Por Violetta #

Rasguei aquelas porcarias para que o León visse que aquilo era uma besteira, das grandes, mas uma besteira. Eu sei que ele estava confuso, mas não aconteceu nada entre eu e o Tomás.

_Mais calmo? – perguntei acariciando seu rosto. Ele apenas balançou a cabeça dizendo que sim. – Eu sei que você está confuso, mas eu te garanto que eu e o Tomás não temos absolutamente nada, eu não seria capaz de fazer isso com você.

_Eu sei... – León murmurou. – É que é inevitável não me estressar com isso.

_Eu sei, e também sei que se fosse com você, eu também surtaria. – falei sorrindo e ele abaixou a cabeça.

_Mas eu quero que você me conte, tudo que aquele imprestável fazer junto com você, eu, quero que você me conte. – León disse sério.

_Não confia em mim, né? – perguntei soltando um suspiro.

_Não é exatamente confiança, Violetta. – León respondeu um pouco mais descontraído. – Em você eu até confio, mas nele não. E é obvio que eu não o quero perto de você. Muito menos falando com você – explicou, até poderia dizer que isso me deixou preocupada.

_Isso soou um pouco possessivo da sua parte – falei, pois realmente a sua fala me causou certo temor. – Você não seria capaz de fazer nada contra o Tomás, certo?

_Talvez – León disse rápido.

_Talvez nada. – repreendi-o.

O abracei. Aquilo deve ser horrível mesmo, mas ás vezes parece que o mundo está contra o nosso relacionamento. León retribuiu meu abraço, apertando-me contra ele, muito bom...

_Eu te amo, tá? – falei afundando minha cabeça em seu peito.

_Eu também... – respondeu dando-me um beijo na testa.

O sinal tocou e fomos para sala de aula. Ludmila não chegou atrasada dessa vez, acho que é porque ela veio junto com o León, né? Sentei-me, a primeira aula era de geografia, e eu adoro geografia, acho que é porque o professor é maravilhoso, e ensina muito bem.

Lara estava sentada ao lado de León, com a cadeira colada na dele, ela inventou que esqueceu o livro e perguntou se podia acompanhar com o León, e o professor deixou. León olhou pra mim com um sorrisinho sem graça, mas eu ignorei...

_Violetta – o professor chamou-me. – Você pode dizer como eram chamados os mexicanos que entravam ilegalmente nos Estados Unidos? – perguntou e eu gelei. Tá eu não estava prestando atenção na aula, pois o meu querido namorado estava sentado ao lado de uma va... Vocês entenderam.

_É... – pensei um pouco, por mais que eu seja boa nessa matéria, aquilo era assunto novo, e realmente eu não sabia a resposta. – É... – pensei mais um pouco e... Ai, eu não sei!

O professor ia dizer algo, mais o sinal tocou. Graças á Deus! Sorri para ele que balançou a cabeça negativamente.

_Salva pelo gongo, Castillo. – ri.

Lara continuou sentada ao lado de León, conversando com o mesmo. León não parecia confortável, e eu acho que é porque eu estava vendo aquela ceninha ridícula. Suspirei, não valia a pena me estressar com aquela garota...

¨¨¨¨¨¨

Depois das aulas chatas terem acabado, e a galera ter comemorado muito, pois o dia de hoje foi extremamente chato, a gente ficou zoando do lado de fora, hoje ainda era segunda-feira, então teríamos a semana inteira pra estudar... Que pena...

_Precisa voltar pra casa agora? – perguntou León pegando em minha mão.

_Não, mas eu acho melhor eu ir. – falei. – Meu pai não está em casa, mas se eu chegar tarde, com certeza o Ramalho vai falar com ele.

_Ah... – suspirou. – Quer que eu te acompanhe? – perguntou.

_Não – falei sorrindo. – Não precisa.

_Tem certeza? – perguntou e eu apenas balancei a cabeça dizendo sim. – Então... Tchau. – falou beijando minha bochecha.

_Nossa... – coloquei as mãos na cintura inconformada. – Não vai me dar nem um beijo? Faz tanto tempo que a gente não... – mal terminei e León agarrou minha cintura, brutalmente eu diria.

Ele riu, pois eu levei um susto, e devo ter feito alguma careta. Logo seus lábios estavam nos meus, num beijo feroz, mas muito intenso. Envolvi minhas mãos em sua nuca, ajudando a nos manter “colado”. Ele sorriu ainda me beijando, e senti sua mão adentrar em meus cabelos, fazendo-me estremecer.

Nosso fôlego parecia não ter fim, e isso era bom, não é? Acho que sim. Estava tudo perfeitamente bem, até as mãos bobas de León não me incomodaram desta vez, estávamos nos beijando como nunca...

Meus pulmões ameaçaram falhar, o beijo estava no fim. O peito de Leon inflava perceptivelmente. Nossos lábios se separaram de vez, e eu ousei a abrir os olhos, dando de cara com a boca de León, vermelha. Ele encostou nossas testas e acariciou minha bochecha carinhosamente, me fazendo sorrir.

_Matou a saudade dos meus maravilhosos lábios? – perguntou convencido, soltando um riso baixo.

_Besta – murmurei. – Mas sim, matei. – rimos.

_Vou para casa agora... – falei.

_Te amo – disse dando um rápido selinho.

_Eu também – respondi lhe dando outro. – Tchau León.

Fui para casa vagarosamente, o dia estava agradável, não estava nem muito frio, e nem muito quente, estava ótimo. A brisa soprava levemente, balançando meu cabelo para um lado e para o outro.

_Está linda – escutei alguém murmurar.

Olhei para trás e dei de cara com Miguel. Um medo passou pela minha espinha, causando arrepios. Ele sorria... Um sorriso suave, e até posso dizer que puro. Não fui capaz de proferir nada.

_Violetta – ele disse ficando ao meu lado. – Eu queria falar com você. – falou calmamente, colocando as mãos no bolso e começando a caminhar junto comigo.

_O que quer falar comigo? – perguntei, um tanto quanto agressiva.

_Calma – ele disse suavemente. – Eu não quero brigar, por favor. – falou me olhando serenamente, me causando certo espanto, pois na maioria das vezes ele era grosso e meio bruto. – Eu quero que você me perdoe Violetta.

_O que? – ri ironicamente.

_É sério – disse com uma expressão rígida. – Olha, você foi á primeira garota na face da Terra a me dar um fora, ok? – falou divertido, me fazendo ri. – E também foi á primeira com quem fiz uma besteira daquela... – disse abaixando a cabeça em sinal de arrependimento.

_E...?

_E meio difícil – ele falou. – Eu gosto de você, gosto muito – o olhei torto. – Não do jeito que você está pensando – rimos. – Eu acho que confundi um pouco as coisas. Eu queria ver todas aos meus pés, e como você não era assim, eu meio que me tornei obcecado em tentar te fazer submissa á mim. – disse.

_Mas eu juro, juro por minha vida, que eu nunca quis o mal. – falou. – E também me desculpe por tentar destruir seu relacionamento com o Vargas. – suspirou. – Eu percebo que vocês dois se amam muito, e que... Ele é meio ciumento. – disse coçando a nuca.

_Meio? Acho que ele é inteiramente ciumento. – rimos.

_E eu também espero não ter te feito muito mal, com o acidente. – falou baixo. – Eu bebi um pouco, quer dizer, muito, aí eu te vi, e não sei o que me deu para te agarrar daquele jeito, e depois te... Atropelar. – fiquei quieta, aquilo deixou cicatrizes em mim. – Eu realmente estava fora de mim. Perdoe-me.

Ficamos um tempo em silêncio. Mal percebi, mas já estávamos em frente a minha casa. Olhei para ele que aguardava alguma resposta de mim. Suspirei tentando amenizar a confusão de minha cabeça.

_Está bem Miguel – murmurei. – Eu... Eu te perdôo.

_É sério? – perguntou abrindo um grande sorriso. Apenas balancei minha cabeça positivamente. – Obrigada. – falou me abraçando repentinamente, causando-me certo espanto de seu gesto. Ele se afastou rapidamente.

_Mas eu não quero que isso aconteça... De novo, e nem com outra pessoa.

_Não se preocupe, nunca mais vou fazer esta burrada novamente. – falou. – Espero que ainda possamos ser colegas, e um dia... Quem sabe... Amigos.

_É quem sabe... – repeti suas palavras.

_Tchau Castillo... – falou me dando um rápido beijo na bochecha.

_Tchau Miguel... – falei caminhando para a porta de minha casa e logo entrando.

Fechei a porta e subi rapidamente para o meu quarto.

Minha cabeça estava uma confusão. Eu não parava de pensar em Leon, Tomás, Lara e agora Miguel. Eu estava triste pelo Leon ter desconfiado de mim, mas estava feliz por ele ter acreditado na minha palavra. Estava brava por Lara, por ter tirado aquelas malditas fotos. Estava sentindo-me estranha em relação ao Tomás, pois não sabia qual era sua verdadeira identidade, ou se ele era mesmo bipolar. E agora estava me sentindo aliviada no quesito: Miguel. Ele parecia estar realmente arrependido por ter feito aquilo comigo, espero que no futuro sejamos bons amigos, ele me parece uma pessoa boa.

_Querida... – escutei Olga adentrando em meu quarto. – Seu pai ligou, disse que está com saudades de você.

_Obrigada por avisar Olguinha, mas eu sei que é mentira. Ele nunca diria que está com saudades de mim.

_Não diga nunca. – repreendeu-me. – Ele apenas me pediu para dizer isso á você, e que daqui 90 dias que vem ele está de volta.

_Ai... Daqui três meses, vão acontecer tantas mudanças... – reclamei.

_E isso é ruim por um acaso? – Olga perguntou pondo as mãos na cintura e fazendo uma cara muito engraçada.

_Sim – murmurei. – O León vai embora, o papai vai voltar, a Jade vai voltar, e minha vida vai virar um inferno de novo.

_Ah pequenina... Seu pai vai ver que o que ele está fazendo com você te prejudica, e quanto a Jade, temos que rezar para aquela jararaca melhorar. – Olga disse e eu ri. – Mas me conte... Seu príncipe encantado irá embora?

_Sim – falei choramingando. – Ela vai morar fora, vai estudar fora, e vai para fora da minha vida...

_Que tristeza meu amor – falou vindo até mim e me dando um confortável abraço. – Mas vocês se amam, então tá tudo certo.

_Bem isso – falei me afastando dela. – Mas tenho medo de ele se esquecer do nosso amor ou de arranjar outra. – falei para ela.

_Olha, tem uma coisa que eu aprendi na vida... Quando o amor é forte o suficiente, ele nunca será esquecido... – falou sorrindo. – Veja só eu e o Ramalho, nos amamos e ele vive viajando para lá e para cá, fica trás meses, e até mesmo um ano fora, mas não canso de esperá-lo.

_Que bonito! – falei. – Mas você tem razão. Meu amor e do León é muito forte, e eu tenho certeza que nós nunca vamos nos esquecer disso!

...