhum, é só... – Ben tentava se explicar, mas a figura odiosa de Antônio retornava ao casarão, depois de se fazer de bom irmão para Hernandez quando se ofereceu para levar Tita em casa, que reclamava de sono.

– O que você quer com minha noiva Ben. – Antônio atravessou a sala com pressa, mas disfarçando e logo se juntando aos dois, Anita virou-se confusa e esqueceu da louça por um segundo.

– Vim tomar um copo d’ água. – alegou Ben, o fuzilando o irmão em um olhar de desprezo. – Fica tranquilo, mais curioso não é Antônio, se eu fosse desleal igual a você, imagina quanta coisa eu poderia ter feito e vivido com a Anita pelas tuas costas, você nunca iria saber. – disparou Ben lançando um sorriso cínico ao irmão postiço.

– Você tá querendo o que... – Antônio não disfarça que a provocação não havia descido.

– Não sei me diz você. – Ben não recua, também irritado.

– Chega, vocês não acham que deu de confusão por hoje. – Anita intervém, constatando os ânimos acalorados dos dois. Aquilo ali era um prato cheio para que nada acabasse bem.

– Eu to indo já, mas não por você seu idiota, por ela. – Ben desisti de armar uma confusão na casa da família e revolve mesmo ir embora.

– Conversar lá fora, eu e você. – Antônio informa a Anita.

– Que foi, vai querer discutir a relação que a gente não tem. – Anita ironiza, nunca teve vocação e nem estomago pra ser desleal com ninguém, mas por pior que fosse, Antônio ficar intrigado com as provocações enigmáticas de Ben, ela sabia que não eram só provocações, havia traído a certeza que Antônio tinha que ela não contaria nada a Ben, e inúmeras vezes ficou com o garoto, sem menor remorso, apenas tendo certeza de que ele era o amor de sua vida.

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– Você armou aquela idiotice com a Drica pra ele perder o emprego não é. – perguntou Anita a Antônio.

– À noite tá tão linda né, deve ser horrível nunca mais ter uma visão dessas. – o garoto respondeu com certeza ira, fitando o céu.

– Foi você, queria que ele fosse embora né. – Anita passou a não ter dúvidas.

– Talvez, o que não tem mais importância, em breve o Ben vai estar longe daqui, e nunca mais vai lembrar e você. – Antônio afirmou olhando para ela com certa ternura até.

– Ah é, ok, parabéns. – Anita se irrita.

– Que tal a gente se perder nesse céu lindo, esquece o Ben Anita, ele é só um covarde que desisti na primeira dificuldade. – alegou o garoto.

– Esquece, eu posso até pagar de tua noiva, mas em mim você não encosta. – Anita se esquivou com desprezo.

– A gente ainda vai se casar Anita, você não vai conseguir se livrar de mim tão fácil. – garantiu Antônio com um olhar de posse a ela.

– Antes disso acontecer, eu me mato, de repente morrer não é algo tão ruim, eu juro que eu me mato Antônio. – disse ela raivosa, e por mais loucura que tais afirmações pudessem ter, ela até achava mais cômodo do que ser alguma coisa de Antônio um dia. – Vou entrar. – anunciou a garota, entrando pelo portão novamente.

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Uma semana depois...

– E aí Serguei falou com ela. – Julia perguntava ao ruivo totalmente aflito.

– Não me atendeu, mas mandou massagem me dizendo que não vem pra aula, que ainda tá se sentindo tonta por conta da gripe. – Serguei contou a morena o que soube de Anita.

– Que é mentira não é, ela não tá gripada coisíssima nenhuma, só não quer vir mais pra aula, a Anita tá muito estranha, ai Serguei, ela tá abatida demais eu não sei mais o que fazer. – Julia diz já desesperada, todas as duas tentativas de arrancar Anita do casarão foram em vão.

– E pior é que ela tá perdendo aula né, há um monte de dia já – o ruivo disse também não entendendo o que se passava com a amiga.

– Eu vou dar um basta nisso. – Julia afirmou se decidindo a não prolongar mais aquilo.

– E como? – o ruivo se assusta.

– Falar com a única pessoa que ainda pode ser capaz de tirar a Anita de casa, nem que seja a força mesmo. - afirma ela tensa. – Porque eu não consigo mais, já tentei de tudo. – a morena alegou.

– Pra quem? – Serguei se perde no falatório dela.

– O Ben, não tem outro jeito. – Julia fala em um tom óbvio.

– Mais ela não te disse pra não falar nada com ninguém, principalmente com ele. – o garoto exclama receoso.

– Dane-se eu vou falar. – Julia afirmou.

– Ele estava lá na sala, quando eu cheguei. – revelou Serguei, ainda não muito convencido.


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