The King's Crown escrita por Lara


Capítulo 2
Ato 0 - In the heat of war




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Tudo parecia tão estranho. Tão calmo. Tão parado. Ele sabia que havia pessoas gritando, chorando e morrendo, mas nada parecia lhe alcançar. Nem mesmo o sangue quente e nauseante que cobria a sua espada, suas vestes e o seu rosto. Richard sabia que estava no meio da guerra que tanto um dia já desejou estar, porém não se sentia como pensou que se sentiria quando este dia chegasse. Não conseguia ver a importância em nada daquilo. Tudo e todos perderam o seu significado e ele se movia como um robô. Cortava quando tinha que cortar, desviava-se quando tinha que desviar e voltava a andar sem um destino em mente. Ganhar ou não. Viver ou morrer. Sorrir ou chorar. Sua cabeça estava uma bagunça que ele não conseguia arrumar. Perdera o único amigo que teve em toda a sua vida. Preferia pensar que ele havia morrido há muito tempo a imaginar a cena em que o seu pai cortava a cabeça dele assim que ganhassem essa batalha final. Por que a sua vida tinha que ser tão amaldiçoada? Não bastava ter uma mãe que o rejeitasse? E ser chamado de cria do demônio? E ter um fantasma para assombra-lo? Afundou a sua espada no peito de um dos homens do inimigo. Um dos homens sobre o comando de Henry. Por que ele tinha que ser o rei? Sem ter mais forças para se levantar caiu de joelhos segurando o cabo da espada com a cabeça tombada para baixo. Que sentido tinha em continuar lutando? Mais um homem se aproximava de si e este parecia ser o mais forte de todos os que já tinha enfrentado. Richard não se moveu, apenas levantou a cabeça com curiosidade. Queria pelo menos saber qual era o rosto da morte. Conseguia ver o cenário atrás do homem. Pessoas lutando, corpos inertes, espadas ficadas no chão sem dono e o céu tingindo de um azul forte e puro. Não parecia ser um lugar tão ruim de morrer. Se morresse iria para o inferno. Não se importou. Só queria que as coisas acabassem. “Se eu morrer, ele vai chorar.”, pensou abrindo os olhos. A espada do adversário começava a cair na sua direção quando ele puxou a espada se defendeu sem pensar. Tinha perdido a conta de quantas vezes Henry tinha chorado em seu lugar e como sempre se sentia triste em ver aquela expressão. Não. Ele não poderia ser o motivo das lágrimas daquela pessoa. O inimigo atacou novamente e com mais força fazendo Richard recuar com dificuldade. Não importava se estava diante da morte, ele se recusava a morrer ali. Usou o restante das suas forças para lutar contra aquele adversário e como resultado sentiu a lâmina do outro perfurar a sua barriga quando a sua espada voou para longe da sua mão. A dor era indescritível. Sentiu o gosto de ferro vir pela sua garganta até chegar a sua boca para que cuspisse para fora. Previa que este era o seu inevitável fim. Um sorriso irônico cobriu a sua boca enquanto pegava a sua adaga para logo em seguida cortar a garganta do inimigo em um rápido movimento. O homem caiu no chão inerte junto com a sua espada. O sangue que saia da ferida sujava a sua roupa preta e ele se sentia tonto demais para permanecer em pé. Caiu no chão de costas com os olhos entre abertos. Viu vultos passarem por perto, contudo nenhum deles pareceu se importar com si. Naturalmente, por que eles se importariam com um alguém que estava prestes a virar um cadáver? E sem ter mais energia para manter os olhos abertos, fechou-os.

Três homens que passavam próximo do lugar onde Richard estava o reconheceram como um dos melhores guerreiros do inimigo e por essa razão decidiram perfurar as suas espadas nele para ter certeza da sua morte, porém antes que se quer um deles pudesse fazer isso surgiu um veloz homem encapuzado o qual os atacou com habilidade admirável. Levou só alguns minutos até perfurar o último homem no coração. Neste meio tempo o capuz que escondia a identidade do homem caiu e ele foi reconhecido pela a pessoa que perfurava.

– Majestade? – foi a última palavra que pronunciou antes de morrer. Henry retirou a sua espada do peito do homem e voltou a sua atenção para Richard. Sentiu um enorme alivio ao sentir o seu pulso. Carregou-o entre os seus braços e ia cobrir novamente o rosto com o capuz quando notou algo a sua direita. Ao virar o rosto naquela direção viu que um arqueiro, não muito longe, mirava na sua posição. Já estava segurando o cabo da espada, contudo alguém ao lado do arqueiro o fez baixar o arco. Mesmo daquela distância os dois homens se reconheceram. Os líderes das famílias York e Lencastre se encaram por meros segundos até Henry cobrir o rosto e desaparecer com Richard no meio daquele campo de batalha.


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