Eu pude ver em seus olhos que ele já havia entendido tudo. Fiquei sem fala por um momento.

– Exato. – Abaixei a cabeça novamente, ignorando sua tentativa de mantê-la erguida. – Como soube?

– Vem comigo. – Ele me puxou para um pouco longe da caverna, olhou em volta. – Acho que humanos não têm isso. – Ele tirou a camisa e fechou os olhos, seu rosto expressando tranquilidade. Grandes asas cor de neve saíram de suas costas.

– Sasuke! Suas asas, mas... Como?! Como você as despertou? – Perguntei, um pouco assustada. As asas de um anjo nascem quando o mesmo aceita sua identidade.

– Eu não sei. Estava sentindo muita dor nas costas nos últimos dias... Desde que eu descobri... Sabe, sobre você. – Ele disse, com um pouco de receio. – Então, há dois dias, acordei com minha camisa rasgada nas costas, não entendi o porquê. Mais tarde, elas saíram do nada e quase que eu não consegui me esconder a tempo. – Ele explicou, olhando para as asas. – Quando as abrimos, dá uma sensação de alívio.

– É difícil mantê-las fechadas sob controle. Você está indo muito bem. – Falei, me aproximando e tocando-as também. Sasuke passou os braços em minha volta, tocando minhas costas.

– Pode me mostra-las de novo? – Ele pediu. Não neguei, apenas me curvei, reverenciando-o. Era um príncipe, afinal.

– O que está fazendo? – Perguntou.

– Cumprindo uma ordem, alteza. – Respondi. Ele ficou confuso por um tempo, mas não disse nada. Ainda temos muito a conversar pelo jeito.

Tirei a blusa, ficando apenas com o sutiã branco liso. Senti um alívio imenso enquanto minhas asas se libertavam, se estendendo atrás de mim. Abri os olhos, vendo Sasuke tocá-las levemente.

– São maiores que as minhas. – Ele disse, sem tirar os olhos da plumagem branca. Eu ri.

– Tenho elas há muito tempo, Sasuke. – Sorri para ele.

– Elas ficam lindas em você. – Disse.

– Você também não fica nada mal com elas. – Falei no mesmo tom.

Aproveitei que estávamos sozinhos e tirei meus pés do chão lentamente. Que saudade de voar, caminhar cansa. Olhei para Sasuke, que me olhava do chão, admirado.

– Ei, você também pode fazer isso. – Ri.

– Só não sei como. – Ele ficou pensativo. Voltei para o chão.

– Tem que confiar nelas. – Olhei para suas asas, recém despertadas. – Dê um impulso e a magia acontece. Confia em mim? – Perguntei, estendendo a mão para ele, que apenas assentiu.

Segurava minha mão com força, enquanto seus pés saíam do chão lentamente. Ele sorriu pra mim, como uma criança depois de ganhar um doce. Foi o sorriso mais lindo que já vi.

– É fácil, não? – Perguntei, vendo ele olhando para baixo que nem um bobo. Assentiu com a cabeça.

– É incrível. – Disse, enquanto voltávamos para o chão.

– Mais tarde temos que conversar. Agora, vamos voltar. – Falei já me virando. Senti meu pulso sendo segurado e fui puxada, para logo depois sentir os lábios dele sobre os meus.

– Sim, mais tarde temos que conversar. – Confirmou enquanto passava os braços em minha cintura, me puxando para mais perto. Me aconcheguei em seu peito.

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– Conseguimos? – Karin perguntou atordoada quando vimos a saída da selva.

– Claro que conseguimos. – Respondi, andando apressada na frente. – Jiraya! – Gritei, quando vi o velho parado mais à frente.

– Ora, olá querida. – Ele disse, nem dando muita bola pra mim.

– Olá nada! Tem muito o que me explicar! – Passei por ele, o puxando junto.

– Ei, ei, pode parar mocinha. Não lhe devo nada. – Ele se soltou de mim.

– Por que os demônios têm medo de você? – Perguntei.

– Impressão sua, eles não têm. Só sei mostrar quem manda. – Ele disse, saindo logo depois. Me ignorou completamente! Onde já se viu.

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– Velho idiota! – Caminhava xingando tudo e todos. Estava voltando para minha barraca. Esbarrei em algo.

– Ei, calma. – Sasuke disse, segurando uma risada.

– Você está rindo de mim! – Xinguei.

– Não estou não. – Ele disse simplesmente. Mas seu semblante demonstrava o contrário.

– Idiota. – Murmurei, me jogando na grama. O sol estava se pondo, deixando o céu com cores incríveis.

– É você. – Ele deitou ao meu lado.

– Sasuke... – Comecei, me virando para ele. – Quer conhecer seu passado?

– Como assim? – Ele virou para mim também.

– Sabe de onde veio? O que realmente é? Como veio parar aqui? – Bombardeei ele de perguntas.

– Só sei que sou um anjo também, mas como... Não sei. – Ele estava confuso.

Foi naquele momento que Sasuke conheceu sua verdadeira vida. Contei a ele sobre tudo. O sequestro, sua descendência, sobre a guerra e tudo mais. Ele ouviu atentamente cada palavra, mas não demonstrou surpresa em nenhum momento.

– Interessante. – Murmurou no final. Apenas isso. Interessante.

– Interessante? – Repeti.

– Então você fala comigo só pela sua missão? – Ele disse. Entendi e ri. Ele me encarou. – Qual a graça?

– É isso que pensa? – O encarei também.

– E não é verdade? – Questionou. Apenas sorri e o beijei.

– Claro que não. É a minha missão, mas eu abandonaria ela no momento que você pedisse. – Respondi. – Você é um príncipe, afinal.

– Hm. Não me imagino como um. – Ele disse. – Mas e agora? – Questionou.

– O quê? – Perguntei.

– Já me disse do meu passado, já cumpriu sua missão. Tem que me levar junto para o Reino dos Anjos, não? – Perguntou. Percebi o seu nervosismo.

– Seria bom. – Falei. – Mas não se preocupe. Podemos curtir o mundo real um pouco mais. – Sorri. Ele sorriu de volta.

Lembra quando eu disse que já tinha visto o sorriso mais lindo? Retiro. Esse foi o sorriso mais lindo que eu já vi.