A Lua escrita por Pedro_Almada


Capítulo 48
Weight Of The World - parte 3


Notas iniciais do capítulo

Depois de mto tempo sem postar, aki está xD
desculpem a demora e espero q gostem desse capítulo xD
review, por favor

PS: o primeiro trecho do capítulo foi uma parte do capítulo anterior q esqeuci d postar, mas agora está tdo certo xD
boa leitura!!



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“Weight Of The World” – E v a n e s c e n c e – Parte 3

 

            A discussão ficou ainda pior quando Camille veio se queixar. Eu esperava que ela fosse ficar de fora, já que ela era a menos interessada na luta, afinal de contas. Bem, eu estava redondamente enganado. Archy estava satisfeito em ficar lá em cima nos esperando, atento caso Jericho aparecesse, mas havia uma pessoa irritante que não queria perder a oportunidade de entrar naquele túnel e ter mais uma aventura insana.   

            _ Ora, e quanto a mim?

            _ Camille, precisamos de mais alguém do nosso grupo aqui.

            _ Deixe Will – ela queixou-se.

            _ Você não está dando a devida atenção à situação, por que isso agora? – Abi retrucou.

            _ Eu decidi lutar – ela respondeu, decidida – Matthew e eu somos amigos há muito tempo e...

            _ Will vai ficar, então – Cadence sorriu, mostrando-se desesperadamente aliviada com o vestígio de esperança.

            Diante da situação, eu não tinha outra alternativa. Camille seria mais útil que Will, mesmo sendo tão forte. Mas ele tinha determinação e sua força monstruosa poderia nos ajudar, com certeza.  

            _ Ok, talvez devamos deixar um Haunter aqui – avisou Camille – escolha um deles. Se, por acaso, Jericho aparecer com a sua turma, precisa ter um lá em cima, certo?

            De fato, os argumentos de Camille tinham certo fundamento. Era difícil discordar dela.

            _ Ok, pessoal, chega! – eu pedi, me dando um minuto para pensar – Ok, Camille, você vai. Joshua, você fica. Will continua conosco. Deixa-lo aqui para lutar contra o exército de Jericho não é uma boa idéia.  

            Joshua me olhou e, pela primeira vez, percebi um certo brilho de gratidão em seus olhos. Estava evidente que não estava apto para uma luta decente. Ainda era humano demais e hesitava quase todo o tempo, além de ter uma fobia inexplicável por lugares estreitos. Sua claustrofobia era um problema. Mas eu não o julgava. Era apenas um humano com instinto assassino.

            _ Maravilha! – Camille bateu palmas, sorridente – estamos prontos!

 

 

********************************************************************

 

 

O túnel descia a perder de vista. Nossos passos ecoavam e, a cada caminhada, percebíamos o quão longo era o caminho. No fim

            Os sete Haunters, contando comigo e excluindo Joshua, Brian, Abi, os Gifford, Dominique, Charlie, Camille, Loui (o grandão que me ajudara na catedral), Sophie, Estevan, Richard, Emi e Cary. Um grupo bem forte. Mas não sabíamos o que estava por vir, então nenhuma força era grandiosa demais para lutar contra o desconhecido. Archy e Joshua ficariam lá em cima, por precaução.

            O portão era belo, de fato. Mas o corredor subterrâneo, que mais parecia um encanamento de esgoto gigante, era fedorento, cheirava a carniça e, vez ou outra, víamos manchas de sangue cobrindo as paredes. Emi segurou minha mão com força. Mesmo não querendo demonstrar, seu corpo não era capaz de esconder seu pavor. Como um irmão protetor, eu a tomei no colo, abraçando-a com força.

            _ Hei, eu não sou...

            _ Sim, você ainda é uma criança – interrompi, completando seu pensamento, em tom de pai severo – e, se quiser chegar até a adolescência, fica caladinha e não se mexa.

            O corredor era escuro, e apenas nós Haunters éramos capazes de olhar através da escassez de luz, os outros não tinham os sentidos tão aguçados quanto nós. Estevan acionou uma tocha com um isqueiro que carregava em seu bolso.

            _ O que foi? – ele resmungou quando Sophie lançou-lhe um olhar suspeito – eu tenho meus vícios. Gosto de fumar quando estou nervoso.

            Foi o que ele fez. Acendeu uma tocha, enrolando sua jaqueta na ponta de um pedaço de madeira, acendeu um cigarro e, soltando uma golfada de fumaça acinzentada, suspirou, aliviado.

            _ Não sabia que Homúnculos cultivavam vícios – comentei.

            _ Você precisa ver seu tio Brad bebendo – riu Estevan – ele é um dependente terrível.

            Continuamos a caminhada, silenciosamente, tomando o cuidado para não pisarmos em falso, acionarmos alguma armadilha ou errarmos o caminho.

            O corredor estava ficando cada vez mais estreito, e os primeiros raios luminosos de alguma fonte de luz desconhecida começaram a invadir nosso trajeto, revelando as paredes de tijolos de barro. Os nossos passos começaram a ecoar cada vez mais nítidos no ar denso e frio, cortando o silêncio como uma navalha.

            _ Estamos andando há um bom tempo – murmurou Abi – De onde vem essa luz, que parece nunca chegar?

            _ Pode ser uma armadilha – falou Estevan, se adiantando do grupo – fiquem em alertas e não se afastem.

            Senti a mão de Abi apertar a minha. Não era medo, ela tinha receio de nos separarmos. Eu também, mas minha preocupação maior naquele momento era minha irmã, e todo o problema, até mesmo os meus sentimentos por Abi, não pareciam grande coisa, perto do medo que eu sentia em perder minha irmãzinha caçula.

            O corredor começou a estreitar cada vez mais, até que precisamos nos abaixar para continuar. Estávamos curvados, os joelhos quase tocando o peito. Precisei descer Emi para podermos passar, mas não tirei os olhos e as mãos dela. Dominique não parava de se queixar, dizendo que suas asas estavam imundas com a poeira do túnel. Ethan, Ephraim nuncam perdiam a chance de zombar dele vez ou outra. Era uma ótima forma de descontrair o ambiente, diante da tensão que nos afetava.  

            _ Agora entendo – falou Sophie – O corredor muda de espessura para ordenar a refração dos raios luminosos. Vejam, a mudança de espessura é marcada por aros de nitrato de prata, que refletem a luz, sem nunca tocar diretamente as paredes, mas seguir uma direção uniforme e reta. 

            _ Por isso ela vai tão longe – concluiu Estevan.

            _ Foi uma arquitetagem bastante complexa. Um trabalho para uma mente brilhante.

            _ Opa, isso não parece ser uma coisa boa – Brian parou abruptamente.

            Todos se viraram em sua direção. Ele ergueu o pé, onde uma poça de sangue acabara de manchar a sola do seu sapato. Havia algumas pegadas de sangue, e pareciam frescas.

            _ Tem alguém aqui dentro? – murmurou Charlie.

            _ Ou talvez seja uma armadilha – advertiu Estevan – não se deixem levar pelo que seus olhos enxergarem. Ouvi dizer que muitos guerreiros que entraram em Salas Octogonais para trazer a máscara enlouqueceram e mataram a si mesmos.

            _ Por que não destruíram logo essa máscara? – falou Kurt, enfim, se manifestando depois de um longo silêncio.

            _ Você pode tentar, se quiser – eu falei – já tentaram isso umas mil vezes, de mil maneiras. É impossível.

            _ E como se usa a máscara? É só cobrir o rosto, ou o que? – perguntou Sarah.

            _ É, claro – Camille falou, impaciente – depois você fica verde e começa a colocar cuecas nas cabeças das pessoas... Não, isso não é como “O Máscara”. É um pouco mais complicado.

            _ É complicado liberar o poder – eu respondi lançando um olhar desaprovador a Camille – é preciso uma série de coisas. Banho em prata pura, dois outonos banhado em sangue de cordeiro recém-nascido, tributo com duas auras humanas, além de outras coisas que são complicadas demais para saber.

            _ Sabe... Houve uma época, tipo uns oitocentos anos, em que quase pegaram a máscara... – refletiu Estevan – mas acho que não foi...

            BUM!

            O estrondo estremeceu as paredes, cortando o fio de nossos pensamentos. As paredes começaram a trincar como se fosse couro ressecado, torrões de terra começaram a se desmanchar do teto, nos cobrindo com uma chuva de barro marrom escuro.

            Um terremoto atingiu o corredor estreito, nos obrigando a nos segurarmos nas paredes. Segurei Emi pela cintura e deixe-a o mais perto possível. Abi se aproximou também, colando o seu braço no meu num instinto protetor. Então, quando menos esperávamos, os tijolos começaram a ceder, um a um, caindo com estrondo.

            _ Droga! Esse lugar vai a baixo! – gritou Estevan – É melhor correr, cambada!

            Estevan puxou a mão de Sophie e correram. Todos fizeram o mesmo. Embora fosse um espaço muito pequeno, nossa velocidade ainda era bastante eficiente, mesmo em um lugar como aquele.

            _ É alguma armadilha? – perguntou Sarah.

            _ Provavelmente – respondi. Então me veio a idéia – Sarah, pegue minha irmã. Use o escudo e, aconteça o que acontecer, proteja-a.

            Desacelerei o passo. Eu e Sarah ficamos no fim da fila, ela segurou Emi em suas mãos. No mesmo instante uma espécie de fibra translúcida arroxeada cobriu as duas como uma cúpula oval.

            _ Matt!

            _ Emi, fica quietinha, ok? Não se preocupe comig... – parei de falar, aparvalhado – Sarah corre! Corre!

            Ela passou na minha frente. Logo atrás de nós, correndo pelo corredor, havia uma coisa que eu não esperava encontrar. Não ali. Uma luz disforme, prateada, como uma silhueta desenhada no ar com tinta brilhante. Então era assim que um ChAngel era aos olhos dos outros. Mas aquele não era o meu ChAngel.

            _ Hei! – eu gritei, enquanto corria.

            _ O que está havend... – Abi se virou e avistou a mesma coisa – droga, um ChAngel? Cary?

            Não. Aquele era outro ChAngel, um que eu não esperava encontrar por ali. No mesmo instante, um estampido ecoou bem ao meu lado, me apertando contra a parede.

            _ Aquele deve ser... – murmurou Cary, mas então ignorou seu próprio pensamento – deixa comigo. Ele deve estar provocando os terremotos.

            Ela ergueu a mão e, com sua ordem imperial de dominadora dos elementos, a terra se torceu, criando uma espécie de rochedo bloqueando a passagem. Cary ainda invocou raízes que se entrelaçaram e, para terminar, usando um toque, ateou fogo em tudo.

            _ Isso não vai segurar por muito tempo – ela disse – mas, ao que parece, ele não está perto de seu dono. Não é forte o suficiente.

            Continuamos a correr, dessa vez mais rápido. O ChAngel não estava mais nos seguindo, havíamos detido ele por alguns minutos. Finalmente, depois de tanto tempo correndo agachado, chegamos em uma câmara, uma espécie de sala bem no meio dos corredores subterrâneos. Estávamos cobertos de poeira. 

            _ Hei, hei, hei! – gritou Estevan, abrindo os braços diante do grupo – Parem aí!

            Todos nós freamos no mesmo instante. Estávamos diante da entrada da câmara, esperando o próximo passo. Estevan entendia muito mais de invasões do que eu, afinal, era um espião e, como tal, sabia reconhecer armadilhas e tudo o mais.

            _ Vejam toda essa sala – ele falou, mostrando certo nervosismo em sua voz.

            Foi o que fizemos. Meus olhos dançaram pela câmara iluminada, uma luz alva sutil e morna inundava a sala. A fonte de toda iluminação vinha de ossos gigantes, aparentemente costelas, presos às paredes, acorrentados um a um.

            _ Isso é... – murmurou Abi – ossos de Algueora. E foram forjados para matar Homúnculos.

            _ Vincent era o melhor em fazer essas coisas – falou Estevan, meio admirando, meio assombrado com a vulnerabilidade que tínhamos naquele lugar – ele conhecida todo o processo para produzir uma arma e não errou nenhuma vez. Como é possível produzir tantas armas?

            Nos meus dois anos de intenso treinamento, eu havia aprendido sobre os ossos de Algueoras. Eram usados, antigamente, como ferramentas de batalha. Mas o conhecimento de como se forjar tal arma era privilégio de poucos. Na época em que haviam muitos reinos, os ferreiros eram vendidos de um império ao outro, tachados com preços absurdos, tal era a sua importância para produzir armas. O procedimento era desconhecido porque, àqueles que o conheciam, eram selados com o Juramento da Lua, e, assim, só poderiam revelar o segredo à sua geração. Uma pena meu avô ter morrido sem ter contado a alguém.

            Do outro lado da câmara havia uma porta estreita, onde vários pequenos ossos de algueora adornavam o portal da saída.

            _ Estranho... – murmurou Estevan – vejam...

            Ele apontou para marcas discretas de sangue que, aos poucos, eram absorvidas pelo solo.

            _ Alguém passou por aqui – falei, confirmando nossos temores – recentemente.

            _ Talvez não tenham sobrevivido – ele disse – provavelmente o sangue lá atrás foi de um oponente do ChAngel. Parece que essa sala absorve os corpos dos inimigos, é um procedimento comum. Por isso não há sinal de chacina. Mas, com certeza, essa armadilha já foi ativada.

            _ Pode ser ativada outra vez? – perguntei.

            _ Não sei. – respondeu Estevan francamente – vamos descobrir.

            _ O que você... Hei!

            Estevan, sem aviso prévio, começou a correr. Sua velocidade sobre-humana. Mas alguma coisa cortou o ar. Um assobio do vento, como uma lança sendo arremessada. Farpas de ossos cravaram no braço de Estevan, fazendo-o perder seu controle, caindo com um urro de dor.

            Mais ossos se lançaram sobre ele como flechas. Eu os vi em câmera lenta cortando o ar. Tempo o suficiente. Reuni energia áurea em cada uma das mãos e, com um disparo, repeli os ossos.

            _ Sarah! – eu gritei – use seu escudo e vá até Estevan! Eu dou cobertura!

            Sarah deixou Emi ao meu lado e, ainda envolvida pelo seu escudo, correu até Estevan, ampliando o casulo, cobrindo também o corpo do nosso amigo ferido. Os ossos atingiram a superfície da proteção e ricochetearam.

            _ Leva ele para o outro lado – falei – depois venha nos buscar!

 

            Estávamos todos da outra extremidade da câmara, prontos para o próximo corredor. Sophie e Loui (o grandão) estavam removendo as farpas cravadas no braço de Estevan.

            _ Foi muita sorte – ela disse – são ossos desgastados, quase perdendo a força. Se fossem recentes, teriam te atravessado sem problema.

            _ Você me conforta, sabia? – ele retorquiu.

            Continuamos a corrida, mais atentos, o corredor agora era bem espaçoso e podíamos correr com folga. Avançamos dois eu três quilômetros. Usei o meu radar mas, ali, não era possível ir avante mais do que quinhentos metros. Era frustrante.

            _ Provavelmente pensaram em tudo, para que nem mesmo Haunters tivessem vantagem. – comentei – É como se... Soubessem que haveriam Haunters.

            _ Podemos deixar essas questões para mais tarde – falou Sophie – afinal, nossa prioridade é a máscara.

            _ Hei, Matthew – Kurt me chamou. Ele estava no fim da fila – o que é aquilo?

            Ele apontou para pontos brilhantes logo atrás dele, e pareciam se aproximar com uma velocidade tremenda. Apurei minha visão, visualizando o caminho que já havíamos traçado.

            _ DROGA! – eu gritei – OSSOS DE ALGUEORAS! MUITOS!

            Não precisei dizer “corram”. Sarah tomou Emi nos braços e, com sua concentração ao máximo, ampliou o escudo, cobrindo todo o grupo. Os ossos se aproximaram tão rápido que, quando dei por mim, eles estavam ricocheteando o escudo. Mas pareciam estar mais resistentes.

            _ Merda! – guinchou Sarah – estão rasgando o escudo! Não vou segurar muito tempo!

            Dominique, a única pessoa que eu esperava ser egoísta o suficiente para se preocupar apenas com ele mesmo, foi quem tomou a iniciativa. Ele desacelerou o passo, ficando no fim do grupo ao lado de Kurt.

            _ Kurt! Adiante! – ele disse – Sarah! Dê-me espaço!

            Por um breve segundo, Sarah deixou o escudo aberto, e Dominique passou por ele. Sarah o fechou novamente, deixando o mestiço de asas fora da proteção.

            _ O que está pensando, idiota! – gritei.

            _ Assista enquanto corre, chefe! – ele zombou.

            Dominique parou de correr. Suas asas, imponentes, se abriram em uma posição majestosa, como uma águia preparando para mergulhar em seu vôo de predador.

            Ele atiçou as próprias asas contra os ossos de algueoras. Como balas de revólver, as penas saltaram de suas asas, disparando contra os arpões de ossos, atingindo-os como lâminas. Os ossos ricochetearam.

            Dominique sorriu, triunfante, exibindo suas asas alvas. Havia me esquecido de como ficavam resistentes à lua cheia. Mas seu orgulho durou pouco. Aquela era apenas a primeira investida. Outros ossos, maiores e mais afiados, foram arremessados com uma velocidade ainda maior.

            _ Droga! – gritou Dominique, voltando a correr.

            Ele chacoalhou as asas no ar, e alçou vôo, disparando em nossa direção. Era incrivelmente rápido, mas não sei se seria o suficiente para escapar do ataque.

            _ Sarah! – gritei – abre o escudo!

            _ Não adianta! – ela gritou – aquelas coisas vão atravessar! Você viu! Não consigo conter ossos de algueoras!

            _ Maravilha! – eu retruquei – Abre, eu vou passar! Richard, vem comigo!

            Nós dois saímos da proteção, enquanto Dominique voava em nossa direção. Os ossos estavam mais pertos.

            _ Richard! Use sua habilidade, como Dominique fez! – falei.

            Ele assentiu. Seu corpo se encheu de grossas agulhas de metal. Enquanto isso, acumulei energia o suficiente em minhas mãos. Dominique voou e pousou atrás de nós.

            _ Ok, acho que isso vai ser o suficiente – falei, tentando convencer a mim mesmo.

            No mesmo instante, disparamos nosso arsenal contra os ossos de algueoras. Eram muitas, quase impossível pará-las. Algumas atravessaram as penas de Dominique sem nenhuma dificuldade, e as agulhas de Richard estavam derrubando apenas metade dos arpões de ossos que atingiam. Apenas meu ataque era mais efetivo, mas não o suficiente.

            E vieram muito mais. Uma chuva horizontal de flechas de ossos, brancos e brilhantes, perigosos. Tentamos contê-los de todas as formas, mas era impossível. Nossas habilidades pareciam não ter grandes efeitos sobre os ossos de algueoras.

            _ Merda, vamos morrer! – replicou Richard.

            Não. Eu tinha que proteger Emi. Reuni uma considerável aura em minhas mãos. Meu corpo, rígido e tenso, começou a emanar uma energia azulada, meus olhos, agora vermelhos como o sangue, os cabelos reluzentes. Descarreguei energia o suficiente para drenar praticamente toda a aura em meu corpo. A última coisa que vi foi uma tora de osso afiado passar bem ao meu lado, em direção aos outros, cortando o vento com um assobio. Então eu caí, desacordado.

 

            Meus olhos se abriram depois dos tapas insistentes de Emi em minha bochecha. Senti uma discreta queimação no meu rosto, e me perguntei por quanto tempo ela tentou me acordar. Quando, finalmente, me sentei, Emi me abraçou, aliviada.

            _ Hei, eu estou bem... – olhei a minha volta – todos estamos...?

            Sorri, tranqüilizado. Meu esforço tinha ajudado.

            _ Cary deu uma mãozinha e tanto – falou Camille – Mas você fez a maior parte.

            Olhei para Cary que sorriu, também aliviada. Então estávamos acordados, enfim.

            _ Matthew... – Emi segurou o meu braço – Will não pode continuar aqui.

            _ Ora, por que não? – eu perguntei – ele está bem?

            _ Ele foi... Atingido... – ela murmurou.

            Alarmado, me levantei, procurando-o no meio dos dezenove guerreiros ao meu lado. Lá estava Will, sentado no chão, encostado na parede do túnel, Cadence ao seu lado, beijando a testa do irmão. Corri até ele, apreensivo. A tora de osso cravara o seu ombro, atravessando a clavícula. A outra ponta estava visível do outro lado, nas costas. Havia muito sangue cobrindo as suas roupas, ele suava e balbuciava, tentando falar alguma coisa.

            _ Droga, Will! – eu me ajoelhei ao lado dele, olhando, de Will, para Cadence – há quanto tempo está assim?

_ Você está desacordado há uns quinze minutos.

            _ Droga. Precisamos tirar ele daqui.

            _ As portas não se abrem... – ela respondeu – Não abrirá, lembra?

            Will começou a tossir, trêmulo, enquanto o sangue escorria. Cadence havia removido sua camisa e, naquele momento, estava tentando remover a tora de osso, mas quando ela tentava, Will chiava, isso porque não podia gritar.

            _ Sinto muito... – Sarah sentou-se ao lado de nós – Não consegui fazer um escudo muito forte... A culpa foi minha....

            _ Não, Sarah. Você fez o que estava ao seu alcance – falou Cadence, tranqüilizando a amiga – Foi uma escolha de Will.

            Eu a fitei, confuso.

            _ Escolha de Will?

            _ É, bem... – Sarah encarou Cadence, que voltou sua atenção ao irmão. Sarah me olhou, apreensiva – aquele pedaço de osso... Ele voou na direção... De Emi. Will saltou sobre ela, protegendo-a. Por muito pouco aquilo não atravessa os dois.

            Eu estremeci só de pensar. A imagem de Will saltando sobre Emi, tão protetor, me deixou estranho, vazio. Como se eu não tivesse feito o meu trabalho correto. Fitei Will, que também me olhava, como se pedisse desculpas, ou talvez como se me perdoasse. Era difícil compreender tantas expressões.

            _ Foi mal, Will... – eu resmunguei – devia ter feito alguma coisa... Você...

            _ O que ele fez está feito – Cadence me interrompeu – ela é sua irmã. Se tivesse feito o mesmo pelo Will, eu jamais pediria desculpas.

            Estevan pigarreou, atraindo nossa atenção.

            _ Hã, pessoal. Eu sei que é um momento difícil. Mas precisamos continuar. É o único jeito de tirar Will daqui.

            _ Primeiro vamos remover essa coisa – falei, decidido – Will, eu não sei se vai doer. Vou puxar bem rápido, ok?

            Cadence fez alguns gestos para o irmão. Estavam conversando na língua dos surdos. Ele assentiu depois de refletir um tempo.

           

            Cary estava carregando a tora de osso debaixo do braço, alegando ser útil em algum momento. Não discuti, nada naquele lugar me surpreendia. Talvez aquele pedaço de osso fosse útil, de alguma forma.

            Will estava cobrindo a ferida com sua camisa enrolada. O Sangue já estava estancado, mas ainda arfava, cansado. Vez ou outra eu o olhava, temeroso. Não queria que aquele garoto morresse ali. Era uma criança grande demais, apenas isso. Um garoto surdo com medo, mas capaz de se engasgar com os próprios temores, se isso fosse salvar a vida de alguém.

            Percebi que Emi também não parava de observar Will. Ela se adiantou, passou do lado de Cadence e segurou a mão dele, reconfortando-o. Eles se tornaram grandes amigos nos últimos dias, e saber que Will estaria ali para salvar Emi a todo custo me deixava tranquilo, embora fosse muito egoísmo da minha parte.

            Continuamos nossa jornada. Passamos por muitas câmaras e, a julgar pelo estado delas e as manchas de sangue que, gradativamente, iam sumindo, um conflito havia sido travado ali, mas Estevan não sabia dizer se era coisa de séculos ou de poucas horas, pois as armadilhas também “gostavam” de brincar com a nossa mente, nos pregar peças.

            _ Talvez essas salas sejam programadas para fazer com que pensemos não estarmos sozinhos – disse Sophie – isso é comum quando se pretende desviar a atenção do invasor.

            Deixamos de lado as marcas de sangue, mas sem nunca baixar a guarda. Não encontramos nenhuma outra armadilha. Já havíamos caminhado um bocado e a próxima sala parecia nunca chegar. Um cheiro forte de amônia golpeou minhas narinas, me trazendo aquela sensação familiar de mau pressentimento. Mas não havia outro caminho. O que nos restava era prosseguir e encarar o pior que estava por vir.

            _ Alguma coisa ruim vai acontecer – avisei – fiquem preparados.

            Todos ficaram apreensivos. Embora meu “sentido-aranha” estivesse em alerta, eu não podia saber o quão ruim era o que estava por vir. Minha intuição sempre falhava quando Cary estava perto de mim, como se sua super-proteção excessiva bloqueasse minha habilidade.

            Depois da longa caminhada, havíamos chegado no fim do corredor. A nossa frente, agora, havia um enorme portão, como os de castelos medievais, cobertos de sebe e eras, cobrindo a visão do outro lado. Não podíamos ver absolutamente nada.

            _ Acho que, logo atrás dessa porta, pode ter... – Estevan hesitou – o que estamos procurando.

            _ Ou é mais uma armadilha – advertiu Sophie – seja o que for, continuemos atentos.

            _ Vamos logo com isso, que esse suspense ta acabando com os meus nervos – falou Camille – quem vai abrir essa maldita porta?

            _ Eu vou. – respondi.

            Não era heroísmo. Era mais medo. Medo de ter outro amigo ferido, ou pior.

            _ Will e Emi, afastem-se. – eu pedi – Sarah, ative o seu escudo com tudo o que tiver.

            Antes de concluir, já havia uma cúpula translúcida cobrindo-os. Os olhos dela ficaram vermelhos e seus cabelos reluzentes. Ela liberou energia o suficiente para intensificar a resistência do seu escudo, dispersando sua aura em volta do grupo.

            Encostei minhas mãos, com os punhos abertos, na enorme porta. Lancei um olhar apreensivo a Abi, que assentiu positivamente. Forcei a porta, e ela se abriu com facilidade.

            Era, com certeza, o maior lugar que eu já estive. Equivalente a um estádio de futebol. Era gigantesco, com vários pilares grossos e imponentes que sustentavam os andares acima, como se fosse um local de grandes espetáculos medievais, todo o concreto coberto por gelo, um verdadeiro palácio congelado. Nas pilastras, nos cantos das paredes e no chão, flores exóticas cresciam discretamente. Eram idênticas a flores de lótus, mas suas pétalas pareciam lâminas de navalha e o miolo, ao invés de macio, parecia ser sólido, com várias esferas negras incrustadas.

            _ Cuidado! – avisou Estevan – São Lótus-de-Chumbo.

            Olhei em volta, antes de entrar no salão, observando as flores desabrochando vagarosamente, fazendo um ruído metálico.

            _ Isso explica o porque de não poderem usar o radar com eficiência aqui – falou Estevan – essa Lótus absorve a aura a sua volta, e o radar de vocês basicamente rastreia traços de aura, o que não há a alguns quilômetros. Por isso não havia nenhuma armadilha por perto, elas bloqueiam o fluxo de aura, o combustível das armadilhas.

            _ Então não seria bom ficarmos aqui, seria? – perguntei.

            _ Se formos rápidos, não – ele respondeu – elas levam algum tempo, talvez horas, para absorver. Mas não toquem nelas! As esferas negras são diamantes de chumbo, que paralisam o sistema nervoso, imobilizando quem tocá-la.

            _ Ótimo, estamos em um campo minado – retorquiu Dominique.

            _ Se formos rápidos não haverá problema – disse Brian – elas não vão nos absorver de imediato.

            _ Ok, vamos entrar – falei – mas cuidado para não tocarem nas flores.

            Eu fui o primeiro a entrar. As Lótus cresciam nas rachaduras do gelo, tão belas e atrativas, mas com uma natureza nada agradável. Dei os primeiros passos, invadindo o estádio congelado. Meus olhos correram pelo lugar, era quase impossível analisar todo o ambiente, cheio de câmaras, “camarotes”, grossas pilastras cobrindo vários pontos do estádio. Mas uma coisa era bem visível. Bem no centro do estádio, onde seria o meio-campo, havia um pequeno altar de mármore com uma taça de cristal acima, estava cheia de água congelada, cintilando entre o brilho azul-prateado das camadas frias de gelo que cobriam as paredes.

            _ O que é aquilo? – perguntou Brian.

            _ Uma taça com gelo, é o que parece – falou Sarah.

            _ O que? E a máscara? – perguntou Dominique – Onde está?

            _ Até agora não a vi – falei, demonstrando certa preocupação. Afinal, era por isso que estávamos ali.

            _ O lugar é grande, vamos procurar – adiantou-se Camille, passando por mim, curiosa – com esse monte de sala no andar superior, deve estar em algum lugar.

            _ Só tomem cuidado, ok? – pedi – Emi, fique sempre ao lado do Will. Sarah, fique com eles. Protege-los é sua prioridade agora. Dominique, já que você pode voar, olhe os andares super...

            Uma sensação incômoda me fez engasgar com as palavras. Uma arfada de ar eriçou minha nuca, me deixando em alerta. Ergui meus olhos em direção ao segundo andar. Lá estavam eles.

            _Ora, vejam só quem deu o ar de sua graça?

            A voz de Jericho Barclay ecoando naquelas paredes parecia uma canção fúnebre, um presságio de morte. Lá estava ele, com aqueles olhos sarcásticos, um sorriso estupidamente macabro no rosto, uma corja de soldados a sua volta, todos com máscaras de osso, crânios de búfalos. Ao lado dele, um velho, tranquilo e decrépito. Parlomeus, o velho Papah.

            Senti a tensão atingir todo o meu grupo. As respirações ficaram mais pesadas. O pânico estava nos consumindo. Não era exatamente medo, mas não contávamos com esse tipo de perigo. Adiantei-me do grupo, afastando Camille. Brian, Dominique e os gêmeos ficaram ao meu lado. Como combinado, os Haunters permaneceram lado a lado, logo atrás, em uma organização planejada. O restante do grupo ficou logo atrás, Will e Emi atrás de Sarah.

            Jericho e seu bando estavam na câmara cima, estava a uns dez metros de altura, numa distância de uns cem metros do nosso grupo. É claro que isso não o impedia de nos atacar quando quisesse.

            _ Como vocês... – eu murmurei. Aumentei o tom da minha voz, que parecia estar pesada demais para sair – como vocês entraram?

            _ Pela entrada. Por onde mais? – Jericho deu uma risada sutil – Ah, Matthew. Você não sabe o quão importante foram suas descobertas para o nosso grupo. Sabe, se não fosse você, não estaríamos aqui. Aliás, o seu coração nos serviu muito bem.

            _ Então eram vocês – eu falei trincando os dentes – vocês ativaram as armadilhas.

            _ Ah, claro. Aquilo nos atrasou bastante, mas não desfalcou o nosso grupo. Bem, alguns morreram, mas... Nenhuma perda considerável. A propósito, vocês encontraram um velho amigo, não foi? Drew.

            Eu o fitei, confuso, mas não estava com paciência para perguntar. Estava mais preocupado cuidando da minha retaguarda.

            _ O ChAngel – ele disse, explicando veemente – É um raro ChAngel rebelado. Drew perdeu todos os seus protegidos há alguns anos, então ele ficou furioso, meio enlouquecido. Bem, Papah deu a idéia de prendê-lo aqui, sabe. Por proteção.

            _ Papah...? – eu resmunguei.

            _ Ora, você não sabe? Parlomeus esteve ajudando na formação da Sala Octogonal por muito tempo. Por isso ele sabia algumas coisas. Como, por exemplo, como entrar. Só não sabíamos qual era o coração certo, e que música tocar no órgão de tubos. Nesse aspecto você foi tão útil quanto a sua natureza Haunter. Infelizmente você escolheu o lado errado.

            _ Eu escolhi o lado certo, acredite – retorqui.

            _ Bem, de qualquer forma, você pode mudar de idéia, antes que morra. – ele sorriu – Você e os outros Haunters.

            _ Então acho que vamos morrer lutando – respondi com um sorriso sádico – aliás, quantos Haunters você tem?

            O sorriso de Jericho perdeu o seu brilho momentaneamente, mas não perdeu a pose.

            _ Bem, com a nossa perda – Jericho se referia à garota na catedral – nosso grupo Haunter, somando a mim, foi reduzido a quatro. Mas acho que será o suficiente.

            _ Espera nos vencer com quatro Haunters e uma dúzia de homúnculos sem talento?

            Instantaneamente, o velho e maléfico sorriso zombeteiro voltou a brilhar no rosto de Jericho, prestes a revelar um trunfo, uma carta na sua manga traiçoeira.

            _ Bem, sobre isso... Não tenho apenas uma dúzia – ele falou, abrindo os braços quase que cordialmente – tenho um pouco mais do que isso.

            No mesmo instante, surgiram vários vultos. Em todo o lugar. Em várias câmaras do estádio subterrâneo, dezenas de homens de túnicas pretas com os rostos cobertos por crânios de búfalos surgiam por detrás das pilastras, exibindo um grupo gigantesco. Meus olhos foram rápidos o suficiente para contar trinta e sete, fora Parlomeus, Papah e os outros cinco vultos mais próximos deles.

            _ Tantos deles? – exasperou Brian – como conseguiram entrar? Toda essa multidão!

            _ Esse foi um detalhe que vocês não sabiam – falou Jericho, lançando-se para o primeiro andar, próximo à taça com água congelada – um pequeno detalhe que acabaram por ocultar... Bem, não é restrito que apenas vinte entrem. Na verdade, a Sala permite que apenas vinte SAIAM. Como a porta foi aberta duas vezes, apenas quarenta podem sair.

            _ Mas... Nem todos os seus homens poderão sair – eu falei.

            _ Eu sei. Todos sabem. Mas eles estão lutando por uma causa maior. Sabe, tínhamos entrado com sessenta homens, mas as armadilhas eram muito eficientes. No entanto, aqui estamos, um número ainda maior. Acho que somos o suficiente para derrubar vocês.

            _ Sozinho eu posso derrubar dez deles – eu falei, tentando exibir um tom triunfante na voz – você sabe disso, Jericho. Eu estou muito mais forte agora.

            _ Eu sei disso, meu caro – ele remedou o meu tom – mas eu tenho um trunfo. Ninguém do meu grupo teme morrer em prol de nosso objetivo. Mas e você? Está disposto a lutar? Ou estaria preocupada demais com o bem estar de sua doce irmã? Ou, talvez, do jovem Haunter ferido, bem aí? A Alva Abi, tão indefesa diante dos nossos Haunters.

            Droga! Ele estava certo. Lutar contra todos eles seria ainda mais difícil com a minha concentração dispersa no grupo. Eu tinha que me preocupar com Emi, com Will, Abi e todo o resto. Os Haunters saberiam se virar, mas nossa amizade havia se tornado algo especial, e me lançar em uma luta quando, logo atrás de mim, um amigo era ferido? Isso não era minha natureza, eu não seria capaz disso.
            _ Sarah – eu murmurei – sua barreira. Dê o seu melhor, mas proteja o máximo que puder.

            _ Eu não sei se...

            _ Faça isso – eu pedi, me adiantando.

            Com a ponta do dedo apontada para o chão, acumulei um pouco da minha aura e disparei contra o chão, traçando uma linha reta bem diante dos meus pés, a uns três metros de distância dos meus amigos.

            _ Esse é o limite – eu falei – aqui, eu não deixo ninguém passar. Cadence, preocupe-se com o sul. Kurt, fica com o Leste. Loui. Não você, Loui. Eu estou falando com o Haunter. Loui Haunter, cuide do oeste.

            Eles se posicionaram. Will ficou no centro do nosso círculo, com suas mãos grandes e firmes segurando as mãos de Emi. Alexandra, Estevan, Sophie e Loui permaneceram ao centro também, mas, assim como os outros, estavam prontos para qualquer movimento do inimigo.

            _ Ora, vocês já estão pensando em brigar? – Jericho falou, em tom desanimado – achei que haveria uma colaboração mútua.

            _ Não há colaboração com você, imbecil. – retorquiu Camille – vamos chutar seus traseiros e sair daqui com a máscara.

            _ Não sei se você percebeu, Rubra – Jericho falou, levemente ofendido com as palavras de Camille – mas a máscara não está aqui. Apenas um estúpido copo com gelo. Então, preciso matar vocês primeiro, antes de me dedicar a descobrir o que fazer daqui em diante, já que essa parte foi algo planejado por Vincent Vance.

            Jericho me lançou um olhar inquisidor, mas não me dei ao trabalho de bombardeá-lo com o mesmo olhar. Eu estava concentrado demais para me importar com qualquer coisa que ele dissesse.

            _ Sabe, acho que não adianta – ele falou enfim – talvez eu precise mesmo de uma persuasão um pouco mais eficiente.

            Essas palavras eu ouvi, e interpretei-as segundo o tom ameaçador em seu tom sutil. Posicionei meu corpo, pronto para o ataque, sentindo todos os meus amigos fazendo o mesmo.

            _ Ora, não pretendo brigar agora – ele disse, sorrindo – eu prefiro uma outra abordagem... – Jericho virou-se para um dos cinco mascarados ao seu lado – querida, venha aqui por favor.

            O vulto se aproximou dele, posicionada como um sentinela petrificado, caminhando graciosamente e ao mesmo tempo pavorosamente. Aquele jeito de andar me era bastante familiar.

            _ Querida, convença-os, por favor – ele pediu.

            O vulto levou a mão ao crânio que cobria o seu rosto. Puxou pelo chifre, deixando a máscara de ossos cair no chão, espatifando-se em mil pedaços miúdos e brancos. O rosto nu exibia a expressão seria e centrada dela. Elisabeth Vance, minha mãe. Uma Traidora.


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