Fomos interrompidos com alguém que puxou meu cabelo, com força, eu diria, eu quase caí. Foi a psíquica da Lara.

_Solte ela – León ordenou com a voz firme.

_O que pensa que está fazendo? Ela te beijou! Beijou MEU NAMORADO! – ela disse gritando a última parte. Eu não disse nada, por um lado, ela estava certa.

_Não foi ela que me beijou – León disse me puxando, e me abraçando de lado. – Fui eu quem quis e fui eu quem fiz – ele disse sorrindo.

Lara se aproximou dele, e quase colou seu rosto no mesmo.

_Eu sei que você gosta de mim... – ela disse sorrindo. Vi os olhos de León marejados.

_Sim... Eu até posso gostar de você – ele disse. – Mas você é como as outras! Só querem brincar comigo, e depois que conseguem o que querem jogam fora, como se os sentimentos das pessoas fossem lixo! – ele disse nervoso dando um passo para trás.

_Foi essa aí que te encheu a cabeça com porcaria? – ela perguntou me olhando com fúria.

_Não! E ela tem nome... – ele disse sério. – Fui eu mesmo que descobri quem era a Lara verdadeira... E a propósito, quem era o cara que você estava se agarrando hoje de manhã? – ele perguntou cínico. Lara ficou pálida, ela ia ficar mal falada, todos estavam nos escutando silenciosamente, e percebi que os outros nos olhavam com curiosidade. – Responde! – ele ordenou nervoso.

_León... – chamei-o depois de uns cinco minutos, Lara não iria responder, ela estava em choque. – Pare, discussões não levam a lugar algum, depois vocês conversam com mais calma – disse.

_Tem razão – ele disse me soltando de seus braços, ele estava triste, e isso se vê de longe.

_O que você está fazendo aqui, ainda? Vendo o meu mundinho acabar? – Lara perguntou assustadoramente. Suspirei nervosa e saí o mais rápido de lá, não gosto de discussões e muito menos de brigas!

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Já estava no fim da aula, León e Lara não tinham aparecido, estava preocupada, será que os dois tiveram uma discussão? Sei lá...

O sinal tocou e todos saíram da sala, eu demorei um pouco, sou muito lerda para arrumar minhas coisas. Quando finalmente me organizei, levantei-me da minha mesa e ia saindo da sala, Quando...

_Vilu! – Era Ludmila, afoita como sempre. – O que foi aquilo?

_Aquilo o que? – me fiz de desentendida.

_Você e meu primo! – ela disse obviamente. – Todo mundo viu você e ele aos beijos, querida! – ela continuou sorrindo estranhamente.

_Primeiramente: Foi um beijo só! – falei com um pingo de seriedade. – E segundo, por fim, aquilo foi um momento de fraqueza. – disse e senti minhas bochechas queimarem.

_Momento de fraqueza? Ai Vilu, não minta pra mim! – ela disse cruzando os braços. – Eu sei muito bem como uma garota apaixonada fica! E eu vi que foi ELE que te beijou, mas você se deixou levar, vai negar que não sente nada por ele? – ela perguntou olhando fixamente para os meus olhos.

_Lu-Ludmila – gaguejei nervosa e ela riu. – Eu e o seu primo não temos nada! E eu não quero um relacionamento sério, nem quero ficar com ninguém, estou feliz sozinha – disse.

_Diz isso e não consegue ficar três dias sem uns beijinhos do meu primo... Ousada! – ela disse rindo, na brincadeira. Eu ia responder, mas um menino alto chegou, abraçando a Ludmila, de surpresa. Ela se assustou mais logo sorriu, se virou e abraçou o garoto sorridente.

_Te pego ás sete – ele disse dando um beijo na bochecha dela e logo saindo.

_Quem é ele? – perguntei, Ludmila estava nas nuvens, parecia que estava flutuando e tinha se esquecido do mundo.

_O amor da minha vida... – ela disse suspirando apaixonadamente, e eu caí na gargalhada. Ela logo percebeu o que tinha dito ficou vermelha, que nem um pimentão, e abaixou a cabeça envergonhada. – Digo... É o Federico! Meu... Amigo – disse tímida.

_Amigo? Vamos ver por quanto tempo, né? – ri.

_Sem graça! – ela fez uma careta e eu ri mais. – Mas não conte ao León, ele espanta todos os meus pretendentes. Parece um guarda atrás de mim. – ela disse suspirando.

_O León é ciumento? – perguntei curiosa.

_Sim... Sempre foi, ainda mais comigo, que sou a “priminha novinha”. – ela disse irritada. – Nem com a irmã dele ele é assim!

_Mas a Melanie é mais velha que ele, não é? – perguntei.

_Ela tem 19, sim ela é mais velha, deve ser por isso que ele não tem tanto ciúmes, mas chega ser insuportável, ele me trata como uma criancinha mimada que precisa de cuidados! – disse. – Eu sou bem grandinha! E ele vive enchendo a cabeça do meu pai, diz que eu apronto na escola, que dou ousadia pra todo mundo, e que tenho namorado! Ele é um idiota completo! – ela falou rindo. – Ele me ama... Por isso faz tudo isso – ela sorriu, eu também sorri, queria ter esse amor que a Ludmila tem de todos a sua volta.

_É... O Vargas me surpreende a cada instante – falei.

_Amiga... Ele só não é insuportável, quando está apaixonado, porque ele fica todo avoado, é até engraçado vê o meu lindo primo caidinho por uma garota. – eu ri. – E eu acho que ele está apaixonado, só não descobri por quem, mas eu acho que a pessoinha amada por ele está na minha frente! – Minha pele começou a queimar, senti um frio percorrendo o meu corpo, e borboletas fazendo festa no meu estomago. Minha respiração começou a ficar acelerada e pesada, minhas pernas ameaçaram me derrubar... O Vargas se apaixonando? Por mim?

_E-Eu...? – perguntei abismada.

_Sim! – ela riu do meu estado. – Tá vendo... Olha só como você ficou! Toda nervosinha, você está gostando do meu primo! – afirmou rindo.

_Não! –estava nervosa.

_Sim! – afirmou novamente. – E seria legal ter você na família Vargas – riu.

_Eu e o León? – perguntei irônica. – Só que Nunca! – disse.

_Não vou entrar em uma discussão sobre isso – ela disse rindo. – Mas você seria muito bem-vinda na vida do Leonzinho! – Ela suspirou e logo continuou. – E olha, eu nunca falei isso para as pretendentes do meu primo, porque eu nunca gostei delas, mas você... Você é diferente! Creio que os dois ainda vão dar muito o que falar – ela disse sorrindo, ri irônica e ela saiu.

Ludmila conseguiu me estressar... Onde já se viu?! Eu e o Vargas! Nunca! Isso nunca vai acontecer, Nunca! Eu não vou amar de novo, não como eu amei, isso foi um erro, e erros são cometidos uma vez só! Não quero sofrimento pro meu lado!

Fui caminhando para a minha casa, não encontrei a Naty, provavelmente ele estaria com os amigos dela. Caminhava tranquilamente sentindo a brisa de Buenos Aires, lembrei-me de León, quando ele me acompanhou até em casa, quando me socorreu, quando o beijei pela primeira vez, e até do nosso primeiro toque, quando sem quere encostei minha mão em sua pele. Ri, quando recordei o nosso esbarrão... Ah sim, o León realmente está presente em todos os momentos, e eu o conheço a tão pouco tempo...

Fui tirada desses meus lindos pensamentos, com alguém me puxando com força, e logo me jogando numa parede qualquer. Minhas costas bateram com tudo, deixando uma pequena dor.

_Escuta aqui! – era a Lara. Seus olhos transbordavam de raiva e uma fúria imensa existia em sua face. – Você vai me pagar por tanta humilhação!

_Humilhação? Eu te humilhei? – perguntei rindo cínica. – Você se humilhou! Você plantou isso! E agora colhe as conseqüências! Você nunca o amou, e magoou ele profundamente com essa ilusão! Eu nunca vi um garoto de dezesseis anos chorar! Ele é muito especial, ele gostou de você, e foi um grande erro que ele cometeu, porque além de gostar, ele acreditou em você! E o que a bonitinha fez? O usou! – disse. Ela me olhou como se quisesse me matar depois dessa fala. Ela levantou sua mão, e num ato mais que rápido, me deu um tapa no rosto. Senti a lateral esquerda de meu rosto queimar, foi forte, eu queria devolver, queria expulsar todo esse sentimento de ódio de mim. Mas lembrei-me de minha mãe, recordei de sua frase: “As coisas não se resolvem nos tapas”. Fechei os olhos, suspirei pesadamente.

_Se afaste dela! – uma voz feminina soou. Abri os olhos na intenção de ver quem era. Era a Francesca, agarrada com o livro de matemática. Seu rosto tinha uma expressão séria e rígida. Lara não moveu um músculo e continuava me encarando. – Você não me escutou? Se afaste dela! – Francesca disse um pouco mais alto.

_Me obrigue a fazer isso – Lara riu. Sem eu poder piscar direito. Um garoto forte, a pega, e arrasta ela de lá. Era o Diego. Suspirei aliviada.

_Está tudo bem? – ele perguntou.

_Agora sim, Obrigada! – disse dando um sorrisinho sincero a ele. Ele sorriu de volta. Fomos interrompidos, com Ludmila chegando no lugar.

_Di! – Chamou o Diego e ele a olhou imediatamente com um grande sorriso no rosto. – Você pode me acompanhar até a minha casa? – Ludmila pediu com uma voz doce e uma carinha super meiga.

_Com todo o prazer – ele sorriu ainda mais, e se foi com ela. Ele se aproximou dela e a mesma deu um beijinho em sua bochecha, os dois deram as mãos e saíram juntos. Mas antes pude perceber que Diego a olhava de uma forma mais que carinhosa, e Ludmila não via... Era engraçado. Francesca que observava tudo calada se aproximou de mim.

_Está bem? – ela perguntou sorrindo.

_Sim, obrigado – falei retribuindo o sorriso.

_Agradeça ao Diego – ela riu. – Ele é super gente boa.

_É, parece ser mesmo – ri. – E parece também, que ele está caidinho pela Ludmila. – disse rindo.

_Parece? Ele está! – afirmou rindo comigo. – Mas ela não liga, e pra esclarecer, só ela não percebe, mas eu acho que todos sabem. Ele vivi grudado com ela, os dois sempre saem juntos, Ludmila o ama, mas como amigo. Eles se conhecem desde o jardim de infância... São amigos de uma vida toda! E além do mais, o coração da nossa querida Ludmila já tem dono...

_É eu sei, é o tal Federico? – perguntei já sabendo a resposta.

_Ele mesmo! – falou. – Ele gosta dela, e ela dele, mas esses dois enrolam pra caramba! E o Diego odeia isso, ele não tem nada contra o Federico, mas ele também não gosta que a Ludmila fique falando dele o tempo todo, sério ele se irrita fácil, fácil!

_Deve ser difícil para ele ver quem ama, com outro – disse.

_Deve ser mesmo, mas ele não assume seu amor por ela, ele simplesmente guarda... – Francesca disse sorrindo. – Mas e você?

_Eu o que? – pergunte.

_Você e o nosso querido Vargas – ela riu.

_Não existe “Eu e o Vargas” – disse firme.

_Conta outra! – riu mais. – Vocês estavam se beijando hoje, achei fofo – fiquei com vergonha agora.

_Aquilo... Foi... – eu não sabia explicar, apenas tinha acontecido. – Foi apenas um beijo – disse por fim, sem muitas explicações. – Um simples beijo.

_Simples? – ela riu. – Não vi nada de simples ali – disse cruzando os braços. Antes de eu poder me defender, um garoto e a Camila aparecem ali. Ufffa me safei !!