"Do you feel, do you feel me?
Do you feel what I feel, too?
Do you need, do you need me?
Do you need me?"

– Avril Lavigne

Point Of View: Juliet

Meus pés estavam apertados e inchados dentro daquelas malditas sapatilhas cor-de-rosa. Nunca gostei de usar esse tipo de sapato, mas para ficar apresentável para alguns conhecidos de Liam eu deveria me vestir daquele jeito.

Eu acordei antes de todas as meninas naquele dia, me troquei rápido e quando Gabi acordou pedi sua opinião sobre o que eu vestia. Fiquei esperando Liam no saguão do Hotel e o mesmo chegou no horário que havia dito: Onze e meia.

– Está linda - ele disse colocando o topete castanho para trás e sorrindo de lado, fazendo minhas pernas tremerem no lugar.

– Obrigada, você também está lindo - disse olhando para a roupa que ele usava. Um boné preto com o simbolo do Batman, virado com a aba para trás, uma regata branca e calças jeans rasgadas abaixo do joelho.

Ele olhou para o relógio que estava em seu pulso e mordiscou o lábio inferior. Soltei um suspiro, desesperada para Liam deixar-me te abraçar.

– Vamos indo? - estendeu uma das mãos e eu a apanhei, saindo finalmente do lugar onde meus pés estavam grudados.

Fechei os olhos e me xinguei mentalmente por ter colocado aquela maldita sapatilha. Senti ele entrelaçar seus dedos nos meus e me puxar para mais perto de seu corpo quente. Notei que em sua mão livre ele segurava uma jaqueta branca de algodão, que iria protege-lo caso esfriasse.

– Onde vamos? - perguntei engolindo a dor que sentia nos dedos e suspirando feliz por estar perto dele.

– Em uma lanchonete, eles falaram para nós tomarmos café da manhã lá - informou-me e assim que ouvi as palavras "café da manhã" ouvi meu estomago roncar. Eu não havia comido nada ainda e para mim estar perto do meio dia sem colocar nada na boca é um milagre.

– Quem são "eles" mesmo? - dei um pequeno enfase no eles e vi Liam abaixar a cabeça e rir, enquanto abria um lindo sorriso. Senti meu coração se acelerar tanto que me perguntei como ele não havia notado.

– Amigos, sem ser os meninos... - ele disse e rapidamente entendi que ele estava falando dos garotos da banda. Logo entramos no carro e fomos até a lanchonete em que os amigos dele estavam.

Assim que cheguei lá fui recepcionada por dois rapazes muito bem apessoados, além da garçonete estranha que nos guiou à mesa.

Um loiro e o outro moreno, ambos muito bem educados e simpáticos, me respeitaram e conversaram com Liam, enquanto a garçonete anotava o meu pedido.

Descobri que os três estudarão juntos e que Liam havia sofrido bullying do rapaz moreno, mas quando Liam se mudou de escola no ensino médio ele viu que havia perdido uma oportunidade de ter um grande amigo, indo atrás de sua amizade meses antes de Liam se inscrever no programa britânico de cantores amador.

Ficamos conversando durante algumas horas, enquanto nós quatro comíamos panquecas e bebíamos café.

Aqueles dois rapazes eram ótimas pessoas e eu descobri um lado mais infantil e brincalhão que Liam guardava dentro de si. Depois de comermos e de terminar a conversa fomos para o Hyde Park procurar algodão doce e jogar migalhas aos patos do lago. No final da tarde os dois amigos de Liam se despediram, deixando nós dois a sós, com mais algumas pessoas, que corriam, passeavam e trabalhavam no parque.

– Quer dar mais uma volta? - Liam disse quando nós completamos a segunda volta no lago. Estávamos andando em círculos em silencio.

– Não... - resmunguei sentindo meus dedos arderem. Eu não aguentava mais ficar em pé, com aquelas malditas sapatilhas cor-de-rosa.

– O que foi? - ele perguntou vendo que eu estava me afastando dele. Na verdade eu apenas estava indo em direção ao banco de pedra que tinha perto do lago.

– Só com dores no pé - assumi remexendo os dedos por dentro da sapatilha.

– Tira - disse se aproximando de mim. Franzi o cenho e o encarei confusa.

– Que?

– Tire a sapatilha se está te machucando - Liam deu de ombros e se sentou ao meu lado no banco de pedra. Ele fez algo que eu nunca iria esperar vê-lo fazer: Liam retirou o coturno caramelo e suas meias e ficou descalço, com os pés tocando diretamente a grama verde do parque.

Franzi o cenho, tentando processar tudo aquilo e observando os dedos dos pés dele se mexerem enquanto a grama roçava em sua pele. Abri a boca para falar, mas a fechei reprimindo meu pensamento. Suspirei e relaxei os músculos. Eu estava do lado dele, eu não precisava ter vergonha ou coisa parecida.

Retirei as sapatilhas, sentindo um enorme alivio, e toquei os pés quentes na grama fresca, causando cocegas na sola de meu pé. Mordisquei o lábio reprimindo o sorriso, que insistiu em aparecer e só então notei que Liam estava me observando fixamente.

– O que? - ri baixo, olhando-o de soslaio. Ele permaneceu a me observar, mas agora com um lindo sorriso nos lábios.

– Só olhando a garota mais bela que já vi - disse ainda me olhando. Senti sua mão tocar meus dedos, que estavam repousados no concreto duro do banco, e só então que notei que sua mão estava sobre a minha. Sorri para ele e o mesmo correspondeu com um sorriso ainda mais lindo.

Olhei para baixo, sentindo minhas bochechas esquentarem violentamente.

– Juliet... - ouvi Liam pronunciar meu nome com tanta doçura que para os meus ouvidos, parecia que ele estava cantando. Não tive coragem de olhar para ele, depois de ouvir seu elogio de segundos atrás.

Senti as pontas dos dedos de Liam tocarem meu queixo e puxarem meu rosto para si, fazendo eu virar o rosto em sua direção. Liam tinha os olhos castanhos mais expressivos que eu já havia visto, eles eram tão profundos, que me fazia mergulhar em sua imensidão bela e amendoada.

Segundos depois de meu rosto se virar ao dele e nós nos encararmos detalhadamente, notei que o rosto dele estava mais perto do meu.

Fechei os olhos e senti seus lábios se encaixarem aos meus, seus dedos, que antes estavam em meu queixo, rapidamente deslisou para minha nuca, de baixo de meus cabelos.

Seu beijo era calmo, doce e que exalava sentimento. Eu conseguia sentir sua ansiedade, sua preocupação, sua alegria e seu medo através de seus lábios. Eu queria retirar todos seus sentimentos ruins, deixando apenas a alegria do momento. Queria fazer aquele momento ser eterno, apenas eu e ele.

Quando o ar se fez falta afastamos nossos lábios e Liam encostou sua testa na minha, permanecendo de olhos fechados. Sorri ao saber que ele estava ali comigo e que não iria ir embora tão cedo.

– Juliet, você gostaria de namorar comigo? - ele disse pausadamente, que só fez meu coração acelerar ainda mais rápido.

Me afastei dele, com meus olhos arregalados. Não conseguia acreditar nas palavras que havia acabado de ouvir. Levantei-me do banco confusa e me afastei de costas de Liam até sentir meus pés tocarem o caminho de pedestre feito de pequenas pedrinhas.

Liam me olhou com os olhos cheios de tristeza, como se aquela minha reação fosse a responta que ele esperava ouvir. Respirei fundo e controlei meu coração. Aquela linda frase ecoou pela minha cabeça durante mais alguns minutos até que um grito saiu de minha garganta.

Um grito fino e irritante até mesmo para os meus ouvidos. Encolhi meus joelhos sem acreditar no que estava acontecendo e abri um enorme sorriso. Como se eu não estivesse mais dentro de meu próprio corpo, como se a dor em meus pés tivessem passado e minha sanidade se esvaísse comecei a correr em pequenos círculos deixando Liam e o banco no meio de todos os pequenos círculos.

Eu havia enlouquecido com a pergunta e então como se um raio caísse em minha cabeça e minha sanidade voltasse parei na frente do moreno, que tinha seus olhos arregalados e suas mãos apertadas no banco de pedra.

– Sim, mil vezes sim! - disse sentindo meus olhos se encherem d'água.

Liam começou a gargalhar e se levantou do banco, me abraçando fortemente entre seus braços. Depositou um rápido beijo em meu ombro e testa e ao me soltar retirou do bolso da calça jeans dois anéis simples, um deles possuía uma pequena pedrinha brilhante.

Ele colocou a dele em seu dedo anelar e pegou minha mão para colocar o anel no meu. Eu estava tão nervosa que Liam teve de segurar fortemente meus dedos para conseguir colocar o anel, que estranhamente ficou perfeito em meu dedo.

Eu simplesmente não conseguia entender, compreender e acreditar no que estava acontecendo.