_Não consigo – ele disse tocando novamente minha cintura.

_Se controle – disse ainda rouca.

_Não posso – ele disse olhando dentro dos meus olhos e me deixando quase vesga, ele estava muito perto.

_Se afaste de mim – disse seriamente.

_Tente fazer isso – ele riu baixinho. – Vamos ver se você tem domínio próprio – ele disse enrolando meu cabelo. Levei minhas mãos para seu peito, na intenção de empurrá-lo, mas novamente, minha mente não me deixou realizar este ato. León riu como um “Eu disse!”

_Por que não consigo? – perguntei olhando para os seus olhos novamente.

_Por que a atração que sentimos é maior? – ele perguntou.

_Talvez... – sorri. – Mas, eu sou tão forte em tantas coisas! – respondi indignada.

_Talvez, eu seja o seu ponto fraco – ele riu.

_Meu ponto fraco? Não seja retardado Vargas! – eu disse virando meu rosto para o lado e rindo ironicamente

_Bipolaridade é uma coisa que machuca, sabia? – ele perguntou com um olhar diferente sobre mim.

_Bipolaridade?! Eu não sou bipolar! – falei irritada tirando as mãos dele de minha cintura.

_Fala sério... Você era a pessoa mais meiga que eu conheci na face da Terra, e agora... É uma garota fria... Que provavelmente está me deixando louco! – ele disse dando um passo para trás.

_Estou te deixando louco? – perguntei sorrindo e ele assentiu. – Que bom, vejo que você é mais um dos garotos que dizem isso!

_ “Mais um”? Então significa que a senhorita já teve muitos pretendentes? E que eu só sou mais um de sua lista interminável? – ele perguntou cruzando os braços.

_Olha só quem está falando! – disse me afastando. – Lista interminável? Francamente León, o que você acha que eu sou? – perguntei, vi que ele estava pensando e quando ia responder eu interferi, ele ia falar besteira, com certeza. – Não responda! – Disse. – Eu sei que você já teve milhares de garotas a seus pés, e sei que você ficou com algumas dessas!

_Milhares?! Não seja exagerada – ele disse sério.

_Não é exagero! É uma coisa séria! – falei. – León... Posso ser madura para certas coisas, mas não gosto de me machucar, não gosto que me iludam! Já fizeram isso uma vez comigo, e eu juro, que nunca fui tão infeliz! – disse mais calma.

_Diz isso pelo seu pai? – ele perguntou.

_Não só por ele – disse triste. – Digo que já me iludiram nessa questão de amar – disse me lembrando de Tomás. – Eu já amei nessa vida, já me senti amada. Mas isso tudo acabou, quando me dei conta do sofrimento que isso trás! – derramei uma lágrima.

_Quer me contar o que houve com você? E quem foi que te iludiu desta forma? – perguntou secando minha lágrima.

_Se você me deixar em paz, já será uma grande ajuda... – disse tirando sua mão de meu rosto, e saindo o mais rápido de lá.

Percebi que o pátio estava vazio, não tinha ninguém ali. Olhei no relógio, e aí me dei conta, já tinha batido o sinal, eu estava atrasada, muito atrasada! O Vargas me atrapalhou em tudo! Que ódio! Corri em direção a sala de aula.

_Licença – disse timidamente entrando na sala. O Professor me olhou e deu um pequeno sorriso.

_Olá! Você deve ser a senhorita Castilho, Eu sou Pablo, professor de Matemática – ele disse sorrindo. – Seja bem vinda, mas só uma coisa: Não chegue atrasada nas minhas aulas, é importante cada segundo dela! – ele disse sério, eu assenti e sentei-me ao lado de Ludmila e da Camila.

_Onde está o León? – Ludmila sussurrou a mim.

_E-Ele já está vindo – disse nervosa. Ela me olhou desconfiada e voltou a atenção no professor que estava fazendo umas contas enormes na lousa.

Comecei a anotar em meu caderno aquelas contas absurdas, eu não estava entendendo nada, eu sempre fui ótima em todas as matérias, menos nessa, matemática é algo que não entra e nunca vai entrar na minha cabeça, to vendo que quando as provas começarem, eu vou bomba legal!

Depois de uma meia hora, a porta fez um barulho irritante e eu imediatamente olhei para a mesma. Vi León entrando, a cara dele não estava nada boa.

_León? Onde você estava? Eu posso saber o motivo do seu atraso? – o professor perguntou nervoso.

_Desculpa Pablo, eu... – ele me olhou, mas logo continuou. – Eu não estava me sentindo muito bem, então voltei a minha casa e tomei um remédio – ele disse mentindo na cara dura.

_Da próxima vez fique em casa – Pablo disse Duramente. – Não aceito atrasos em minha aula, da próxima vez você fica do lado de fora, me entendeu? – León assentiu e se sentou, ao lado de Francesca e Diego, bem distante de mim.

Depois de uma hora dentro daquela sala, o sinal tocou, era a hora do intervalo, legal... Arrumei meu material, e saí juntamente a Francesca.

_O que aconteceu com você? – ela perguntou se sentando na mesa, ao eu lado.

_Nada – disse apoiando meus cotovelos na mesa.

_Sim, aconteceu algo, e você vai me contar! – ela disse. – O León tá extremamente estranho, ele está evitando todo mundo – ela disse.

_Se ele está estranho não é culpa minha, e realmente eu não me importo com ele – disse e me levantei da mesa, sai, andando devagar por aquele imenso pátio. Passei por um quartinho de limpeza e ouvi algo, o que me chamou a atenção.

Tentei abrir, mas estava trancada, encostei minha cabeça na porta na intenção de ouvir. Percebi que a porta tinha um furinho, onde dava para ver as coisas lá dentro.

Vi a Lara e um garoto, não era o León, era um mais baixo que ele, assustei-me quando ela o beijou, e não foi um beijo normal, se é que me entende! Desviei meus olhos daquela cena nada agradável, e encostei meu ouvido, na intenção de ouvir o que ela falava.

_Já deu – ela disse baixo.

_Você tem largar aquele idiota – o carinha falou.

_Preciso de popularidade e quando eu consegui, eu o largo – ela disse rindo.

_Você já me disse isso uma vez, e mesmo assim voltou aos braços de León. – ele estava nervoso.

_Ai meu amor, você sabe que eu te amo – aquelas palavras que ela disse embrulharam o meu estomago, ela estava traindo o León na maior cara de pau, e ele era tão bondoso com ela, apesar de eu tê-lo beijado, e ele ter me feito sentir especial, ele sempre foi “fiel”, fui eu fui quem deu mole para ele. Mas isso não vem ao caso! Eu quero distancia do León... Mas ele deve tomar distancia da Lara, ela é uma interesseira, não presta!

Saí correndo a fim de encontrar o León. Ele estava encostado no armário tomando um suco e vendo o livro de química...

_Le-León – disse sem ar, corri muito.

_Violetta? Você está bem? – perguntou vendo o quando eu estava agitada.

_A Lara! Ela está te traindo, na maior cara de pau! – disse nervosa.

_E você acha que eu não sei... – ele disse suspirando pesadamente. – Você pode me achar tonto, ou até mesmo um burro, mas... Eu sei bem o que ela faz, aliás, descobri hoje... – ele diz com os olhos marejados. – Por que acha que eu demorei tanto para voltar para a aula? Eu a vi com outro! Outro! – diz, e uma lágrima escorre de seus olhos.

_Ela não te merece – digo passando minha mão em sua bochecha.

_Ou talvez eu não a mereço... Eu sempre fui mulherengo, confesso, mas nunca fiquei com duas ao mesmo tempo, nunca, sempre respeitei cada uma, sempre dei carinho. Mas aí eu conheci você... – ele disse me olhando tentadoramente. – Mas mesmo assim... Eu nunca fiz o que ela fez, eu a vi falando coisas bonitas, coisas que só um casal apaixonado falaria! Ela brincou comigo, só por uma porcaria de popularidade! – ele diz irritado deixando as lágrimas saírem livremente de seus olhos. – Eu sou um idiota!

_Não diga isso... – falei aproximando meu rosto do seu. – Você é um cara legal, especial, digamos... Merece coisa melhor, bem melhor. – disse colocando uma de minhas mãos em seus cabelos, e acariciando.

_Eu só quero achar alguém que me entenda... E não brinque com o que eu chamo de sentimento – ele disse tentando controlar as lágrimas. Meu coração apertou, eu estava exatamente desse jeito, quando Tomás me traiu, quando machucou meu coração, quando roubou todo o meu amor, e depois jogou fora, como se fosse lixo.

Encostei minha testa na sua e fechei os olhos, senti minhas lágrimas escorrendo por minha face, apertei e puxei com um pouquinho de força os cabelos de León, minha outra mão se envolveu em seu pescoço, suspirei na intenção de me acalmar. León soltou o livro e a caixinha de suco vazia no chão, fazendo barulho, nós não estávamos sozinhos no pátio, pelo contrario tinha muita gente ali, mas eu deixei pra lá. Ele envolveu um de seus braços em minha cintura e colocou sua outra mão em minha bochecha, acariciando a mesma.

_Eu sei o que é sentir isso – disse ainda de olhos fechados. León roçou nossos narizes, e eu sorri tímida. Ele me virou vagarosamente e encostou minhas costas em seu armário. Abri meus olhos e vi os seus cheios de lágrimas, os meus também estavam assim. –León... Você é o meu ponto fraco... – sussurrei.

_Eu sei – ele disse baixo, quase inaudível.

Ele se aproximou de mim, o bastante para eu sentir o seu perfume se envolvendo no meu e a sua respiração se misturando com a minha.

_O que estamos fazendo? – disse baixo.

_O que tanto queríamos – ele disse sorrindo, no mesmo tom que eu.

Me dei conta do que estava acontecendo, quando León encostou seus lábios nos meus... No começo tentei, na mente, parar com aquilo, mas não consegui, nós não conseguíamos parar o que estava acontecendo. León estava me beijando, por um momento me esqueci de tudo, tudo mesmo! Me esqueci de onde eu estava, em que lugar... Apenas tratei de aproveitar ele junto a mim. Ele era doce, sensível, carinhoso... Tudo isso e muito mais. Lentamente ele foi se separando de mim, me deu um leve selinho, e eu sorri abobada. Passei uns dedos sobre os seus lábios e ele soltou um riso, e eu tive que rir também, ele tinha total controle do momento.

_Você é louco, Vargas – disse rindo baixo.

_Você me deixa assim...