Disturbia escrita por Flávia Rolim, Ana


Capítulo 11
XI - Doce Como Um Jiló


Notas iniciais do capítulo

Oieeeeeeeeeeeeeeeeee amores!!
Certo, dessa vez eu não aguentei esperar, trago para vocês a conclusão do que aconteceu com Sarah e como eles resolveram o problema de Dean. No próximo capítulo, finalmente diremos o que aconteceu no dia em que a nossa bruxinha quase morreu. Espero que gostem....
Enfim, vamos ao que interessa, não é?

Observação: Eu reclamei que o capítulo anterior ficou grande e acabei colocando esse maior ainda.. desculpem meu povo...



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Dean e Bobby estavam sentados na biblioteca e o mais velho dos caçadores havia acabado de explicar toda a história para o loiro, quando Sam entrou pela porta da casa. Estava com um corte no lábio inferior e tinha sangue em sua camisa.

– O que houve, garoto? – perguntou Yvonne se aproximando e fazendo Sam sentar-se em uma cadeira.

– Eles levaram a Sarah. – respondeu o moreno.

– Quem a levou? – perguntou Bobby.

– Os demônios. – respondeu Sam.

– Bolas. – falou Bobby chateado. – Como vamos encontrá-la agora?

– Eu posso ajudar. – falou Yvonne. – Só vou precisar de alguma coisa que seja da Sarah.

...~...

A mesa com o pano negro e com um mapa em cima, já estava posta. Yvonne segurava uma tigela de metal com um liquido vermelho dentro. Ela havia misturado vários ingredientes e no final, colocou um fio de cabelo de Sarah, que Sam havia buscado na escova da garota.

Ostende et locus. – falou ela em latim, onde a tradução era “Mostrar o lugar”, e jogou o liquido vermelho no mapa. Imediatamente aquilo foi caminhando por todo o papel, até que se aglomerou ao redor de uma rua, ali mesmo em Ashton. – Ela está em um ferro velho, na primeira avenida.

– Vamos logo. – falou Sam. Dean e Bobby o seguiram. – Acho melhor você ficar aqui, Dean.

– Sem chances, se eu ficar onde estou, é bem capaz de pegar no sono.

– Deixe-o vir, Sam. – falou Bobby. – mais uma mão para ajudar, não faz mal nenhum.

Sam concordou e passou a faca de Ruby para o irmão, ficando com a colt. Bobby tinha uma faca de arcanjo.

Os três já haviam chegado ao impala quando Monique se aproximou correndo.

– Esperem. – falou a garota. – coloquem esses saquinhos nos bolsos e eles não poderão tocar em vocês.

– Sério? – perguntou Dean.

– Seriíssimo, será como se houvesse uma barreira invisível entre vocês e eles. – Monique sorriu e então beijou Dean. – boa sorte.

– Obrigado. – respondeu ele. Agradecendo o beijo e o saquinho de bruxa.

Seguiram rápido para a rua e pararam há alguns metros do lugar. Não poderia correr o risco de avisar a todos eles que estava ali e forçá-los a levar a Sarah para outro esconderijo. Tinham que ter a surpresa ao seu favor.

Na porta, logo na entrada, encontraram quatro demônios, que eles derrubaram facilmente, até porque eles não os alcançavam, exatamente como Monique havia lhes dito. Entraram no lugar cautelosamente e encontraram mais dois demônios ao fundo. Eles começaram a atacar os irmãos e o caçador mais velho, porém, quando um deles viu que não os alcançavam, deu meia volta e saiu correndo em direção a uma sala, no final do corredor. Dean parou onde estava, mirou e arremessou. A faca de Ruby foi rodopiando e acertou, em cheio, as costas do homem que caiu brilhando no chão.

O loiro seguiu até ele, recuperou a faca e abriu a sala para onde ele havia corrido. Para desespero de todos os três, havia mais de quinze demônios ali dentro e pelo jeito que algumas poças de água se mexiam, havia cães do inferno também.

Sam e Bobby colocaram o “mais novo” atrás deles e se prepararam para uma luta de enormes proporções. Eles não sabiam se os saquinhos de bruxa funcionariam com os cães também. Dean, aproveitando que estava livre, virou-se para cobrir a retaguarda dos dois caçadores e foi nesse momento que ele sentiu uma baforada em sua cara. Um cão do inferno estava ali, pronto para atacá-lo. Dean segurou firme na faca e respirou fundo. A coisa invisível correu na direção do jovem e se chocou violentamente contra a parede que o protegia, caiu no chão chorando, o que facilitou Dean identificar o local onde ele estava e lhe cravar a faca no peito. O cachorro começou a brilhar e então, quando tudo terminou, ficou apenas um pó escuro no chão.

Sam e Bobby também já haviam descoberto que os saquinhos eram mais forte do que aparentavam, e por isso, já havia dado cabo de quase todos os demônios e de todos os cães do inferno.

Chegaram os três a um corredor que se bifurcava em dois. Bobby permitiu que Sam e Dean seguissem para o lado direito e foi para o lado esquerdo. Tinham que encontrar a Sarah o mais rápido possível e se separando, era a melhor maneira disso acontecer.

...~...

A garota loira abriu os olhos e se viu presa em uma mesa. Cordas estavam amarrando seus braços e pernas e um pano velho lhe impedia de falar.

– Não me leve a mal, amorzinho. – falou Derek. – Eu sei que você ainda não consegue fazer nenhum feitiço ou lançar os seus poderes, sem usar as mãos ou pronunciar algo. Então, enquanto você permanecer se negando, vai ficar dessa forma.

– “Seu desgraçado”. – falou Sarah com o pano na boca. Ela falava embolado, mas era fácil entender.

– Você já pensou bem em minha proposta? – perguntou o demônio.

– “A resposta ainda é não”. – respondeu ela.

– Pense bem, Sarah. – Derek se apoiou na mesa e aproximou seu rosto do de Sarah. Alisando os seus cabelos. – Você e eu poderemos comandar tudo isso. Dominar o mundo. Eu e você, juntos. Seja minha, me deixe entrar.

– “Nunca”. – respondeu ela.

– Eu ainda vou convencer você, nem que tenhamos que ficar aqui a noite toda.

– “Você nunca vai tomar o meu corpo, Derek”. – continuava ela ainda falando com o pano na boca.

– Você sabe que posso tomá-lo a força, não sabe?

– “Então, porque ainda não o fez”? – perguntou a mulher.

– Porque você é especial, Sarah. – falou ele e os seus enormes olhos azuis brilharam. – Eu quero estar com você, não contra você.

– “Você sabe que eu só cederei estando morta”.

– Você não me serve de nada morta. – respondeu ele e beijou a boca da mulher, exatamente quando Sam e Dean entraram pela porta. O moreno apontou a colt para o demônio, mas esse desapareceu no ar.

– Sarah. – falou Sam e correu até ela. Dean foi logo atrás. Os dois começaram a tirar as cordas da garota, quando um demônio apareceu no lugar. Ele fez com que Sarah fosse grudada na parede, mas ao tentar fazer isso com os jovens, ele não conseguiu. Sam pegou a colt e atirou bem na direção da cabeça, mas ele desviou rapidamente. Com um mover de mão, fez com que os saquinhos de bruxa, saíssem dos bolsos dos rapazes e voassem até ele.

– Muito bom o truque. – falou o homem e então, começou a brilhar. Quando caiu, foi possível ver Bobby atrás dele, com a espada do arcanjo, ensopada de sangue.

– Que bom que gostou. – falou o homem e pegou os saquinhos, arremessou para cada rapaz. – Vamos gente, não podemos mais perder tempo. Cada um colocou o seu saquinho de bruxa nos bolsos e seguiram rapidamente na direção da saída, mas foram cercados por mais alguns demônios.

– Sam, proteja a Sarah. – falou Bobby. O moreno se colocou na frente da jovem e do irmão e por isso, não percebeu que Dean tirara o saquinho de seu bolso e colocara no bolso de Sarah. Os demônios vieram, todos de uma vez, na direção dos quatro caçadores. Um deles tentou pegar Sarah, mas foi repelido pelo feitiço, porém Dean não teve a mesma sorte, já que um deles o arremessou contra uma das paredes, o que fez com que ele desmaiasse na hora. Sarah, Bobby e Sam deram conta dos outros demônios, pegaram Dean e saíram rápido dali. Sarah apoiou a cabeça do loiro no colo dela, no banco de trás, enquanto Sam dava a partida e seguia na direção da casa de Yvonne.

– O que aconteceu lá atrás? – perguntou Sam. – Dean não estava usando o saquinho de bruxas? Como o demônio o atingiu?

– Ele deu o saquinho para mim. – respondeu Sarah tirando o embrulho do bolso. – Ele escolheu ficar vulnerável para me proteger. – Ela alisou os cabelos do loiro, no mesmo momento em que as feições dele começaram a mudar e o Dean de dezoito anos, deu lugar a um de quatorze.

...~...

Dean havia sido colocado na cama ainda desacordado e o único que permaneceu no quarto foi Sam. Estava cansado, mas não deixaria o seu irmão sozinho. Também escolheu ficar ali, porque não estava com coragem de encarar Sarah, depois de tê-la beijado.

Com esse pensamento, se levantou da cadeira e seguiu até a janela, observando a rua do lado de fora. O sol já havia nascido e começava a clarear.

Dean abriu os olhos e percebeu o homem na janela, olhou em volta e encontrou a arma com a ponta para fora de uma bolsa. Levantou-se da cama correndo, pegou a arma de cano raspado e apontou para Sam.

– Quem é você e onde eu estou? – falou ele e o moreno se virou.

– Dean! – falou Sam se “assustando” com o rapaz, não esperava por aquilo. – Eu sou um amigo do Bobby e você está em um local seguro agora. Na casa de uma amiga.

– Como eu vim parar aqui e onde está o meu irmão? – continuou ele interrogando.

– Ele está com o pastor Jim. – mentiu Sam, de acordo com o que ele e os outros haviam acertado. – Você logo vai encontrá-lo.

– Você não respondeu como eu vim parar aqui. – continuou Dean insistindo.

– Você foi apanhado por uma bruxa e eu, o Bobby e outra caçadora, te salvamos.

– Bobby está aqui? – perguntou ele abaixando a arma.

– Estou. – respondeu o caçador entrando pela porta. – Que bom que acordou, Dean.

– Bobby, o que aconteceu com você? – perguntou o rapaz. – parece mais velho.

– Só estou um pouco preocupado. – respondeu ele. – Você se sente bem?

– Sim, eu estou bem. – respondeu Dean e Bobby seguiu na direção de Sam.

– Sarah não tem nada. Já olhou todo o grimório e nem sinal de um feitiço que possa desfazer isso.

– Desfazer o que, Bobby?

– Nada com o que deva se preocupar. – respondeu o caçador. – e se aproximou do menino. – Vamos, vou apresentá-los as outras pessoas. - Os três desceram até o andar térreo e se encontraram com as outras três mulheres que estavam na casa. – Dean, está é a Yvonne.

– Olá garoto! É um prazer te receber em minha casa. – falou a mulher.

– Obrigada pela hospitalidade. – respondeu Dean.

– Está é a filha dela, a Monique. – continuou Bobby e a menina apenas acenou com a cabeça. – E essa é a Sarah.

– Olá Dean. – falou ela.

– Eu acho que te conheço de algum lugar. – falou o loiro. – Só não consigo lembrar de onde.

– Acho que é porque tenho um rosto comum. – respondeu ela sorrindo. Sem querer, levou as vistas até Sam que ficou vermelho de vergonha. – Sam, posso falar com você?

– Sam? – perguntou Dean e olhou para o homem. – O nome do meu irmão também é Sam.

– É, eu sei. – respondeu o moreno sorrindo. – Venha Sarah.

Os dois deixaram a sala e seguiram para a biblioteca da casa. Sam mal encarava Sarah, tentava focar a atenção para outro canto.

– Ei, me desculpe. – falou ela.

– Pelo que?

– Pelo jeito que te tratei na praça, quando me beijou.

– Não, isso nunca deveria ter acontecido. – falou Sam.

– Eu só preciso que você entenda que não é algo que eu não queira. Quero dizer, você é o meu melhor amigo desde sempre, a pessoa mais doce desse mundo e é lindo também, mas eu não posso me envolver dessa forma. Você sabe que eu não posso.

– É, eu sei.

– Por isso, eu vou pedir para que não faça isso outra vez. – ela se aproximou de Sam.

– Eu não vou fazer. – respondeu ele.

– Promete?

– Prometo. – respondeu. Sarah abraçou Sam com força.

– Não precisa me evitar. – falou ela. – Eu vou morrer se você parar de falar comigo.

– Eu nunca vou parar de falar com você. – respondeu ele e apertou a mulher com força.

...~...

– Não há mais nada? – perguntou Sam.

– Não, eu sinto muito. – falou Yvonne. – Talvez eu possa enviá-los para um velho amigo, que tem uma extensa biblioteca.

– Talvez não dê mais tempo. – falou Sarah. – Ele só pode dormir mais três vezes, antes de morrer, ou melhor, de nunca ter nascido.

– Acredito que você talvez consiga, Sarah. – falou ela. – Você é a escolhida, droga. O que é que você não consegue fazer?

– Trazer o Dean de volta. – falou a loira. Yvonne se aproximou e abraçou a mulher. - Obrigada por tudo.

– De nada menina. – respondeu ela ainda abraçada a loira. – Olhe, eu e Monique queremos que você fique com isso. – Yvonne entregou o grimório para Sarah.

– Mas e vocês?

– Temos outro grimório, não se preocupe. – respondeu a jovem. – Boa sorte.

– Obrigada. – respondeu a loira.

– Bobby, esse é o endereço do amigo que falei. – ela passou o papel para ele. – Ao chegar, digam que fui eu quem os enviou e ele lhes dará livre acesso.

– Obrigada Yvonn... – antes que pudesse concluir, a mulher deu um beijo em Bobby que ficou completamente sem reação.

– É para dar sorte. – falou ela sorrindo e limpando o batom. – Adeus.

– Adeus Yvonne. Adeus Monique – falou Sam e os quatro seguiram para os carros: o impala e a mini van.

...~...

Chegaram na casa do amigo de Yvonne, cerca de vinte minutos depois, a casa era logo na divisa da cidade. Bateram na porta e aguardaram ansiosamente que alguém viesse atender. Um homem aparentando ter cerca de cinquenta anos atendeu e colocou uma arma, engatilhada, encostada na parede e apontada para Bobby.

– O que querem? – perguntou ele desconfiado.

– Yvonne nos mandou procurar por você. – falou Bobby e o homem abaixou a arma.

– Amigos da Yvonne, são meus amigos. – falou ele. – Podem entrar. Eu me chamo Stanley e em que posso lhes ser útil?

– É um prazer Stanley. – o moreno apertou a mão do homem. – Eu sou o Sam e esse é o Bobby. Aqueles dois ali são Sarah e Dean. – ele apontou para os outros dois que estavam logo atrás. - Yvonne nos disse que você tem uma extensa biblioteca e precisamos de livros que falem sobre como desfazer feitiços. – falou Sam.

– É, eu acho que posso ajudar. – falou o homem. Colocou a arma em cima da mesa e abriu a porta do porão. Sam e Bobby seguiram na frente enquanto que Sarah e Dean foram atrás. Lá no porão, ele abriu outra porta onde havia mais escadas e assim, todos eles desceram. Chegaram a um lugar extremamente escuro, mas com oxigênio e com cheiro de livros. O homem se aproximou de uma parede e ascendeu a luz. – Bem vindos a minha biblioteca.

Aquele lugar, extremamente grande e repleto de livros, se impunha a todos que olhavam. Para um amante de livros, como o Bobby, aquilo era um paraíso.

– Oh meu Deus. – falou o velho caçador.

– A seção de bruxaria é por aqui. – falou o homem e desceu uma escada de poucos degraus. Seguiu pelo corredor de prateleiras onde os caçadores podiam ver tamanha organização. Tudo catalogado por nome e autor. Havia secção de culinária, contos, história da arte, sobrenatural e finalmente, chegaram às bruxas.

– Você já leu todos esses livros? – perguntou Dean.

– Todos eles. – respondeu o homem. – e acho que o livro que estão procurando é esse aqui. – Ele puxou uma escada e subiu, pegou um livro de capa preta e entregou a Bobby. – fala sobre feitiços e contrafeitiços.

– Vamos começar a lê-los imediatamente. – falou Bobby.

– Levem mais esses dois aqui, quem sabe não ajuda em alguma coisa? – falou ele e entregou os livros para Sarah e Sam.

– E eu? – questionou Dean.

– Eu tenho um livro ideal para você.

...~...

– Ele acha que eu tenho quantos anos? Sete? – falou Dean sacudindo um livro de figurinhas e outro para colorir.

– Não reclame, criança. – falou Bobby e Dean franziu o cenho com a última palavra.

– É só que... Eu posso ajudar. – falou ele. – Mas vocês não querem dizer sobre o que estão procurando.

– Não se preocupe, Dean. – falou Sarah. – Está tudo sobre controle.

– Eu estou preocupado com o meu irmão. – falou ele e se sentou em uma cadeira. – Têm certeza que ele está bem?

– Ei. – falou Sam e se levantou. Sentou ao lado do rapaz e o encarou. – Ele está bem, fique tranquilo.

– Se o papai souber que o Sam está sozinho, ele vai me matar.

– John não vai brigar com você, fique tranquilo. Ele sabe o que está acontecendo. – falou Bobby de onde estava sentado.

– É minha obrigação manter o Sam seguro e por isso eu fico assim. Ele só tem dez anos, ainda é um menino.

– Acredite em mim, ele está bem e tem orgulho de ser seu irmão. – falou Sam e sorriu. Passou a mão no ombro do rapaz e se levantou, voltando para o seu grupo de pesquisa.

...~...

Sarah havia acabado de ler o seu livro e Sam também e já havia se passado cerca de quatro ou cinco horas, ninguém se importou em cronometrar. Dean havia saído para tomar um ar e Stanley consertava alguma coisa no lado de fora da casa. Até que as três pessoas que permaneciam focadas no estudo, ouviram o homem lhes chamar.

Ao chegarem aos fundos da casa, encontraram um garoto de seis anos, caído no chão.

– O que aconteceu? – falou Sarah e correu até Dean.

– Ele escorregou e bateu a cabeça em uma pedra. Desmaiou imediatamente. – falou o homem. – Depois acordou, passou um tempo sentado e desmaiou outra vez.

– Isso explica o porquê dele ter perdido oito anos. – falou Bobby.

– É para ele que vocês estão desesperados assim? – falou o homem.

– É por causa dele sim. – respondeu Sam e ia pegar Dean nos braços, mas Sarah impediu.

– Houve uma pancada forte na cabeça, Sam. Não podemos correr o risco de ele acordar e dormir outra vez.

– E o que pretende fazer? – perguntou Bobby. – Deixar o garoto ai? – Sarah não respondeu. Apenas se levantou, encheu a mão com água e voltou até onde Dean estava.

Ego, pythonissam at Endor, imperium at sanitas. – falou a garota as palavras que traduzidas significa “Eu, a bruxa de Endor, ordeno a cura”. A água na mão da mulher tornou-se laranja e brilhosa. Ela deixou com que a água caísse por sobre a cabeça de Dean e esperou. Segundos depois, a criança acordou. – Deu certo.

– Deu certo, Sarah. – falou Sam. – Parabéns.

– Você é uma bruxa? – perguntou Stanley.

– Sim, eu sou. – falou Sarah e sorriu.

– Saiam da minha casa. – falou o homem. – Eu não quero bruxas aqui dentro.

– Mas você disse que podíamos ficar, somos amigos da Yvonne.

– Yvonne é a minha ex-mulher e acreditem, a magia foi responsável por arruinar o nosso casamento. Depois disso, eu jurei nunca mais permitir que nada relacionado a ela, entrasse na minha casa. – ele entrou, pegou os livros e entregou para Bobby. – Pode ficar com eles, mas deem o fora.

– De qualquer forma, obrigado pela ajuda. – falou Sam.

– Eu sinto muito. – concluiu Sarah. – Obrigada.

– Okay. – falou Stanley e entrou. Bobby foi o único que o seguiu, para pegar as suas bolsas e qualquer outra coisa que eles tenham deixado lá dentro. Sam, Sarah e Dean estavam esperando do lado de fora, já dentro do impala. Dean estava receoso quanto a Sam e por isso, o tempo todo, ficou de mãos dadas com Sarah.

Bobby se juntou logo em seguida ao grupo, que partiram para o primeiro motel que encontraram, não antes de passar em uma loja de roupas infantis e comprar alguma coisa para Dean. E assim, as horas se passaram. Sarah já estava acordada há tanto tempo que nem sabia mais quanto, precisava dormir nem que fosse por duas horas, mas não iria desistir de Dean. Não enquanto ainda houvesse esperança.

– Sarah, é isso. – falou Bobby tomando o livro que a jovem abriu para começar a ler. – Não há como voltar.

– O que?

– Bobby tem razão. – falou Sam. – Já tentamos de tudo.

– Vocês estão desistindo? – falou ela seriamente. Não acreditou que eles estivessem jogando a toalha. - Ele é o seu irmão, Sam.

– Sarah, nós já andamos muito atrás de algo que pudesse nos ajudar, mas não achamos. Se pelo menos você soubesse desfazer isso...

– Okay, agora a culpa de tudo é minha?

– Na verdade, é filha. – falou Bobby. – A culpa disso tudo é sua. Você ainda não desenvolveu uma maturidade que vem com esses poderes.

– Vão se ferrar. – falou a mulher. – Vocês dois.

A mulher saiu irada do quarto onde estava e seguiu para o quarto que havia alugado só para si. Sentou-se no chão, encostada no pé da cama e chorou. Ela não chorava com facilidade, apenas uma coisa muito séria a faria se sentir daquela forma, mas naquela hora, ela estava se sentindo uma inútil e tinha que colocar todas as suas magoas para fora. Colocou as mãos no rosto e tomou um susto quando foi tocada no braço. Dean havia se sentado ao lado dela e a observava.

– Não chore. – falou ele. – Adultos não choram.

– Isso não é uma regra. – respondeu ela. - Adultos podem chorar quando se sentirem tristes. Fracassados.

– Meu pai diz que a gente tem que ser forte. – ele sorriu. – Eu e o Sam. Acho que isso pode servir para você também.

– Obrigada Dean, mas eu preciso mesmo chorar. – respondeu ela e o menino se levantou. Ficou de frente para ela e cruzou os braços. – O que está fazendo?

– Eu vou ficar aqui, em pé, até você parar de chorar. – respondeu ele e Sarah deu uma risada alta. – Eu fazia isso com a mamãe. Sempre dava certo. – Ele puxou uma mecha do cabelo de Sarah. – Na verdade, você parece com ela. O mesmo cabelo loiro.

Sarah abriu os braços e o pequeno menino loiro a abraçou.

– Me desculpe, Dean. – falou ela alisando os cabelos do menino. – Me desculpe.

– Não se preocupe, eu não tenho do que perdoar. – falou ele e se afastou. Estava sorrindo, mas logo bocejou. – Eu estou com sono.

– Você quer dormir? – perguntou a mulher. Dean balançou a cabeça afirmativamente. – Okay, venha. – Ela esticou a mão e o menino a seguiu. Sarah o colocou na cama e o cobriu. – Sonhe com os anjos.

– Pode ficar até eu pegar no sono? – pediu o menino. – Não gosto de dormir sozinho.

– Claro. – respondeu ela e deu a volta na cama. Deitou-se ao lado dele e o abraçou.

– Você sabe cantar? – perguntou o menino e Sarah sorriu.

– Um cara que eu conheci. Disse que eu não tenho futuro, como cantora. – respondeu ela lembrando do dia em que ela colocou uma musica alta, na casa de Bobby e Dean lhe soltou essa provocação.

– Acho que você canta bem. Canta para mim?

– Que música quer que eu cante?

– Hey Jude. – falou ele. – mamãe cantava para mim e para o Sammy. Para a gente dormir.

– Eu não sei a letra toda, posso cantar até eu souber?

– Pode. – falou ele e Sarah apoiou a cabeça. Deixou que a canção saísse de seus lábios, quase como em um sussurro, enquanto as lágrimas encharcavam o travesseiro.

Hey, Jude, don't make it bad
Take a sad song and make it better
Remember to let her into your heart
Then you can start to make it better

Hey, Jude, don't be afraid
You were made to go out and get her
The minute you let her under your skin
Then you begin to make it better”

Sarah percebeu que o menino fechou os olhos e a respiração ficou tranquila.

– Me desculpe Dean. – ela passou a mão nos cabelos lisos e loiros do menino. – Eu queria que nada disso tivesse acontecido e que tudo voltasse ao normal. Eu não quero que você morra. – ela sorriu em meio ao choro. – Quem vai me pirraçar se você morrer?

Ela ficou ainda acordada por um tempo, mas inevitavelmente pegou no sono e por isso, não percebeu a onda que deixou o seu corpo.

...~...

Sarah se mexeu na cama e virou-se para o lado oposto. Puxou o cobertor para cima de si e acordou quando uma mão reposou em sua cintura. Tocou no braço e percebeu se tratar de um homem. Virou-se rapidamente e deu de cara com Dean dormindo.

– Oh meu Deus. – Falou ela sorrindo e se jogou em cima do loiro. Abraçando-o.

– Okay, não estou acostumado a ser acordado assim. – falou ele e encarou a mulher que sorria.

– Você voltou. Como? – falou ela abismada.

– Primeiro, eu nunca fui para lugar nenhum e segundo, porque eu estou pelado na sua cama? – falou ele e levantou o cobertor para ter certeza do que dizia. Sarah se levantou rapidamente da cama, empurrando Dean para o lado, como se fugisse dele. Nesse momento, a porta do quarto se abriu e os dois outros caçadores entraram pela porta rapidamente.

– Sarah, Dean... sumiu. – falou Bobby.

– Dean? – falou Sam sorrindo.

– Vocês estão muito estranhos e eu estou começando a ficar com medo disso. – falou Dean.

– Como você desfez isso, Sarah?

– Eu sei lá. - respondeu a loira.

– Desfez o que? - perguntou o mais velho dos Winchester.

– Levante-se, vamos te contar tudo. – falou Bobby.

– Okay. – respondeu Dean e fez menção de se levantar. Sarah deu um salto e ficou de costas.

– Eu mereço. – falou a mulher balançando a cabeça e com as mãos no rosto.

...~...

– Estão me dizendo que eu fui enfeitiçado? – perguntou Dean abismado com a idéia. Todos eles já haviam retornado para Salvation, para a casa de Bobby.

– É isso ai. – falou Sam.

– Você me enfeitiçou, Sarah! – Ele se aproximou da mulher.

– Já foi dito que foi sem querer e você me tirou do sério. – falou ela pegando uma cerveja da geladeira, abrindo e levando a garrafa até a boca, mas não chegou a beber, porque Bobby a arrancou de sua mão. – Tio?

– Você está debaixo do meu teto, garota. Não vai beber nada que contenha álcool. – ele abriu a geladeira, pegou uma garrafa de coca-cola e passou para a garota.

– E como os meus outros eu’s, reagiram a essa história?

– Até o você de dezoito anos, compreendeu bem, mas os de quatorze, dez e o de seis, eram meninos demais para entender...

– Sabe que você era bem mais legal quando jovem? Principalmente o de seis anos. Muito sábia aquela criança.

– Não pode ser tão diferente de mim, afinal, sou eu.

– Ele me reconfortou, disse que ia ficar tudo bem e me fez sorrir. – falou Sarah e sentiu ânsia quando bebeu do refrigerante. – definitivamente, você era mais doce quando criança.

– Eu posso ser doce, se eu quiser.

– Eu duvido. – falou Sarah. – Você sempre foi rude e insensível. Nunca vai ser doce.

– Quer saber? Não sou obrigado a ser o que não sou, por sua causa. – falou ele e cruzou os braços. – Quer doce? Na bomboniere você encontra.

– E lá vamos nós. – falou Sam. – Por incrível que pareça, senti falta disso.

– Tio, você sabia que o Dean me deu cerveja? – falou ela e encarou o loiro que cuspiu o conteúdo que acabou de beber.

– Você o que? – perguntou Bobby e Dean encarou a mulher seriamente.

– Era nosso segredo. – falou o loiro.

– Em momento nenhum você me disse que era segredo. – ela respirou fundo, piscou o olho direito. – Divirta-se.

Ela deu as costas para o grupo e seguiu na direção das escadas. Parou na soleira da porta antes de subir. Os três continuaram conversando e a mulher respirou fundo. Jamais diria em voz alta, mas sentiu falta do Dean.


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Notas finais do capítulo

É isso gente!! Espero que tenham gostado.
Um mega beijo de suas Deangirls...

Flávia Rolim e Karol.