Eu e Mabel entramos silenciosos no ônibus,enquanto Pacifica,Stan,Soos e Wendy acenavam do lado de fora.Mabel choramingou e depois deitou em meu colo.Eu olhei para seu cabelo,pois preferia não chorar mais olhando para aqueles que eu amei tanto em tão pouco tempo.

Eu ainda tinha um pouco do perfume de Pacifica no meu boné,já que ela adorava o esconder.Memórias podem ser tão ruins quanto a própria realidade às vezes...

Algumas horas se passaram e eu já estava farto de ficar naquele ônibus,me afogando na saudade e nas minhas lembranças.Mas o que estava me deixando preocupado era a tremedeira do ônibus.

O motorista parecia não dirigir muito bem,e eu já estava ficando assustado,quando gritei para ele:

—Tá tudo bem aí no volante?

Eu apenas ouvi um riso meio infantil.Um riso conhecido.

Gideãozinho.

Maldoto seja aquele baixinho!O que ele estava fazendo no ônibus.Eu tentei cutucar a Mabel para ela tentar convencer ele de parar.

—Dip....Se o Gideão estiver mesmo aqui,nós estamos encrencados!—sussurrou Mabel.

—Por que?Mabel,não me diga que você magoou aquele baixinho idiota!

—Eu..é...só deixei ele na área de amigo....—falou Mabel.

—MABEL!Deixar alguém na área de amigo é uma das piores coisas.E se ele estiver buscando vingança?Temos que impedi-lo!Ele mal sabe dirigir um carro,imagina um ônibus!—falei,baixinho,mas mesmo assim,ele ouviu.O ônibus parou com tudo e eu fui para frente e dei com a testa no outro banco.

—Até que você não é tão burro como sua irmã Dipper Pines—ele riu.

—Eu não ser burra!—gritou Mabel.

—Mabel,não se fala "eu não ser burra".O certo é "eu não sou burra"—eu sussurrei.

—Cala boca seu CDF—falou Mabel,brava.

—Que bonitinho essas brigas ridículas entre vocês.Pena que vocês nunca mais vão se ver....—falou Gideão,com ar vingativo.

—Olha aqui seu baixinho com cabelo entupido de gel,eu não sei qual é a sua,mas você nunca vai tirar de mim o que o destino colocou em minha vida!—eu gritei,irritado.Gideão riu ainda mais alto e eu fiquei ainda mais histérico que pulei em cima do pescoço dele.

Mabel começou a gritar,pois o ônibus começou a andar sozinho,descontrolado,e eu estava brigando com aquele anãozinho.

—Tira a mão de mim seu bicho feio!—eu gritei,pois ele estava puxando meu cabelo com força.Eu não sei de onde ele tirou toda aquela força,porque ele me empurrou com tudo para trás e eu bati a cabeça.

—Mas que m...

—DIP!SEU NARIZ!—Mabel gritou,enquanto eu levantava zonzo.Mabel estava tentando dirigir o ônibus e eu percebi algo vermelho escuro escorrendo do meu nariz.Droga!Sangue!

—Por que você não me deixa em paz?!—eu berrei,empurrando Gideão.Ele riu quieto,mas depois me encarou com fúria.

—Porque você tomou a coisa que eu mais amava.

Não.Por favor,que não seja quem eu estava pensando.Pacifica.

—Se você estiver falando da...da Pacifica...Eu..Ela nunca pertenceu à você...ELA É MINHA!—agora ele mexeu comigo mesmo.Eu quase pulei em cima dele,mas minha visão estava toda embaçada,tanto de lágrimas quanto de borrões pretos.

Mabel conseguiu frear o ônibus e eu e Gideão voamos.Por azar,eu bati minha cabeça de novo,e um litro de sangue jorrou da minha testa.Eu não sei onde Gideão foi parar,mas sei que Mabel correu atrás dele e o prendeu com o cinto de segurança de um dos bancos do ônibus.

—ELA NÃO TE AMA SEU PALERMA!VOCÊ REALMENTE ACREDITA QUE A PACIFICA TE AMA?VOCÊ ACHA QUE ELA MUDOU?—ele gritava,tentando desesperadamente se livrar do cinto de segurança,que estava bem amarrado e bem apertado.

—Eu CONFIO nela!Eu ACREDITO nela!Sabe por que?Porque eu tenho a capacidade de amar alguém de verdade,uma coisa que você nunca soube e nunca vai saber fazer,Gideão.—eu terminei,virando as costas e limpando o sangue do meu nariz e da minha testa.Eu peguei a mão de Mabel e a guiei para fora do ônibus.Nós estavámos voltando para Gravity Falls.

E dessa vez,não iríamos voltar de lá.