O pulso ainda pulsa escrita por Gui Montfort
Notas iniciais do capítulo
Conrad recebe a ajuda de Palacios, uma clarividente que o auxiliará na resolução do caso.
– Vai me deixar esperando por quanto tempo? – Indagou Palacios com sua voz cadenciada.
– Entre, por favor. – Conrad acompanhou Palacios. Arrastou a cadeira da escrivaninha para que ela se sentasse.
– Pelo visto não temos tempo a perder, não é? – Sentou-se, não deixou de perceber a bagunça na mesa e no quarto. – Isso seria um mapa mental? – Disse sorrindo quando viu uns rabiscos em uma folha ao lado do notebook.
– É, quase isso. Anne... – Conrad estava em pé ao lado de Palacios – não podemos perder tempo. Antes de dormir, te enviei aquele email com o endereço do hotel e com os detalhes do caso. Acho que já está ciente de tudo o que sei até aqui.
– Sim estou, creio que tenha editado o vídeo, assim eu vou direto ao ponto. – Sua voz rouca dava um tom de seriedade a mais em tudo o que falava.
Conrad concordou com meneando a cabeça. Abriu o seu Dell e deu play nas gravações que tinha editado, toscamente, durante a noite. O olhar de Palacios nada dizia. Ela não demonstrava emoção alguma. Um enorme iceberg, era assim que ela parecia apesar de não ter mais que 1,65 de estatura.
– Sim... eu vejo. – Disse cortando a atmosfera de silencio que ela mesma criara. – Conrad, existem dois espíritos.
– Imaginei. – Pegou as fotos dos funcionários mortos no acidente. – Quais deles?
– Este e este – Palacios indicou tocando nas fotos de Davi Lima e Rubens Moura. – Mas não é apenas isso.
– Como assim?
– Nos dois ataques, é o espírito do Davi o responsável pelas lesões dos enfermeiros. A maca continua andando porque o espírito do Rubens não passa de uma...
– Assombração residual... – Conrad não esperou por Palacios.
– Isso mesmo. O curioso é que Davi olha para a câmera algumas vezes. E... – Palacios olhou para Conrad com um ar consternado -...sinta-se feliz por poder ver os espíritos dos mortos apenas quando eles desejam isso, diferentemente de mim, que vejo a todo instante.
– Por que diz isso?
– Ele olha mesmo sem possuir olhos. –As palavras eram lúgubres, mais que a própria Palacios.
Conrad não sabia desse detalhe. Afinal, as mortes dos funcionários não tiveram doses de violências. Foi um acidente, contou com testemunhas e a pericia havia confirmado isto. O detalhe trazido por Palacios era um novo diferencial para o caso.
– Conrad, isto é tudo.
– Obrigado. Notei que os horários em que a maca era movida no corredor variavam pouco, questão de minutos. Estive olhando a agenda dos enfermeiros vitimados, eles trabalhavam no setor de cirurgias. Então, tem algo que liga as vitimas dos ataques a Davi.
– Seria um desafeto antigo? – Sugeriu Palacios.
– Não, pela força dos ataques, não. Deixei passar algo. – Conrad pegou a caderneta que estava sob o travesseiro e pegou a folha com a agenda dos funcionários. – Vamos ver. O que eles estavam fazendo no dia das mortes...?Humm...
– Alguma ligação?
– Não, nada... trinta minutos após a morte dos funcionários, o enfermeiro Wendel passou seu cartão magnético de freqüência na sala de cirurgias nº 09 e o enfermeiro Silvano estava em sua sala, no corredor 03.
– Duas perguntas, o qual cirurgia estava sendo feita na sala em que o Wendel foi solicitado e como assim o Silvano estava em sua sala?
– Não sei te responder a primeira pergunta, isso não está descrito nos documentos que possuo, a segunda é simples: ele trabalhava em uma sala responsável pelo visto de autorização para os transportes de órgãos.
– Então trate de achar a resposta para a segunda e uma sugestão...- levantou-se da cadeira – reveja os vídeos, mas preste atenção nos vivos e não nos mortos. – Sorriu.
– Claro. Seguirei seus conselhos.
A ajuda de Palacios começara a se mostrar eficaz. Seus olhos não falhavam.
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E então? vamos continuar?