Era o dia que os reis antigos iriam embora de Nárnia.

Diana estava triste, ela não sentiria muita falta de Susana e Pedro, mas sentira muita falta o estilo animado de Lúcia e do mal-humor de Edmundo.

–- Nárnia pertence aos narnianos tanto quanto aos homens –- Caspian dizia olhando para a multidão reunida –- Qualquer telmarino que quiser ficar e viver em paz é bem-vindo, mas aquele que desejar, Aslam o levará para o lar de nossos antepassados.

–- Já faz gerações que nós deixamos Telmar. –- disse um homem telmarino.

–- Não nos referimos a Telmar. –- O leão falou –- Seus antepassados foram marinheiros errantes. Piratas arrastados para uma ilha. E nela acharam uma caverna, uma rara fenda entre este e aquele mundo. O mesmo mundo de nossos reis e rainhas.

–- É para essa ilha que posso retorná-los. –- Aslan continuou falando –- É um bom lugar para qualquer que queira recomeçar.

Os telmarinos se entreolhavam. A garota podia entende-los, não era fácil deixar o conhecido, ela aprendeu isso quando teve que fugir do castelo e se aventurar entre os narnianos.

–- Eu vou–- O ex-bajulador fã numero um de Miraz falou –- Eu aceito a oferta.

O homem caminhou na direção dele e Caspian fez um gesto respeitoso com a cabeça.

–- E nós também –- A tia de Diana falou.

Diana tentou esconder sua felicidade, ela não gostava da tia e adorava a ideia dela ficar longe. Ela estava livres de aulas de etiqueta com a tia chata !

Ela também foi na direção deles junto com um velho de cabelos brancos que provavelmente era o pai dela.

–- Porque foram os primeiros a decidir, vocês serão felizes nesse outro mundo. –- Aslan disse

Logo em seguida o leão assobrou na cabeça deles, como uma benção. Era estranho para Diana pensar que seu pai era um ser tão poderoso.

Havia uma árvore atras deles. Então a árvore se abriu formando algum tipo de portal. Era um portal muito estranho, mas legal.

O leão indicou a árvore com a cabeça e os três que decidiram ir embora passaram pelo buraco no meio dela e desapareceram. Era como uma espécie de porta.

–- Como saberemos que não está nos levando para a morte?! –- Um telmarino gritou desconfiado.

–- Senhor –- Ricphip falou, chamando a atenção do leão –- meu exemplo pode servir de alguma coisa, passarei com onze ratos sem demora.

Susan e Pedro se olharam. Ahn não ... será que eles estavam pensando nisso mesmo ?

–- Nós iremos–- O loiro falou

–- Iremos? –- Lúcia perguntou confusa.

Diana abaixou a cabeça. Ela não queria que eles fossem embora. Quando ela finalmente faz amigos legais eles tem que ir embora. Como sua vida era injusta !

–- Vamos embora. Chegou nossa hora. –- Pedro falou. Logo em seguida andou na direção de Caspian e lhe entregou sua espada –- Afinal, não precisam mais de nós aqui.

–- Vou cuidar de tudo até que voltem –- Caspian prometeu pegando a espada.

–- Esse é o problema –- Susana falou –- Não vamos voltar.

Que ?!

–- Não vamos? –- Lúcia perguntou quase chorando.

–- Vocês dois vão–- disse Pedro indicando Edmundo e Lúcia –- Pelo menos, foi o que ele disse –- apontou para Aslam.

Diana se aliviou. Lúcia e Edmundo voltariam, afinal. Pedro e Susana não fariam muita falta para ela.

–- Por quê? –- Lúcia perguntou a Aslan –- Eles fizeram alguma besteira?

–- Pelo contrário, minha cara –- respondeu Aslam –- Mas tudo tem o seu tempo. Seu irmão e sua irmã aprenderam o que podiam neste mundo. É hora de eles viverem por conta própria.

– Tudo bem, Lu. –- falou Pedro –- É tudo muito diferente do que eu pensava, mas estou conformado. Um dia você compreenderá. Vamos.

Susana foi até Caspian lentamente, até eles ficarem cara a cara.

Diana preveu que teria uma cena romance. E ela estava certa.

–- Gostei de ter voltado–- Susana confessou.

–- Queria passar mais tempo com você –- O garoto respondeu

Susana sorriu.

–- Nunca teria dado certo mesmo.

–- Por quê? –- Caspian perguntou triste. Ele parecia prestes a chorar.

–- Eu sou mil e trezentos anos mais velha do que você. –- A rainha disse e Caspian sorriu.

Ela se voltou para ir embora. Então, de repente,voltou para trás e beijou Caspian.

Agora Diana teria um bom motivo para zoar do irmão pela eternidade.

Diana foi até Lúcia e abraçou a pequena. Ela sentiria muita falta dessa pequena alegre, quem iria alegra-la quando ela estivesse de mal-humor ?

Depois de abraçar a rainha ela foi até Edmundo. Era para ela dar um beijo na bochecha dele, mas ela escorregou no piso escorregadio e acabou beijando o canto da boca dele.

Edmundo ficou vermelho igual uma cereja.

–- Vou sentir falta de você, mal-humorado–- Diana brincou.

Edmundo ficou mais vermelho ainda.

–- Vou sentir sua falta, garota irritante.

Pedro olhou para Diana.

–- Você não vai me beijar ? –- perguntou o loiro

–- Vou dar um soco na sua cara se repetir isso –- a princesa responde sorrindo maldosamente.

Ahn, como é bom ser má. Diana percebeu que havia ferido o ego do rei loiro, e se sentiu muito feliz por isso.

Logo os Pevensie atravessaram o portal e aos poucos sumiram.

Eles foram embora.

–- É eles se foram –- Caspian comentou .

–- Você não acha que reparei nisso ? –- a princesa respondeu sárcastica.

Diana estava esperando ansiosamente o dia que eles iriam voltar. Se eles voltassem, é claro. As sua visão indicava que eles voltariam e seria num barco,em alto mar.

Peregrino da Alvorada, uma voz sussurou baixinho.

Que ótimo ! Agora ela estava escutando vozes. Diana precisava urgentemente de um psiquiatra.

***

Lúcia abriu os olhos e reparou que estava na estação de trem. Deixara Nárnia para trás. Por um momento a pequena rainha teve medo que tudo fosse um sonho. Um sonho bom.

–- Você não vem , Philys ? –- Um garoto de óculos perguntou para Susana. Aquele era garoto que estava falando com ela pela manhã.

Os quatro irmão pegaram as malas e entraram no vagão de trem. É eles tinham voltado a sua triste realidade...

–- Será que tem um jeito de nós voltarmos? - Edmundo perguntou enquanto remexia na sua mala –- Eu deixei minha lanterna nova em Nárnia.