Eu olhei pra ela e olhei pro portão. Não era o que agente tinha passado, pois aquele era pela recepção do prédio do estádio. Era um outro, num canto do estádio. Todos entravam, e antes já tinham dado o ingresso e tudo.
Logo, foram aparecendo os fãs. Arregalei os olhos assim que vi o quanto corriam. Tive a impressão de que eles empurrariam o palco, de tanto que corriam. Acho que não iam conseguir parar, antes de voar aqui em cima.

Os gritos histéricos, gente correndo e chorando ao mesmo tempo, outros caindo... Senti um medo dentro de mim. Lembrei-me de que antes, estivera ali, e milagrosamente hoje, estou aqui, em cima do palco. Meus olhos se marejaram.
Os primeiros fãs sortudos – ou não ? – conseguiram chegar, e se escoraram naquela grade que separava o palco da platéia. Eu abri a boca assim que percebi o choque dos corpos dos fãs com a grade de ferro. Parecia ter arrancado o tronco de tão forte que bateram. Becky me olhou assustada, sabendo que eu estava completamente chocada com tantas novidades.

Eu via no rosto de todos os fãs, via os olhos deles procurando Mike pelo palco. Era incrível ver a reação deles daqui de cima. Podia entender um pouco da sinceridade de Mike, quando dizia que amava verdadeiramente seus fãs, de todo o coração.
Sorri, encarando os fãs enfurecidos a minha frente. Os gritos histéricos pareciam normais de escutar, e isso é uma surpresa pra mim ; Pois eu sabia do que eles estavam sentindo, e na verdade, eu estava eufórica assim como eles, mas por dentro.

Meu coração batia tão forte agora, como se pressentisse algo. É engraçado, eu costumo ter “previsões” de algo que vai me abalar futuramente. Mas talvez não seja isso... Talvez esteja nervosa mesmo, por estar realizando o sonho mais perfeito da minha vida ! Estou imensamente sem palavras pra explicar como o Mike sabe dançar, de perto era tão perfeito, tanta habilidade nos movimentos que chegava a ter calores. É sexy demais pra meu lado fã. Sexy demais ! E olha que eu vi só o ensaio, imagina agora, prestes ao show – literalmente –  começar .

Estava quase roendo as unhas – habito que eu não tenho, incrível como eu fiz – quando a musica começa a tocar. A luz do palco é abaixada e logo ele começa a cantar. A musica era BAD. OMG, estava tendo um AVC. A luz voltou ao normal, e lá apareceu Michael sorrindo pra seus fãs. Ele estava de costas pra mim, mas eu conseguia ver o relance de seu rosto, conforme ele dançava.
Eu não sabia se tocava, se gritava como uma fã histérica, se me assustava com os gritos mais altos que já ouvi na vida vindo dos fãs ou se desmaiava. Uma crise de pânico tomou conta de mim.

– Ai meu Deus! – Exclamei pra mim mesma, mas não escutei minha voz de tão alto que o som era, perto de minha voz atordoada.

Tentei me lembrar de tudo que tinha pensado pra me preparar pra esse show, e que sabia que sentiria nesse momento. Eu estava aqui, trabalhando... Não podia me deixar levar por isso e tocar tudo errado. Se continuasse, eu perderia totalmente a noção de tempo e iria correr pro centro daquele palco e agarrar o homem mais gostoso do mundo.

Respirei fundo, olhando com pânico para o teclado. Decidi não olhar pra frente, não podia olhar pra frente ! Se olhasse faria uma loucura ! Se controle Annie, inspira... respira...
Comecei a apertar as teclas com mais força, de tanto nervoso. Minha mente esta a mil. Olhei pra frente num relance, e vi Michael remexer os quadris, com a famosa mordidinha nos lábios.

– Caramba, ele não ajuuuuuda ! – Falei com a voz tremendo enquanto voltava o olhar pro teclado.

O calor me subiu, e o lado fã apareceu. CARAMBAAAAAAAA, É MUITO MAIS GOSTOSO AO VIVO AHHHHHHHHHHHHHH !

ANNIE SE CONTROLA ! Oh meu Deus, oh meu Deus ! Minha respiração ficou ofegante.

Os fãs pareciam me deixar mais nervosa, não sei por qual motivo. Eu observei eles e vi novamente que nesse momento, meu papel não era o de fã. Comecei a me acalmar, mas minha respiração continuava ofegante, e minhas mãos não deixavam de deslizar pelo teclado “macio”, agora com mais delicadeza.

É difícil, mas consegui me conter. Consegui observar o teclado sabendo que Michael Jackson cantava a minha frente. Eu sorria várias vezes em escutar a sua voz angelical, fixando o maximo que podia, os olhos no teclado. Assim passou, até a ultima musica que foi Man in the mirror.

O show acabou. As luzes se apagaram e a gritaria foi imensa. Michael saiu do palco com o rosto tão triste, e eu sabia a tristeza que ele sentia. Não queria ir embora, sair de perto dos fãs. Que fofo...
Eu fiquei ali por mais um tempo, observando fãs que choravam e desmaiavam, e me conti pra não chorar. Estava muito sentimental, não sei porque... Becky me despertou do olhar fixo nos fãs, veio me chamar.

– Annie, vai ficar ai ? – Ela falava normal, em pé a minha frente, mas eu escutei um murmuro devido aos gritos altos.

Eu sorri, me levantando.

Caminhamos entre os instrumentos do palco, e Becky estava ao meu lado. Comecei a tropeçar nos fios, enquanto ela ria. Estava escuro ali !

– Você vai se acostumar andar nesses escuro, com fios e instrumentos logo, logo... – Ela gargalhou, me guiando pela mão pra que não tropeçasse na bateria, talvez.

– Tomara, chega de micos ! – Eu praticamente gritei, mas Becky pareceu não ouvir. Os gritos continuavam.

Entramos numa espécie de camarim. Todos da banda estavam ali, assim como os assistentes de palco. Tinha uma pequena mesa de comidas rápidas, e muita água. Becky pegou duas garrafas de água, e me deu uma. Eu agradeci.
Comecei a beber a água, fechando os olhos enquanto pensava em tudo que aconteceu. Parecia um sonho, no qual eu não quero acordar!
 Escorei minha cabeça na parede, ainda bebendo água.

– Parabéns pessoal ! Correu tudo muito bem, todos estão de parabéns ! – A voz mais linda do mundo alcançou meus ouvidos, me fazendo abrir os olhos rapidamente. Vi um relance de Michael sem camisa ! Ele saiu em seguida, cheio de seguranças naquela sala apertada. Acho que ele ia embora. Ai meu Deus, ele estava SEM CAMISA !

Comecei a tossir, tossir de quase perder o ar enquanto olhava Michael sair. A blusa estava no seu ombro, pendurada, e ele estava todo suado, totalmente... Ai meu Deus!

– Annie ? – Becky olhou pra mim espantada, assim como todos naquela sala olharam.

Minha tosse cessou, respirei fundo tentando me conter enquanto fechava os olhos.

– Estou bem... Me engasguei apenas. – Ouvi alguns risos, mas logo a menina engasgada por ver Michael Jackson sem camisa e quase ter outro AVC, foi esquecida.

Procurei por Mike assim que voltei a raciocinar – depois de ver-lo sem camisa, que fã não ficaria lesada? –.

Ele não estava lá.

Me levantei, olhando para os lados. Havia muita gente pra uma sala pequena. Talvez Mike tivesse no meio deles...Semicerrei os olhos, procurando-o. Não. Ele não estava mais aqui. Pudera sair tão rápido do show assim ? E, todos ali pareciam tranqüilos, sorrindo e comemorando o trabalho pelo bem feito.

Bella estava entre Daniel e outros da banda. Olhei-a e vi minha bolsa perto dela, na mesa que ela estava escorada. Andei até ela, pegando a bolsa enquanto dizia.

– Bella, você viu Michael ? Preciso pegar uma coisa que está com ele. – Lembrar do cordão que ainda estava com ele foi o único motivo pra perguntar sobre ele, enquanto colocava a alça da bolsa no ombro direito.

Meu rosto começou a corar pelo excesso de rostos que se viraram pra olhar-me.

– Ele foi pro hotel, você não viu ? – Ela respondeu rápido, me olhando estranhamente – Pega amanhã !  – Ela abaixou o olhar e pude ver ela fechando as mãos nos punhos “disfarçadamente” . Parecia querer sair logo do assunto.

– Você pode pegar hoje, Annie – Daniel disse, brincando com o cabelo de Becky. A mesma ria, tentando bater nele.

Bella não te avisou ? – Um dançarino que eu ainda não conhecia disse – Hoje, vamos jantar num restaurante por aqui. Michael vai estar lá... É em comemoração ao show. – Ele sorriu e começou a mastigar seu chiclete. Ele era moreninho, cabelos pretos, curto.

– Eu não sabia disso... – Repreendi Bella, olhando pra ela. Ela revirou os olhos.

– Eu me esqueci. – Ela falou rápido demais, claramente mentindo. Via isso estampado no rosto descontentado dela.

– Tadinha da Annie novata. Temos que contar as coisas pra ela, oras ! – Becky desgrudou as mãos de Daniel de seu cabelo e me abraçou de lado. – Temos que ser gentis ! Michael mesmo disse.

– Eu fui gentil ! Acabei de falar sobre o jantar que a Bella fez o favor de “esquecer” – O dançarino que eu não sabia o nome disse entre sorrisos orgulhosos, enfatizando o “ esquecer”.

– Você foi tão gentil que, até agora, não me disse seu nome, não é ?! – Disparei – É brincadeira menino sem-nome ! – Falei com um dengo na voz, gargalhando.

Todos começaram a rir, inclusive o tal menino sem-nome.
Quer dizer, todos riram... Menos Bella.

– Boa ! – Becky estava vermelhada de tanto rir, ela chegou a sentar no chão, com as mãos na barriga. Seu rosto estava vermelho, dando um contraste engraçado na pele branca como neve.

– Ela é engraçada ! – Daniel pausou pra respirar – Aleluia ! Mais uma pro grupo dos malucos.

Eu comecei a parar de rir, fiquei apenas nos sorrisos enquanto ajudava Becky levantar do chão. Ela estava fraca de tanto rir !

– Agora você sabe por que não damos entrevistas – O menino sem-nome disse ainda rindo. Me perguntei mentalmente quando é que ele diria seu nome.

– Oh, e não devem dar entrevistar ! Nem tentem ! – Eu brinquei, me sentindo em casa.

– Não se esqueça que, agora você faz parte da maluquice querida ! Ahhh, eu vou morreeeerr de tanto rir ! – Becky disse sem forças, se apoiando em mim pra se manter em pé.

– Calma Becky, não vá passar mal agora ! – Daniel falou na brincadeira, mas eu senti um pingo de preocupação nisso.

– Eu me chamo Sann, Annie. Desculpa ter sido mal educado ! – Ele sorriu ainda embalado pela piadinha descontraída.

– Tudo bem, menino sem-nome – Brinquei, mordendo os lábios num sorriso pequeno.

– HAHA, muito legal a brincadeirinha mas, agora vamos logo, pois ainda temos que passar em casa pra tomar banho e ir no restaurante. – Bella ironizou, olhando pro teto birrenta que só.

– Ih... Estressada... – Sann, o menino sem-nome pertubou-a.

Todos começamos a sair, ainda rindo. Becky se despojou no meu ombro enquanto o grupo grande, numa sala pequena, com uma porta de mais um pouco de meio metro tentava passar. Sim, conseguimos passar. Depois de um tempo...
Eu estava feliz, parece que comecei a me sentir mesmo em casa. Todos eram muito divertidos. Até Bella me divertia com a “possível” incomodo comigo, a novata da banda de Michael Jackson.

Caminhamos um pouquinho, chegando numa espécie de estacionamento, onde tinham os carros do pessoal. Paramos ali, eu Becky – ainda pendurada no meu ombro – e Daniel. Os outros se despediam de indo em direção ao seus carros e dizendo pra ninguém faltar ao jantar. Sann disse isso pra mim.

– Annie, você vai, não é  – Daniel me perguntou sobre o jantar.

Eu sorri.

– Eu não sei... Por que...

– Vai sim ! – Becky me interrompeu.

– Becky...

– Vai ! e não tem por que ! O jantar vai ser um máximo, o restaurante vai ser fechado pra não ter constrangimentos e  Michael vai estar lá. Precisa conhecer o chefe melhor ! – Ela me interrompeu de novo, piscando.

– Vai sim Annie, vai ser muito legal. – Daniel tentou me convencer, apertando um botãozinho que tinha na chave de seu carro. O carro apitou, ele tinha aberto a porta.

– Eu queria ir mas, minha casa é longe daqui... E já vai dar 22h já. – Disse tristonha, eu queria mesmo ver Michael. Ah se não queria !

– Amanhã não temos show. Podemos ficar até mais tarde e aproveitar. Temos que comemorar Annie ! Em dose dupla, por que você estreou hoje ! – Becky continuava a tentar me convencer, agora na minha frente, de braços cruzados.

– Acontece que eu estou sem carro, e nem posso dirigir até o mês que vem. Fica pra próxima, ok ? – senti uma leve pontada quando disse só de saber que não veria Michael e...

– Eu vou na sua casa com você, ai você toma banho e nós vamos pra nossa casa.

– Imagina ! Não quero te dar trabalho ! – Sorri.

– Be, vamos nos atrasar... Ainda temos que passar em casa ! – Daniel disse, me informando o apelido de Becky, e me deixando uma  duvida na cabeça. Eles namoravam ? – Entra logo no carro da Becky e vamos ? Por favoooor Annie !

Eu suspirei tristonha.

– Realmente não posso... Me desculpe. Eu preciso ir mesmo. Ainda tenho que ligar pra casa.

Meu coração se entristeceu, não sei por que. Senti uma dor imensa, isso me fez caminhar deixando os dois ali. Ao menos me despedi.

– Aconteceu algo ? Por que está chorando ? – Becky andava ao meu lado, andando meio rápido pra acompanhar meus passos largos.

– Hã ? – Passei a mão no rosto. Eu estava chorando.

Oh.

– O que aconteceu ? – Ela repetiu – Daniel foi grosso com você ou... eu ? – Ela parecia confusa.

Estávamos andando rápido, as lágrimas começaram a pingar no meu vestido branco. Eu não entendia, não entendia o por que de chorar.

– Não..Eu... Não sei... – Fui sincera, e me surpreendi com o tom fraco e tremulo da minha voz.

– Annie... – Ela me acompanhava, mesmo não sabendo onde eu estava indo.

Daniel passou ao nosso lado, já dentro do carro. Eu não olhei pra ela pra saber que estava confuso.

– O que aconteceu ? – Ele perguntou com a cabeça pra fora da janela do carro, andando devagar.

– Eu não sei. – Becky foi direta.

Começamos a chegar na porta de saída do “estacionamento”. Avistei guarda-costas entre olhos marejados. Logo, os gritos começaram a surgir nos meus ouvidos, aumentando quando mais eu andava.

– Oh não, está cheio de fãs aqui. – Daniel resmungou.

– Annie, me explique o que está acontecendo ?! – Be, falou com a voz nervosa.

– Eu não sei ! – Subi um pequeno tom na voz, fazendo a mesma tremer mais ainda enquanto andava mais rápido.

Os fãs estavam ali, alguns carros saindo de vagar, devido ao tumultuo.
Eu não entendi isso, já que Michael já tinha ido embora. Mirei meu olhar num carro especifico, que estava cercado de fãs, e flashs de paparazzis.

– É Michael ? – Ouvi um murmuro vindo de Becky, os gritos eram muito histéricos.

Senti uma pontada aguda no meu peito.

A confusa era tão grande que, o carro parecia estar escondido a certo ponto. Eu parei e observei. Meu coração se acelerava ainda mais, eu não entendia.
Comecei a andar pra mais perto, sendo empurrada por várias pessoas.

– Onde você vai ?! Quer morrer ali naquele meio ?! – Be gritou, e de novo escutei um sussurro. Ela me segurou pelo braço, e eu parei de andar, como se tivesse ipnotizada. Meus olhos eram fixos na confusão.

Por uma fração de segundos, quase tive certeza que meu coração parou de bater.

Um fã estava com uma pedra grande, pesada nas mãos. Ele se aproximou de perto do carro mas foi empurrada pra trás novamente.

Eu arregalei meus olhos assim que vi ele levantar a pedra no ar.

– NÃO ! – Eu gritei com todo o ar que tinha nos pulmões.

Ele mirou na janela traseira do carro e com um pouco de força, jogou a pedra na janela do carro. O vidro se quebrou, e os flashs aumentaram.

Congelei no lugar, totalmente sem reação.

Em menos de um segundo, o carro já estava com as duas janelas quebradas, os fãs entravam dentro do carro até pela metade. Michael estava mesmo naquele carro. Os fãs estavam o tirando de lá junto com outras pessoas.

Michael estava sendo engolido de tantos beijos, apertos em tudo quanto é canto do corpo. Ele não fazia nada. Ele estava completamente parado enquanto os paparazzis se esbaldavam em tirar foto disso. Mas, uma coisa vermelha escorrendo por sua testa me chamou a atenção.

– OH MEU DEUS ! – Gritei desesperada.

ELE ESTÁ SANGRANDO !

O tumultuo crescia, o histerismo tomava conta por completo. Eu não consegui ver mais nada a minha frente, a não ser Michael machucado. Como um fã poderia fazer uma crueldade dessas ?! como ?!

Não tinha tempo pra pensar. Mais do que rapidamente corri empurrando tudo e todos na minha frente. Michael estava sendo carregado, e se encontrava do outro lado do carro, perto da porta do motorista. Corri, não me importando com as batidas que dava em todos. Aquilo machucava. Mas, ao mesmo tempo, sentia que estava com o corpo mais pesado, e conseguia tirar alguns do caminho. Eu praticamente me jogava em cima das pessoas e ganhava impulso pra me manter em pé e correr.

Oh meu Deus, o sangue começou a pingar na sua roupa. Comecei a perder as forças, mas lutei. Lutei com garra, como se minha vida dependesse daquilo. Era o homem que eu amava, que estava ali, nessa injustiça ! Por mais que começasse me faltar o ar agora, eu continuei. Eu sabia que a asma estava começando a aparecer.
Num impulso maior, consegui colocar minhas mãos em Michael. Ele me olhou com um pavor no olhar, era muito triste.

A porta do motorista estava aberto, mas o carro estava vazio. Todos que estavam ali com Michael  foram consequentimente  arrastados pra fora, e estavam atordoados. Com força, e dificuldade eu consegui.

Empurrei Michael com tudo pra frente, fazendo com que ele caísse dentro do carro. Ele bateu sua cabeça na entrada, e aquilo me deixou mais preocupada. Só não podia parar. Eu não podia deixar ele aqui, ele seria comido vivo !
Michael caiu, enquanto os gritos aumentavam. Pulei atrás dele, ou melhor, me joguei, caindo em cima dele.

Por mais que tivesse em cima de Michael Jackson, eu não consegui pensar em pervertimentos. Numa abilidade estranha pra mim – o pânico deixa tudo “melhor” – me sentei no banco, rodei a chave e pisei no acelerador. A porta não estava fechada, eu ainda sentia as mãos de fãs que queriam me tirar dali de qualquer jeito. Eu nem tive tempo pra lembrar dos paparazzis, que pareciam tem saído de lá, pelo menos alguns.

Michael  estava ofegante, o sangue ainda escorria pela sua testa, chegando a pingar na blusa branca por baixo do sobretudo. Eu, estava ainda mais ofegante, graças a minha asma que começava a aparecer cada vez mais.

Eu não tinha carteira, mas sabia dirigir. Sempre ia na casa do tio Erick, e ele e minha mãe me ensinaram, num terreno pleno, na fazenda. Eu sabia que estava errada, mas eu não pensei em nada melhor pra “salvar” Michael daquilo.
Estava assustada, com medo e muito insegura de fazer alguma besteira.

– Annie ?! – Ele olhou pra mim, ofegante.

– Michael sou eu ! Desculpe por fazer isso, desculpe ! – Olhei pra ele momentaneamente e vi que minha bolsa tinha caído dentro do carro também, estava no coloco de Michael, quase esparramando as coisas que lá tinham.

Ele não me respondeu, segurava com força nas laterais do carro, e do banco, o carro estava correndo bastante.
Através de olhares aterrorizados meus, pude perceber carros correndo também, atrás de nós. Pensei que seria policiais de começo, mas não. Eram carros, com mãos e câmeras pro lado de fora da janela.

– PAPARAZZIS ! OH NÃO ! – Gritei em meio a tensão.

Michael me olhou mais assustado, como se tivesse perdendo forças. Eu senti que ele só não se despregava fortemente do banco, por que eu corria muito.

Decidi despistar os paparazzis. Michael estava sangrando, e assustado. Eu estava mais, mas ele estava assustado sim. Eu precisava tirar eles do caminho, e ir pra um lugar. Hospital não dava, tinha quase certeza que o mundo tinha parado pra ver essa noticia. Eu tinha que deixar a poeira baixar e depois de alguns minutos, levar-lo ao hospital.
Foi ai que, me lembrei da floresta perto de casa. A floresta do meu bairro estava próximo, e eu podia...