POV´s Annabeth

Levanto-me cedo no outro dia para ir ao encontro com Brody.

– Já estou saindo. – Aviso Kelly que dormia feito uma pedra.

– Deixa eu dormir. – Resmunga ela sem abrir os olhos.

Abro a porta e saio devagar, tecnicamente eu não poderia sair, pois estava na detenção, mas se eu não fosse provavelmente Lauren iria e eu não deixaria isso acontecer.

– Oi Brody. – Falo eu quando chego na entrada do dormitório onde ele me esperava.

– Oi Annie. – Responde ele. – Pedi para você vir mais cedo porque vamos a Londres, pode ser?

– Claro.

Durante o caminho ficamos conversando sobre coisas leves, ele era muito engraçado e me fazia rir com facilidade. Por isso eu gostava de passar um tempo com ele, Brody me fazia esquecer dos problemas.

O dia foi realmente agradável, até um certo momento.

– Como era sua vida em Nova York? Você disse que veio para cá por causa de seu namorado, mas não explicou muito bem.

Essa pergunta trouxe tanta coisa a minha mente. Momentos felizes que eu tinha certeza que nunca iria reviver. Logo a letra de Different Worlds começa a fazer algum sentido.

– Ele não é mais meu namorado. – Falo eu. – E minha vida ia muito bem até conhece-lo.

– Por que? O que ele fez para magoa-la? Você parece tão triste quando fala dele.

– Eu me apaixonei por ele, esse foi o erro. – Lembro do dia que ele disse isso para mim, lembro de minha resposta “Não, meu erro foi pensar que eu poderia muda-lo”. Mas eu estava errada, eu nunca realmente acreditei que um dia eu poderia mudar Percy. – Isso só me fez sofrer, éramos diferentes, ele fugiu de casa quando tinha 12 anos, mora com os amigos em um galpão abandonado, bebe e usa drogas, está sempre em brigas de bar. Minha mãe achou que ele era má influência.

– Acho que ela estava certa, um cara desses não serve para você.

– Mas foi com ele que eu aprendi as melhores coisas, que o dinheiro não compra amor, que as diferença podem ser superadas, foi com ele que eu vivi os melhores momentos da minha vida.

– Você só tem 17 anos, ainda tem muito o que viver, com certeza terá momentos melhores, com pessoas melhores.

– Não, acredito que só exista um amor verdadeiro, aquele você nunca se esquecerá.

– Não confunda amor verdadeiro com paixão adolescente.

– E eu não estou confundindo.

Ele levanta as mãos em sinal de rendição.

– Você tem alguma foto com ele?

– Sim. – Respondo pegando a única foto que eu tinha. Nunca me importei muito com fotos, as verdadeiras lembranças estão em nossa mente e não em um pedaço de papel.

– Me desculpe, mas se eu visse ele vindo em minha direção na calçada, eu atravessaria a rua.

– Você está exagerando, Brody.

– Não estou não, é só perguntar para qualquer pessoa racional, ela diria a mesma coisa, ele é realmente assustador.

– Pena que não tenho nenhuma foto de Nico, daí você veria o que é alguém assustador.

– Quem é Nico?

– Ele é o melhor amigo de Percy, e bem, meu amigo também.

– Ainda bem que você não se parece com esses seus amigos. – Fala ele. – Mas bem, agora você está aqui, tem que esquecer o passado.

– Brody...

Estávamos andado pelas ruas de Londres, então ele para, se aproxima e segura meu rosto.

– E eu quero ser o seu futuro.

Sem que eu possa impedi-lo ele sela nossos lábios.

Eu não queria isso, ele era meu amigo, apenas amigo. Eu só ficaria mais três semanas aqui, era provável que nunca mais nos veríamos.

– Não, Brody... – Falo me afastando dele.

– Por que Annie? Por causa de um namoradinho que não tem futuro?

– Como se eu e você tivéssemos algum futuro, eu vou embora em três semanas, Brody.

– Bem, tenho uma notícia Annie, eu também vou.

– Como?

– Consegui um estágio em Nova York, eu ia contar depois, mas já que você está tocando no assunto.

– Você vai quando?

– Quando você for.

– Se você está fazendo isso por mim...

– Não é só por você, eu já queria isso a muito.

Respiro fundo olhando para o chão, eu realmente não queria Brody me seguindo para Nova York. Querendo ou não eu ainda tinha esperanças de reencontrar Percy e para isso não poderia estar namorando e nem ter um garoto que gosta de mim a tira colo. Mas eu não podia fazer nada, não poderia simplesmente dizer “Não quero que você vá por que você vai estragar as chances de eu reencontrar meu ex-namorado”

– Me dê uma chance Annie, só uma, eu juro que não vou decepciona-la. – Fala ele forçando meu rosto para mim olhar em seus olhos.

– Vou pensar Brody.

– Tudo bem. – Diz ele fazendo uma careta. – Acho que é hora de voltarmos para o internato.

– Sim. – É a última coisa que eu digo pelo resto do passeio.

***

– Olha Annie, eu estou achando o Brody o maior abusado. – Fala Kelly quando conto para ela sobre o que aconteceu.

– Ele só queria uma chance...

– Mesmo você dizendo que ainda gosta de seu ex-namorado ele ainda pede um chance? Isso é ser cara de pau.

Talvez ela esteja certa, ele deveria respeitar o que sinto por Percy.

Me levanto e vou em direção da porta.

– Onde você vai? – Pergunta Kelly.

– Pensar, só isso. – Respondo.

Gosto de ir aos jardins de noite para observar o céu, era bom, me acalmava e me ajudava a pensar racionalmente, e pensando racionalmente talvez eu optasse por dar uma chance a Brody, ele era legal e parecia gostar de mim.

Ando pelos corredores silenciosos com cuidado para não ser pega por Lucy.

Estava quase na saída quando um barulho chama minha atenção. Era barulho de... beijos? Estava vindo de uma sobra um pouco a frente.

Me aproximo um pouco e vejo o que é, ou melhor quem é. Lauren e Brody aos beijos.

Ok, respire Annie.

– Vou te dar uma chance Brody, mas vai ser de explicar isso. – Falo alto o suficiente para o prédio inteiro ouvir.

Os dois finalmente notam minha presença e se viram.

– Annie, desculpa... – Começa ele.

– Não era você que até de tarde estava pedindo uma chance e dizendo que queria ser o meu futuro? E pensar que eu quase cedi.

– Eu quero uma chance...

– E eu te dou uma chance, mas é de sumir da minha vida e de esquecer que eu existo.

Me viro e volto pelo corredor fazendo o mesmo caminho que tinha feito.

Atrás de mim ouço a risada de Lauren e Brody xingando.

POV´s Percy

Eu estava na escola de Annie, não, eu não estava me lamentando por ela ter ido embora ou algo assim, eu estava atrás de Calipso. Eu tinha que saber por que Walter queria matá-la, eu tinha que falar com ela.

– Olá, querida Calipso. – Digo eu parando o carro na calçada onde ela estava.

Ela olha assustada para mim, como se visse visto um fantasma.

– Quem é você? – Pergunto um garoto magrelo que estava de mãos dadas com ela, deveria ser seu namorado.

– Nem queira saber. – Respondo tirando os óculos escuros e lançando um olhar ameaçador para ele. – Calipso ainda lembra de mim né querida?

Ela não fala nada, apenas me olha chocada.

– O que foi? O gato comeu sua língua? Creio que para estar assustada desse jeito com toda a certeza ainda lembra de mim.

– S-sim. – Gagueja ela.

– Então é melhor você entrar aqui agora, se você ainda lembra de tudo que eu sou capaz.

– Ei, eu não sei quem é você, não me importo se é o papa ou sei lá, mas se acha que pode chegar assim e mandar minha namorada entrar em seu carro sem mais nem menos, você está...

– Completamente certo, não é Calipso? – Completo ignorando o garoto e olhando para ela.

– Sim.

– O que? Calipso? Ficou louca? – Pergunta o menino ao seu lado.

– Desculpa Leo, depois eu explico.

– Não explica coisa nenhuma. – Falo eu. – Entra de uma vez, antes que eu perca a paciência.

Ela se despede do tal Leo e entra no banco do carona.

– Se ela se comportar talvez eu pense em trazer ela de volta. – Falo para ele antes de sair cantando pneu.

– O que você quer comigo? – Pergunta ela. – Já não basta o que fez com Annie...

– Ei, pode ir parando, o que eu quero com você não tem nada a ver com Annie.

– Então...

– Você se meteu com Walter de novo. – Falo eu. – E eu não estou perguntando, e sim afirmando.

– Como você...

– Como eu sei? Eu ainda tenho meus contatos.

– Eu precisava de dinheiro Percy, ele tem dinheiro.

– E ele quer você morta agora.

– Como você sabe disso?

– Porque ele me mandou para matar você.

– Você vai me matar? Agora?

– Não sei, acho que não, só queria conversar e saber o que você fez para Walter querer você morta. – Falo enquanto estaciono o carro perto do Blue´s Monp.

– Isso aqui ainda existe? – Pergunta ela apontando para entrada do bar.

– Claro.

– Você não vai me fazer entrar ai dentro né?

– Quer ficar aqui no meio da rua? Talvez Walter a encontre e mate você de uma vez, assim não tenho que sujar as minhas mãos.

Logo que falo isso ouço seus passos atrás de mim.

– É, talvez aí dentro seja melhor.

Puxo uma cadeira e ela fica em pé ao meu lado.

– Quer o que? Um trono de ouro para você sentar?

– Por que me trouxe aqui? – Pergunta ela enquanto puxa uma cadeira e se senta à minha frente.

– Eu não quero matá-la. – Falo eu dando de ombros. – Traz alguma pra mim beber, Grover.

– Então não me mate, pronto problema resolvido.

Quando Grover se aproxima da mesa quase deixa a garrafa cair.

– Olá, Calipso. – Fala ele.

– Nossa, eu jurava que todos vocês já tinham morrido de overdose ou alguma coisa assim. – Fala ela.

– Vaso ruim não quebra. – Respondo.

– Percebi. – Fala ela. – Então estou jurada de morte, o que eu faço?

– Tenho que te matar até o fim do mês, caso contrário Walter vai matar todos que são importantes para mim, incluindo Annie. – Falo eu. – Ele falou que se eu te matasse diria onde a garota loira está.

– Annie ou...

– Não toque no nome dela, trate-a como ela.

– Ok, eu sei onde ela está e sei onde Annie está. – Fala Calipso pegando minha bebida e tomando um gole. – E tenho certeza absoluta que você tem grandes problemas.

– O que você quer dizer?

– Quero dizer que você está bem ferrado.

– Explique.

– Elas se conhecem Percy, Annie e ela são amigas.