Pov's Selena Mitchell

Chegamos ao bunker no inicio da noite, desci do carro e pude ouvir Katherine reclamando de como seus sapatos machucavam e a deixavam com bolhas, preferi ignorar, já que ela é acostumada a falar sempre o mesmo tipo de coisa sobre esse calçado específico.

Entramos no local, aparentemente tudo estava como havíamos deixado, livros espalhados pelo chão, latas de refrigerante em cima das mesas e restos de comida por todo canto, com certeza aquele lugar precisava de uma faxina, mas teria que ficar pra outro dia, tínhamos assuntos mais importantes para resolver.

– Precisamos procurar qualquer coisa que tenha haver com anjos, deve ter alguma coisa relacionada a isso por aqui - Falou Sam. Damon pegou um lixeiro e recolheu algumas latas e saquinhos de comida que estavam pelo caminho.

– Tudo bem, Katherine e eu olhamos lá em cima e vocês procuram aqui em baixo - Falei.

Katherine fez questão de tirar seus sapatos e colocar umas pantufas antes de subir os degraus. Abri a porta que levava até uma sala enorme com várias prateleiras de livros e caixas com todo o tipo de informação. No chão havia um pentagrama desenhado que cobria a área toda.

Decidimos nos separar para procurar mais rápido, eu fiquei com as prateleiras da direita e Kath com às da esquerda. Algumas prateleiras encostavam no teto, o que era ruim porque, mesmo com uma lanterna e com as luzes acesas, não conseguia ver o que tinha lá.

– Sel, venha até aqui, acho que encontrei algo - Katherine falou do outro lado da sala, larguei os livros que estavam em minhas mãos e me dirigi até a outra ponta do local.

– O que foi?

– Lá em cima, aquela caixa, esta escrito algo em latim e tem aquele símbolo, me parece importante - Ela falou enquanto iluminava a caixa com uma lanterna. Peguei uma escada que ficava do lado da porta e apoiei na prateleira, Katherine segurou suas extremidades enquanto eu subia pra pegar o objeto.

Assoprei a parte de cima da caixa e passei a mão nos lados a fim de tirar o excesso de pó, o símbolo de que Kath falava estava pintado com tinta vermelha e eu nunca tinha o visto antes, havia um círculo ao meio com uma letra no centro e várias outras marcas ao redor.

– Isso não é latim, é grego antigo, acho que esta dizendo 'anjos' mas não tenho certeza - Conclui observando as letras escritas na lateral da caixa. Tirei a tampa e dentro haviam vários documentos classificados como secretos. Abri a primeira pasta e lá estava como título ''Funcionamento interno dos anjos''

Descemos os degraus as presas com a caixa na mão, com toda a certeza havíamos achado alguma coisa importante sobre os anjos.

– O que encontraram? - Dean falou se aproximando e colocando uma pilha de livros na mesa.

– Aparentemente tudo sobre o funcionamento interno dos anjos - Respondi mostrando a pasta que eu peguei mais cedo.

– Bom trabalho, garotas - Falou Damon lendo um dos arquivos da caixa.

Passamos o resto da noite, lendo, relendo e traduzindo aqueles documentos, alguns haviam sido escritos parte em latim e parte em grego.

– Não tem tanta coisa assim aqui, não diz como mata-los - Afirmou Dean.

– Mas diz como manda-los de volta pro céu - Sam retrucou mostrando aquele símbolo que estava estampado na caixa, e em baixo havia uma legenda que dizia como usa-lo - Precisa ser desenhado com sangue, e aqui diz que depois é só colocar a mão e todos os anjos somem temporariamente.

– Isso é bom, se precisarmos fugir, podemos usar isso - Conclui.

Depois de mais algumas horas, tudo que tínhamos sobre anjos não era assim tão animador, mas ainda faltavam muitos arquivos a serem lidos. Decidimos continuar no outro dia pela manhã.

Subi até o meu quarto, peguei a primeira roupa que eu vi na frente, um moletom grande e um shorts, e segui até o banheiro, me sentia totalmente exausta, como se precisasse de pelo menos três dias dormindo pra recuperar todas as minhas forças.

Tomei um banho demorado e vesti minhas roupas. Passei a mão no espelho embaçado para que pudesse me ver, penteei meus cabelos e escovei os dentes. Abri a porta do banheiro dando de cara com Castiel, senti meu coração dar um pulo, eu queria socar a cara dele por ter me dado aquele susto.

– Selena - Falou ele, como se aparecer no quarto de alguém no meio da noite fosse super normal.

– O que você esta fazendo aqui? - Pedi, meu coração ainda batia forte.

– Estamos com problemas - Respondeu dando passagem pra mim poder sair do banheiro.

– Problemas?

– Os anjos descobriram esse lugar, você e seus amigos precisam sair daqui o mais rápido possível.

– Como pode ter tanta certeza? - Perguntei.

– Os anjos se comunicam por uma espécie de rádio, então quando eles falaram sobre como encontraram o bunker eu consegui ouvir - Suspirei cansada, eu já estava cheia de toda essa coisa de anjo.

– Tudo bem, vou chamar os outros - Disse.

Estavam todos reunidos na sala, Katherine estava de camisola e pantufas e Damon vestia um pijama xadrez azul, a cena teria sido engraçada se não estivéssemos fugindo de anjos psicóticos. Desci as escadas com Castiel logo atrás de mim, Katherine me lançou um olhar que dizia ''Porque não me disse que seu amigo anjo era tão bonito?''

– Pra onde vamos? - Sam perguntou assim que desci o ultimo degrau. Olhei pra Castiel, esperando que ele respondesse por mim.

– Vocês podem ir pra qualquer lugar, Selena não vai com vocês agora, seria muito perigoso pra vocês e pra ela.

– Não vamos nos separar! - Katherine deu um passo a frente.

– Kath, ta tudo bem, nós encontramos vocês depois - Tentei acalma-la, mas na verdade nem eu estava calma, Castiel não tinha me contado que iriamos para lugares diferentes, estava tão surpresa quanto todos os outros.

Dean pegou as chaves do Impala e todos foram para fora, me dirigi até a mesa pra pegar as chaves do meu carro, mas fui impedida.

– Não sera necessário, feche os olhos - Castiel segurou um dos meus braços suavemente e tocou um de seus dedos na minha testa, fechei os olhos confusa.

Foi como piscar os olhos, em um segundo eu estava dentro do bunker e no outro Castiel e eu nos encontrávamos numa floresta, com árvores de médio e grande porte, o vendo batia gelado em nossos rostos, apesar de parecer que só eu estava sentindo frio, o chão era repleto de folhas secas e alguns raios de sol ameaçavam aparecer no céu, devia ser por volta das seis horas da manhã.

– Onde estamos? - Perguntei colocando as mãos no bolso do moletom.

– Sul do Canadá - Falou enquanto continuava andando. Quase cai dura no chão, isso com certeza explicava todo o frio.

– Porque? - Gritei indignada, minhas pernas estavam prestes a congelar.

– Temos que conversar, Selena, esse lugar ainda é seguro pra você - Explicou calmo, porém muito sério.

– O que foi?

– É sobre o Crowley, ele esta formando um exército de almas, roubando todas as almas que deveriam vir pro céu - Lembrei do nosso caso em Missouri, onde nos encontramos com Crowley e descobrimos sobre as almas roubadas, Castiel não sabia que eu já tinha essas informações. - Os anjos não acreditam nisso, eles subestimam os demônios e pensam que você esta roubando essas almas.

– Nós encontramos com Crowley a alguns dias, ele disse que os anjos estariam muito ocupados tentando me pegar que esqueceriam totalmente dele, era sobre isso que ele falava, precisamos detê-lo - Conclui.

– Mas antes precisamos salvar você, se Crowley conseguir usar esse exercito de alguma maneira para abrir as portas do céu, você será a única capaz de fechar.

Naquele momento eu já não sentia mais frio, na verdade, parecia que eu ia explodir de tanto calor, uma possível guerra entre anjos e demônios estava prestes a acontecer e eu era a única que podia para-la, isso era demais pra um dia só.

Castiel e eu seguimos andando pela floresta por mais alguns minutos, até ele me puxar bruscamente e se pôr na minha frente. Num piscar de olhos vários anjos nos cercaram, todos eles, inclusive Castiel, tinham em mãos uma espada, prata e brilhante.

– Sempre soube que você era um traidor! - Um anjo falou se dirigindo a Castiel.

– Eu nunca trai ninguém, só estou lutando pelo que acho certo - Castiel retrucou, logo fomos atacados por um bando de anjos furiosos com super poderes. Eu estava completamente sem armas, aliás ainda usava as roupas da noite anterior, o mesmo moletom e o mesmo shorts.

Ótimo, pensei, vou ser morta por anjos

Tentei correr floresta adentro mas senti alguma coisa acertar minha cabeça, cai no chão e uma mulher, com cabelos loiros e olhos azuis, pulou em cima de mim, tentei joga-la para o lado, mas ela era mais forte, levei um soco do lado esquerdo do rosto que me fez querer chorar.

Pelo canto do olho pude ver Castiel matando uma anjo com aquela espada, um brilho azul tomou conta do lugar, e o anjo caiu no chão logo ele foi atacado por vários outros anjos.Senti outra coisa acertar o lado direito do meu rosto, era a espada dela, minha bochecha tinha sido cortada e agora sangue saia aos montes do machucado.

Eu não podia morrer, não agora.

Busquei todas as minhas forças e empurrei a mulher pro lado, ela bateu no tronco da árvore e sua arma foi jogada aos meus pés. Ajuntei aquela espada e torci para que funcionasse quando usada por humanos, me aproximei da mulher, seus olhos tomaram uma forma diferente, não eram mais como olhos normais, ali só existia uma luz muito forte, enfiei a espada na região do coração, logo o brilho que saia dos seus olhos se tornou mais intenso, tapei minha visão com uma das mãos, quando o brilho cessou só restara o corpo de uma mulher, sem olhos.

Ouvi alguns gritos, olhei pro lado, eram de Castiel, ele tinha sido atingido, uma dor incontrolável tomou conta do meu peito, embora meus instintos me mandassem correr pra longe, eu me aproximei mais, um anjo veio ao meu encontro, mas eu o acertei com meu novo brinquedinho, o processo se repetiu, primeiro eles brilhavam e depois seus olhos eram incinerados.

Vários outros anjos vieram pra cima de mim, consegui matar alguns, mas eles eram mais fortes e em maior número, logo fui pega.

***

– AHHHH - Gritei assim que senti algo gelado chegar ao meu rosto, felizmente era só água, infelizmente tinha sido jogada por um anjo, uma mulher, morena de cabelos pretos e olhos escuros, ela se encontrava de pé na minha frente com um olhar desafiador, tentei fugir, mas percebi que me encontrava presa em uma cadeira, com pés e mãos amarrados.

– Finalmente, Guardiã - Ela falou a última palavra com desprezo, como se fosse algo longe de ser digno - Pensei que você não estaria acordada pra presenciar a morte de seu amigo.

Olhei ao redor da sala, o lugar era enorme, como um barracão abandonado, mas um pouco mais limpo, no canto do lugar vi Castiel preso em uma cadeira, ele parecia estar desmaiado e estava cheio de cortes.

– SOLTA ELE, AGORA! - Gritei, tentando me soltar das amarras que me prendiam na cadeira.

– Só se você me contar como esta roubando todas aquelas almas - Disse desafiadora.

– Eu não estou roubando alma nenhuma, você n... - Comecei minha explicação, mas um soco me acertou, senti meu rosto queimar, com certeza foi o soco mais doloroso que eu já levei.

– Não minta pra mim - Retrucou.

Continua...