O Filho da Lua escrita por Murillo França
Notas iniciais do capítulo
Temos que decidir se vamos viver por nós mesmo, fazendo o que nos deixa bem, ou se vamos viver pelas regras da sociedade fazendo o que deixa os outros bem.
Matheus estava caminhando com Luna e Igor, os três passaram pela frente da casa de Diogo que ainda estava magicamente interditada pelas autoridades competentes do mundo da magia.
–Vão apagar a memória dele amanhã, devíamos falar com ele! – comentou Luna.
–O que eles estão fazendo no momento? – perguntou Igor.
–Checando se ele não tem mais nada escondido que possa comprometer o segredo – respondeu Luna – Se eles já estão ai por tanto tempo, significa que ele tem muita coisa escondida.
–E se o transformássemos em algo? – propôs Matheus.
–A única coisa fácil e possível no momento seria lobisomem, mas eles não são bem visto pela sociedade mágica – respondeu Luna – E ele iria odiar a magia mais ainda, aceite, ele precisa ter a memória deletada.
–E em gárgula? – perguntou Igor – Pelo que li, o senso de dever dos gárgulas é muito grande, ele aprenderia a ter respeito e amor ao próximo.
–Você só quer vê-lo musculoso e de tanga! – exclamou Luna.
–Me conhece bem! – sorriu Igor piscando pra Luna.
–Quando meu melhor amigo virou seu melhor amigo? – perguntou Matheus.
–Quando ele saiu do armário! – respondeu Luna.
–É aquela a casa do humano que quase expos todo nosso mundo? – Lipe e Bryan surgiram atrás deles sem nenhuma formalidade. Bryan olhava interessado pra casa em questão – Nunca vi uma remoção de memória de perto.
–É porque geralmente as pessoas são inteligentes o suficiente pra não contarem os seus segredos pra pessoas que não são confiáveis! – justificou Lipe.
–Como você? – perguntou Matheus.
–Escuta tritão, estamos tentando ajudar, e vocês deviam agradecer, até vamos pra sua escola – comentou Lipe.
–Cês vão pra onde? – perguntou Matheus sem acreditar.
–Estudar com vocês! – respondeu Bryan em seguida olhou e piscou pra Igor – Nem posso esperar!
–Eles vão estudar com a gente? – pergunta Guilherme a Matheus.
–Vão dizer que são irmãos que vieram do Rio de Janeiro – respondeu o garoto. – Lipe deu em cima de mim!
–Precisamos ter uma conversa com esses dois peixinhos. – comentou Guilherme. – E o Bryan cantou Igor?
–Sim, foi uma olhada bem sinuosa – respondeu Matheus.
–Hora de Igor deixar de ser tímido e usar aquele corpo a nosso favor! – comentou Guilherme.
–Vai transforma-lo num garoto de programa? – perguntou Matheus incrédulo.
–Meus deuses, retro tá na moda, mas esse termo é mais ultrapassado que isso, e não, ele não vai dormir com Bryan a menos que queira, mas vai seduzi-lo, e descobrir o que queremos, eu e Diana cuidaremos do Lipe. E você, soube que ontem você e a Luna tiveram um momento.
–Não rolou nada! – defendeu-se ao notar o olhar do primo – Só um beijo.
–Eu sei que não rolou nada. E é assim que começa, apenas lembre-se, ela é uma dama, então, não a force, espere! – mandou Guilherme. – Ou você vai enfrentar a fúria de dois seres do mar mais velhos e mais fortes!
–Você e Diana? – perguntou.
–Não, Diana e sua mãe! – respondeu antes de sair.
Diana e Guilherme andavam distraidamente pela praia, quando Diana, depois de tanto segurar um assunto, falou:
–Já pensou em ter um reacionamento aberto? – sugeriu Diana olhando apreensiva pra Guilherme..
–Graças a Deus, eu achei que você iria me chamar de tarado e me estapear se eu sugerisse isso! – comentou Guilherme. – Foi pelo Lipe não foi?
–Você também que eu sei... O fato é, ele fala tanto, quero provar! – comentou Diana.
–E isso, vai ser perfeito pra descobrir tudo sobre eles! – comentou Guilherme com um sorriso maléfico.
Os dois encontraram Lipe e Bryan, ambos estavam na praia tomando sol. Diana e Guilherme fingiram de amigos e “aceitaram” a oferta de Lipe. Metido como era o tritão sorriu sem desconfiar, primeiro foi a vez de Diana experimentar a fruta. Enquanto isso Guilherme revistava as coisas dele, na carteira tinha a identidade, provavelmente falsa, afinal ele não nascera humano e nos reinos marinhos não se precisa de identidade, alguns outros documentos falsos, e moeda em real.
–Alguém veio preparado! – exclamou.
–Dê a ele cinco minutos! – comentou Diana saindo do quarto de hospedes na casa de Matheus – meia hora aliais, e não, não foi tudo isso.
–Sabia que não seria! – comentou Guilherme.
Diana fez uma investigação mais ativa, pegou o celular de Lipe e checou seus perfis nas redes sociais mágicas, descobriu quase tudo sobre ele, o que foi bastante útil, meia hora depois Guilherme votou.
–Nossa! – exclamou meio desanimado – Olha, não digo que não foi prazeroso.
–Eu sei, eu entendo, foi bom, muito bom... mas não vi – continuou Diana.
–Faíscas? – perguntou Guilherme.
–Nenhuma! – concordou Diana – Acho que isso é um sinal.
–Sinal de que somos únicos e perfeitos apenas um pro outro! – comentou Guilherme.
–E que relacionamento aberto não vai dar certo! – completou Diana.
–Me beija! – pediu Guilherme.
Os dois se beijaram e Guilherme a carregou pro quarto de Matheus, ele ainda tinha bastantes faíscas. Ou chamas.
Enquanto isso Matheus e Igor cuidavam de distrair Bryan. Aliais, Matheus vigiava enquanto Igor fazia todo o trabalho, em pouco tempo os dois pareciam até amigos de infância, até o momento que Bryan tomou a iniciativa. Bryan beijou Igor que recuou quase imediatamente:
–Que foi? – perguntou Bryan.
–Aqui? Na frente de todo mundo? – perguntou Igor.
–Estamos numa rua deserta, a única pessoa aqui alem de nós é seu amigo atrás do carro. – comentou Bryan.
–Como ele me viu? – perguntou Matheus em voz baixa.
–Você não é nada discreto, e sim, eu te ouvi! – respondeu Bryan.
–Vou deixar vocês a sós pra resolverem isso! – disse antes de usar seu poder e desaparecer dali.
–Ok, o que houve? – perguntou Bryan.
–Nunca... – começou Igor.
–Beijou um homem? – perguntou Bryan.
–Em publico. – respondeu Igor.
–Não tem porque se envergonhar, esse é você, deixem que olhem, o que eles podem fazer? – perguntou Bryan.
–Me espancar até a morte? – perguntou ironicamente.
–Você tem um tritão que consegue levantar um carro e ficar invisível bem do seu lado, eu não vou deixar que te toquem.
–Olha, é muito fofo, mas não estou pronto ainda pra sair do armário, eu sinto muito! – respondeu Igor abaixando a cabeça.
–Também sinto! – respondeu Bryan irritado e saindo dali.
–POR QUE RECUOU SUA BESTA QUADRADA? – perguntou Guilherme.
–O que? Eu não expliquei tudo? – perguntou Igor.
–Acontece que você realmente estava gostando dele! – comentou uma.
Igor tinha ido pra casa de Matheus, e encontrou com o próprio, com Luna, com Diana e com Guilherme, então deu o relatório completo.
–Olhem, vocês não entendem, Gui e Di vocês são bi, nunca vão sofrer o mesmo que eu sofro. – comentou Igor.
–O que pode sofrer queridinho, você ainda não tirou nem um dedo do armário! – comentou Diana em resposta.
–E os bis podem não ser espancados como gays, mas comentários como “você é um gay que não se assume” vem dos dois lados – comentou Guilherme.
–E também aquele clássico: “Você só está confuso” – comentou Di.
–Sofremos tanto quanto os gays, mas não nos deixamos abater – comentou Guilherme – nossa vida não interessa a ninguém, simplesmente somos felizes, agora, você vai perder a chance de ter um primeiro de vários romances que realmente vão valer a pena... ou ficar com vergonha de ser quem você é?
–Acham que devo... – começou Gui.
–Nada de correr em câmera lenta, isso é ser gay demais da conta! – comentou Luna.
–Mas pode se jogar nos braços dele! – argumentou Guilherme.
–Isso sim, e pode ter uma passagem musical. – lembrou Luna.
Não teve uma passagem musical, Igor simplesmente encontrou com Bryan na praia (aliais, parece que Bryan e Lipe sempre estavam na praia). Antes do grande beijo em publico que ninguém reparou o dialogo foi esse:
–Desculpa, você estava certo e eu não devia me esconder! – pediu Igor.
–Tudo bem, eu sei que não é fácil, mas agora estou aqui! – respondeu Bryan olhando nos olhos de Igor.
Os dois então se abraçaram e se beijaram.
–Se lembra quando nós dois éramos o casalsinho dessa história? – perguntou Luna observando o beijo.
–Pelo menos uma vez os holofotes têm que ir pra outra pessoa – comentou Matheus.
–E foram, pra Gui e Di, em seguida pra Bryan e Igor – comentou Luna.
–Tem um jeito de fazer voltar pra gente...
–Não vou transar com você! – cortou Luna.
–Não custava tentar! – comentou Matheus em resposta.
–Bem, o dia foi difícil! – exclamou Guilherme – Pelo menos conseguimos arrancar algumas informações e concluímos que....
–Eles são dois tritões normais – completou Diana – ambos bis, e amigos, mas nunca tiveram nada então você não tá ameaçado Igor.
–O que? Vei, ele é bi, agora eu tenho que me preocupar com homens e mulheres? Será que eu não posso ter sorte de encontrar um gay? – perguntou Igor.
–Isso quase nunca acontece! – respondeu Diana – Mas a questão é...
–Não tem razão pra não confiarmos neles! – terminou Guilherme.
–Exceto por eles já terem nos investigado umas sete vezes – comentou Diana.
–Podem aparecer! – exclamou Guilherme.
Bryan e Lipe estavam invisíveis de mãos dadas no canto da sala. Guilherme e Diana sabiam o tempo todo, por isso eles sempre estavam na praia quando eram procurados, e por isso deixaram os celulares e documentos a vista.
–Vocês são quase tão discretos como Matheus! – comentou Diana.
–Sabiam o tempo todo? – perguntou Lipe.
–Sim, desde a primeira vez que vocês invadiram a casa – respondeu Guilherme. – só Matheus não sabia porque se contássemos ele não ia guardar segredo.
–Eu ia sim! – argumentou Matheus.
–Não ia não – exclamaram todos presentes na sala.
–Valeu pessoal! – exclamou em resposta.
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Essa podia ser a maior batalha que eles iriam enfrentar. Talvez nem mesmo saíssem vivos. Mas tinham que fazer. Era preciso.