– Eu vou para meu quarto, não quero falar sobre isso com vocês, quero ficar sozinha...

Subi para o mesmo, e lá tranquei a porta. Joguei-me em cima da cama, e fechei meus olhos, sentindo as lágrimas quentes escorrerem. Minha cabeça doía em lembrar os momentos do acidente, doía ao me recordar das discussões com o meu, e principalmente doía por ter brigado com a pessoa que eu mais amo...

Ouvi o telefone que tinha em meu quarto tocar, já que eu estava sem celular, teria que sobreviver. Sem muita vontade fui atendê-lo, sequei as lágrimas e tentei me normalizar, para que minha voz não saísse tão... Chorosa.

_Alô? – atendi.

_Violetta! – era o León, e ele estava animado?

_Não quero falar com você. – falei grossa.

_Me escuta, por favor... Eu...

_Já disse que não quero falar com você! – o cortei e logo desliguei o telefone na cara dele.

Joguei-me novamente na cama. Novamente as lágrimas voltaram a descer. E sem que eu me desse conta, perdi a consciência, me entregando ao sono profundo e dolorido, tentando esquecer dos problemas que me cercavam.

***

Por Ludmila #

_Mãe! To indo pra escola! – gritei pegando minha bolsa e a minha pasta com trabalhos para entregar. – Volto ás seis a tarde!

_Por que seis da tarde? Você teria que voltar antes da uma mocinha! – falou aparecendo do nada na sala onde eu estava. – Por que vai chegar tão tarde?

_Porque tenho que estudar... Na biblioteca. – expliquei, mas isso mais pareceu uma desculpa esfarrapada.

_E por acaso Federico tem haver com estes estudos?! – perguntou cruzando os braços e me olhando desconfiada.

_Mãe! – repreendi-a. – Claro que não! E se te conforta o León vai estar junto. – falei.

_Bom, se o León vai estar ao seu lado tudo bem... – falou sorrindo. – Mas olha aqui mocinha, se eu ficar sabendo de alguma barbaridade sua com o Federico eu juro que... – eu a interrompi.

_Tá bom mãe, já entendi! – falei lhe dando um beijo na bochecha. – Até mais tarde. – despedi-me.

Saí de casa e para minha surpresa Diego estava na porta, me esperando pelo visto. Sorri, não sei o porquê, ao ver ele, de alguma forma a presença dele me agradava e me deixava muito á vontade.

_O que está fazendo aqui tão cedo? – perguntei.

_Será que poderia te acompanhar até a escola? – perguntou sorrindo me estendendo a mão.

Retribuí seu sorriso e lhe dei minha mão. Começamos a caminhar de mãos dadas, fazia tempo que eu e o Diego não nos aproximávamos, eu sentia muito a falta dele, a falta do meu amigo.

Como sempre cheguei á escola atrasada. Já estava na segunda aula. Eu demorava muitíssimo para me arrumar, afinal teria que ficar gata, para que todos me vissem bem, e principalmente meu namorado.

Entrei no colégio. Eu e Diego fomos ás pressas para sala de aula, quem estaria lá era a professora de historia, e ela era extremamente chata! Bati na porta e logo entrei, a mesma me olhou seriamente como se quisesse me matar com um simples olhar.

_Desculpe o atraso. – falei e logo Diego apareceu atrás de mim.

_Tudo bem Ludmila, acho que isso já virou rotina não é mesmo?! – perguntou irônica e classe riu. – E você, Diego? Você nunca chegou atrasado? Por um acaso foi na onda da senhorita Ferro?! – mas risadinhas.

_Eu só me atrasei, me desculpe. – Diego disse tímido.

_Bom, não tenho mais o que dizer, além de que vocês vão para detenção no fim das aulas. Estarei lá. Não se atrasem. – falou dura, entregando-nos um papel de advertência. Peguei e me sentei ao meu lugar, o dia seria longo...

Federico me encarava á todo instante. Não me dava nenhum sorrisinho amoroso. Comecei a me sentir incomodada, então parei de olhá-lo, além de estar me desconcentrando toda.

***

Deu á hora do intervalo, e todo mundo saiu correndo da sala, pra variar. Federico nem deu as caras, mas depois eu me resolvo com ele. Diego também saiu correndo, porque todos os meninos tinham esse retardamento?! Fui caminhando vagarosamente pelo pátio até a Francesca me barrar.

_Você sabe o porquê da Violetta não ter vindo hoje? – perguntou.

_Não... Já perguntou ao León? Ele deve saber. – falei meio óbvia.

_Ele disse que não sabia, sem contar que ele tá todo estranho hoje, parece que acordou de mau humor. Ou brigou com a namorada. – Francesca disse preocupada me causando risos.

_Deve ser por isso mesmo que ela não veio. Os dois devem ter brigado ou discutido bem feio. Mas agora eu tenho um assunto sério para resolver. – falei olhando Federico que estava conversando com o Marco.

_Brigaram também? – perguntou Francesca.

_Não a gente não brigou, simplesmente ele está me ignorando. E se não discutimos antes, vamos discutir agora. – falei saindo de perto da Francesca.

O mesmo ainda não tinha me visto. Então caminhei lentamente, pois ele estava de costas. Marco me olhava sem entender, apenas fiz sinal para ele não abrir a boca e o mesmo ficou quietinho. Aproximei-me de Federico aos poucos, e quando estava bem perto o agarrei pelas costas, causando risos em Marco que logo sumiu dali.

_Está tudo bem? – perguntei assim que ele se virou para mim.

_Não – respondeu friamente cruzando os braços. – Por que chegou atrasada?! Por um acaso estava de papinho com aquele seu “amigo”?

_Ai Federico! Faça mil favores! – falei cruzando os braços também. – Não vai ter uma crise de ciúmes logo agora!

_Vai me dizer que não rolou nada?! Que ele não tentou nada?! – falou fora de si.

_Não! – respondi séria. Bem, ele não tentou nada hoje, mas aquele dia que eu saí da casa do Federico ele me beijou, então eu nem sei se devia contar. – Se bem que... – Droga! Eu tenho que aprender a me escutar antes de abrir a boca.

_Se bem que o que?! – perguntou rangendo os dentes.

_Fe, eu não quero que você fique mal, então é melhor eu não falar... – ele me interrompeu.

_Fala Logo! – ordenou pausadamente, mas relativamente alto.

_Federico... Aquele dia, quando eu conheci seus pais, depois que eu saí da sua casa, já era bem tarde, muito tarde mesmo, e eu estava indo embora sozinha, e do nada o Diego apareceu do meu lado. – falei e dei uma pausa para recuperar o fôlego e tentar amenizar as palavras. – Ele me acompanhou durante um tempo, mas depois começou a se desculpar, e eu o perdoei, e acho que ele entendeu as coisas meio que erradas... Por que começou a dizer umas coisas e... – engoli o choro que estava por vir. O Federico iria terminar comigo, e eu era a culpada, culpada por dar espaço á ele.

Ele não me deixou terminar e saiu de lá ás pressas. Eu estranhei, pois pensava que ele iria me dar uma bronca daquela. Federico se transformou! Diego estava passando por ali, e antes de eu pensar em algo, Federico lhe deu um soco de surpresa, e Diego que não esperava por isso, caiu com tudo no chão, gemendo de dor. A única coisa que eu fiz foi gritar, desesperadamente, eu sabia que não era uma boa ideia contar isso á ele, principalmente por estar num ambiente escolar.

León apareceu. Graças á Deus! Ele pegou Federico pelos braços e o levou para longe de Diego. Eu olhei bem meu namorado que tinha uma fúria imensa nos olhos, com razão eu diria. Olhei para o Diego, que estava com a boca sangrando, eu iria ajudar, iria cuidar daquilo, mas ia só causar mais problemas, e eu não gostaria de vê-lo machucado outra vez, não sabendo que o meu namorado fez aquilo.

...

Por Violetta #

Eu estava em casa, sozinha, sem Jade, sem papai, sem Natália, sem Olga, sem Ramalho, sem ninguém para me atormentar ou me alegrar. Eu acordei cedo, mas não fui á escola. Eu não queria me esbarrar em León ou ter que falar diretamente com ele, apenas queria um pouco de distancia. Eu apenas relembrava os “eu te amo” que ele me dizia. Eu sentia falta... Sentia falta dos seus beijinhos e carinhos, e dos momentos que ele praticamente “pegava fogo”.

Ouvi a campainha tocar. Levantei-me, contra a minha vontade, da cama. Calcei minhas pantufas e desci para atender, já que a Olga tinha ido ao mercado, e provavelmente voltaria á tarde, pois quando fazia compras, gostava de ir num mercado altamente qualificado e de bom grado, e ele ficava longe.

Abri a porta e dei de cara com Francesca. Eu estava de pijama, então a mesma ficou surpresa com minha vestimenta e eu soltei um riso baixo e envergonhado.

_O que faz aqui esta hora? – perguntei. – Não devia estar na escola?

_Saí mais cedo... Teve uma confusão com Federico e o Diego, então as aulas meio que acabaram mais cedo. – ela explicou.

_Que confusão?! – perguntei preocupada, já suspeitava que era por Ludmila, mas... Vale á pena perguntar. – Entre e me explique.

Ela entrou e indiquei que sentasse no sofá, Francesca que nunca havia ido á minha casa, se encantou, apenas gargalhei pela reação dela. Me sentei ao seu lado, e ela percebeu que estávamos sozinha, então relaxou um pouco.

_Por que veio aqui? – perguntei desviando o assunto que começamos a exatamente cinco segundos atrás.

_Queria saber o porquê da senhorita não ter ido á escola hoje, fiquei preocupada, ainda mais vendo o León de mau humor. – falou risonha.

_Como ele estava? – perguntei afinal me importava com ele, eu o amava, precisava dele, mesmo estando longe.

_Primeiro me responda: O que aconteceu com vocês dois? Tá na cara que vocês brigaram ou discutiram, amiga. – falou serenamente.

_O León vai embora... – falei triste. – Ele vai me esquecer, vai arranjar outra...

_Você é muito negativa – Francesca riu. – Fala sério Violetta, qualquer outra garota estaria morrendo para ficar todo o tempo ao lado dele... O León está mal porque vocês estão mal. – falou.

_Ele gritou comigo Francesca. – falei lembrando-me da cena extremamente absurda. – Ele me acusou e isso não se faz.

_Ah Violetta... Ás vezes as pessoas explodem oras. – falou tentando minimizar as coisas.

_Mas ele sabe que eu odeio discussões. Principalmente quando são parecidas com as de meu pai. Ele me feriu Francesca. Ele me fez chorar. Isso é humilhação demais...