– Me desculpe por isso. - Sasori disse, quando me virei para encara-lo. Ele estava sozinho desta vez. - Não tive muita escolha.

– O que você fez?! - Eu estava muito irritada por Sasuke. Muito mesmo.

– Jiraya atrapalhou nossa negociação na última vez, mas não vai acontecer de novo. - Ele me ignorou. - Estou retomando o pedido. Pelo bem desse garoto.

– Não se atreva! Eu nunca vou me juntar a vocês. Prefiro morrer do que desistir tão fácil quanto você desistiu! - Gritei furiosa. Estendi a mão, fazendo minha espada surgir no meio dela. Sasori estreitou os olhos.

– Então você quer ir pelo jeito mais difícil? Vai arriscar a vida do seu querido principe? Você sabe que não é páreo para mim. - Ele fez o mesmo movimento que eu, fazendo surgir sua enorme lança negra. Eu realmente sabia que não seria fácil enfrentá-lo.

– Não me importo de morrer, mas o príncipe deve ficar vivo. - Falei, séria.

– Se lutarmos e você morrer, o príncipe vai morrer do mesmo jeito. Tenho ordens para matá-lo se você resistir. - Disse, me encarando com frieza. Não era o mesmo Sasori de tempos atrás, mas eu não me intimidaria.

– Vamos em frente. - Levantei minha espada em sua direção, e deixei minhas asas se libertarem.

– Como queira. - Ele também levantou sua lança em minha direção. Suas asas negras se misturavam na escuridão.

Avancei para cima dele, que defendeu meu golpe com facilidade usando sua lança. Jogou meu corpo para trás, raspando meu ombro com a ponta afiada de sua arma, logo depois fazendo o mesmo com minha perna direita e abdomem. Cambaleei, sentindo a dor.

– Já terminou? Não te ajudei nos treinos para isso. - Provocou.

– Você nunca me ajudou com nada! - Retruquei, brandindo novamente minha espada. Consegui atingi-lo levemente na cintura, não fazendo muito efeito. Ele apenas se esquivava e defendia, com maestria, devo admitir. Ele sempre foi bom, desde jovem.

– Eu tentei. - Ele disse, usando um movimento rápido para jogar minha espada longe. Apenas olhei, assustada, para minha mão onde ela estava segundos antes. Eu estava sem saída. Apenas o vi avançando para cima de mim e fechei os olhos, esperando o golpe, que não veio. Escutei o barulho de sua lança indo ao chão e senti seus braços envolverem minha cintura, me afundando em seu colo com um certo desespero, senti suas lágrimas em meu rosto. - Eu realmente tentei. Tentei te ajudar, tentei resistir, tentei lutar... Tentei te esquecer. Cada segundo naquele lugar é um inferno. Os demônios, eles... Nós, somos cruéis. Eu não quero isso, eu quero o meu lar. Sempre quis.

Fiquei em choque por alguns segundos. Aquele era o Sasori que eu conhecia, aquele era o Sasori que eu amava. Pude sentir a verdade em cada uma de suas palavras, ele realmente desejava tudo aquilo. Levei minhas mãos à sua cintura, correspondendo o carinho, lágrimas surgiram em meus olhos.

– Então volte, Sasori. Volte para nós, para a sua família. Nós somos o seu lar. - Sussurrei enquanto ainda o abraçava. Ele me afastou, somente o suficiente para me encarar. Limpou minhas lágrimas com o polegar.

– Eu não posso. A vida de todos no Reino dos Anjos depende da minha lealdade com os demônios. Foi esse o trato que eu fiz. - Ele abaixou o olhar. Como eu fui cruel, julguei ele por todos esses anos, o culpei, o amaldiçoei. Ele fez tudo isso para proteger nosso reino. Não quero imaginar o quanto ele sofreu.

– Podemos dar um jeito. - Coloquei minha mão em seu rosto. - Podemos te tirar dessa e ainda salvar o reino.

– Não é assim, querida irmã. - Ele colocou a mão sobre a minha e a tirou de seu rosto. - Não podemos arriscar tanto. - Terminou, olhando para o corpo de Sasuke, atrás de nós. Olhei na mesma direção e lembrei da minha missão, dos meus momentos com nosso príncipe, meu coração apertou.

– Precisamos fazer alguma coisa... - Murmurei, já o abraçando novamente.

– Vamos fazer o seguinte... - Ele disse, puxando meu rosto para encara-lo. - Eu volto para o Reino dos Demônios e digo para o rei que você resistiu e eu a matei, assim como ao príncipe. Você pede ajuda a Tsunade e volta com ele para o Reino dos Anjos. O único lugar seguro para ele agora é lá.

– Mas, e você? Quando souberem que mentiu, vão matá-lo! - Falei, sem tirar meus olhos dos dele.

– Eu prometo que voltarei para o meu lar, custe o que custar. - Ele beijou minha testa. - Qualquer coisa, saiba que eu te amo, cereja. - Terminou, levantando voo logo em seguida.

– Espera, Sasori! - Ele já havia ido. - Eu também te amo. - Suspirei, ele sempre me deu trabalho, desde o nascimento, por separar meus pais, até hoje em dia.

Corri até Sasuke, que respirava com dificuldade.

– Aguenta firme! Vou chamar a Shion... - Falei para ele, me levantando rapidamente, mas ele segurou meu pulso, me puxando em sua direção, selando nossos lábios. Ele está quase morrendo, e ainda quer me beijar. - Sasuke! É sério, isso não é hora, me deixa ir!

– Não gostei... - Ele falava pesadamente, com a respiração entrecortada. Me aproximei para conseguir entender. - Da proximidade daquele cara com você. - Ele fez um esforço danado só pra falar isso. Tive vontade de bater nele, só não fiz porque ia matá-lo.

– Cala a boca, seu idiota, você está morrendo! - Segurei a mão dele. - Poupe suas forças. Eu já volto, não se preocupe. - Beijei a testa dele e saí a procura de Shion e de Tsunade, já que tinhamos muitas coisas para resolver, mas pouco tempo para isso. Hoje o dia não tá para mim.