Sobrevivendo pela Sorte escrita por Alexyana


Capítulo 23
Capítulo 23 - Sozinha


Notas iniciais do capítulo

Bom, esse capítulo é meio que o fim de uma fase da fic. E sim, eu mudei a sinopse. Espero que gostem!



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Tento me acalmar. Os zumbis não podem ter chegado até aqui, não é mesmo?

Porcaria, é bem pior não saber o que está acontecendo.

Ando de um lado para o outro no cubículo, tentando pensar em algo racional. Olho para a minúscula janela, agora parece que o dia resolveu ficar mais quente. Tusso um pouco, e meu olhar se fixa na cadeira a alguns centímetros a minha esquerda. Logo olho para o vidro do outro lado na sala, e novamente para a cadeira.

Um sorriso mínimo surge em meus lábios. Pego a cadeira, analisando seu peso. Deve servir. Ergo-a acima da minha cabeça, meus braços fracos protestam com o exercício, mas não dou atenção. Me aproximo do vidro, e começo a deferir golpes no mesmo, utilizando toda minha força. Perco a conta de quantas vezes fiz isso, então ouço o barulho do vidro se rachando e um ultimo golpe basta para abrir um buraco razoável.

Odeio vidro resistente. Quando eu precisava da resistência nele – no caso quando estava lavando os pratos xodós de tia Charlie – não havia nenhuma, parecia que se quebravam ao misero toque, mas quando estamos sofrendo um ataque e estou presa, o maldito vidro não colabora. Termino de quebrar o vidro em um tamanho que dê para eu passar, então ouço batidas na porta. Na verdade estão mais para esmurros do que batidas. Merda, zumbis.

Coloco a cadeira ao lado do buraco do vidro e me concentro para passar pelo buraco sem me cortar. Falhei miseravelmente. Minha bochecha esquerda está ardendo e eu sinto um liquido quente escorrer pelo meu rosto e pescoço. Porcaria.

Finalmente pouso meus pés no chão da outra sala. Olho para trás, e os zumbis continuam a esmurrar. Meu coração se aperta em pensar nas pessoas que estavam na área isolada. Será que eles conseguiram escapar? Espero que sim.

Lágrimas começam a se acumular em meus olhos sem que eu permita, não sei exatamente o porquê. Talvez seja pelas pessoas doentes, talvez por Carl, ou simplesmente porque o maldito corte está doendo. Respiro fundo, meus pulmões ardendo com tal ação. Preciso sair daqui e encontrar os outros. Sair daqui em segurança, o que está difícil, já que não tenho uma arma.

E novamente meu olhar se pousa nos cacos de vidro, mais precisamente em um caco grande, em formato de triangulo, com uma ponta bem afiada. Agacho-me e o pego cuidadosamente. “Quem não tem cão caça com gato”, como dizia meu tio.

Dirijo-me a porta, segurando o caco com todo cuidado do mundo, tentando evitar mais cortes. Abro a porta lentamente, olhando pela pequena fresta. Vejo uns três corpos caídos no chão, Carl deve ter matado-os.

Abro a porta totalmente, saindo no corredor abafado. Já estive aqui uma ou duas vezes, então sei como voltar para o pátio. Porém não sei se voltar para lá é seguro. Ando pelos corredores com o caco de vidro em posição, minha mão direita já está totalmente ensanguentada.

Viro o último corredor e chego ao pátio. O que vejo me destrói e me surpreende totalmente. Está tudo destruído e tomado pelos zumbis. Obviamente não há ninguém aqui, estou totalmente sozinha. Concentre-se sua idiota, ordeno a mim mesma respirando fundo. Analiso novamente o pátio e vejo que as cercas caíram, e o portão principal também.

Ouço gemidos e olho para trás, vendo que os zumbis também estão aqui dentro e já sentiram o cheiro do meu sangue. Estou totalmente e inteiramente fudida. Voltar pelo corredor não é uma opção, e ir pelo pátio é arriscado, mesmo se os zumbis ainda não me viram. Meu tempo está acabando e quando vejo estou correndo pelo pátio igual a uma doida. Apesar de não estar fazendo tanto barulho os zumbis olham em minha direção, mas sou rápida demais para eles.

Do nada surge uma pequena horda no meu caminho e sou obrigada a virar para a esquerda, o lado contrário do portão principal. Porcaria. Lágrimas escorrem pelas minhas bochechas novamente, fazendo com que o corte arda mais que o tolerável.

Continuo a olhar em volta na esperança de encontrar alguém, mas não vejo nada. Vejo que a torre do Glenn e de Maggie está totalmente destruída, o que me leva a crer que não foram somente os zumbis. Olho para trás e vejo que todos os zumbis estão vindo em minha direção, e que logo não terei mais para onde correr, já que a cerca desse lado está intacta.

Eu nunca fui boa em escalar, nem em árvores eu conseguia. Porém quando sua vida depende disso você sempre consegue. Bom, é isso que eu espero que aconteça. Tem alguns zumbis perto na cerca, porém acho que meu caco de vidro da conta.

Diminuo a velocidade, deferindo um golpe com o caco no crânio podre de um zumbi que antes fora um velho. Vejo que os outros estão vindo em minha direção, e eu não tenho tempo para eles. Mato mais um e começo a escalar a cerca. É bem difícil, mas incrivelmente nenhum zumbi conseguiu me agarrar.

Quando meus pés pousam no solo de dentro no corredor entre a outra cerca começo a rir de tanto alivio. Porém paro quando me lembro de que ainda tenho uma cerca para escalar e que tem uma horda de pelo menos 200 zumbis vindo em direção à maldita cerca. Olho para mim mão, que está em carne viva. Olho para o lado que estava antes e vejo que deixei o caco na cabeça do zumbi, e que não posso mais alcança-la sem ser mordida. Ótimo, estou cercada de zumbis e sem arma. O universo definitivamente não está ao meu favor.

Ok, preciso ir para a floresta, porém não posso escalar essa cerca também, já que ela possui arame farpado e é alta demais. E eu não tenho um alicate ou algo do gênero para cortar a cerca. Esse pensamento me faz lembrar do buraco que Glenn e os outros fizeram, e que eu usava frequentemente para dar uma voltinha na floresta.

Começo a correr novamente, indo em direção ao buraco, que está relativamente longe. Os zumbis já estão se espremendo contra a cerca, e ela já está começando a ceder. Minha perna começa a fraquejar e meus pulmões a arder.

Agora não, agora não – ordeno para mim mesma.

Vejo que a cerca está tombada um pouco mais além, e que não é seguro ir para lá. Finalmente chego ao buraco, que está intacto. Desamarro o arame que o mantém fechado e me preparo para passar por ele. A cerca caiu daquele lado e os zumbis começam a vir em minha direção com seus gemidos famintos. O caminho até a floresta está relativamente limpo, já que os zumbis estão concentrados em entrar pelo portão principal.

Passo pelo buraco a começo a correr com todas minhas forças em direção a floresta. Minha visão está embaçada, mas mesmo assim continuo a correr. Corro como nunca corri, corro com minha vida. Desvio de um zumbi, o que faz com que eu quase caia, mas graças a alguma entidade sobrenatural do bem consigo manter-me estável.

Estou suando igual a uma porca ou algo assim, com certeza irei desidratar. O Sol está mais forte do que vi em meses e está queimando minha pele insistentemente. Entro na floresta totalmente ofegante e me perguntando da onde tirei forças para correr tanto e conseguir me manter em pé sem tossir por tanto tempo. Talvez o universo queira me dar uma forcinha, ou se divertir as minhas custas.

Estou tremendo por inteira, e não sei mais em que ponto da floresta estou, só sei que aparentemente estou longe dos zumbis. E da prisão. Não vejo nenhuma saída aparente na floresta, todas arvores parecem ser iguais.

Então a tão aguardada tosse me atinge, porém pior do que as outras. Caio no chão com tudo, os galhos arranhando minha pele, porém a única coisa que me importa no momento é conseguir respirar novamente. O sangue está em todo lugar e logo o vermelho vai sendo substituído pelo preto, e quando vejo estou desacordada no meio da floresta. Sozinha.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Será que ela irá encontrar alguém? Quem será que morreu? O que será que virá daqui pra frente? Sugestões? Deem seus palpites.