A Lua escrita por Pedro_Almada


Capítulo 9
Segredos inquestionáveis... A mulher quase invisív




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Segredos inquestionáveis... A mulher Quase Invisível

 

            O fim de semana passou despercebido. Na maior parte do tempo, eu estava no interior da floresta lançando pedras, sentindo o prazer que nenhuma outra pessoa sentiria. Eu queria muito poder dividir isso com Richard, ele morreria de inveja ao descobrir. Mas eu não tinha certeza se inveja seria o único sentimento. E se ele ficasse com medo, se me odiasse ou me achasse uma aberração? Esse segredo morria comigo, já era uma decisão.

            Quando eu não estava lançando pedras no ar ou arremessando troncos de árvores, eu estava correndo no pasto vazio, sentindo a brisa em meu rosto. Vez ou outra minhas habilidades oscilavam. Houve um momento em que minha velocidade foi além e eu quebrei uma cerca. Não demorei muito para consertá-la, já que eu não precisava de marretas ou equipamentos para enfiar a estaca no chão novamente. Eu estava tão orgulhoso de mim que, sempre que minha mãe me olhava com aqueles olhos decepcionados, eu conseguia me desviar e não me importar. Eu não merecia tanta desaprovação.

            À noite meus olhos vermelhos e meus cabelos cintilantes voltavam então eu tinha que me esconder em meu quarto por um bom tempo. Domingo foi sossegado, ninguém me incomodou, então não precisei me preocupar em usar bonés, moletons ou óculos escuros (eu tinha encontrado um dentro da gaveta do criado-mudo). Fiquei admirando minha aparência no espelho por um longo tempo, me perguntando o que significava, a que espécie de humano eu pertencia.

            Antes de dormir, eu liguei o computador. Seria a primeira vez desde o dia em que mudei para lá. Finalmente havia encontrado alguma utilidade para a internet. Entrei em um site de busca e digitei “mutação”. Não havia muita coisa que me ajudasse, geralmente mutações causavam mudanças notáveis. “Olhos vermelhos” também não me ajudaram muito. Digitei “força sobre-humana”, “cabelo que brilha”, uma busca mais patética que a outra. A única coisa que achei foi a respeito de um xampu que dava luminosidade aos cabelos e, com certeza, eu não precisaria disso. O que eu sabia era que os sintomas apareciam durante a noite, e não havia nada que pudesse mudar isso. Procurei fazer mais atividades físicas, levantar mais pesos na frente dos meus pais, de forma que eles pensassem que eu estava pegando pesado para manter um físico em forma. Eu precisava ter uma desculpa para os meus músculos repentinos.

            Finalmente, segunda-feira. Sempre, por precaução, eu me observava no espelho para ter certeza de que os olhos e os cabelos haviam voltado ao normal. Estava tudo certo. Aquela situação, no entanto, estava me dando nos nervos, eu não podia me esconder todas as noites pelo resto da vida. Eu precisava aprender a domar essas mutações, se é que isso era possível. Decidi que, a partir daquele dia, eu começaria a usar boné, para melhorar meu disfarce. Óculos escuros não iam colar, eles iam desconfiar, então decidi que iria resolver isso outra hora. Meu rádio-relógio apitou, indicando que eu já devia estar indo para a escola. Naquela manhã eu me troquei mais rápido que o normal. Desci as escadas aos tropeços, ansioso para ver meu irmão.

            Estavam todos na cozinha. Minha mãe estava preparando ovos mexidos e panquecas, meu pai estava coando o café, Emilliene e Richard brincavam com um besouro que pousara sobre a mesa. Era uma bela cena de uma família feliz, e eu me senti deslocado, como que se não fosse justo fazer parte dela.

            _ Richard! – exclamei, ao ver o meu irmão.

            Richard me olhou, sorridente. Pelo que eu pude perceber, ele havia malhado bastante também nesses últimos dias. Seu ombro estava bem mais largo. Ele veio até mim, me abraçando calorosamente. Que bom! Meu melhor amigo estava em casa.

            _ Fala, maninho! – ele me apertou em um abraço, mas ele parecia não estar fazendo força, ou talvez isso não tivesse mais efeito em mim.

            _ Que bom ter você em casa, Rich! – falei, retribuindo o abraço.

            Meu pai sorriu com o nosso encontro, mas minha mãe ainda estava absorta nos afazeres da cozinha.

            _ Quando você chegou? – eu perguntei, assim que nos sentamos à mesa.

            _ Ontem à noite. As linhas aéreas estavam um caos.

            _ Ah, sei como é. – falei me servindo de tortinhas de frango. Minha mãe tinha caprichado no banquete de boas-vindas. De alguma forma, eu imaginei que aquelas guloseimas fizeram planos do meu aniversário um dia – Quando viemos para cá, tivemos que pegar avião no aeroporto da cidade vizinha. Seattle estava um caos.

            _ Papai me contou.

            Emi veio até mim, me deu um beijo no rosto e sentou de frente para nós dois. Minha mãe colocou as panquecas e os ovos mexidos sobre a mesa e se sentou ao lado do meu irmão. Como eu tinha saudades daquele clima de café da manhã em família!

            _ Me fala, Richard. Como foi a viagem? Onde você esteve? – eu perguntei.

            Richard deu um gole demorado em seu suco de laranja, fez uma pausa, mordeu uma panqueca e falou, enfim:

            _ Eu estive na casa de um velho amigo da escola. – ele respondeu, mas sua voz transpareceu uma certa tensão – já que íamos nos mudar, eu não estava a fim de ir para a faculdade.

            _ Ta, mas o que tem de tão especial? – eu perguntei, curioso – quer dizer, na carta você disse que tinha uma coisa que só poderia me contar quando voltasse. Disse que eu nem ia acreditar. Vamos, cara. Eu estou curioso!

            Ele trocou olhares com a minha mãe, e ela intrometeu.

            _ Deixe seu irmão, Matthew. Ele está exausto, e você tem que ir para a escola. Veja, está em cima da hora.

            _ Mas, mãe, o Richard...

            _ Matt, fica frio. – Rich disse, sorrindo – teremos bastante tempo para conversar, não se preocupe.

            _ Mas você vai para a faculdade quando? – perguntei, engolindo uma torrada inteira.

            _ Daqui a um semestre. Eu vou começar no início do período, para não perder nada. Enquanto isso vou estudar por minha conta. Papai me arrumou um cargo na exportadora até lá.

            _ Agora, vá logo para a escola. – mamãe falou impaciente – quando Rich chegar, vocês conversam.

            - Certo. – me levantei e, antes de sair, me virei para meu pai – Pai, avisa ao tio Brad que eu gostaria muito de vê-lo. Ele ficou de vir ao meu aniversário, mas...

            Eu me calei por um momento, e o silêncio constrangedor nos engolfou. Eu não estava a fim de me sentir mal aquele dia.

            _ Bem, vou indo. Até mais, pessoal.

            _ Você vai de bicicleta? – papai perguntou.

            _ Está me fazendo bem – eu sorri.

            _ É, percebi. – Richard comentou, apontando para os meus braços – você anda malhando, não é?

            _ Tento ocupar o meu tempo.

            _ Faz bem. – minha mãe respondeu, sorrindo de leve – agora, vá. Sair em cima da hora está virando um tabu incontornável.

            Retribuí o sorriso e saí pela porta dos fundos. Peguei minha bicicleta na varanda, ao lado das orquídeas, montei e pedalei até a estrada de ipês. Alcancei a rodovia, passei pelo acostamento, cheguei à cidade e, pouco tempo depois, já estava prendendo minha bicicleta no mastro onde a maioria dos alunos prendia suas bicicletas. A minha era a mais suja e surrada, com certeza. Nunca havia usado-a tanto como naquele fim de semana.

            Dessa vez, eu não pude sequer evitar os olhares tortos, mas havia algo mais. As pessoas se afastavam, como se eu fosse algum doente ou psicopata. Aquele estresse estava me afetando novamente, então eu me lembrei porque odiava segunda feira. Procurei desesperadamente por Abigail ou Brian, eu precisava esclarecer algumas coisas como, por exemplo, pedir desculpas. Além do mais, eu precisava falar com alguém que, talvez, não me considerasse um delinqüente.

            Mas eu não os encontrei. Eles me encontraram. Senti uma mão segurar meu ombro, e eu me virei imediatamente, aliviado. Os dois estavam atrás de mim, Abi sorridente como sempre e Brian com sua camisa de capuz preta. Eu decidi esquecer as outras pessoas a nossa volta.

            _ Oi, Matt. – ela foi a primeira a dizer.

            _ Oi, Abi... Brown. – eu cumprimentei Brian por último.

            _ Me chama de Brian, ta bom. Odeio meu sobrenome. – ele retorquiu.

            Abigail revirou os olhos. Sua expressão, então, mudou. Ela me olhou com tensão e, finalmente falou.

            _ Olha, Matt. Preciso te dizer. Estamos com problemas. Nós três. O diretor e o Prof. Devon andou nos procurando hoje cedo. Brian e eu decidimos nos esconder até que você chegasse. Acho melhor irmos para a diretoria.

            Eu funguei, cruzando os braços. Isso era tão revoltante! Um cara e seus capangas enchem a escola com problemas, ameaçam alunos e, quando alguém finalmente dá uma lição nele, os mocinhos se tornam os “bad boys”.

            _ Ótimo. É melhor resolver isso mesmo. – respondi, minha voz nitidamente irritada – só que eu não vou baixar minha cabeça.

            _ Nem devemos. – Brian respondeu, seu tom de voz igual ao meu – Quem aquele cara pensa que é?

            _ Que seja. Vamos logo.

            Nós três fomos seguidos por olhares incomodados até o fim do corredor. A sala do diretor ficava no fim do corredor, depois de passarmos por uma outra sala. A porta anterior ao diretor era de vidro temperado, translúcido, não se podia ver do outro lado. Prontos ou não, tínhamos que seguir em frente. Eu fui na frente. Abri a porta e entramos na recepção.

            O clima não foi dos melhores. Quatro grandalhões estavam sentados em cadeiras estofadas encostadas na parede. Um deles tinha o braço enfaixado, Edmund tinha uma sutura que ia desde a ponte do nariz até o seu queixo. Eu não sabia que o corte tinha sido tão feio. O que mais me preocupou, no entanto, foi o garoto da fratura. Ele me olhou completamente desorientado. Seu corpo começou a tremer, eu podia jurar que ele estava com medo, muito medo. Nós nos sentamos nas poltronas da parede na outra extremidade da sala. Em seguida, a porta da diretoria se abriu. O prof. Devon saiu por ela e ficou de pé bem a frente dos dois grupos adversários. Ele não parecia bravo ou preocupado. Na verdade, ele estava bem analista, estudando nossas reações e movimentos, desde os pés nervosos até os dedos das mãos enrolados uns nos outros.

            _ Então... – ele anunciou, juntando a palma de suas mãos – Acho que temos muito que conversar, não é?

            _ Olha, professor...

            _ Srta.Williams, por favor. Estamos todos muitos tensos. Sabemos o quão grave foi a briga, conhecemos a repercussão da situação inteira. Posso garantir que os dois lados serão muito bem avaliados. Eu confesso que, se dependesse de mim, o veredicto já teria sido dado – o professor olhou intencionalmente para Edmund – mas existem pessoas superiores a mim, então... Tenham calma, não precisam sair de seus lugares, o diretor acha melhor vir até aqui.

            A porta da diretoria se abriu imediatamente. O mesmo diretor semi-calvo grisalho e anão saiu por trás da porta, seus olhos estreitos e especulativos. Ele estava pronto para arrancar informações. Ele vestia um terno azul-marinho e uma gravata vermelha, e nada combinava com ele.

            _ Ah, o que a juventude faz com a cabeça das crianças. – o diretor passou por nós, olhando-nos pelo canto dos olhos.

            O professor Devon sentou-se em uma cadeira isolada, perto da porta com a placa “diretoria” fixada. O diretor continuou a sua pesquisa por nós. Seus olhos pousaram sobre Brian e, por um momento, eu vi o professor ficar pálido.

            _ Então é verdade... – o diretor continuou – O Sr. Brown esteve metido na briga? Eu pensei que o susto que você havia passado tinha lhe servido de lição.

            Brian cruzou os braços, olhando para a janela, tentando evitar os olhos que o encaravam. O diretor, após uma pausa para analisar a expressão de Brian, continuou a falar:

            _ Você não deve se preocupar muito com sua saúde, não é, Sr. Brown. Aquelas convulsões e, depois de tudo isso, ainda se mete em uma briga violenta. Francamente...

            As palavras do diretor despertaram minhas lembranças. No meu primeiro dia o Prof. Devon tinha sido chamado para ver um aluno que passara muito mal, chegando a ter convulsões. Então era Brian o paciente. Era difícil imaginar um cara como ele, com toda a sua superioridade e obstinação, sofrendo de alguma doença séria.

            _ Continuando... – o diretor olhou do braço quebrado do subordinado até o corte de Edmund – Céus, o que estavam pensando? Como tiveram a coragem de criar esse tipo de problema dentro do colégio?

            _ Foi esse... – Edmund bufou.

            _ Foram perguntas retóricas, Sr. Davis. Eu não me importo com a resposta. O que me importa é saber o que os levou à briga. Gostaria de ouvir primeiro a Srta. Williams.

            Abigail pôs-se de pé e, por um momento, eu me senti em um tribunal, pronto para receber minha sentença.

            _ Diretor Owen – então esse era o nome da figura – pelo que parece, Edmund não gosta de novatos, muito menos dos que vem de cidade grande, ele...

            _ Ora, sua...

            _ Sr. Davis. Sua vez ainda vai chegar. – o diretor o interrompeu – prossiga, Srta. Williams.

            Abigail explicou tudo detalhadamente. Foi uma longa descrição do acontecimento, ela não deixou escapar nenhum detalhe. Disse que eu havia tentado abandonar a briga, mas Edmund me acuara com mais três comparsas. Disse que Brian e ela estavam apenas tentando me ajudar, já que quatro contra um era muito injusto.

            Quando fui explicar, contei do primeiro dia de aula, o Prof. Devon até confirmou a provocação gratuita de Edmund. Afinal, a sorte estava do nosso lado. Eu não seria visto como um delinqüente agora, pelo menos era para isso que eu torcia. Brian foi o mais curto, contou que simplesmente veio diminuir a desvantagem.

            Na vez de Edmund, ele tinha inventado mentiras absurdas e, muitas delas, contradiziam as versões que seus amigos contaram. Eu não consegui esconder um sorriso de satisfação. O diretor finalmente se decidiu. Ele cochichou algo no ouvido do Prof. Devon. O Sr. Owen veio até nós e, com uma expressão mecânica, ele falou:

            _ Está claro que o Sr. Davis e seus amigos foram os causadores de toda a confusão, e que o Sr. Chambers teve ajuda dos amigos para se safar da briga. Sinceramente, eu conheço Davis desde o primeiro ano, sei como ele age dentro da escola. Sr. Davis, esse lugar não pertence a você. Sua implicância foi gratuita e desnecessária. Todos os quatro receberão uma advertência e uma suspensão. Vou ligar para os seus pais ainda hoje.

            Então o Sr. Owen se virou para nós, sua expressão estava pesarosa.

            _ Enquanto a vocês... Vejam bem... Por mais que tenham apenas se defendido, eu não posso deixar algo como isso passar em branco. Vocês machucaram seriamente dois alunos e, sabe-se lá o que poderia acontecer de pior. Eu não irei puni-los, mas vou chamar os pais de vocês aqui, eles precisam saber a gravidade do problema.

            _ Vocês vão chamar meus pais? – eu perguntei, atônito – mas eles...

            _ Não importa o que diga, Sr. Chambers, eu terei uma conversa com eles. Agora, se não se importam, os Srs. Chambers e Brown e a Srta. Williams podem sair. Vão para suas salas, tenham uma boa aula.

            Alcançamos o corredor depois de alguns minutos, a turma de Edmund ficou na recepção, provavelmente para a nossa suposta proteção. Abigail parecia bastante animada, com seus braços em volta dos meus, sorrindo e falando alto.

            _ Agora, sério. Não foi excitante?

            _ Excitante? Abi! – eu exclamei – eles vão chamar meus pais! Isso é, de longe, a pior coisa!

            _ Que seja! – ela anunciou, sorridente – Nós somos a nova sensação da escola. Derrubamos os donos do pedaço?

            _ Donos do pedaço... – Brian repetiu, entediado – por favor, aqueles caras não valiam nada.

            _ Sabe, eu poderia ter cuidado deles sozinho. – comentei em tom de brincadeira, mesmo sendo um fato.

            _ Poderia, é? – Abi zombou, me dando um soco de leve no braço – e pode me dizer como seria isso?

            _ Ah... Deixa pra lá. Mas seus pais não vão se incomodar com isso?

            _ Meus pais? – Abi achou graça – como se isso fosse possível. Eles, com certeza vão dizer que sou corajosa e pedir para eu ter mais cuidado.

            _ Ah, certo. – Brian resmungou.

            _ Sorte a sua. Meus pais não têm a mesma paciência. Minha mãe anda decepcionada comigo desde o dia da briga, quando cheguei tarde em casa. Ah, aliás. Obrigado por me ajudarem. E sinto muito sair correndo daquele jeito. Nem me despedi.

            _ Eu não estava te ajudando. – Brian retorquiu – Eu só não suporto ver aqueles imbecis se achando melhores. Eu poderia dar uma lição neles quando quisesse.

            _ Não liga, Matt. – Abi colocou a mão sobre meu ombro – Brian não parece ser o tipo de pessoa polida o suficiente para admitir que se preocupou. Mas eu aceito seu agradecimento, já que eu fiz o trabalho mais bem feito.

            Ela deu uma gargalhada, exibindo seus dentes brancos, contraindo os lábios rosados.

            _ E com relação aos seus pais... – ela falou – O diretor e o Prof. Devon vão contar tudo o que aconteceu e eles terão que te ouvir. Eles vão te perdoar e até entender.

            _ Assim espero. – resmunguei, sem ter muita certeza disso.

            Brian simplesmente acenou e se virou para o outro corredor, ele estava em outra sala e, provavelmente, nos veríamos no recreio. Abigail e eu continuamos a passo firme até chegarmos na nossa sala de aula, onde os alunos conversavam naturalmente enquanto copiavam a matéria de história no quadro. Assim eu entramos, pedimos licença ao professor, que nos cedeu com relutância. A conversa agradável e natural se transformou em murmúrios baixos, curiosos e, pelo que pude perceber, desgostosos. Alguns, em todo o caso, nos olhavam como se fôssemos alguma espécie de herói ou coisa do gênero. Abi e eu nos sentamos em nossos lugares, tentando desviar dos olhares e das acusações silenciosas que proporcionavam uma atmosfera desagradável, o suficiente para fazer o professor soar um “shh” audível o suficiente para fazer os alunos cessarem com os sussurros.

            _ Eu devia ter faltado de aula. – murmurei para Abi, logo atrás de mim.

            _ E perder essa festa? – ela sorriu, satisfeita – somos a nova sensação. Acostume-se com o estrelato, baby.

            Eu dei uma risada leve e me virei para frente. Verdade seja dita, não era tão ruim ser visto de forma diferente, pelo menos os olhos das garotas não queriam mais me devorar, embora eu não gostasse de olhos julgadores também. Bem, não se pode ter tudo na vida e, com certeza, eu já estava me acostumando, logo eu não precisava me incomodar com minha coloração avermelhada.

            O professor de história continuou sua aula, mas não foi difícil acompanhar. Ele era bem lento e eu, surpreendentemente, estava mais rápido e meu raciocínio estava começando a me impressionar. Abi também fazia jus à sua personalidade, ela acompanhou a matéria tão rápida quanto eu e, pelo que percebi, sua inteligência era notável. Fiquei me perguntando se ela tinha algum defeito.

            _ Sr. Chambers – o professor me acordou de meus pensamentos, sua voz era rouca e parecia mais de uma velha – caso o senhor tenha se esquecido, não é permitido o uso de bonés dentro de sala. Por que não faz a gentileza.

            _ O que.. Oh, sim. Me desculpe.

            Peguei o boné e o joguei dentro da mochila, voltando rapidamente para os estudos. Eu nem havia percebido que estava usando um boné, a tensão do dia me deixou tão nervoso que meu tato parecia falhar, até que o professor me lembrou. Abi me jogou uma bolinha de papel, e eu me virei para ver o que ela queria. Ela piscou, apontando para minha mochila, e desenhando um boné no ar com as pontas dos dedos. Seus lábios gesticularam e, pelo que eu pude notar, ela havia dito algo parecido com “sexy”. Eu ainda não estava acostumado com elogios, então não é difícil deduzir que meu sangue subiu borbulhando até a cabeça. Eu desejei que ela tivesse errado a bolinha de papel, mas era tarde demais, o elogio de Abi tinha me deixado desconcertado, eu me esqueci de olhar para frente, o que me rendeu outra advertência do professor.

            _ Sr. Chambers, por favor, queira respeitar essa aula, sim?

            _ Foi mal, professor... Não vai acontecer. – eu me dei conta que nem me lembrava do nome dele.

            Continuei escrevendo em meu caderno, sem olhar para Abigail. Eu teria que me lembrar de avisá-la para nunca mais me elogiar, julgando minha péssima reação com elogios e, certamente, vindo de uma garota tão bonita como ela não iria ajudar em nada.

            Meio minuto depois após o episódio desconcertante, A porta da sala se abriu e, para minha surpresa, Edmund entrou, a ponte do nariz suturada, e logo atrás o garoto com o braço quebrado. Eu nem havia me dado conta que éramos da mesma sala, os outros dois, a julgar pelo tamanho, deviam ser do terceiro ano, na mesma sala que Brian.

            Os sussurros que, antes serviram para Abigail e eu, agora estavam voltados para a dupla de valentões, cujas expressões metiam medo em uma pessoa com o juízo perfeito, mas a mim dava pena e um pouco de culpa. Eles eram do time de futebol americano e o garoto com o gesso na mão não poderia jogar por um bom tempo, isso iria me custar alguns pontos negativos, já que o time estaria desfalcado e, com certeza, uma parcela da culpa por não enfrentarmos o time da estadual seria minha. Mas não adiantava chorar pelo leite derramado, e a Segunda Guerra Mundial merecia minha atenção agora.

            A aula de história acabou e, depois disso, as outras aulas voaram, para minha surpresa. Abigail se levantou assim que o sinal do recreio tocou, ela passou por mim, me agarrando pelo braço e, me fazendo tropeçar na minha mochila, me arrastou até o corredor. Minha idéia de recreação naquele dia era ficar dentro de sala, rabiscar algumas folhar e observar a corrida dos ponteiros do relógio, mas Abigail era uma guerreira, não ia desistir de atormentar o meu dia. Ela praticamente me carregou até o refeitório. Na mesa do fundo, perto da cantina, onde quase ninguém se sentava, Brian estava lá, mordendo uma maça e olhando vagamente pela janela, admirando o céu nublado.

            _ Vamos. – Abi me puxou.

            _ Hei, não sei se quero me sentar com ele. – eu respondi prontamente.

            _ Como é? – ela fez uma expressão de choque cômico – o cara que salvou sua vida? Acho que devemos isso a ele. Veja, ele está solitário.

            Ele não estava acompanhado, mas, a julgar pela sua expressão, Brian não se incomodava de forma alguma em ficar sozinho, eu supus até que ele gostava de toda aquela solidão.

            _ Ok, vamos então. – eu decidi.

            Passamos pela cantina, enchemos nossas bandejas e nos sentamos na mesma mesa que ele. Brian simplesmente nos olhou, acenou vagamente e voltou sua atenção ao céu límpido, como se não houvesse nada mais importante para se fazer.

            _ Alô, Brian. – Abi cumprimentou.

            Eu não o cumprimentei com a mesma empolgação, mas tentei demonstrar um pouco de gratidão em minha voz.

            _ Oi, Brown.

            _ Brian. – ele disse, se virando para mim – já disse que não gosto de Brown.

            _ Que seja. – murmurei, bebendo um pouco de leite cremoso. Tinha gosto de xarope.

            _ Por que a comida da escola não pode ser decente como a de nossas casas? – Abi reclamou, jogando a embalagem de leite para o canto da mesa.

            _ Porque não é a sua mãe que cozinha. – Brian retorquiu.

            _ Quanta delicadeza. – Abi fez uma careta.

            Eu engoli todo o leite sem nem sentir o gosto e voltei minha atenção para a salada e as salsichas.

            _ Hei, Abi. – eu me virei para o lado, abandonando a salsicha sem nenhum tempero – Você não teve medo?

            _ Medo? – ela me olhou, confusa – medo do que?

            _ Da turma do Edmund. Quando você veio me... Me defender, você sabe.

            Brian suspirou.

            _ Ah, sobre isso. – ela deu uma risadinha – não, eles não metem medo.

            _ Você usou uma força animal para derrubar Edmund com uma mochila. – eu comentei.

            _ Não foi tão difícil, ele é grandalhão e desengonçado. Quanto maior a altura, maior é a queda.

            _ Ora, por favor... – Brian olhou para mim, exasperado – Você acha mesmo que alguém aqui fez aquilo para te ajudar?

            _ Eu fiz! – Abi falou em tom de aviso – escuta, Brian. Eu não pretendo ser anti-social como você.

            _ Ah, claro! Por isso vai se juntar a essa gente comum. – ele retorquiu, enrugando o nariz – Dê mais valor a si mesmo, garota!

            _ Hei, hei, hei! – eu me inclinei para Brian, nitidamente ofendido. Quem ele pensava que era? – Eu não to entendendo essa conversa muito bem, mas pelo que percebi, você ta dizendo que eu não sou um bom amigo?

            _ Para o seu tipo, talvez. – Brian me encarou – Mas a Williams e eu não precisamos de você.

            _ Brian! – Abi pareceu ofendida por mim – Isso não é uma regra! Posso ter os amigos que quiser, ta legal!

            Eu fitei meus olhos nela e, em seguida, me virei para Brian. Aquela conversa estava um pouco fora do normal para mim. Primeiro eles não eram amigos, nem pareciam se conhecer, agora Brian queria controlar as amizades de Abi e ela agia como se ele pudesse ter alguma influência nisso.

            _ O que você quer dizer com regra? Regra do quê? – eu perguntei, e a pergunta foi dirigida aos dois dessa vez.

            Abi mordeu os lábios, Brian voltou a admirar o céu, com aquela pose de sádico imbecil. Tive que me segurar para não mostrar a ele um pouco da minha força.

            _ Não é nada, Matt. É só que, bem... Brian é meu primo, e se preocupa, não é Brian?

            A cadeira de Brian estremeceu e, por pouco ele não caiu.

            _ Eu? Seu primo? – a expressão dele era mais de ofensa que surpresa, e eu pude notar a evidente mentira.

            _ Ok. – eu disse, batendo as mãos na mesa e me levantando – boa reunião familiar!

            E me virei, ignorando as palavras de Abi que saíam freneticamente de sua boca, se empenhando em contornar a situação. Mas, para mim, já tinha ficado bem claro que eles eram mais estranhos do que eu imaginava. Eu avancei furiosamente até a saída do refeitório e, antes de sumir de vista, olhei para a mesa. Apenas Brian estava lá. Abi havia desaparecido.

            Assim que alcancei as escadarias da escola, senti uma mão me puxando com força para baixo. Era Abi, que tinha surgido de qualquer lugar, e nem havia percebido a presença dela. Seus olhos estavam suplicantes, ela parecia sincera quando pedia desculpas.

            _ Olha, Matt... Desculpa por não poder te falar sobre... Sobre aquilo, sabe... Mas, olha, podemos ser amigos. Brian é um sádico.

            Eu sempre soube disso.

            _ Abi, a questão não é isso. Existe algo muito estranho entre vocês dois, e eu estou tentando entender. Mas, assim, com esses segredos, fica difícil sermos amigos. Quer dizer, a primeira vez que nós três nos cruzamos, você parecia estar brigando com ele. Hoje, vocês parecem proteger um ao outro. Você conversa com ele como se fossem íntimos!

            _ Mas eu trato você da mesma forma. Essa sou eu. Achei que você já tinha percebido isso.

            De repente, sua expressão mudou, ela estava infeliz, e suas palavras bateram no fundo do meu estômago, me fazendo sentir uma pontada de culpa.

            _ Não, Abi. Eu não vou me sentir culpado. Na verdade... Por que, infernos, isso está me incomodando? – dessa vez, a pergunta foi para mim mesmo.

            _ Olha, ta certo. Eu e Brian não somos parentes... Mas ele só quer ter certeza de que eu não vou... Estragar tudo.

            _ Tudo o que?

            Mais uma vez ela mordeu os lábios, como se tivesse percebido que acabara de dizer besteira, algo que não devia ser dito. Eu pude perceber de imediato.

            _ Olha, você não quer me contar. Então não conte.

            Quando eu subi mais um degrau, ela me segurou pelo cotovelo, parecendo insegura.

            _ Não, Matt. Espera! – pela sua expressão, duas idéias pareciam estar se confrontando dentro de sua mente – Olha... Eu queria te dizer... Mas não posso. Sinto muito.

            _ Não sinta.

            Eu puxei meu braço, ela me soltou e eu subi as escadas, parecendo irritado. Mas, por que eu estava tão irritado daquela forma? Eu me sentia um imbecil agindo daquela forma. Ela tinha um segredo e nós éramos amigos a menos de duas semanas, Abi não tinha a obrigação de dividir tudo comigo. A lembrança da minha força sobre-humana e minha velocidade pesou em minha consciência. Eu tinha um segredo ainda maior e nunca iria dividir com ela.

            Entrei na sala rapidamente, esperando Abi chegar. Eu pediria desculpas pela minha atitude e tentaria fazer algo para contornar o problema. Ela não tardou a entrar na sala. Me olhando timidamente, sentou-se em seu lugar e abriu seu caderno. O melhor era esperar até o final da aula, quando eu poderia conversar com ela e me desculpar por ser um idiota.

            Dessa vez, as aulas passaram lentamente, quase arrastando. Os ponteiros do relógio sobre o quadro pareciam estar andando de ré, e minha ansiedade aumentou. Abi não voltou a falar comigo, a sorrir ou sequer olhar para mim. Eu havia ofendido ela de verdade. Eu só queria entender porque ela estava mentindo em relação a ela e ao Brian. Então, subitamente, a ficha caiu, fazendo um barulho agudo dentro da minha cabeça. Eles não eram apenas amigos. Eles tinham um casinho de adolescente, eles eram algo parecido com namorados secretos e, provavelmente, não queriam que ninguém soubesse. Era a única explicação óbvia.

            O sinal do término das aulas finalmente soou, para alívio de todos, principalmente eu, que tinha necessidade em falar com Abi. Eu a segui até o portão, nenhum valentão tentou nos barrar dessa vez. Assim que saímos dos domínios da escola, eu corri até ela.

            _ Abi! – eu gritei – Abi! Espera aí!

            Ela parou antes mesmo de olhar para trás. Ela o fez em câmera lenta, e seus olhos pareciam amargurados.

            _ Oi, Abi.

            _ Oi. – ela respondeu com uma voz seca, que pareceu uma lixa áspera nos meus tímpanos.

            _ Olha... – era a minha vez de falar – me desculpa, ta legal? Eu nem sei por que agi daquele jeito. É claro que você e Brian tem seus segredos e eu não tinha o direito de ficar especulando. Eu sei que vocês são meio namorados e...

            _ O que? – ela me olhou, uma mescla de espanto e humor – eu... Eu e Brian? Nós dois... Juntos?

            _ Ora, e que outra explicação há?

            Ela deu uma gargalhada prazerosa, que me arrancou um suspiro de alívio. Ela levou as mãos aos meus ombros se segurando para não rir e, ainda me olhando, falou, engasgada com a risada.

            _ Não seja bobo, Matt. Nós nunca, nem aqui, nem em lugar nenhum poderíamos ser namorados. Eu já te disse, ele é um sádico. Só estamos juntos por... Por conveniência.

            Eu estreitei meus olhos, duvidoso. Eu pude ver meia verdade refletindo nos olhos azuis dela, mas eu não poderia obrigá-la a dizer o resto da verdade, Abi não tinha essa obrigação.

            _ Ok, que seja. Seja como for, não vou mais questionar suas atitudes, faça o que bem entender desde que continuemos sendo amigos. – eu continuei – mas, olha. Eu me senti mal por isso, por te deixar mal, sabe... Será então que eu posso te convidar para algum programa?

            _ Um encontro? – ela perguntou, com olhar de desdém.

            _ E por que não? – eu respondi à altura, no mesmo tom.

            Ela riu e respondeu.

            _ Claro. O que tem em mente.

            _ Bem, eu queria te chamar para ir à minha casa. Você janta comigo e nós podemos andar a cavalo. Vai ser legal.

            _ Ah, Matt... Eu não sei.

            _ Vamos! Vai ser legal. Olha, você pode ligar para sua mãe pelo meu celular.

            Abi ficou relutante, olhando do celular em minhas mãos à minha expressão ansiosa. Finalmente, ela pegou o celular, apontando a língua pra mim.

            _ Alô, mãe... – houve uma pausa – eu sei... Escuta, eu posso sair com um amigo hoje?

            Houve uma longa pausa. O rosto dela parecia ansioso e incerto.

            _ Nós vamos jantar na casa dele. – vinte segundos de pausa – Meu amigo? É o Brian, mãe.

            Eu a fitei, surpreso e indignado. O Que, diabos ela estava dizendo? Ou ela tinha trocado os nomes, ou eu havia me tornado uma má companhia para as filhas de família.

            Assim que ela desligou o celular, ela me entregou, um pouco constrangida.

            _ “Faça o que bem entender desde que continuemos sendo amigos” – ela me lembrou – agora vamos.

            Vencido pelo cansaço, peguei minha bicicleta e indiquei a garupa para ela se sentar.

            _ Bicicleta? – ela falou surpresa.

            _ Eu não te questiono, você não me questiona.

            _ Parece bom pra mim.

            Ela sentou-se na garupa e, em pouco tempo, estávamos andando nas luas de Ford, rindo e curtindo a brisa e o mormaço do tempo fechado. Ela firmou os joelhos em minhas coxas e abriu as mãos, rindo alto e olhando pra cima.

            _ Já está se divertindo? – eu perguntei, achando graça da maneira como ela abanava as mãos no ar.

            _ Há muito tempo eu não ando de bicicleta.

            _ Cidade grande, eu sei. Essa aqui estava às moscas.

            Pedalei sem nenhum esforço até a rua de cima, caminhamos por lojas de vitrines, algumas pessoas também achavam graça de Abi, passamos por caminhões cheios de carga. Não estávamos muito longe da rodovia quando, subitamente, eu vi. A mulher estava a uns cinco metros de nós, em um beco muito estreito entre um açougue e uma mercearia. A mulher tinha as roupas impecáveis e segurava o trompete que eu tinha visto dias atrás. Era a mesma mulher.

            Eu não sei o que me levou a agir daquela forma, mas eu precisava saber quem ela era, o que ela fazia, e porque eu não deveria estar vendo uma mulher tão destacada no meio da multidão simples de cidade interiorana.

            _ Abi, lembra do que Brian disse, a respeito da mulher que eu tinha visto?

            _ Sim – de repente, ela pareceu tensa.

            _ Veja.

            Eu apontei para o beco onde a mulher estava. Agora, reparando um pouco mais, ela estava escorada na parede, o trompete pendurado nas costas e as mãos cruzadas e, a julgar pela sua expressão, ela estava inquieta e impaciente, como se estivesse esperando por alguém. O corpo de Abi enrijeceu atrás de mim, as mãos dela apertaram minha cintura de leve.

            _ Vamos embora, Matt.

            _ Ainda não. – eu murmurei, pedalando até parar atrás de uma van, um pouco mais distante da mulher misteriosa – eu preciso saber quem é ela?

            _ Matt...

            _ Por que eu não deveria estar enxergando ela, Abi? – pela primeira vez, eu notei que ninguém a observava e, pela sua beleza e traje, normalmente era esperado que se chamasse a atenção.

            _ Vamos embora, Matt. – sua voz era urgente – não há nada para se ver aqui.

            _ Você sabe por que eu não devia vê-la?

            _ Eu não sei, Matt. Eu mesma não estou a vendo.

            _ Como não? Ela está bem ali. – eu apontei novamente para o beco.

            _ Ela não está olhando para nós, está? – Abi perguntou, ansiosa – Ela percebeu que você está olhando para ela?

            _ Não, ela nem me viu, mas... – eu me virei para ela, confuso – você não está mesmo vendo aquela mulher?

            _ Não, sinceramente não. Olha, Matt, se você quer se desculpar pelo que fez, enfia o pé no pedal e some daqui.

            _ Hei, tudo bem, tudo bem... Mas eu ainda vou descobrir quem é essa mulher.

            _ Não, Matt. Me prometa... – a voz dela estava trêmula de preocupação – me prometa que você nunca vai falar com ela, procurá-la ou segui-la.

            Eu fiz uma pausa breve, tentando analisar minhas opções. Eu não era de quebrar promessas então, se eu fizesse o juramento, teria que cumprir, e eu jamais saberia quem era a mulher.

            _ Prometa! – ela suplicou.

            _ Ta bom, Ta bom. Mas eu quero pelo menos saber por que...

            _ Matt, você disse que não ia ficar me questionando, lembra?
            Era melhor levantar a bandeira branca. Eu jamais conseguiria discutir com uma garota teimosa e insistente como Abigail Williams.

            _Ok.

            Dizendo isso, meti o pé no pedal. Assim que olhei para trás, a mulher não estava mais lá.


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