The King's Crown escrita por Lara


Capítulo 1
Ato 1 - The knight and the king




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If I lay here

If I just lay here

Would you lie with me and just forget the world?”

(“Chasing Cars” - Snow Patrol)

Eu deveria ter percebido no momento em que ele me disse o seu nome. Não poderia ser uma mera coincidência. A verdade sempre esteve diante dos meus olhos, mas fui tolo demais para perceber. Agora nada disso importava. O fim estava próximo. O meu fim. Pai estava morto e eu estava prestes a queimar na fogueira. Queria muito acreditar que logo me juntaria ao meu amado pai, porém isso não passava de uma doce ilusão. Como escória do demônio só me restava um único destino depois da morte. O inferno. Pretendia manter os olhos fechados até o fim, contudo não consegui. Ao abri-los inconscientemente comecei a procura-lo no meio da multidão e lá estava ele sentado no trono. Para a minha surpresa ele não estava chorando. O pastor tinha uma expressão firme e digna de admiração. Não tirava os olhos de mim. De certa forma me senti grato por isso. Era melhor desse jeito. Quando o fogo começou a se espalhar e me cercar por todos os lados podia jurar que ouvi a voz sarcástica de Joana sussurrar no meu ouvido. “Alguma última palavra?”, ela me perguntou. E com um sorriso eu pronunciei o último nome que eu esperava dizer. “Henry”.

Acordei em sobressalto tentando fugir daquele fogo assustador até perceber que tudo não passou de um sonho. Mesmo que me sentisse aliviado as memórias dos acontecimentos recentes me fizeram perguntar por que ainda estava vivo.

– Acordou? – foi só neste instante que me dei conta de que não estava sozinho e de todas as pessoas que poderiam ter me salvo foi justamente ele. Henry. O rei da Inglaterra. Desde o momento em que descobri a verdadeira identidade dele nunca mais o consegui ver como um mero solitário pastor que desperdiçava o seu tempo falando besteiras. – É melhor não se mexer muito ou a sua ferida vai voltar a sangrar. – ao colocar a mão sobre a atadura a dor aguda voltou a me atormentar. Parecia que ainda conseguia sentir a lâmina da espada perfurando a minha carne.

– Por que você me salvou? – sentei ignorando todas as partes do meu corpo que diziam para permanecer deitado. Estávamos dentro de uma caverna perto de uma pequena fogueira improvisada. O vendo frio que vinha da entrada me fez notar também que já estava de noite. Percebi também que o cavalo branco dele estava dormindo perto da entrada.

– Não faria sentido viver em um mundo onde você não existisse. – senti que o meu coração se acelerou machucando um pouco o meu peito. Havia me esquecido que ele era puro demais para contar mentiras, mas mesmo assim não consegui acreditar nas palavras dele. Não queria acreditar. Todos os sentimentos que um dia já senti por aquela pessoa foram escondidos bem no fundo da minha alma para que fossem esquecidos com o passar do tempo.

– Surpreende-me saber que conseguiu sair vivo daquela guerra com este tipo de pensamento em mente. – ri mais uma vez ignorando a dor que o machucado me causava. – Deus deve realmente te amar muito.

– Se Ele é capaz de amar alguém entre todos os mortais tenho certeza de que esse alguém não sou eu. Não mais. Perdi esse privilegio há muito tempo. – ele fincou a espada no chão perto da fogueira. – O sangue em minhas mãos não vai desaparecer não importa quantas vezes o lave. – soltou o cabo da espada se levantando. – Já aceitei isso. – caminhou na minha direção e eu instintivamente procurei por minha adaga em vão já que a havia usado para perfurar o pescoço da pessoa que havia me ferido. – Por que você não me contou?

– Contou o quê? – rebati ríspido me sentindo humilhado por estar a mercê dele. Ao tentar me afastar ele segurou o meu braço me impedindo de mover.

– Pare de se mexer ou o sua ferida vai piorar. – usando uma voz autoritária ele ordenou me pegando desprevenido. Nunca antes tinha o visto falar desse jeito, no entanto isso só comprovava o tão pouco que sabia sobre aquele homem. – Por que não me contou que você era uma garota?

– Não sou uma garota, nem um garoto. – usar quase as mesmas palavras que Joana se dirigiu a mim me fez sentir enjoado, porém não deixava de ser verdade. – Sou a escória do demônio. - a verdade que me assombrava desde o dia em que nasci. A razão da existência dos meus pesadelos misturados com as minhas lembranças mais sombrias. O simples motivo de eu querer tão desesperadamente ser o orgulho do pai e por me sentir desprezado e sozinho.

– Esta tudo bem. – Henry me abraçava tão carinhosamente que chegava a ser cruel. Em toda a minha vida havia apenas uma pessoa que me abraçou dessa forma. Ele passava a mão sobre a minha cabeça como se eu fosse uma criança que precisa ser confortada.

– Por que você esta me abraçando? – somente quando os nossos corpos se encostaram é que percebi que estava tremendo, aparentemente sem motivo ou razão. Engraçado como a situação conseguia piorar mesmo eu achando que não tinha como.

– Porque esta é a primeira vez que o vejo chorar. – isso era impossível. A última vez em que chorei foi na época em que fui abandonado na floresta pela minha mãe, depois disso nunca mais derramei se quer uma lágrima. Imagine o meu espanto quando, ao colocar a mão sobre o rosto, senti um líquido frio descer pela face. Eu realmente estava chorando, depois de todo esse tempo. Chorava que nem uma criança na frente daquela pessoa. Por quê? – Richard, eu tomei uma importante decisão antes de salvá-lo. Decidi abandonar a coroa de rei. – minha surpresa foi tão grande que o empurrei forte para que pudesse encara-lo.

– O quê?! Ficou maluco?! – a raiva que senti apenas aumentou quando ele começou a rir que nem um idiota. – Isso não tem graça!

– Eu sei e peço desculpas por isso. – reprimi a vontade de soca-lo enquanto ele parava de rir respirando fundo e se acalmando. – É só que em todas as vezes que me chamaram assim eu me sentia como se estivesse doente, porém com você é diferente. Sinto exatamente o contrário e por isso ri. – segurou a minha mão e sorriu. – Gostaria de ter te conhecido mais cedo. – aos meus olhos Henry sempre me pareceu ser uma inocente criança presa entre as trevas e a luz. Carente por atenção, faminto pelo conhecimento e apaixonado por coisas simples e banais. Agora ele se portava como um homem honrável que não se ajoelharia perante a escuridão. Um verdadeiro rei.

– Você mudou. – comentei em voz baixa.

– Você me fez mudar. – arregalei os olhos sentindo as bochechas ficarem mais quentes. - Não podia ser uma criança para sempre. Agora descanse. – e dizendo isso me empurrou de volta para o chão para a seguir me cobrir com a sua capa.

– Espere! E essa história de não querer mais ser rei? – tentei me levantar novamente, mas desta vez ele não permitiu.

– Não se preocupe com isso. De manhã a gente volta a conversar. – lancei um olhar desconfiado na direção dele que ele retribuiu com um riso. – Não confia em mim?

– Claro que não. Somos inimigos.

– Inimigos... Tem razão. – fez uma pausa. – Eu juro por Deus que ainda vou estar aqui no momento em que você acordar, por isso volte a dormir. – ele cobriu os meus olhos com a palma da mão e desse jeito comecei a dormir antes que percebesse. Nem tinha notado o quanto estava cansado até cair no sono. Já não sentia mais a dor da ferida e isso foi um alivio. Pela primeira vez em um bom tempo consegui dormir com tranquilidade sem ter que me preocupar com pesadelos.

Então, meu nobre cavaleiro, finalmente percebeu? – aquela voz sarcástica era impossível de ser confundida. Até mesmo dentro dos meus sonhos não conseguia me ver livre daquela mulher. – Os sentimentos que você teve pelo rei e que tentou esquecer com tanto esforço estão começando a florescer e se fortalecer. Como um broto de uma rosa se desabrochando. É inevitável. – ela riu se divertindo com a situação. – Não minta para mim. Eu sei exatamente o que tem dentro desse seu coraçãozinho cercado por espinhos. A questão é: o que você dirá a ele?

Ao abrir os olhos desejei quase que imediatamente que não tivesse acordado. A existência do machucado aos poucos se tornava mais forte junto com a dor que trazia com si. Suspirei fundo amaldiçoando a minha falta de habilidade em defesa. Virei o rosto para o lado resmungando e com isso exclamei de susto ao ver Henry deitado adormecido muito perto de mim. Ao tentar me afastar acabei batendo a cabeça na parede da caverna. Era só o que me faltava. O cavalo virou a cabeça na minha direção, no entanto foi por apenas poucos segundos até voltar a sua antiga posição. Mesmo com toda essa confusão Henry ainda dormia profundamente. Deveria ser do tipo que tinha sono pesado, supus. Enquanto o observava com curiosidade inevitavelmente comecei a me lembrar das palavras de Joana. Aquela mulher era mais doida do que imaginei. Como ela tinha a ousadia de em acusar de ter sentimentos por esse idiota? Só uma outra pessoa doida para gostar de alguém assim. Apesar de achar isso me vi passando a mão sobre os cabelos claros dele e pensando o quanto eles eram macios. Recolhi rapidamente a minha mão sentindo arrepios por toda a parte do meu corpo. Estava ficando maluco. Escondi o rosto abraçando as pernas. Tinha que me manter no controle, manter o foco e pensar racionalmente. Mesmo que todos aqueles momentos em que tinha passado com ele significassem alguma coisa para mim não faria diferença alguma. Não podíamos ser amigos e muito menos algo além disso. A guerra era a nossa realidade. Minha família contra a dele pela coroa da Inglaterra. Nunca poderíamos ficar juntos mesmo depois que a guerra acabasse. Eu sou o filho do Duque de York e ele é o rei da Inglaterra e líder da família Lencastre.

– Eu te amo. – podia jurar que o meu coração tinha parado de bater por um instante. Afastei o rosto dos joelhos e vi que Henry estava acordando olhando para mim. Pensei que estivesse ouvindo coisas até que ele falou novamente as três palavras que me assustaram mais do que qualquer outra coisa. – Eu te amo. Foi por isso que te escolhi ao em vez da coroa.

– O quê? – as palavras quase não saíram da minha boca.

– Eu sabia que nós nunca poderíamos ficar juntos enquanto eu fosse o rei ou o representante da minha família, então eu escolhi abandonar tudo por sua causa. – ele sorriu. – Pensei em começar tudo do zero. Ser um pastor ou algo semelhante. O que acha? – não sabia como responder. Aquela era a primeira vez que alguém me dizia que me amava. Por mais estranho que parecesse me sentia feliz. Feliz em saber que realmente havia alguém neste mundo que me amava de verdade, apesar de eu ser quem eu era. Mesmo me sentindo assim não pude deixar de pensar nas consequências da escolha de Henry.

– Tem certeza sobre essa sua escolha? – encarei-o tendo o cuidado de não mostrar a verdade por traz da expressão séria. – As coisas não vão ser tão simples como você esta imaginando. Por exemplo, se você realmente abandonar a coroa o que acontecerá com a sua mulher e filho?

– Ele não é o meu filho e só Deus sabe o quanto eu desejei ficar longe daquela mulher. Claro que isso não muda o fato de eu ter responsabilidades com relação a eles. Vou ajuda-los a sair do país, mas depois disso cortaria todos os nossos laços. – ele segurou a minha mão sem que eu percebesse e encarou-me firmemente. – Seu pai se tornará o novo rei e não tenho a melhor duvida de que governará com sabedoria e competência. O que eu realmente quero saber é a escolha que você tomará.

– Você esta me pedindo para abandonar tudo para ficar com você? – apesar de falar de um jeito que parecesse que me sentia ofendido, a verdade era que eu nunca antes tinha cogitado na possibilidade de viver sem estar do lado do meu pai.

– Não. – ele colocou uma das mãos sobre o meu rosto. – Seria muito egoísmo da minha parte te pedir algo desse tipo. Só quero saber o que você sente com relação a mim. – a honestidade dele continuava me surpreender mesmo depois de todo esse tempo. – Você me odeia?

– Não! – falei mais alto do que pretendia surpreendendo tanto a mim quanto a ele. – Não, eu não te odeio.

– Verdade? Que alivio. – e novamente sem pedir a minha autorização me abraçou fortemente. Pelo menos nisso ele não havia mudado em nada. – Você gosta de mim?

– Gosto... Mas, não poderia dizer que amo. – Henry se afastou um pouco de mim para que pudéssemos nos olhar. – Porque eu não sei o que é amor. – ao mesmo tempo em que ele me pareceu ficar surpreso também vi havia compreensão em seus olhos. Segurando o meu rosto com gentileza ele beijou a minha testa e a seguir se afastou com um sorriso.

– Entendi. Obrigado. – assim Henry afastou a mão da minha face, levantando-se e eu tive que me segurar para não pegar na mão dele. Por alguma razão estava com medo que ele fosse embora. Tinha a impressão de que se ele fizesse isso esta seria a última vez em que nos veríamos. Entregou-me um cantil ainda cheio de água a qual eu tomei com gosto. Parecia que fazia séculos desde a última vez em que havia bebido. – Vou buscar mais lenha e algo para nós comermos.

– Esta bem. – antes de se afastar ele acariciou o meu cabelo, bagunçando-o.

– Não vou a lugar nenhum, por isso não faça essa expressão. – perguntei-me que tipo de expressão eu deveria estar fazendo para que ele pudesse dizer algo assim como se pudesse ler os meus pensamentos. Curiosamente depois desse dia Henry não mais mencionou o seu desejo de abandonar a coroa ou os seus sentimentos com relação a mim.

Enquanto me curava da ferida os dias foram passando. Tinha tanto dias ruins como bons. Em um dia chuvoso acabei ficando com febre alta. Meu corpo doía, a cabeça girava e a respiração era irregular. Achei que eu fosse morrer de tão mal que me sentia. Com a intensão de baixar a febre Henry e eu dormimos abraçados e mesmo depois que a febre tinha passado nós continuamos a dormir desse mesmo jeito. Uma parte de mim queria que estes momentos durassem para sempre, mas a verdade era óbvia. Assim que eu estivesse em boas condições cada um de nós seguiria pelo seu caminho e foi exatamente isso o que aconteceu quando o dia chegou. Quando o meu machucado ficou praticamente todo cicatrizado decidimos que já era tempo para sairmos daquela caverna. Lá fora as coisas pareciam estar mais claras mesmo parecendo que nada tinha mudado.

– Tem certeza que eu posso ficar com o seu cavalo? – já estava montado no cavalo enquanto Henry passava a mão com carinho pelo rosto do animal. Uma das poucas coisas que eu notei quase que imediatamente sobre aquele homem quando o conheci foi a sua paixão pelos animais. Ele era o tipo de pessoa que preferia estar cercado por seres vivos do que por pessoas.

– Max vai cuidar bem de você. – os nossos olhos se encontraram e ele sorriu do mesmo jeito que sempre. – Você precisa mais dele do que eu.

– Mesmo assim, eu me sinto mal por ter que obrigar o rei da Inglaterra a ter que voltar para casa a pé. – nós dois rimos ao mesmo tempo.

– Não se preocupe com relação a isso. – apesar de estar fazendo piadas o que realmente me deixava relutante em aceitar a oferta de Henry era o fato de que eu e os cavalos não nos dávamos bem. Tentando pensar positivamente eu pensei em acariciar a crina branca de Max para deixa-lo feliz, porém ao fazer isso ele se balançou a cabeça me fazendo quase cair para o lado. Henry me segurou evitando que o pior acontecesse.

– Desculpe. – fiquei envergonhado com aquela situação. – Obri... – a proximidade dos nossos rostos me fez esquecer o que estava dizendo. Comecei a me perguntar como é que nunca antes tinha notado o quanto ele era bonito. Tudo nele era basicamente o oposto de mim e eu gostava disso. Eu gostava tudo que ele representava. Se este sentimento era amor ou não, não me importei, apenas agi como queria. Com as duas mãos peguei o rosto dele e pressionei a minha boca contra a dele. Como aquela era a primeira vez em que beijava alguém eu não tinha a mínima ideia do que estava fazendo, agi por instinto. Aquela provavelmente foi a coisa mais estranha que eu já havia feito em toda a minha vida, mas não me arrependi nem um pouco. Estava muito feliz. Ao me afastar sussurrei algo para ele com um sorriso. – Adeus, Henry. – e antes que um de nós cometesse o erro de fazer algo impensável eu fugi fazendo o cavalo correr por mim. Não olhei para trás, apenas cavalguei o mais rápido que conseguia até chegar em um ponto onde não pudesse mais voltar.

Ora, ora, alguém foi mais honesto do que eu esperava. – Joana apareceu sentada na parte traseira do cavalo encostando as costas nas minhas. – E pelo visto o meu beijo o ajudou a aprimorar as suas habilidades.

– Cale a boca. Por que você demorou tanto para aparecer? – após me incomodar naquele sonho ela não mais se manifestou na minha frente. Cheguei até a pensar que tinha desaparecido. – Ficou cansada de mim?

Tinha coisas mais importantes a fazer do que ficar assistindo você se recuperar do ferimento. – ela encostou a cabeça no meu ombro. – E para onde nós estamos indo? Para casa? Acho que isso nunca existiu para nenhum de nós dois.

– Você provavelmente esta certa, mesmo assim eu tenho que voltar. – Joana riu com gosto. – É tão surpreendente assim eu concordar em algo com você?

Não é isso. Eu estou rindo porque você é mais ingênuo que aquele rei. – ela retirou a cabeça de cima do meu ombro e me abraçou. – Ele pelo menos já aceitou o fato que não serve para ser rei, mas você ainda acredita que existe um lugar para você dentro daquela família sendo que isso nunca existiu. É digno de pena.

– Nunca pensei que fosse chegar o dia em que você sentiria pena de mim. – parou de me abraçar e voltou para a posição inicial.

Eu disse “é digno de pena” e não que eu estou com pena de você. – mesmo não conseguindo ver o rosto dela sabia que ela estava sorrindo. – Não fique se achando, moleque.

E assim ficamos em silêncio durante o restante da viagem. Eu sabia que enquanto sentisse Joana empurrando o seu peso contra as minhas costas significava que ela ainda estava ali, fazendo companhia para mim. Queria muito agradecê-la por isso, contudo era orgulhoso demais para fazer isso. Esta era um defeito que ela e eu compartilhávamos. Quando finalmente chegamos ao nosso destino ela cantarolou.

“Home, sweet home”. – e desapareceu.


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