Eu e León estávamos na comemoração, eu meio que me afastei dele, precisava respirar, e ao lado dele, eu não conseguia nem pensar, muito menos dizer algo.

Fui junto às meninas, que estavam dançando animadas em um canto. Dancei também, observando todo tempo, com o canto dos olhos, que León me olhava, fixamente, eu sei que ele estava querendo mexer comigo, e sim, estava conseguindo.

_Amiga – Camila disse, vindo em minha direção. – Seu príncipe está te desconcertando. – falou dando risada.

_Não seja boba – ri brevemente.

_Vai até ele, e aproveite. Talvez essa seja a última noite de vocês dois. – disse mais séria. – Vai atrás dele, pelo menos hoje da o braço a torcer, e deixe essa magoa de lado, pelo menos esta noite.

Aquelas palavras mexeram com o meu emocional. Não queria que fosse a última, não poderia ser a última, eu não posso perdê-lo, não posso deixá-lo ir. Assenti, e Camila saiu da minha frente, indo até o namorado que estava em frente ao barzinho improvisado.

Olhei para o León que agora conversava com o Marco e a Francesca. Os três estavam sorridentes, e às vezes davam risadas. Lentamente, como uma tartaruga, eu me aproximei deles.

León foi o primeiro a notar minha presença e sorriu de canto. Marco e Francesca perceberam logo depois e sorriram também. Aproximei-me do trio e eles ficaram em silêncio, interrompendo a conversa que estavam tendo. Será que interrompi algo?

_Marco – Francesca disse pegando na mão do namorado. – Vamos ir lá fora? Preciso de um ar. – disse e Marco assentiu.

Os dois saíram juntos, me deixando sozinha com o León. Ele me olhava, e eu desconcertada apenas fugia.

_Oi – falei.

_Oi – respondeu.

_É... – sério, por que eu segui o conselho da Camila? Agora eu não sei nem o que dizer para o garoto. Ai que ódio! Sabe... Eu devia pensar antes de agir, assim eu quebraria menos a cara, e...

_Violetta! – León disse passando a mão em frente aos meus olhos, despertando-me de meus pensamentos, e o vi dando risada. – O que ia me dizer? Parece que você se perdeu no tempo.

_Não é que... – novamente fiquei sem fala e ele me encarava pedindo uma resposta suplicante com o olhar. – Eu quero conversar com você. – falei impulsivamente e ele sorriu. Bom, não era exatamente conversar...

_Conversar? – perguntou e eu pude perceber certa alegria em sua voz.

_Esclarecer. – respondi tentando não transparecer minha ansiedade e nervosismo.

_Esclarecer...? – ele é idiota ou se faz?

_Você me entendeu – suspirei. – Precisamos nos esclarecer, explicar, entender...

Antes de León dizer algo, a música cessou, e as luzes que antes estavam todas agitadas e coloridas, ficaram paradas, em uma coloração branca. Olhei em volta e percebi que ninguém entendia o que se passava.

_Boa Noite Pessoas – Vi Maxi se pronunciar no microfone. – Chega de agitação né? – perguntou e eu ri, pois o mesmo recebeu diferentes tipos de vaia que eu não citarei aqui. – Vamos mudar o clima. – disse pondo uma melodia suave, romântica, e... Poxa! O que ele estava fazendo? – Não vou falar aquelas coisas do tipo: Chamem uma garota pra dançar e blá blá blá, vocês sabem o que é pra fazer. – ri e logo ele se retirou daquele pequeno palco.

Maxi foi até Naty que estava sorridente vendo o namorado, ou ficantes, sei lá eu o que eles eram... Os dois começaram com a pegação enquanto dançavam coladinhos um no outro, e eu me perguntava como conseguiam ficar tão grudados.

_Que tal conversarmos enquanto dançamos? – León perguntou estendendo a mão.

Sorri e assenti segurando sua mão. León me guiou até a pista. E apenas com o som da música, sem falar nada, apenas me olhando, ele se aproximou de mim, pegando em minha cintura levemente. Apenas enlacei meus braços em seu pescoço, provocando um encontro do meu corpo com o dele.

_O que quer me falar? – León disse encostando sua testa na minha, em um ato muito invasivo, só pelo fato de não estarmos juntos.

_Sobre nós – respondi baixando o olhar. – Camila me falou algo, e eu acho que ela tem razão. – falei um pouco envergonhada, e fazia tempo que eu não me sentia envergonhada na frente de León.

_O que ela te disse? – perguntou movendo nossos corpos sincronizados no ritmo lento da música.

_Disse para eu aproveitar, pois hoje seria sua última noite conosco. – falei encostando minha cabeça em seu peito, como se eu estivesse o abraçando, mas sem deixar em evidencia aquilo.

_E você quer aproveitar? – perguntou num sussurro em meu ouvido.

_É tudo que eu mais quero – falei e o senti apertar mais contra ele. – Mas eu tenho medo. – disse sentindo o seu perfume tão bom que me fazia recordar momentos inesquecíveis.

_Não precisa ter medo. – falou beijando o topo de minha cabeça.

Não falei nada e León também não. Senti-me impotente, não estava conseguindo realizar meu desejo de tê-lo aquela noite dançando como se não existisse o amanhã. Como eu ia sentir falta dele, não estava preparada fisicamente e nem emocionalmente para a partida de León.

Ouvi a música ir parando aos poucos, ficando mais baixo de acordo com o final. Amaldiçoei mentalmente aquilo, não era para acabar, estava bem nos braços dele, me sentia protegida, apesar do tanto que sofri.

Senti seu corpo se afastando do meu, e eu juro que tive vontade de chorar, eu estava me sentindo tão segura, aquecida. Seus braços saíram de minha cintura, mas eu não o soltei, não tinha coragem, não sabendo que ele sairia por aquela porta, e eu não o veria nunca mais, que ele poderia arrumar qualquer outra garota melhor do que eu. Sim, eu estava com medo de perdê-lo.

_Pequena... – e aquelas palavras foram à gota d’água. Sim, eu estava chorando.

Afastei minha cabeça de seu peito, e tirei meus braços de seu pescoço. Sequei minhas bochechas com as costas de minha mão, e ergui o meu olhar, encontrando o olhar de León sobre mim, que me deixava totalmente desconcertada e apaixonada.

_Por que tão difícil...? – León disse olhando fundo em meus olhos.

_Eu te amo – deixei escapar. – E eu tenho certeza que nunca vou amar alguém do mesmo jeito que eu amo você. – falei sentindo a lágrima novamente escorrer de meus olhos. – O amor que eu sinto por você é único, e nem o tempo, muito menos pessoas, vão me fazer esquecer.

_Às vezes um gesto muda tudo. – León disse se aproximando novamente de mim, passando seu polegar em minha bochecha, secando a maldita lágrima que eu deixei escapar. – Eu não queria me despedir de você hoje. Não sabendo que eu não irei mais olhar nesses olhos que eu tanto sou apaixonado, ou nesses lábios que eu tanto desejo e sou viciado. E eu também te amo, mas do que a mim mesmo.

_Você me fará falta – falei sentindo sua mão descer pelos meus braços, chegando logo em minhas mãos e as segurando apertadamente. – Você pode não achar, mas apesar de você e todas as outras pessoas me acharem frágil, eu sou bem forte, não vou morrer quando você partir. Bom... Pelo menos eu espero na morrer. – rimos.

_Você é a garota perfeita – León disse me fazendo corar instantaneamente. – A garota dos meus sonhos, da minha vida. – declarou-se. – A baixinha mais chatinha e irritante que eu amo. – disse apertando meu nariz o que me fez rir. – A orgulhosa que tem sempre razão, em qualquer das circunstâncias. – disse me fitando amorosamente.

_E o que eu posso dizer de você...? – perguntei quase que em um sussurro.

_Só não diga que eu sou infiel, porque eu não sou. Eu juro por toda a minha vida, que eu nunca seria capaz disso, nem com você e nem com qualquer outra garota, e também... – eu o interrompi, León estava ficando acelerado e falando rápido de mais, quase atropelando as palavras.

_Ei! Respira... – falei pondo minha mão em seu peito na intenção de acalmá-lo. – Não vou dizer isso, não hoje, não agora que as coisas estavam ocorrendo como se estivéssemos nos conhecendo à primeira vez, só que com algumas magoas. – falei calmamente. – Você é um príncipe, e como todos os príncipes têm várias admiradoras. – ele sorriu. – Mas acabou querendo se envolver com uma pessoa que não tinha nada a ver. – falei me recordando de suas tentativas para me conquistar.

_Você... – sorriu de canto.

_Exatamente, eu. – acariciei seu rosto. – Vou deixar você seguir em frente. – falei e ele arregalou os olhos, provavelmente não acreditando que eu estava dizendo aquilo. – Por mais que eu queira não posso te prender em meus braços, você é livre, tem direito de se apaixonar quantas vezes quiser e for necessário para ser feliz.

_Violetta não diga uma coisa dessas. Você sabe que a única pessoa que pode me fazer feliz é você e mais ninguém. – disse me dando certa tristeza.

_Por favor, é só isso que eu estou te pedindo. – falei com a voz fraca. – Você sempre será o meu León, o amor da minha vida, o único garoto que realmente quero e preciso. – sorri. – Mas corre atrás dos seus sonhos amor. – falei acariciando seu rosto, ele sorriu, talvez pelo apelido carinhoso que eu chamei. – Pelo menos durante esse tempo que você estiver longe, não pense em mim. Por mais que me doa falar isso, se apaixone quantas vezes você quiser e precisar.

_Posse te pedir uma única coisa – perguntou com os olhos marejados me dando um aperto no coração e eu simplesmente assenti. – Um único beijo, pelo menos hoje, nem que seja o último.

Assenti, mas não me movi. León envolveu-me novamente em seus braços, acariciando minha cintura. Nossos narizes roçaram e eu sorri abobada levando minhas mãos até seu pescoço, acariciando o mesmo. Os lábios de León tocaram o meu, pressionando-os de leve, em um selinho que ao passar dos segundos, se tornou intenso, dando espaço para um dos nossos maiores sentimentos: o desejo de ter um ao outro para sempre. E é claro que nos beijávamos com aquele mesmo amor de sempre, que parecia se acender a cada novo toque, a cada novo olhar, a cada novo beijo...