Muito bem, Sakura, pense.

– Alguma última palavra antes de perder o jogo, Sakura? - Ela perguntou, sorrindo de canto, ou pelo menos tentando, já que, bem, ela quase não tinha lábios.

Pense, Sakura. Você não pode perder, sem chance. Espera...

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– Sakura, quero que fique com isto. - Ele disse me entregando uma fina corrente prateada com um enorme pingente.

– O que é isto? - Perguntei, segurando o pingente em minhas mãos.

– Era da minha mãe... Quero que fique sempre com a pessoa mais especial para mim. - Respondeu olhando em meus olhos. Notei que era um relicário, então o abri, e vi meu próprio reflexo.

– Era da sua mãe? Não posso aceitar. - Falei fechando o pingente e o estendendo de volta para o dono, mas ele simplesmente segurou minhas mãos.

– Pode e deve. Minha mãe desejava isso também, e você é a pessoa mais especial para mim depois que ela se foi... Por favor, fique com ele. - Disse me abraçando em seguida.

– Mas...

– Nada de mas... - Falou se afastando, somente até que pudéssemos cruzar os olhares, então abriu o pingente em minhas mãos, sorrindo para o reflexo de nós dois. - É para que nunca se esqueça, de quem você realmente é. - Tocou meu rosto, ainda sorrindo.

– Sasuke...

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É isso, meu pingente!

Toquei o pingente que sempre se encontra em meu pescoço, e então o abri, mostrando para a garota, fechando os olhos e rezando para que fosse o suficiente.

– Talvez agora eu possa dizer que você já era! - Gritei, e ela também gritou, enquanto olhava para meu espelho/pingente.

– Não! Eu não quero ver, tire isso da minha frente! - Ela gritava tapando os olhos e correndo em minha direção, senti a parede em minhas costas, indicando que eu não tinha pra onde fugir. Então percebi que a garota começara a sumir.

Mas antes de sumir completamente, ela se aproximou de mim e tapeou o pingente que a incomodava, fazendo com que o mesmo caísse das minhas mãos e que o espelho em seu interior quebrasse em mil pedaços. Senti meu coração fazer o mesmo naquele momento.

A garota desapareceu e eu peguei o pingente, agora vazio, somente com alguns pedaços de espelho que restaram em seu interior, e logo lágrimas se acumularam em meus olhos.

Ele o confiou a mim. Sasuke confiara seu bem mais precioso a mim, e eu não consegui cuidar dele. Não tenho mais nem o direito de encarar aquele moreno que costumava chamar de meu.

– Sakura! Onde você está?! - Escutei vozes do lado de fora me chamando, mas eu não queria ir, não conseguiria encará-lo novamente.

Peguei o pingente com o que restara do espelho em minhas mãos e me sentei escorada na parede do banheiro e permiti que minhas lágrimas escorressem. Chorei. Muito. Sentia alguns cacos do espelho raspando em minhas pernas, fazendo pequenos cortes, mas não ligava. Naquele momento, poderiam me cortar inteira, eu não sentiria, a dor física não me incomodava, estava mais preocupada com a dor que não pode ser curada.