A Lua escrita por Pedro_Almada


Capítulo 32
Um Plano Solitário de Uma Mente Suicida – Parte I




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Um Plano Solitário de Uma Mente Suicida – Parte I

    Evitei meus amigos o restante do dia. De fato, a manhã começara um caos, e com certeza Brian iria me odiar por um bom tempo ou, talvez, nos próximos oitenta anos. O que eu podia fazer era me isolar por algum tempo, talvez tentar fazer com que esquecessem do acontecimento, ou mesmo que sentissem minha falta.
    Deixei Emilliene com meu tio, pedi a ele que cuidasse dela e não fizesse perguntas. Apenas confiar em nós já servia de grande ajuda. Emi foi relutante, queria vir comigo e fazer o que eu tinha em mente. Eu não havia contado e não estava disposto a envolvê-la nessa minha idéia ensandecida.
    _ Vovô disse que é um segredo NOSSO – ela enfatizou a última palavra.
    _ O nosso segredo continua nosso. Mas o que eu vou fazer é MEU segredo – eu falei, decidido – prometo voltar o mais rápido possível.
    Ela estava decidida a me seguir. Levei algum tempo até resolver contar, parcialmente o que eu tinha em mente.
    _ Eu preciso encontrar a chave – falei, enquanto estávamos no dormitório do meu tio – e, para isso, preciso saber onde está Jericho Barclay.
    _ Você não pode ir sozinho. – ela retorquiu. Estava certa, mas eu não estava procurando por outras opções.
    _ Confie em mim maninha – eu acariciei sua cabeleira negra – prometo voltar antes que você diga “Yaba daba doo”.
    _ E por que eu diria essa idiotice? – ela revirou os olhos.
    _ Maravilha. – eu sorri – então pense em uma palavra melhor. Enquanto isso eu vou cair na estrada e procurar a chave... É o único jeito, Emi. E vovô confiou em mim.
    Ela fez uma longa reflexão, pensando nas minhas palavras, provavelmente, ou talvez estivesse apenas imaginando uma palavra melhor. Por fim, ela suspirou e disse:
    _ Ok, você venceu. Mas me prometa que vai voltar.
    _ Eu prometo, baixinha – eu beijei a sua testa.
    Ela sorriu, radiante.
    _ Assim fica melhor.
    Eu me virei, decidido a cumprir minha promessa. Eu precisava cumpri-la. De nada eu seria útil estando morto, e eu sabia como era arriscado ir atrás de Jericho, com toda a sua força descomunal que provara ter meses atrás. Mas eu também não estava disposto a deixá-lo com a chave. Eu precisava encontrar.
    _ Hei, Matty – Emi me chamou quando eu estava na porta do dormitório.
    Me virei.
    _ Diga.
    Ela sorriu como sempre fazia.
    _ “Cowabunga” é mais fofo.
    _ É sim – eu ri – me espere bem aqui. Prometo que volto.
    Ela assentiu com a cabeça. Saí do dormitório murmurando “Cowabunga”, rindo sozinho.

    Fiquei no pátio o resto do dia. Lá estava a estátua, fria, rígida e imóvel. Uma bela mulher, a mesma com quem eu sonhara. A projeção maciça de Madeleine me parecia muito mais atrativa, agora que eu sabia de sua vital importância na busca pela nova Sala Octogonal.
    Eu me sentei ao lado da fonte, onda a água escorria gentil e discretamente pelos seus olhos, enchendo a concha abaixo dela. Todos caminhavam, indiferentes à importância de Madeleine. Na verdade, caminhavam indiferentes a qualquer coisa. No primeiro momento, tive o vislumbre de Abi, Brian e Archi caminhando até a escadaria que dava ao dormitório dos Estranhos. Eu deslizei para traz da fonte, tentando me esconder. Não que fosse apenas constrangimento, eu realmente não os queria envolvidos na minha idéia sem pé nem cabeça. Talvez, se eu voltasse com a chave em mãos, eles pudessem me perdoar, ou pelo menos cogitar essa hipótese.
    Eu sabia o que fazer. Fechei os olhos, tentando ignorar os últimos acontecimentos. Tudo o que eu precisava fazer era escutar. Escutar além de qualquer outro. Eu sabia como meus sentidos pareciam se ampliar a cada dia e, se eu me esforçasse, talvez eu pudesse encontrar alguma pista. Todo o meu plano solitário dependia unicamente dessa esperança de poder ouvir além daquelas paredes sólidas e negras. Eu precisava me esforçar ao máximo.
    Com os olhos fechados, deixei os sons dançarem nos meus ouvidos, vibrando a cada tom diferente de som, cada pequeno contraste de nota. Ouvi o som delicado das lágrimas de Madeleine caindo na concha, as vozes de outros Homúnculos, os passos apressados com seus coturnos barulhentos. Tudo parecia normal. Mas eu precisava tentar. Minha visão era impecável, meu olfato podia detectar até mesmo sensações. As chances de minha audição ser monstruosa era grande.
    Aos poucos, os ruídos pareciam se ordenar dentro da minha cabeça. Eu estava me adaptando ao ambiente de sons convulsivos e intermináveis. Deixei os sons mais distantes vagarem para os meus tímpanos. Com os olhos fechados, os sons pareciam ser ainda mais nítidos e fáceis de ser captados. Não era difícil perceber que minha audição estava se ampliando e, quando me concentrei mais nessa habilidade e menos nos meus problemas, percebi que ficava mais fácil captar sons distantes.
    _ Não teremos Duelos essa semana – disse uma voz masculina, eufórica, que eu não conhecia. Eu não tinha idéia de onde vinha, mas não era do pátio.
    _ Uma pena. Eu iria desafiar você – disse um outro homem em tom de riso.
    _ Ah, não seja convencido. Sou muito mais forte...
    As vozes se misturaram aos passos e o som da fonte. Eu havia perdido a concentração. Mas, com certeza, a julgar pela forma distorcida das vozes, elas pareciam estar a várias paredes de distância. Forcei um pouco mais a concentração, até que os sons se ordenassem outra vez. Eu fiquei feliz no quão longe eu era capaz de ir.
    _ Vocês não podem se odiar pra sempre – era a voz de Charlie. Com certeza.
    INCRÍVEL. Minha audição conseguira alcançar o dormitório dos Estranhos. De repente eu estava me divertindo mais do que fazendo uma ronda.
    _ Espere pra ver, então – era a voz de Brian, irritadiça.
    _ Você está assim porque ele te nocauteou – falou Dominique, presunçoso.
    _ Não seja idiota, idiota – ele resmungou.
    Brian perdendo o controle? Com certeza ele estava ofendido. Pelo tom da sua voz, estava muito claro, mesmo sob tanta distorção. Ele estava com seu orgulho ferido.
    _ Matthew ficou descontrolado – falou Abi. Senti a hesitação em sua voz – Ele parecia... Outra pessoa.
    _ Ele ama o avô – disse Charlie em minha defesa – e Brian passou por cima disso como se fosse “nada”. Qualquer um teria perdido o controle. Ele é mais novo nisso do que nós, precisa de um pouco de tempo. Vocês sabem como as habilidades dele estão se manifestando imprecisamente. Ele está confuso.
    Fiquei profundamente grato com Charlie, ao ouvi-la falando em minha defesa, mas meu coração quase se partiu em mil pedaços ao ouvir o tom de Abi quando se referia a mim. Era quase como se... Me odiasse!
    _ Sinceramente... Brian mereceu – falou Ethan.
    _ Deixa eu te mostrar... – a voz de Brian foi interrompida.
    _ Agüenta as pontas, Brian – pediu Abi. Pela oscilação do som, ela parecia estar tentando segurá-lo – ele não está de todo errado.
    _ Ele é um idiota – falou Brian, sua voz se acalmando – quer saber? Eu estou fora. Se Matthew quer dar uma de herói, ele que faça isso sozinho. A partir de agora vou agir do meu jeito.
    _ Talvez precisemos deixar Matthew esfriar a cabeça – argumentou Archi – ele não parecia muito bem.
    _ Ele está doido – falou Dominique – embora eu não goste de você Brian, eu estou de acordo.
    _ O que? Vão descarta-lo assim? Sem nenhum aviso? – queixou-se Charlie.
    _ Talvez eles tenham razão – disse Abi. O seu tom de decisão foi como uma faca atravessando minha garganta – Matthew não é o líder que Sammael acreditou que fosse.
    Minha concentração fugiu. As palavras de Abi despertaram raiva, frustração e pesar, o que foi suficiente para afastar minha audição deles. Eu estava novamente ouvindo os sons dos passos no pátio, sons normais.
    Deixei minha mente vagar outra vez. Por um lado, aquela conversa me ajudou a tomar uma decisão que estava ficando difícil: fazer isso sozinho, ou não? É claro que eu precisava fazer isso sozinho. Depois do que tinha ouvido, era essa a minha decisão final.
    Ouvi as vozes longínquas se tornarem nítidas dentro da minha cabeça, sons muito distantes. Por um breve momento consegui ouvir o som do vento do lado de for. Fiquei impressionado em como minha audição era espetacular.
    Mas não foi fácil. Ouvir milhares de vozes e tentar organiza-las era algo quase impossível. Nunca tive paciência com quebras-cabeça e, com certeza, aquilo era ainda pior. Os sons, distorcidos e incoerentes, levavam tempo para se ordenarem. Nem percebi que a noite já estava caindo.
    Devo ter ficado horas e horas a fio, sentado na fonte, ouvindo os sons mais variados. Sempre quando percebia a aproximação de um dos meus amigos, eu me esquivava. Precisei me misturar à multidão algumas vezes para escapar de Charlie, que insistia em me procurar. A cada interrupção, eu precisava organizar tudo outra vez.
    Definitivamente. Já era noite. A lua penetrou no pátio, iluminando cada centímetro de rocha escura que compunha a construção imponente. Minha habilidade de ouvir sons e organizá-los, como esperado, aumentou muito com a chegada da Lua. Agora os sons não estavam tão distorcidos, apenas abafados, me dizendo quando estavam, ou não, atrás das paredes.
    Vaguei mais uma vez, dessa vez paciente. Se eu conseguisse encontrar o que queria, talvez isso me levasse a Jericho. E então eu ouvi.
    _ Sammael desconfiou de você? – uma voz perguntou. Eu tinha certeza. Era a voz de Sophie, a guardiã temporária da Biblioteca.
    _ Não – Estevan respondeu. Ele era o outro guardião – ele não pode ler nossas mentes com as jóias da nobreza, então fica fácil.
    _ Isso é bom – ela disse – porque, se for verdade o que ouvi falar, o garoto pode estar bem perto da verdade.
    _ Como podem confiar um trabalho desses a um moleque? – riu Estevan – Sammael deve estar ficando louco mesmo.
    _ Sammael não pode desconfiar de nós – ela disse – precisa continuar acreditando que somos leais a ele.
    _ Precisamos enviar aquela informação a Barclay – a voz de Estevan era urgente – precisamos afastar qualquer desconfiança. 
    _ Você acha que pode fazer isso? – ela perguntou – Se Sammael te descobre...
    _ Você sabe muito bem que sou um ótimo espião. Ou você se esqueceu da minha habilidade de persuasão.
    _ De fato, isso ajuda – a voz dela tinha um humor meio apreensivo em cada tom.
    _ Quando devo começar? – ele perguntou.
    _ Agora – ela disse – leve a mensagem a Barclay imediatamente. E tente afastar qualquer suspeitas.
    _ Você precisa vir comigo – ele disse – Sammael tem nos visto juntos há muito tempo. Se notar que você está sozinha ele pode desconfiar.
    _ Não, Estevan. Você vai estar bem aqui, comigo. – sem tom de voz era de um riso malicioso.
    _ Como... Ah, deixa pra lá. Ilusão, eu sei.
    Senti meu corpo enrijecer, mas mantive minha concentração. Então eles eram espiões e suas habilidades pareciam facilitar um trabalho. Persuasão e Ilusão, duas habilidades bastante convenientes para espionagem.
    _ Vai logo – falou Sophie – encontre Barclay, e dê o recado, como combinamos.
    Não houve resposta. Ouvi passos rápidos roçarem o chão e percebi que Estevan estava correndo. Não tinha tempo a perder, eu precisava acompanhar seu passo. Ali meus poderes estavam ampliados, então não era difícil ouvi-lo e correr em direção aos passos. Passei por vários corredores, portas, ignorei olhares de um ou outro homúnculo que encontrava pela frente, até chegar em um corredor largo e vazio, onde apenas uma respiração era ouvida. Era Sophie. Ela iria me atrasar.
    Tentei caminho por outro corredor, sempre atento à respiração e os passos apressados de Estevan, que parecia caminhar em direção a um lugar mais aberto. Ele estava saindo da Célula. Eu parecia estar cada vez mais perto, então supus que estava no corredor certo. Sophia estava no corredor ao lado, eu ainda podia ouvir sua respiração e sua caminhada lenta e despreocupada na direção oposta. Os passos de Estevan sumiram quando tocaram em alguma superfície fofa. Ele já estava fora da montanha, e eu precisei aumentar o passo.
    Vi uma linha iluminada bem a frente. Era uma porta semi-cerrada, onde apenas um pouco da luz noturna conseguia atravessar. Ela acabara de ser fechada, com certeza Estevan tinha passado por ali. Passei por ela e fui inundado pelo ar externo, a luz da lua e o céu arroxeado. Ao longe eu conseguia ver um vulto. Com certeza era Stevan.
    Apurei meus ouvidos e, novamente, consegui ouvir seus passos. Estava ouvindo perfeitamente bem, melhor do que alguns meses atrás. Controlei meu ego e comecei a perseguir meu alvo, o traidor.
    Meu corpo parecia mais leve, mais ágil, o suficiente para seguir Stevan sem ser notado. Mas ele não foi longe. Ele parou em um lugar bastante familiar. O Cemitério de Algueoras. Encolhi-me atrás de um rochedo, de modo que apenas eu pudesse notá-lo. Ele estava absorto, olhando para o chão, como se esperasse alguma coisa, isso me dava tempo o suficiente para decidir qual seria o meu próximo passo. Que recado ele iria levar a Barclay? Será que ele sabia sobre minhas descobertas, ou era algo maior. Com certeza era uma informação que não poderia vazar. Uma coisa era certa. Eles estavam escondendo alguma coisa de Sammael. Se eram homúnculos, com certeza eram Patriotas. Não poderiam estar do lado dos Alucates. Imaginei se Claus sabia sobre a traição deles.
    Por um segundo me permiti pensar nisso. Talvez Claus estivesse vigiando-os, fingindo ser Patriota como agia com Amanda Parshes. Torci para que Claus não resolvesse aparecer e matá-lo. Eu precisava saber onde estava Barclay.
    O chão começou a estremecer. Primeiro quase imperceptível, mas a intensidade começou a aumentar, até se formar um terremoto concentrado apenas naquele ponto. O chão, então, se abriu. Uma enorme Algueora emergiu, sua pele cinza clara, um pouco maior do que a que eu vira morrer bem na minha frente.
    _ Já era sem tempo – falou Estevan para a Algueora.
    O animal estremeceu, planou no ar e pousou graciosamente no chão, mesmo tendo um corpo tão descomunal.
    _ Preciso de uma carona Faith – ele falou, e parecia falar com o animal.
    Ela bateu as barbatanas no chão, levantando uma nuvem de poeira. Parecia estar dizendo sim. A bocarra se abriu e, de lá, um homem bastante conhecido saiu. Era Claus.
    _ Ah, oi Claus – ele disse.
    _ Oi, Estevan – Claus sorriu cordialmente.
    _ Preciso de uma carona. – ele disse – Faith vai me levar até Braclay.
    _ Ela vai? – Claus perguntou – você nunca vai entrar lá.
    _ Eu consegui permissão – Estevan sorriu, vitorioso – eles confiam mais em mim do que em você. Ser tão próximo a Sammael não te dá o melhor voto de confiança, sabe?
    _ Não... Acho que somos bons espiãos – Claus sorriu calorosamente – ou já teriam nos descoberto.
    Ótimo! Aquilo iria acabar com o resto dos meus neurônios que sobreviveram aos últimos meses. Claus era um espião a nosso favor, e Estevan era espião a favor dos Patriotas... Ou não? Quem, afinal de contas, estava sendo mais convincente? Claus estava mesmo do nosso lado, ou ele estava fingindo ser um espião, quando na verdade ele estava espionando os Patriotas? Eu senti algum fusível queimar dentro da minha massa cinzenta, e fiquei feliz por não ter explodido com a minha cabeça.
    _ Parece que você ganhou uma boa posição – disse Claus, saindo da boca da Algueora – Faith vai te levar, então.
    _ Obrigado – ele disse – não quer vir comigo?
    _ Eles não me disseram onde o Jericho Barclay está – respondeu Claus prontamente – provavelmente ainda não sou digno da confiança deles. Preciso me empenhar mais.
    _ Você é um bom guerreiro, Claus – disse Estevan, sorrindo – que bom que tomou uma sábia decisão e escolheu o lado certo.
    _ Sou bom com as minhas escolhas – Claus sorriu.
    Eles se despediram com um aceno rápido e, em menos de um segundo, Claus já estava cruzando o deserto em direção às montanhas. Precisei me encolher mais ainda para não ser visto.
    Estevan ainda estava ali, caminhando em direção à boca do animal. Eu tinha que tomar uma rápida decisão. Não poderia deixar essa chance única escapar. Eu tinha que ser rápido. Estevan entrou no ventre de Faith. Eu tomei minha decisão. O animal estava fechando sua enorme boca quando me posicionei. Com um movimento rápido e inimaginável, corri até Faith e, quando apenas uma fresta relativamente pequena se formou, eu saltei pra dentro. Não esperava entrar despercebido, mas eu precisava tentar. Estevan me vendo ou não, eu tinha que encontrar Barclay, mesmo que eu precisasse arrancar a verdade. Quando caí no chão, sem nenhum ruído, senti sua língua viscosa e macia roçar minha perna. Me levantei rápido, ainda sem visualizar Estevan. Era uma Algueora equivalente a uns dois ônibus e mais um pouco. Tinha espaço, ossos, pele e gosma o suficiente para eu me esconder.
    _ Está quente aqui, Faith – ouvi a voz de Estevan no fundo das entranhas.
    Em resposta do meu reflexo, rolei pra debaixo da língua do animal, que balançou de leve com o meu movimento. Levantei-a delicadamente e cobri parcialmente meu corpo, deixando apenas meu rosto de fora. Só então eu percebi que, embaixo de sua língua, havia um buraco. Não fui rápido o suficiente e acabei escorregando.   
     
     






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