Bella POV

Nunca pensei em ser mãe, mas aquela princesinha, a Sophia, me encantou e pela primeira vez eu me peguei pensando em como seria ser mãe. Ela é muito fofa e muito educada. Fiquei tocada com a história dela, a mãe morreu quando ela era bem novinha, e ela não conhecia o pai. Só muito depois da sua morte, que a tia a levou para conhece-lo.

Mas mesmo assim o afeto que existe entre eles é muito visível, um amor muito bonito. A confiança entre eles se estabeleceu muito rápido.

Eu era assim com meu pai, apesar de nós sermos bem calados, nos dávamos tão bem, ainda doí muito saber que eu não vou mais ver aquele sorriso cheio de pés de galinha. A minha mãe é ótima mas parece um criança, daí vem a minha ideia de não ter filhos, me imaginar como ela é horrível.

E apesar disso tudo, e de tudo que ela sofreu, ela é muito alegre e me encantou com sua conversa, a forma madura que ela fala. Foi muito engraçado, na primeira vez que ela chegou lá, ela já me contou tudo sobre sua vida, me falou que o “papai dela” torce muito pra que ela se dê bem no balé, mas que pensa que nunca vai conseguir se apresentar. Mas aí eu a tranquilizei disse que eu também não conseguia e tinha muito medo de cair, mas que depois de um tempo eu deixei pra lá e me concentrei na dança, por que não importava o que acontecesse eu sempre ia amar dançar.

Foi nessa hora que ela me deu um abraço inesquecível, e conhecer o seu pai me deixou desarmada, eu esperava alguém menos letal, menos homem, parece cômico mas é assim que nós deveríamos ver os pais dos nossos alunos. Mas com ele seria impossível, muito jovem, muito gato.

Timidez é o meu segundo nome, talvez por isso eu tenha escolhido as crianças elas não me assustam como os adultos fazem, mas talvez naquele momento em que o conheci, e na hora do sorvete, eu preferia ser a pessoa mais extrovertida do mundo, por que eu me senti uma idiota, sem falar, que com certeza ele deve achar que eu tenho algum tipo de deficiência.

E depois a Sophia ainda falou de me ver em uma apresentação. Me mandei o mais rápido possível, estava morrendo de vergonha em pensar naquele homem me ver dançar, era melhor nem pensar no desastre.

As aulas com a Sophia progrediam muito, ela era muito boa, e numa dessas aulas ela começou a perguntar sobre a minha vida.

Flashback on

– Tia Bella, a senhora tem namorado? – ela me perguntou como quem não quer nada.

– Por que você quer saber, Sophia?

– Nada demais, é por que o meu papai é muito só, e eu queria saber se isso é normal.

Com essa eu tive que rir, ela é uma figura.

– Não tenho não.

– E o que a senhora faz nos finais de semana?

– Eu gosto de ficar num parque que tem perto da minha casa.

– Hm, e a senhora tem irmãos?

– Não eu era filha única, e o meu pai morreu faz uns anos.

– É eu sei como é, quando a mamãe morreu eu pensei que eu tinha feito algo de errado e deus tirou ela de mim, mas o a papai me disse que todo mundo tem uma hora e que a da mamãe tinha chegado, mas nem por isso ela tinha deixado de me amar.

Nossa realmente, ela sofreu muito, ainda bem que ela tem o Edward para conforta-la senão essa criança iria ser muito triste.

– Bem eu me refugiei na dança e abri essa escola, as crianças me ajudaram muito.

– E eu tive o meu papai, e agora eu não vivo sem ele.

Eu também não vivo sem minha escola.

Flashback off

Como hoje era sábado eu resolvi ir num parque que tinha próximo a minha casa, andar um pouco, ficar sozinha me deixava deprimida. Quando meu pai era vivo, eu quase nunca ficava só, apesar de não falar meu pai sempre estava assistindo um jogo na sala, jantando comigo, ou simplesmente estava ali, eu sabia que ele iria me proteger. Então agora eu não tinha mais nada, só minha escola, e nos fins de semana nem isso.

Quando eu não arrumava a casa, eu ia pro parque e foi num desses dias que eu os encontrei.

– Tia Bella, tia Bella – a Sophia gritava correndo atrás de mim.

– Meu deus, oi Sophia.

O pai vinha correndo atrás dela, totalmente sem fôlego.

– Sophia, nunca mais faça isso entendeu – ele reclamou com ela, parecia assustado – Você não pode sair correndo sem avisar, eu quase enlouquece quando não te vi próximo a mim.

Ele pareceu me enxergar agora.

– Ah, oi Bella.

– Oi Edward.

– Desculpa papai, eu vi a tia Bella correndo e se eu fosse te avisar eu não iria alcança-la.

– Certo, mas isso não se faz. Nunca mais ok?

– Ok, então tia Bella, o que a senhora está fazendo aqui.

– Sophia isso não é da sua conta – repreendeu o pai.

– Pode deixar Edward, eu estou correndo Sophia.

Nesse momento uma amiguinha da Sophia apareceu e chamou ela para brincar, o pai a deixou ir com tanto que não saísse da vista dele.

– Então Bella, eu queria conversar com você? – ela falou parecia sério.

– Certo, mas sobre o que?

– É a Sophia, ela gosta muito de você, e ela botou na cabeça que quer que você seja a mãe dela – nessa hora eu me espantei, eu vinha pensando em ser mãe, mas não assim. – Eu sei que parece estranho, mas ela é uma criança acha que as coisas são fáceis assim. Então eu vim te pedir pra conversar com ela, olha eu não quero te ofender você é linda, mas eu não sei nada da sua vida. E não queria que você ficasse chateada com a Sophia, se ela falasse algo que você não gostasse. Então se você achar certo, fale com ela.

Eu estava surpresa, ele era lindo e muito nobre, para vim falar comigo e assumir que a filha dele queria nos casar, se fosse outro ele se aproveitaria disso pra tirar uma casquinha.

– Ok Edward, se eu me ofender com algo, o que eu acho difícil, já que a Sophia é um doce eu falo com ela.

– Muito obrigado, Bella, eu me sinto aliviado por saber que você entende.

– Ok, mas agora eu tenho que ir, vou me despedir da Sophia.

– Tchau Bella – ele me deu um beijo no rosto, e eu corei que nem um tomate.

Eu chamei a Sophia, e dei um beijinho nela.

Eu tenho que pensar muito nesse assunto, mãe da Sophia. Não vou dizer que não gostaria, o Edward é lindo, e a Sophia é um amor, mas como ele disse as coisas não são tão fáceis, no mínimo eu teria que ama-lo, o que também não é difícil. Mas explicar isso pra a Sophia que é complicado, ela é uma criança, amor para elas é uma coisa tão simples de se sentir, tão pura. Se todo mundo pensasse assim, a vida seria tão mais fácil.

Vou só depois muito longe do parque, que me lembrei que eu tinha dito a ela o quanto eu gostava dele, e onde ele era.